O Hip Hop de Deus

Cecília Giannetti

“Mãos pra cima, todo mundo, mãos pra cima!…”

Naquele momento eu não sabia, mas o comando seria repetido mais tarde, na noite de sábado, 22 de outubro de 2005, pelos rappers veteranos do De La Soul; noutra língua, claro, noutro lado do Rio de Janeiro, e com uma diferença fundamental em sua conotação: o Hands up in the air é a maneira como MCs convocam, do palco, a participação do público. O “Mãos pra cima” do DJ Marcelo Araújo é uma maneira de associar uma marca registrada do hip hop – código comum entre os que gostam do estilo em qualquer lugar do mundo – a um gesto que, entre os freqüentadores das suas festas, representa uma demonstração de fé.

Para quem está sempre nas festas da equipe Gospel Night, fundada por Marcelo, o sinal aproxima uma cultura mundana por excelência de outra, dominada pela Bíblia. O universo dos low-riders grafitados, gangstas e cordões de ouro que pesam até cinco quilos cruza-se com a austeridade anacrônica do imaginário bíblico com que a igreja evangélica vem moldando gerações há décadas.

Nos clubes noturnos evangélicos, Jesus Cristo é o hype. “Amém ou não amém? Quero ouvir vocês… AMÉM OU NÃO AMÉM?”, incita o DJ, saindo de trás da mesa de som. Com o microfone na mão, Marcelo faz as vezes de mestre de cerimônias ao fundo de um imenso galpão na avenida Padre Roser, 224, próximo ao Largo do Bicão, em Irajá, subúrbio do Rio. O telão no canto direito do palco mostra cenas do público que dança com as mãos para o alto.

Pioneira do gênero no Rio de Janeiro, a Gospel Night vai reinaugurar a sede no Irajá Atlético Clube, agora com dois andares, no dia 26 de novembro. Enquanto a obra não fica pronta, Marcelo e outros DJs agregados à equipe, como Kiko e W, continuam circulando em festas por diversas igrejas da cidade. Suas noitadas são uma opção para jovens evangélicos que jamais poriam os pés no Castelo das Pedras (templo do funk em Porto das Pedras) nem na Fosfobox (boate em Copacabana).

Dança é a oração do corpo

Andressa Barcellos tem 17 anos, adora as roupas de Alexandre Herchcovitch e, apesar de fã de Caetano Veloso e João Gilberto, considera-se uma “b-girl”, título que defende dançando hip hop em bailes na zona norte do Rio. Permite-se algum ecletismo na mistura entre bossa nova e MPB com a música que a inspira a aperfeiçoar passos de break – mas pára por aí. As restrições surgem quando ela escolhe a pista onde vai dançar, o tipo de rapazes com quem trocará olhares debaixo da luz do estrobo e a bebida que vai encher seu copo entre uma música e outra: as boates devem ser evangélicas, os meninos idem e o drinque não pode conter álcool.

A estudante se converteu quando tinha 14 anos, em 2002, na Assembléia de Deus – Ministério Ombro Amigo, no subúrbio carioca de Anchieta. Levada por amigos de fé, virou habituée também dos embalos do DJ Marcelo e de outros.

O pastor de Andressa não é tão liberal quanto os do Projeto Vida Nova. “Ele sabe que eu gosto de festa e tal. Ele não curte muito, diz que é uma maneira em que a igreja pode ser confundida com o mundo”, explica. Para ela, o que importa é Jesus; e a moça crê contar com a aprovação Dele: “É claro que Ele é alegre e fica feliz quando nos vê dançando e cantando em Sua presença”, argumenta. E os movimentos com o corpo são pecado? “A dança é a oração do corpo! É adoração com gestos! Eu amo hip-hop, isso me ajuda até a saber mais sobre a Palavra. Tem poder evangelístico, sim.”

Paquera até rola, mas ela nunca ficou com nenhum garoto numa festa gospel. Por timidez diante do Senhor: “Sei que, além de olhos humanos (como a coodenadoria da igreja, em caso de noite gospel), o mais importante, os olhos de DEUS estão em mim. A todo momento, rola a paquera, mas a ficada, comigo, nunca! Nem namoro. Desde que me converti, não namorei mais! Ora por mim, irmã, tá brabo! Haha!”

Se persistir o medo de ser observada por Deus enquanto namora, Andressa ao menos pode investir numa paquera mais comportada, virtual, fora da igreja: Encontro Evangélico é um site de relacionamentos para crentes. Para ver fotos e perfis dos participantes, é preciso preencher, além do cadastro default desses serviços – que inclui nome completo, idade, cidade, altura, peso, cor dos olhos etc. – um formulário sobre “atividades religiosas” em que constam perguntas como “Seu comprometimento com o Senhor” e “Dizimista – sim ou não?”. Dureza, Andressa: o Senhor te vigiará até lá.

