Acústica Musical

por: Luís L. Henrique

Acústica – do grego akouein, que significa ouvir – designa o ramo da Física que estuda o som – segundo a Norma Portuguesa NP-3225/1 de 1986, Acústica é a ciência que se ocupa do estudo das excitações mecânicas no domínio da audiofreqüência.

Acústica Musical é uma área de conhecimento muito vasta, quer pelas matérias que engloba, quer pelo seu caráter interdisciplinar. O número de artigos científicos publicados e de congressos realizados nos últimos anos atestam bem do desenvolvimento e interesse crescente que desperta em investigadores e estudiosos.

O matemático e físico francês Joseph Sauveur (1653 a 1716) – que escreveu em 1701 Système général des intervalles des sons et son application à tous les systèmes et à tous les instruments de musique – é considerado o criador da Acústica Musical, que estuda cientificamente todos os aspectos relacionados com a produção, propagação e recepção do som para fins essencialmente musicais.

Como disciplina científica, a Acústica Musical constitui uma área sui generis porque envolve ciência e arte. Muitos outros temas têm relação direta ou indireta com a Acústica Musical: informática musical, sistemas eletroacústicos, equipamentos de áudio, execução musical, musicoterapia, notação musical. A Acústica Musical é uma área em que se relacionam Música, Física, Engenharia, Psicologia, Fisiologia, Anatomia, Biologia, Estética e muitas outras áreas consoante o problema específico que se estiver a estudar: Arquitetura, etnomusicologia, construção de instrumentos, etc.

Embora em Acústica Musical se utilize basicamente as mesmas ferramentas de Engenharia de vibrações e ruído, para os investigadores desta área o principal objetivo é prevenir ou reduzir vibrações e/ou ruído. Ao invés de suprimir as vibrações, em Acústica Musical procura-se que elas existam e sejam controladas de forma a atingir o objetivo estético pretendido.

Arte e Ciência são dois conceitos que em determinados períodos tiveram um caráter de oposição e noutros se complementaram como se pertencessem a um corpo de conhecimento alargado. Conceitos como harmonia, equilíbrio, proporção, simetria estão presentes em muitas obras de arte às quais se associa beleza. No entanto, é a Matemática que nos ajuda a encontrá-los.

Na concepção tradicional do conhecimento científico o investigador assumia uma posição de neutralidade face ao objeto a investigar. Esta perspectiva está ultrapassada, porque, em muitas situações, a simples presença do investigador altera o comportamento do objeto de investigação. Por outro lado, no campo da Estética, para além da sensibilidade, que é dominante, também se deve considerar uma segunda dupla vertente – a cognitiva e a técnica -, que lhe servem de suporte e a enriquecem.

Um dos aspectos fundamentais que diferencia o espírito científico do artístico é a reprodutibilidade das experiências e dos resultados, o que o afasta da experiência e criação estéticas, consideradas únicas, irrepetíveis. Outro aspecto muito importante do método científico é a confrontação com a realidade (referimo-nos à situação mais habitual em que existem os meios para fazer a experimentação imediata). No entanto, muitas vezes acontece que, para determinadas invenções teóricas, não há ainda capacidade tecnológica de as confrontar com a realidade. As teorias de Einstein, por exemplo, que só foram demonstradas experimentalmente muitos anos após a publicação. Isso torna ainda mais extraordinária a invenção!

Ciência e Estética refletem duas atitudes do Homem perante a realidade: o cientista tem necessidade de a compreender, o artista tem necessidade de a captar e com ela comunicar.

O conceito de Música tem se ampliado à medida que se alargam também os horizontes da composição musical, sobretudo no século 20, com o aparecimento da música concreta, da música electroacústica, da música serial. Mesmo considerando esse alargamento, o som continua a ser a matéria-prima da música e simultaneamente o fundamento de toda a estrutura; mas a Música faz-se de sons e de silêncios, logo, podemos considerar que existem duas matérias-primas: som e silêncio.

A palavra som tem dois significados consoante se considera como fenômeno físico ou como fenômeno psicofísico. Para haver som tem que existir uma fonte sonora. O significado em Física diz respeito à fonte sonora e à propagação através do meio. O significado psicofísico refere-se à audição desse fenômeno, ou seja, à sensação que provoca em nós.


Fonte: adaptado de http://www.esan.edu.pt