(Falsas) Estratégias de Crescimento para a Igreja

Pragmatismo na Igreja – Capítulo 9

por: Mac Dominick

Pragmatismo na Igreja – Uma Religião Orientada Para Resultados: Uma Apostasia com Propósitos

Brincando de Igreja com o Jogo dos Números — Parte 2

Ninguém pode negar que o mundo hoje está em um estado de constante mudança. A vida na Terra muda e as pessoas mudam. Algumas mudanças são benéficas, enquanto outras são maléficas. Algumas mudanças prejudicam a humanidade e algumas mudanças beneficiam poucas pessoas. Como se diz, “a única coisa com a qual você pode contar é com a mudança”. Entretanto, Deus nunca muda, e a Palavra de Deus nunca muda. Com base nesse fato das Escrituras, os verdadeiros seguidores de Jesus Cristo devem não somente ser muito relutantes para “mudar com os tempos” mas, de acordo com os mandamentos das Escrituras — “andar de forma circunspecta, discernindo os tempos”. (1) Isso não implica que a igreja de Jesus Cristo deva rejeitar a tecnologia e viver somente um estilo de vida agrário ou rebelar-se contra as novas realidades do mundo; mas os cristãos são instruídos a avaliarem todas as mudanças culturais à luz da Palavra de Deus. A despeito de qualquer relutância à mudança com base nessas avaliações, não há absolutamente validade alguma na noção que os fundamentalistas são categoricamente “defensores da cultura”, como definem os críticos. (2) Bem ao contrário, o cristão de hoje não é menos estranho à cultura atual que os verdadeiros cristãos foram em qualquer tempo na história da igreja. Portanto, o indivíduo nascido de novo nunca assimilará uma cultura terreal; porquanto os cristãos são cidadãos de uma “cidade cujo artífice e construtor é Deus” (3). Então, se a cidadania do cristão “não é deste mundo”, o filho de Deus deve exercer discernimento bíblico em vez de se conformar totalmente à mudança cultural.

Isso é especialmente verdadeiro à luz dos esforços realizados por organizações como a Boa Vontade Mundial. A Boa Vontade Mundial é uma divisão da Lucis Trust, uma organização não governamental registrada nas Nações Unidas. A Lucis Trust foi originalmente organizada como Lucifer Publishing Company e publicou os escritos da teósofa Alice Bailey. Os livros de Alice Bailey (na realidade escritos sob “escrita automática”, ditados a ela por seu “espírito-guia” Djwal Khul) foram posteriormente usados como currículo central para a Escola Arcana — também uma divisão da Lucis Trust. Hoje, a Escola Arcana é o centro de treinamento para os maçons escolhidos para se juntarem ao grupo distinguido de conhecedores a quem são reveladas as verdadeiras crenças da hierarquia maçônica). Indo ao ponto que nos interessa, o Boletim Número 2 do World Goodwill, de 1990, informou que a declaração das Nações Unidas da década de 1988 a 1997 como a “década mundial de desenvolvimento cultural”. A Boa Vontade Mundial informou que essa década levaria à criação de uma nova cultura” (4). Em retrospecto, esse intervalo de dez anos foi exatamente o tempo de instabilidade crítica e mudança monumental — mas as mudanças foram feitas tão sutil e enganosamente que poucas pessoas tiveram alguma ideia do que estava acontecendo. Durante essa década, todas as forças que estavam ardendo e borbulhando desde o século XIX vieram a produzir frutos para criar os “tempos trabalhosos” preditos na Palavra de Deus. Os climas religioso, político e secular adotaram a cultura pós-moderna da psicologia e da tolerância — uma combinação mortal. A metodologia exercida por esse esforço que concebeu a atual cultura emergente é reminiscente da posição defendida pelo membro da CFR James Gardner em seu artigo “O Difícil Caminho Para a Ordem Mundial”, na edição de abril de 1973 da revista Foreign Affairs, do CFR:

“Em resumo, a ‘casa da ordem mundial’ terá de ser construída de baixo para cima, em vez de cima para baixo. Ela se parecerá com uma ‘grande e ruidosa confusão’, para usar a expressão de William James… a soberania, erodindo-a parte por parte, fará muito mais do que o assalto frontal fora de moda”. (5).

Enquanto essa nova cultura estava real e silenciosamente sendo implementada, a igreja de Jesus Cristo dormia durante todo o tempo. Houve alguns que entraram na guerra para “salvar a cultura” e restaurar a fé dos Pais Fundadores. Houve alguns que lutaram contra o politicamente correto e os grupos radicais gerados pela nova cultura. Houve até alguns que lutaram para salvar o sistema público de ensino da tomada total pelos educadores globalistas, da educação progressiva. A maioria dos que lutaram nessas batalhas foram rotulados como extremistas, fanáticos, intolerantes e uma pletora de outros adjetivos não adequados para consumo popular. Tragicamente, muitas dessas batalhas foram baseadas em valores “sem base bíblica, mal posicionados ou mal-aplicados” desde sua origem; mas a maioria dos que lutaram (e ainda estão lutando) essas batalhas sentiam sinceramente que estavam fazendo um esforço nobre para preservar a “verdade, a justiça e o ‘modo americano'”. Entretanto, mesmo aqueles que lutaram nessas batalhas estavam, como regra geral, tão ocupados com a batalha que avaliaram mal a estratégia global e o objetivo do inimigo. O objetivo do inimigo em todo esse processo foi (e é) a transição de todo o sistema para uma Sociedade Planetária. Para que a profecia seja cumprida, precisa haver uma transição sistêmica de uma sociedade de estados nacionais individuais para uma sociedade planetária socialista. O principal obstáculo a essa mudança sistêmica é a verdadeira igreja de Jesus Cristo. Os cristãos nascidos de novo que vivem de acordo com os mandamentos da Palavra de Deus não se encaixam nesse novo sistema e, assim, os cristãos verdadeiros se opõem de forma inflexível a tal mudança sistêmica. Portanto, para que a transição sistêmica da cultura seja bem sucedida, ela também precisa incluir a transição bem sucedida da igreja em completa conformidade com a cultura pós-moderna. Se um segmento predominante da igreja militante puder ser sutil e enganosamente transicionada para um estado não combativo, inócuo, pusilânime e contemporizado que se misture na cultura mais ampla, a oposição à transição de todo o sistema se derreterá como um cubo de gelo diante de uma tenaz aquecida. Como pode essa transição ser realizada? O fato é que essa transição está ocorrendo com muito sucesso e se tornando uma realidade com o recrutamento de milhares de evangélicos e fundamentalistas para brincarem com o “Jogo da Igreja do Novo Paradigma” — daqui para frente referenciada como Religião Orientada Para Resultados.