Um pastor com upgrade

Enquanto o show do FLG não começa, Marcelo segue se dividindo nas funções de DJ e “ministro” da Palavra do Senhor. É como um novo tipo de pastor, com upgrade nas roupas e atitude. Repete o bordão “Amém ou não amém?”, e solta o que parece ser o começo de “Nothing but a G Thang” (clássico de 1993 e único rap que a repórter consegue cantar sem cãibras na língua, pelo menos até o começo da segunda estrofe ). Após a intro, porém, em vez do indefectível “one, two, three and to the four, Snoop Doggy Dog and Dr. Dre ‘is’ at the door”, os vocais não entram, nada acontece, a música fica apenas na base. É o mesmo princípio que segue nos programas que apresenta na Rádio Manchete: deixar rolar a base do melhor som e remixá-la com “ministrações”.

Compreensível. O Senhor, em Sua Onisciência, não ignora que o mundo criado por Ele – e o mundo do hip hop dentro desse mundo – é cheio de caras que não têm namoradas, mas biiiiatches e hookas; que esses caras descem o braço nas cachorras; que cheiram cocaína com canudos feitos de notas de dólar, entre outros clichês videoclípicos. Mas não é por isso que Ele vai querer ouvir, dentro de Sua própria Casa, o longo relato de Dre. e Snoop sobre o estilo de vida gangsta de Longbeach. Então, estamos combinados: a música predominante é hip hop, mas as letras passam longe da língua solta dos CDs que ostentam o selo de “Parental Advisory: Explicit Lyrics” na capa.

Quem também ataca de versões na rádio Manchete é a apresentadora Lili da Silva. Todos os sábados, na 107,9 FM, às 13h30, uma vinheta anuncia que a moça está na área (com o selo de aprovação do Projeto Vida Nova): “Oi, Lili! Aqui é o pastor Ezequiel Teixeira! Tô juntinho com o ‘Nóis na Fita’! Ligadinho com todo mundo aí”, exclama o pastor em gravação feita pelo telefone. Loira, de cabelos cacheados cobertos por um boné preto virado pra trás, Lili é famosa entre crianças e adolescentes evangélicos. Tanto que já lançou um perfume com seu nome/marca, “uma fragrância marcante, com notas cítricas e madeiradas de essência importada, inspirada no CK B”. Os mais exigentes definiriam assim as versões: o pop-chiclete chupado de Britney Spears e transformado em gospel, hit da programação, está para o original internacional como o perfume Lili está para o original da Calvin Klein.

Por volta das 20h, muita gente ainda aguarda do lado de fora, batendo papo numa fila que vai da bilheteria improvisada até a loja de madeiras e compensados, três casas depois da igreja. O evento acontece no templo do Projeto Vida Nova de Irajá, o primeiro das 39 pertencentes ao Apóstolo Ezequiel Teixeira (como se auto-intitula o pastor do Vida Nova). Há mais em outros estados do Brasil e até nos Estados Unidos, em Portugal e na Argentina. Ezequiel ouviu o “chamado” no final dos anos 80. Teria escutado até um coral entoando louvores justamente naquele galpão de Irajá onde antes funcionava a sede de um clube de pagode. Junto com pastores dissidentes da Assembléia de Deus, criou, há dez anos, a “Igreja que tem Cara de Leão”, título pintado no letreiro acima da portaria, com a logomarca mostrando o perfil do animal, uma cruz vermelha e branca, e uma chama desenhada sobre a juba.

Começo a ficar tensa com o horário. Tenho ingressos para De La Soul, MIA e outras tentações mundanas em cartaz na cidade. Olho por cima do mar de cabeças para a cantina da igreja, onde dois funcionários bocejam ao lado de geladeiras cheias de água com gás e refrigerantes. Penso na caipirinha de morango e Absolut servida a preços nada caridosos no lounge do MAM (onde os shows começarão dali a pouco). Minha lente de contato começa a ressecar com a fumaceira. Gelo seco tudo bem, mas, desde priscas eras – leia-se na Dr. Smith e noutros inferninhos menos cotados – que não me borrifam as fuças essa fumacinha de talco.