Objetivo do Jogo

O Capítulo 8 deste manuscrito definiu os termos para a interpretação apropriada das regras do Jogo da Igreja do Novo Paradigma. Agora que os termos foram definidos, o processo de aprender as regras pode ter início. As regras neste capítulo vêm diretamente da boca de alguns dos principais astros no jogo, e não são o resultado das imaginações ou opiniões do autor. Entretanto, como acontece com qualquer jogo que alguém tente jogar, primeiro precisa haver uma declaração do objetivo do jogo. Uma vez que o objetivo seja definido, pode-se então partir para as regras.

O objetivo do Jogo da Igreja do Novo Paradigma é a total transição da igreja de uma posição tradicional, bíblica e separatista para se tornar mais alinhada e em sintonia com os ditames da cultura pós-moderna — assim iniciando o crescimento exponencial da igreja.

Esse objetivo basicamente afirma o “resultado” na Religião Orientada Para Resultados. Esse resultado é duplo:

1. Alinhamento da igreja com a cultura pós-moderna
2. Crescimento exponencial da igreja.

Os métodos usados para alcançar esse resultado são, na verdade, as regras do jogo. Aqueles que alcançam o objetivo (ou chegam ao resultado) ganham o jogo. As regras desse jogo foram estabelecidas a partir de uma base pragmática. Em outras palavras, se alguém seguir essas regras e jogar bem o jogo — esse indivíduo está seguindo um curso que comprovadamente produz resultados positivos. O Jogo da Igreja do Novo Paradigma está baseado em regras pragmáticas que enganosamente atacam a igreja fundamentalista e separada. Esse é o “novo modo de fazer igreja”.

Regra 1
Precisamos “mudar nosso modo de pensar… do que Deus está tentando fazer”.
(6).

Essa afirmação, feita por um proeminente autor do “Crescimento de Igrejas”, é alarmantemente intrigante. Em primeiro lugar, uma mudança no modo de pensar designa uma “mudança de paradigma” (veja o Capítulo 8). Segundo, uma vez que o modo de pensar é mudado, as crenças, atitudes e valores mudam subseqüentemente. Finalmente, o modo de pensar mudado leva a uma percepção modificada da realidade. O resultado final do homem é então tão distante de seu início quanto a luz está das trevas. Isso é melhor exibido seguindo-se a lógica que se o modo de pensar precisa ser alterado, faz sentido concluir que a mudança é necessária porque o modo de pensar daqueles que estão nas igrejas tradicionais ou fundamentalistas está seriamente errado. Isso nos leva a levantar algumas questões:

  1. O que está errado com o processo mental atual?
  2. Esse modo de pensar errado forçou uma mudança no plano original de Deus?
  3. Se tal modo de pensar força a necessidade de uma “mudança de paradigma”, não faz sentido concluir que Deus está fazendo algo novo?

A resposta para a questão 1 está na revelação do pensamento passado e presente do plano de Deus. Da perspectiva da Religião Orientada Para Resultados, o modo de pensar do cristianismo fundamentalista e separatista resulta em ações que inibem seriamente o crescimento da igreja. Quais são alguns desses modos de pensar que atrapalham o crescimento?

  1. As igrejas precisam funcionar de acordo com a Palavra de Deus.
  2. Deus e sua Palavra NÃO MUDAM.
  3. Com base no caráter e na natureza de Deus, os membros da igreja devem ser responsáveis diante de Deus a aos seus princípios de santidade e vida correta — separados do mundo.

Se algum indivíduo mantiver essa forma de pensar, nunca ganhará o Jogo da Igreja do Novo Paradigma, pois tal indivíduo pensa teologicamente. De acordo com o novo paradigma, o pensamento teológico significa desastre na cultura pós-moderna. Isso, teoricamente, deve-se ao fato que aqueles a serem alcançados para Cristo não compreendem as ações que resultam do pensamento teológico. Por exemplo, se aquele que busca realização entrar em uma igreja e ouvir a exposição do pensamento teológico, esse buscador não retornará à igreja, pois a mentalidade teológica será estranha à sua cosmovisão.

Portanto, se o pensamento teológico inibe ou ameaça esse indivíduo, o pensador teológico precisa mudar seu processo mental para aquele do pensamento estratégico de modo a alcançar o buscador. Para pensar de forma estratégica, é necessário levar várias coisas em consideração:

  1. O indivíduo perdido que visita a igreja não tem conhecimento algum dos dogmas cristãos.
  2. A igreja precisa adaptar seus métodos para então tornar esse indivíduo mais à vontade (sentindo-se menos inibido e menos ameaçado) quando estiver na igreja.
  3. Uma vez que esse indivíduo estiver se sentindo à vontade, poderá ser alcançado com o evangelho.

Portanto, todo o sistema de como o serviço da igreja é conduzido precisa entrar mais em sintonia com a cultura pós-moderna de modo a alcançar os indivíduos que podem se sentir intimidados por ideias fora de moda como as chamadas ao auto-exame, a culpa associada ao pecado, o chamado ao genuíno arrependimento e a necessidade de transformação do indivíduo com base nas doutrinas fundamentais da Palavra de Deus. Em essência, a mudança no modo de pensar precisa ser sistêmica — não sistemática. De acordo com a teoria do novo paradigma, a igreja que tem obsessão com o pensamento teológico precisa ser completamente transformada, ou não conseguirá alcançar os cidadãos perdidos da cultura atual.

Essa transformação somente pode ocorrer “pensando-se em termos de processo, não de conteúdo”. (7) Essa afirmação em si mesma é uma linguagem amedrontadora. Subitamente, o processo estratégico usado para alcançar os perdidos para Cristo passa a ter maior peso que o conteúdo da mensagem. Essa metodologia despreza o aspecto mais importante de alcançar os perdidos para Cristo:

A VERDADEIRA SALVAÇÃO VEM SOMENTE COM A CONVICÇÃO DO ESPÍRITO SANTO CONFORME REVELADO NA PALAVRA DE DEUS. É A PALAVRA DE DEUS QUE CONVENCE DO PECADO; É A PALAVRA DE DEUS QUE REVELA O AMOR DE CRISTO; É A PALAVRA DE DEUS QUE PERSUADE O PECADOR A CONVERTER-SE DE SEUS PECADOS A JESUS CRISTO. “A FÉ VEM PELO OUVIR, E O OUVIR PELA PALAVRA DE DEUS”. (8).

Conclusão: da Regra 1

Vemos que a Regra 1 tem um erro sério:

  1. A ideia que Deus está fazendo uma “coisa nova” vem diretamente de uma síntese de conceitos carismáticos incorretos de Deus e da teologia tolerante e aguada da “grande comunidade evangélica” (veja o Capítulo 5). Deus não está fazendo uma coisa nova — o plano de Deus para a igreja foi estabelecido em sua santa e eterna Palavra. O plano de Deus não mudou.
  2. O modo de pensar dos cristãos deve estar enraizado e estabelecido na Palavra de Deus. Se a Palavra de Deus não se alinha com a cultura, da mesma forma não deve o processo mental dos cristãos se alinhar com a cultura.
  3. Os cristãos devem SEMPRE dar prioridade em seu modo de pensar ao conteúdo em vez de ao processo teológico — pois quando o conteúdo do pensamento cristão está baseado na Palavra de Deus, o processo resultante do ministério, por sua vez, será bíblico.
  4. Colocar os processos ou sistemas acima do conteúdo da Palavra de Deus equivale somente à manipulação emocional pelos métodos do homem. A manipulação emocional não é um substituto para a convicção do Espírito Santo e nunca haverá CONVERSÃO GENUÍNA quando se dá prioridade ao método sobre o conteúdo.

Regra 2
“Desenvolva uma Estratégia de Mercado”

Toda a cultura ocidental hoje está sendo manipulada e orientada pelos ditames dos gênios do marketing da indústria da propaganda e não há dúvida alguma que esses sistemas e métodos têm, em certa extensão, permeado o processo mental de todas as pessoas. Pode-se então concluir que um assalto da metodologia da indústria da propaganda na igreja seria certamente inevitável. Entretanto, o nível em que os proponentes do jogo do novo paradigma utilizaram esses métodos de manipulação é muito maior do que poderia ser imaginado.

O autor deste manuscrito conhece os métodos e táticas de propaganda e a implementação das táticas do marketing secular na estratégia de crescimento da igreja:

“Possuo um diploma de Bacharel em Marketing pela Universidade Bob Jones e sou sócio em uma empresa que coordena vendas regionais e o marketing de vinte empresas nacionais e multinacionais. Portanto, ao participar de sessões sobre crescimento de igrejas alguns anos atrás, fiquei admirado com as táticas dos livros de marketing que estavam sendo defendidas pelo pastor e fiquei imaginando onde ele tinha obtido conhecimento daquelas informações. Naquele tempo, também raciocinei (pragmaticamente) que se aquelas estratégias funcionavam na minha empresa, por que não empregar esses métodos comprovadamente eficazes no ministério? Entretanto, a situação logo ficou fora de controle. A igreja começou a considerar a contratação de uma firma de consultoria em crescimento de igrejas que prometia que, por meros 40 mil dólares, eles garantiriam que o crescimento no número de membros geraria à igreja 300 mil dólares no segundo ano de implementação do sistema. Todo aquele cenário era muito desconcertante e, com uma rápida pesquisa sobre a firma de consultoria, descobrimos que famosos carismáticos estavam não apenas vinculados àquela organização, mas também faziam parte da sua diretoria. Uma pesquisa adicional rastreou todo o conceito ao Seminário Teológico Fuller.”

“A verdade foi logo revelada que o pastor seguia as orientações de Rick Warren e Bill Hybels e jogava o Jogo da Igreja do Novo Paradigma. É desnecessário dizer que não participo mais daquela igreja — uma igreja que começou originalmente como batista fundamentalista e independente e está agora experimentando um crescimento exponencial, ao mesmo tempo em que faz contemporização após contemporização para alcançar o resultado do crescimento da igreja.”