Pelo telefone, o DJ W havia me garantido que o show começaria às 19h. Cheguei à igreja na hora marcada, após um ônibus, doze estações de metrô e um táxi. E agora descubro que o quarteto FLG (Feeling), que passou o som antes da entrada do DJ, só entrará às 22h. Eles saem da igreja pela porta principal e entram num ônibus estacionado à frente. Braços tatuados, street wear, grandes cruzes prateadas no pescoço – mais do mesmo que vemos entre um e outro no público. A maioria não ousa na indumentária, mas, ainda assim, é muito mais do que se poderia esperar de um culto religioso. Sim, os shows e festas são considerados sessões de louvor – esta noite, principalmente, por acontecer nas dependências do templo por onde passam, toda semana, dezenas de fiéis. Filas de cadeiras estão empilhadas nas laterais do galpão onde acontecem os cultos menos heterodoxos do Projeto Vida Nova.

(E por falar em heterodoxo: um cartaz na parede anuncia a quarta edição do “Halloween Gospel – Noite dos Mortos Vivos”. Bem, parece congruente, uma vez que Cristo ressuscitou Lázaro e, depois, levantou-se Ele mesmo… melhor parar aqui com o ataque de infâmia.)

A cruz do pop star da fé

Ceder o espaço de orações para o hip hop faz parte do conjunto de ações que o pastor Ezequiel Teixeira chama de Evangelismo Estratégico, em que cabe até um bloco carnavalesco, acionado durante o período de maior tentação, o Bloco Cara de Leão.

Vale tudo na guerra por uma alma perdida. DJ Kiko, de 26 anos, não tem dúvidas quanto a isso: “É um jeito de chamar os jovens para ouvir a Palavra de Deus. Se eu chegar assim, na rua, e ficar convidando as pessoas pra igreja, tu acha que elas entram? Não entram. Mas tem gente que passa, ouve um som legal, vê um monte de gente bacana na porta, aí entra e acaba aceitando a Palavra”, conclui.

A tática não é nova. Assim como as boates comuns, onde a ortodoxia é a farra, os “inferninhos de Deus” têm sua raiz nos Estados Unidos. No final da década de 60, o pastor Arthur Blessitt, da Flórida, era corroído por questões como Is there room for Jesus Christ on the Sunset Boulevard? – ou seja, sua intenção era nada menos que plantar, no seio do pecado e da devassidão, o que o saudoso Tim Tones (personagem de Chico Anysio) chamaria de “Oásis no deserto do Amor”.

Depois de ser expulso vários vezes e solenemente ignorado outras tantas, Blessitt conseguiu convencer o rei das noites do rock local, Bill Gazzarri, dono de um dos clubes mais bombantes do Sunset Boulevard, a deixá-lo falar para as platéias da boate. Com isso, surgiu a ideia luminosa de criar boates para os fiéis, onde eles louvariam Cristo até o sol raiar, com direito ao rock gospel que começava a surgir nas regiões dos Estados Unidos onde o fervor religioso era mais forte.

Blessitt transformou um prédio de nove salas no endereço 8913 Sunset Boulevard, alugado a U$ 400 ao mês, na boate evangélica His Place (Seu Lugar) . Lá, ex-degenerados de diferentes faixas etárias comungavam em torno de bebidas sem álcool distribuídas em copinhos de plástico. Em 1969, quando foi despejado do clube, Blessitt fez jejum durante 28 dias até que lhe cedessem um novo espaço no Sunset Strip. Seja feita a vossa vontade, disseram as autoridades contrariadas.

E Blessitt está aí até hoje, autor de um best-seller evangélico, “Turned on to Jesus” e pop star internacional da fé, conhecido por carregar nas costas, por 303 países, uma cruz de 3,5m. Sua ideia ainda dá caldo em locais como o Club 3 degrees (o maior e mais antigo clube noturno de Cristo nos Estados Unidos), em Minneapolis, e, claro, Gospel Nights, Beat Gospels, Holy Nights e uma infinidade de eventos similares no Brasil.

“Abrimos o evento com uma oração, em seguida o DJ começa a tocar as músicas que são alternadas com os clipes no telão”, explica Marcelo. “Temos brincadeiras, sorteio de brindes. Depois, entra a atração principal.” As apresentações têm uma pausa para que seja “ministrada a Palavra de Deus”. Após a mensagem, o show continua, seguido por mais um set de Marcelo. No encerramento, será feita uma oração. Calculo que a coisa toda leve ainda umas quatro horas.

Seguranças parrudos circulam pelo galpão, como em qualquer evento de música para adolescentes. De repente, a turma que arriscava uns passinhos em frente ao palco incorpora mais pessoas. Forma-se uma fileira de dançarinos. Pelos cantos do galpão, cerrando os olhos para enxergar através do estrobo estrobo e da fumaça, a “prata da casa”, os tais coordenadores da igreja. Já vi esse filme.