Antes de discutir as estratégias de marketing da igreja do novo paradigma, alguns aspectos do marketing precisam ser tratados. Primeiro, deve-se fazer uma definição apropriada de “marketing”. Para isso, vamos a um livro-texto padrão de Marketing dos cursos universitários:

“Marketing é um processo de uma sociedade pelo qual a estrutura de demanda ou o desejo por bens e serviços econômicos é previsto, aumentado e satisfeito por meio da concepção, promoção, troca e distribuição física desses bens e serviços”. (9).

Usando essa definição como uma linha de base, as seguintes etapas, copiadas das notas deste autor das aulas de Marketing na universidade, fornecem um exemplo conciso de uma estratégia detalhada de marketing:

  1. Defina um objetivo de longo prazo (resultado) e relacione os detalhes para atingir esse objetivo.
  2. Identifique o mercado (os clientes potenciais) para seu produto.
  3. Identifique as necessidades dos clientes e desenvolva uma estratégia para atender a essas necessidades. Qual é o problema real?
  4. Não entregue um produto tangível, mas um padrão de vida:
  • Conheça os motivos do comprador
  • Anuncie a um mercado-alvo
  • Venda satisfações
  • Venda furiosamente
  • Seja elástico às mudanças
  • Inove
  • Promova a partir do melhor ângulo.
  • Selecione cuidadosamente bons vendedores. (10).
  • A verdade da questão é que qualquer pessoa que leia o livro “Uma Igreja Com Propósitos”, de Rick Warren, e também leia as notas deste autor das aulas de Marketing, ficará absolutamente convencido que o Dr. Warren e este autor copiaram as notas um do outro na mesma aula na universidade! Não somente isso, mas cada um dos conceitos de marketing mencionados anteriormente (copiados tintim por tintim do caderno usado por este autor na universidade) espelha os conceitos dos principais proponentes do movimento da igreja do novo paradigma. Portanto, uma discussão ponto por ponto desses conceitos e de como eles se comparam com a filosofia do novo paradigma é bem apropriada.

    1. Definição do Objetivo de Longo Prazo

    Os líderes do novo paradigma definem o objetivo de longo prazo como uma visão. Essa visão é geralmente o plano do líder da igreja para o crescimento — ou o resultado. Rick Warren descreve esse processo em detalhes, mas um livro complementar, escrito por Dan Southerland, “Transição: Conduzindo Pessoas Através da Mudança”, gasta mais de cem páginas descrevendo a preparação, definição, plantação, compartilhamento e implementação da visão para fazer a transição de uma igreja local do modelo bíblico para a metodologia do novo paradigma. (11) Entretanto, tanto o Dr. Warren quanto o pastor Southerland fazem suposições para criar o terreno para essa “visão” que não estão necessariamente baseadas na Palavra de Deus:

    • A suposição 1 pode ser descrita nas palavras do pastor Dan Southerland: “Deus está fazendo algo novo no mundo hoje” (12) — ou — Deus está fazendo uma “coisa nova”. Este manuscrito já tocou anteriormente nesse assunto, mas como é uma parte fundamental do modo de pensar do novo paradigma, uma questão que precisa ser perguntada é: “Qual é a origem desse conceito?”. A resposta é bem simples para aqueles que leram o Capítulo 5 deste livro. Esse conceito veio diretamente da Terceira Onda do Movimento Carismático, o Movimento dos “Sinais e Maravilhas” criado por John Wimber, Peter Wagner e o Seminário Teológico Fuller. Essa “coisa nova” foi então transicionada dos sinais e maravilhas manifestos do Espírito Santo para serem exemplificados no novo nível de louvor e adoração da música cristã contemporânea e agora, finalmente, no Jogo da Igreja do Novo Paradigma — que utiliza e sintetiza aspectos particulares de seus três predecessores.
    • A suposição 2 diz que a transição para o novo paradigma é a “Visão de Deus Para a Igreja”. (13) Todos precisam prontamente concordar que é a vontade de Deus que “nenhum se perca, mas que venham todos ao arrependimento“, mas a Bíblia é também muito clara que a vontade de Deus para sua igreja precisa ser acompanhada pelos métodos de Deus. Como mostrado no Capítulo 8, o novo paradigma afronta diretamente os planos de Deus para a igreja local.
    • A suposição 3 está baseada na aceitação da suposição 2. Pois se alguém aceita o fato que o novo paradigma é a “Visão de Deus Para a Igreja” esse indivíduo precisa também aceitar a posição de que a visão pode ainda ser a visão de Deus independente do que a Bíblia ensina. Nesse ponto, as coisas começam realmente a degringolar. A despeito de toda a retórica conservadora, qualquer pastor que baseie seu ministério em métodos ou elementos contrários ao ensino das Escrituras está agora criando uma religião híbrida — a Religião Orientada Para Resultados — uma síntese entre a Palavra de Deus e a cultura pós-moderna.

    Em termos simples, o objetivo de longo prazo da igreja do novo paradigma é essa síntese que tornará a igreja mais confortável e menos ameaçadora àqueles que negam Jesus Cristo. O objetivo declarado dessa síntese é trazer os perdidos à igreja, alimentá-los com o evangelho, convertê-los a Cristo, e alcançar o crescimento exponencial da igreja. Entretanto, deve-se fazer as seguintes perguntas: o que essa síntese produz? A síntese preservará a integridade da obra de Deus? Poderá haver um chamado ao auto-exame e ao verdadeiro arrependimento do pecado quando se opera sob essa síntese?

    2. Identifique o Mercado Para Seu Produto

    Este aspecto do jogo da igreja do novo paradigma soa como um paradoxo e uma autocontradição. Os participantes nesse jogo da igreja do novo paradigma insistem que um determinado segmento da população deve ser visado como o alvo preferencial para uma determinada igreja local. Eles podem dizer que estão cumprindo a Grande Comissão, mas não têm a menor intenção de ir “a todo o mundo e pregar o evangelho”, como Jesus mandou. Em vez disso, a regra do jogo da igreja do novo paradigma é que “você vá ao seu mercado-alvo estrategicamente identificado”.

    O pastor Rick Warren é muito específico quando fala de planejamento estratégico e usa as Escrituras para defender sua posição de visar especificamente os “residentes jovens e de colarinho branco do Vale de Saddleback”. Entretanto, a defesa que ele faz com as Escrituras chega a ser incrível. Ele defende a posição que Jesus visou estrategicamente certo segmento populacional e pregou o evangelho do reino somente aos judeus, ignorando os gentios em seu ministério terreno. Ele também afirma que Jesus enviou seus discípulos “às ovelhas perdidas da casa de Israel” em vez de aos samaritanos e aos gentios porque os judeus eram o povo que os discípulos mais provavelmente alcançariam. (14) Além disso, Rick Warren também diz que Jesus estava “sendo estratégico, não preconceituoso” ao implementar esse ministério. (15). A resposta perfeita ao Dr. Warren a essa afirmação seria o velho adágio “Posso ser novo, mas não nasci ontem”. Não somente as afirmações de Rick Warren descaradamente insultam a inteligência dos leitores de seu livro, mas também ignoram todo o Antigo Testamento, desconsideram todas as profecias messiânicas e diminuem a deidade do Deus encarnado. Rick Warren também ofusca a questão da deidade de Cristo quando diz, “Freqüentemente, Jesus sabia o que os outros estavam pensando.” (16).

    A verdade bíblica é que Jesus não foi preconceituoso nem estratégico. Além disso, Ele conhecia exatamente aqueles que seus discípulos alcançariam, e sempre sabia o que os outros estavam pensando — pois Jesus Cristo é Deus em carne. Jesus fez o que fez porque é Deus. Ele agiu em justiça impecável em seu plano eterno e de acordo com as promessas para seu povo escolhido, Israel. O fato é que Jesus veio em cumprimento às promessas messiânicas de estabelecer o reino hebreu, conforme revelado a Davi. Se o Messias fosse aos gentios, estaria contradizendo o propósito de sua vinda para estabelecer o reino. Será se o Dr. Warren não compreende isso? Reduzir as ações de Jesus a pensamento estratégico e limitar seu conhecimento dos pensamentos dos corações não somente põe em questão a divindade de Cristo como também o caráter espiritual e os motivos do indivíduo que faz tais afirmações questionáveis e teologicamente blasfemas. Que tipo de estratégia de marketing — ou melhor ainda, que conjunto de prioridades levaria alguém a defender essa posição?

    3. Identifique as Necessidades do Cliente e Desenvolva uma Estratégica Para Atender Essas Necessidades

    É com este princípio do marketing que o “pneu pega a estrada” no Jogo da Igreja do Novo Paradigma. Essa é a questão que trouxe Bill Hybels e a Igreja da Comunidade de Willow Creek à linha de frente do Movimento de Crescimento de Igrejas e é a questão que tornou a Igreja da Comunidade de Saddleback a força que é hoje. A essência disso deve-se ao fato que “… as pessoas hoje estão sedentas não pela salvação pessoal… mas pela ilusão momentânea de bem-estar pessoal, saúde, e segurança psicológica.” (16) Com base nisso, a igreja do novo paradigma trará pessoas pela porta da frente aos milhões e eles continuam a convencer as pessoas que Cristo morreu para atender às necessidades delas. É preciso admitir que essa é realmente uma excelente estratégia de marketing. A pesquisa feita na Igreja da Comunidade de Willow Creek indica que 80% dos americanos estão em busca da realização pessoal, (17) e que a igreja tradicional falhou miseravelmente em atender a essas necessidades associadas. Bill Hybels, o fundador da Igreja da Comunidade de Willow Creek, afirma ainda que o pecado “é uma estratégia falha para obter realização.” (18) Ele insiste que enquanto a igreja tradicional e outras religiões falharam em suas tentativas de entregar essa elusiva borboleta da realização pessoal, a variedade de “cristianismo” de Willow Creek funciona e entrega o que promete. Essa abordagem pragmática ao ministério é ecoada pela Igreja de Saddleback e todo o Movimento da Igreja do Novo Paradigma e forma a plataforma básica para a nova estratégia de marketing do novo paradigma. Portanto, o jogo da Igreja do Novo Paradigma põe uma ênfase em atender às necessidades sentidas dos sem-igreja como um modo de trazê-los ao aprisco. Isso não é muito diferente dos políticos que conseguem se eleger distribuindo brindes e fazendo promessas aos eleitores como um modo enganoso de ganhar seus votos.

    Na política e no Jogo da Igreja do Novo Paradigma, a verdade precisa ser sacrificada para forçar esse tipo de manipulação das massas. Isso é evidenciado no jogo da igreja por uma falta distinta de ênfase na teologia. Lembre-se, o “Henrique sem-igreja” não pode ser convencido que suas necessidades humanistas e auto-sentidas serão incondicionalmente atendidas se ele for defrontado com o auto-exame, o chamado ao arrependimento, ou à humildade diante de um Deus santo. Robert Schuller, o autoproclamado pai do Movimento de Crescimento de Igrejas diz, “Devemos nos concentrar nas necessidades das pessoas, em vez de na verdade teológica.” (19) Como resultado, a verdade teológica e o pensamento teológico são subordinados à manipulação emocional e ao pensamento estratégico.

    Rick Warren defende essa posição fazendo interpretações más, distorcidas e fora do contexto. Ele defende a posição que “muitos poucos vieram a Jesus buscando a verdade, eles estavam procurando alívio, de modo que Jesus atendia a essas necessidades sentidas.” (20) É realmente verdade que a maioria dos que vieram a Jesus estavam em busca de cura ou de outras necessidades físicas. Também é verdade que por amor e compaixão, Jesus atendeu a muitas dessas necessidades. Entretanto, a aplicação desse aspecto ao ministério da Igreja do Novo Testamento é totalmente risível. Durante o primeiro advento de Jesus Cristo, a verdade de Deus foi somente revelada àqueles de fé que vieram em busca da verdade e dispostos a fazer um compromisso de seguir a Jesus. (É preciso lembrar que isso foi antes do Pentecostes, e não havia a habitação permanente do Espírito Santo naquele tempo.) O atendimento das necessidades físicas somente nunca se traduziu em transformação espiritual, a não ser que Jesus perdoasse os pecados do indivíduo ao mesmo tempo. Entretanto, aqueles que vieram a Cristo em humildade, em arrependimento pelos pecados, reconhecendo e adorando sua divindade, receberam a chave para os “mistérios do Reino de Deus”. Como resultado, muitos receberam o derramamento do amor de Deus por meio do atendimento de suas necessidades físicas temporárias, mas relativamente poucos receberam o dom espiritual eterno conforme exercido pela fé no próprio Messias — o Filho de Deus. Se esse era o caso no ministério do Filho de Deus encarnado, qual possível base aqueles que brincam com o Jogo da Igreja do Novo Paradigma têm em acreditar que podem forçar transformações eternas nas almas dos homens operando uma estratégia de filosofias mundanas e pragmáticas que baseiam seu sucesso na manipulação emocional?

    4. Não Entregue um Produto Tangível, Mas um Padrão de Vida

    Este brilhante princípio do marketing afetou de alguma maneira toda a vida na sociedade ocidental. (Por exemplo, uma pessoa não compra um carro, compra aquilo que a propaganda do carro retrata — felicidade, apelo sexual, status social, etc.) Toda a cultura foi afetada por essa tática da indústria da propaganda e agora a igreja de Jesus Cristo está sob o assalto pelos provocadores dentro de suas próprias fileiras que querem tornar o evangelho de Jesus Cristo um item de consumo. O padrão de vida de auto-realização que está sendo promovido pela igreja do novo paradigma é uma ilusão. Essa ilusão é gerada por táticas furiosas de propaganda sutil e persuasiva que tentam transformar a pregação da cruz de Jesus Cristo de “loucura para os que perecem”, para uma panacéia para todas as necessidades sentidas — imaginárias, carnais, ou o que for. No marketing, a percepção do público é 90% da batalha para alcançar o sucesso, mas esse sucesso é no máximo temporário. Em contraste, a Palavra de Deus oferece verdades espirituais que mudam eternamente a posição do homem diante de um Deus santo. Se a embalagem for mudada para tornar o produto mais apelativo, o produto também precisará ser alterado para fazer o consumidor retornar em busca de mais. A seguinte pergunta torna-se então apropriada neste momento: “Se o Henrique sem-igreja for atraído à igreja para receber e satisfazer a sua carne, será que estará por perto se um dia for chamado para dar sua vida por amor a Cristo?” (21).

    5. Cuidadosamente, Selecione os Melhores Vendedores

    Este aspecto da estratégia de marketing será tratado posteriormente no “Salão da Fama do Novo Paradigma”.

    Conclusão da Regra 2

    Vemos que há problemas sérios com a Regra 2:

    O problema geral com a Regra 2 é o simples fato que os participantes no Jogo da Igreja do Novo Paradigma estão tentando converter o sistema estrutural da igreja em uma entidade baseada mais nos princípios do mundo empresarial do que nas instruções da Palavra de Deus. Como resultado, a igreja começa a operar mais como uma empresa e o pastor emula a personalidade de um executivo presidente de uma empresa. Quando a igreja opera com base nos princípios empresariais e não nas orientações da Bíblia, a tendência é tornar-se mais preocupada com os aspectos do crescimento das operações do que na prioridade bíblica de fidelidade à verdade da Palavra de Deus. À medida que a necessidade para financiar a estrutura e a pressão por especialização financeira aumentam com o crescimento resultante, a porta é então aberta para indivíduos poderosos que têm muito a ganhar fazendo a transição da igreja de sua posição separada, que militantemente desafia o sistema de valores globalista do novo milênio (veja o Capítulo 7), para uma participante disposta, altamente motivada e que se sente obrigada a fazer alguma coisa na cultura pós-moderna. Como será discutido em detalhes em um capítulo posterior, o dinheiro e a especialização para financiar o Jogo da Igreja do Novo Paradigma têm sido fornecidos e subscritos por alguns benfeitores muito surpreendentes, mas a motivação para tal transição da igreja pode ser compreendida conhecendo-se o cenário orientado para resultados.

    O crescimento exponencial é então o resultado natural do cenário orientado para resultados, mas todo o processo está seriamente furado:

    1. Uma premissa furada: “Embora possamos fazer o marketing da igreja, não podemos fazer o marketing de Cristo, do evangelho, do caráter cristão e do significado da vida.” (22).
    2. Um enfoque errado: “Enfoque aquilo que o consumidor deseja, ou pensa que deseja, em vez de aquilo que a Bíblia diz.”
    3. Uma definição errada: “Permita que o mundo defina a igreja, em vez de a Palavra de Deus”. (24).
    4. Uma fé errada: “Precisamos da Fé das Épocas em vez de uma fé comercialmente inspirada” (25).
    5. A conclusão: “Precisamos parar de reduzir o Deus do Universo a algo que possamos vender.” (26).

    Regra 3
    Construa Relacionamentos de Integridade Com Aqueles Que Estão Sem Igreja

    Esta não somente é outra abordagem não ortodoxa ao ministério da Palavra de Deus, mas quando executada até suas conclusões lógicas, essa metodologia é possivelmente a força mais destrutiva contra a qual o cristianismo se defronta atualmente. O modo de pensar do novo paradigma diz que os homens e mulheres mais provavelmente serão alcançados para Cristo por um indivíduo que eles conhecem e em quem confiam. Um pastor definiu o exemplo nessa arena ingressando em uma liga esportiva para construir esses relacionamentos. A ideia dele era participar da liga esportiva, não contar a ninguém sobre seu pastorado e tornar-se amigo daqueles que não participavam de nenhuma igreja. Esses métodos certamente não deixam de ter seus méritos, mas ao mesmo tempo, essa abordagem é a aplicação dos livros-texto de “Relacionamento e Vendas”. Essa é uma metodologia de marketing comumente utilizada por muitas empresas na área secular (incluindo a empresa que pertence a este autor) e, a partir de um ponto de vista pragmático, realmente funciona. A posição defendida pelos expoentes do jogo do novo paradigma é que o cristianismo tradicional falhou na Grande Comissão por que os membros das igrejas tradicionais se separaram do mundo até o ponto em que a maioria dos cristãos não conhece pessoas sem-igreja que poderiam ser alcançadas com o evangelho. Essa teoria pode ter certa credibilidade limitada para os pastores e outras pessoas que não trabalham na área secular, mas para a maior parte de nós, a teoria está baseada em uma ideia incorreta ou desinformada. Em primeiro lugar, todo cristão tem relacionamentos no trabalho, na família e na vizinhança com os assim chamados sem-igreja. Existem muitos poucos cristãos que ainda não têm “relacionamentos de integridade” com muitas outras pessoas nesse segmento da população. Se esse então é o caso, qual é a base real para enfatizar o desenvolvimento desses relacionamentos em particular?

    Ao analisar a abrangência total do jogo do novo paradigma, existem vários aspectos que devem ser considerados:

    1. O chamado para estabelecer relacionamentos de integridade é um ataque não tão sutil à doutrina da separação bíblica.
    2. Aqueles que estão envolvidos na Religião Orientada Para Resultados acreditam que os obstáculos para alcançar os sem-igreja são sociais, não teológicos. Portanto, o envolvimento social entre o cristão que participa de uma igreja e os sem-igreja, se tornarão baseados em terreno comum entre as duas partes. Historicamente, isso resulta no enfraquecimento do mais forte dos dois indivíduos.
    3. A construção de relacionamentos torna-se então o foco interno principal da igreja.
    4. À medida que mais tempo na igreja é dedicado à construção de relacionamentos, o pastor transforma-se em um “facilitador de relacionamentos” (27).

    A partir de uma perspectiva de marketing estratégico, a construção de relacionamentos é uma fórmula para o sucesso numérico. Ela é muito similar aos conceitos de marketing de pirâmide em que um indivíduo constrói um relacionamento bem próximo com três outras pessoas, que constroem um relacionamento próximo com três outras, e a cadeia de relacionamentos é construída sobre si mesma por meio de uma série de pequenos grupos de relacionamento dentro da igreja até que essa “meta-igreja” (28) torne-se uma mega-igreja. O pastor-facilitador deve então transferir sua visão para a igreja (29) por meio de indivíduos estrategicamente colocados dentro dos grupos pequenos até que todos dos grupos estejam construindo novos relacionamentos com base na visão do facilitador para a igreja. Como essa visão inicia-se com o pastor, o pastor-facilitador neste ponto está agindo como um agente de transformação para trazer o corpo da congregação a compartilhar e participar em avançar essa sua visão para a igreja. O processo então cria-se sobre si mesmo e resulta no resultado enfocado — o crescimento exponencial da igreja.

    Essa estratégia está bem comprovada e funciona — a igreja cresce. Entretanto, o terreno de prova, os “efeitos colaterais” subseqüentes e a ameaça de longo prazo ao cristianismo bíblico são absolutamente aterrorizadores. Como foi afirmado no capítulo anterior, o termo “agente de transformação” (ou “agente de mudança”) teve sua origem no mundo do comunismo e foi adotado pelos socialistas, globalistas, educadores progressivos na concepção da Educação Orientada Para Resultados (ou Educação Pragmática). Com essa estratégia, a terminologia desses mesmos indivíduos é levada à igreja, e agora a igreja está marchando ao som dos mesmos tambores que o decadente sistema público de ensino. Isso é claramente evidente na terminologia e metodologia da estratégia para crescimento da igreja. Por exemplo, não somente o termo agente de transformação foi tirado do glossário socialista, mas na Educação Orientada Para Resultados, os alunos são separados em grupos pequenos e recebem problemas controversos para solucionar dentro do grupo. O resultado ou resposta ao problema é predeterminado e o professor é o “facilitador” (essa é a terminologia exata usada nesses programas) para que o grupo alcance a conclusão preconcebida pelo professor. O grupo alcança essa conclusão via consenso sob a influência da manipulação do facilitador. Em todos os casos, o problema precisa ser solucionado em um nível significativamente mais baixo que o nível mais alto (moral ou intelectual) porque a resposta precisa ser aceitável no nível mais baixo do grupo, o menor denominador comum. Na Educação Orientada Para Resultados, o termo comum para esse processo é “emburrecimento”, mas na terminologia oficial chama-se “Aprendizado Cooperativo”. Na Religião Orientada Para Resultados, esse processo é oficialmente chamado “Construção de Relacionamentos”, mas em essência não é nada mais do que inicialmente contemporizar e posteriormente destruir a fé na Palavra de Deus.

    A partir de um ponto de vista prático, o seguinte é o cenário “da vida real” desse processo:

    1. Os indivíduos com igreja no grupo crêem que a Bíblia é a inerrante e verbalmente inspirada Palavra de Deus.
    2. Os indivíduos “sem-igreja” no grupo acreditam que a Bíblia é um bom livro com boas lições morais, mas que contém mitos e contradições.
    3. O desafio do facilitador é fazer os membros desse grupo pequeno chegar a um consenso em que todos possam concordar, trazer os “sem-igreja” para dentro da igreja, e evitar que aqueles que já estão na igreja saiam dessa igreja em particular.
    4. O facilitador então torna-se um agente de mudança, pois precisa mudar todos no grupo para uma posição de consenso de modo a alcançar uma síntese.
    5. O facilitador manipula o grupo para a posição que a Bíblia é inspirada, mas somente inerrante nas passagens que tratam da salvação. (Essa é exatamente a posição sobre as Escrituras adotada pelo Seminário Teológico Fuller — o principal centro de treinamento para o modo de pensar do novo paradigma.).
    6. Todos no grupo concordam e o número de pessoas que freqüentam a igreja aumenta.

    Entretanto, o que realmente aconteceu nesse exercício?

    1. Uma síntese foi alcançada.
    2. Houve uma contemporização no elevado terreno doutrinário.
    3. O caráter espiritual da igreja foi “emburrecido”.

    Para melhor ilustrar, esse processo pode ser escrito como uma fórmula matemática:

    Outra terminologia sinônima para o processo seria esta:

    • Com igreja = Tese
    • Sem-igreja = Antítese
    • Facilitador = Agente de Transformação
    • Dinâmica de Grupo = Democracia, Consenso, ou Terreno Comum
    • Resultado = Resultado manipulado e predeterminado, ou síntese

    Neste caso, há um resultado duplo:

    1. Crescimento exponencial da igreja
    2. A pura mensagem bíblica não se aplica à cultura atual, de modo que a Bíblia precisa ser interpretada à luz da cultura.

    Se esse processo for examinado atentamente, não é nada mais que a Dialética Hegeliana, conforme proposta por Karl Marx e Lênin — agora sendo implementada dentro das igrejas. (30). À medida que esse processo é repetido, enfraquece ou elimina completamente o cristianismo fundamentalista ao longo das duas próximas gerações.

    Conclusão da Regra 3

    A implementação completa da Regra 3 é potencialmente letal ao verdadeiro cristianismo.

    Não é intenção deste autor acusar os proponentes mais conhecidos do jogo do novo paradigma de destruir intencionalmente o cristianismo fundamentalista. Entretanto, o curso irrestrito de suas ações tem o potencial de resultar na eliminação não somente do fundamentalismo, mas também de todo o verdadeiro cristianismo dentro de duas gerações. A implementação maciça do programa hegeliano resultará naturalmente no “emburrecimento” da verdade bíblica ao ponto que a única “verdade” doutrinária dos membros da organização do novo paradigma será a da tolerância. Isso novamente ilustra o princípio do “funcionalismo gradual” que erodirá a verdade uma pequena etapa de cada vez até que toda a verdade absoluta tenha sido absorvida no grande mar de tolerância e relativismo.

    As regras 4-7 serão discutidas nos próximos capítulos.


    Notas Finais

    1. Efésios 5:15.
    2. Falkenburg, Steve, “What is Fundamentalism and Why is it so Dangerous?”, www.newreformation.org/fundamentalism.htm, 2002, (22/9/2003), pág. 2.
    3. Hebreus 11:10.
    4. “A Decade for Cultural Development”, World Goodwill Newsletter, 1990, No. 2, pág. 1.
    5. Gardner, James, “The Hard Road to World Order”, Foreign Affairs Magazine, abril, 1974, pág. 557.
    6. George, Carl, “The Coming Church Revolution”, Fleming Revell Publishers, Grand Rapids, MI, 1994, pág. 32.
    7. Ibidem, pág. 62.
    8. Romanos 10:17.
    9. Weldon Taylor and Roy Shaw, Marketing, Southwest Publishing, Dallas, TX, 1969, pág. 7.
    10. Gallagher, Richard. “Marketing 201 Notes”, Bob Jones University, 1972.
    11. Southerland, Dan, “Transitioning, Leading Your Church Through Change”, Zondervan Publishers, Grand Rapids, MI, 1999, págs. 11-108.
    12. Ibidem, pág. 14.
    13. Ibidem, pág. 14.
    14. Warren, Rick, “The Purpose-Driven Church”, Zondervan Publishers, Grand Rapids, MI, 1995, pág. 187.
    15. Ibidem.
    16. Ibidem, pág. 188.
    17. Pickering, Ernest, “The Tragedy of Compromise”, Bob Jones University Press, Greenville, SC, 1994, pág. 138.
    18. Pritchard, G. A, “Willow Creek Seeker Services”, Baker Books, Grand Rapids, MI, 1996, p.70.
    19. Ibidem, pág. 170.
    20. Pickering, pág. 131.
    21. Warren, pág. 220.
    22. Gilley, Gary, “This Little Church Went to Market”, Xulon Press, Eugene, OR, 1995, pág. 82.
    23. Ibidem, pág. 54.
    24. Ibidem, pág. 56.
    25. Ibidem.
    26. Ibidem, pág. 82.
    27. Pickering, pág. 132.
    28. George, pág. 63.
    29. Ibidem, pág. 26.
    30. Southerland, págs. 84-96.
    31. Klenck, Robert, “What’s Wrong With The 21st Century Church, (8.1.03), pág. 2, www.crossroads.to/News/Church/Klenck1.html.

    Fonte: A Espada do Espírito


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