Como não lembrar de “Footlose”? Balzacos e gente de vinte-e-muitos-anos em geral reconhecerão o mote do filme protagonizado por Kevin Bacon, reprisado à exaustão nas sessões da tarde em finais dos anos 80: rapaz (Bacon) enfrenta a fé ultra-restritiva de um pastor (John Lithgow) que proibia música e festinhas e considerava seus requebros passos em direção ao mármore dos infernos.

“Cadê o povo de Deus? Mão pra cima quem for de Jesus!”, Marcelo segue gritando.

A turma dança direitinho, exibindo calças jeans grafitadas, bonés na cabeça, camisetas de times de basquete americano e tênis all star. A música agora parece ser uma versão clean, em português, de “No scrubs”, do TLC. A voz feminina não lamenta a crueldade de homens safados, mas evoca a compaixão de “Meu Jesus”.

Um quarteto se destaca. São eles que lideram os passos seguidos pelos outros: Airton de Paulo, 18; Bruno Pereira Machado, 21; Aristotele Arnel, 16; e Samuel de Almeida Sarmento, 20. É o grupo Éfeso de street dance gospel. “Começamos na igreja há quatro anos. Dançar é uma maneira de louvar. A gente atinge as pessoas, quebra a barreira e chega a quem pensa que em igreja só tem música lenta, chata,” afirma Samuel.

Daí pro inferno é um pulinho só

Na balada de Jesus, a música equivale ao aditivo socializador por excelência. O ritmo basta. É dançando que eles e elas se aproximam, nas coreografias organizadas. É o que ajuda a descontrair – não o álcool, escolha número 1 de quem sai na noite e, pra desinibir, precisa de algo mais.

Se os chamados cinco elementos do hip hop estão reunidos hoje aqui – MC, DJ, grafite, b-boys (e b-girls) e, de certa forma, consciência – foi depois de enfrentar pastores mais quadrados que o de John Lithgow no filme.

O fórum de discussão da Central Gospel, dá uma ideia da polêmica. Piria Ligeiro é um exemplo da forte oposição que os eventos costumam enfrentar: “Esse tipo de coisa só vem tirar o impacto que o pecado tem em nossas vidas. Boate gospel, carnaval gospel, ficada gospel… Vai me dizer que essa boate não tem cantinho nem escurinho gospel? Daí pro inferno é um pulinho só. Não vou e não aconselho. Quando isso perder o impacto, você vai começar a freqüentar uma boate light, depois outra, depois um motel gospel, uma droguinha light e tal… aí nada passa a ser pecado.”

O pastor Jeff Fromholz, da Equipe Geração Benjamin, de Volta Redonda, também condena esta época “em que a igreja se veste, fala, brinca e peca como o mundo”, O pastor não está só. O blog “Surf, fé, louvor e boas ondas em Jesus!”, do curitibano que se identifica apenas como Crew Surf, é um exemplo de jovem que execra as naites de Jesus: “Numa boate gospel, o ‘chupim espiritual’ chega numa garota, joga seu papinho e fica com a guria! Mas não é pecado porque é uma ficada gospel, num ambiente gospel.”

As críticas ecoam do lado de dentro. “Não estou com a Gospel Night desde o começo, em Jacarepaguá (1998), mas já acompanhava de fora e sei que não foi fácil”, vai contando DJ Kiko.

“AMÉM OU NÃO AMÉM?!” – Marcelo parece adivinhar a gratidão do amigo que dá entrevista fora do palco.

Assim como a Gospel Night, equipes de sonorização especializadas como a Equipe Gospel Tracker crescem junto com o nicho de mercado. Mas alguns novatos, considerados “bifões” – termo que usa para designar os DJs que “só pensam em embolsar o dele primeiro” – geram desconfiança. “A Palavra de Deus não interessa pra eles. A Gospel Night é diferente. Somos um ministério. Somos DJs que vivemos a Palavra de Deus e levamos a Palavra de Deus. O que eu sou hoje, é porque cresci junto com a Gospel Night, com o Marcelo Araújo”, afirma Kiko.

Na web, o negócio também prospera. Multiplicam-se os sites especializados em divulgar naites estritamente para crentes, como Os Karas e o SuperGospel. E, para o crente nerd – que gosta de Jesus mas não dispensa um programa de troca de MP3 p2p (peer to peer) – existe o ZPoc. “O diferencial do Zpoc para os outros programas de compartilhamento é que ele tem a essência cristã, pois seus operadores e criadores são todos cristãos. Não são disponibilizadas no sistema músicas não-cristãs”, explica a home page do produto. Mas há outra diferença crucial: é preciso pagar pelas músicas. “Os artistas e bandas trabalham duro o ano todo e necessitam do nosso apoio para poder continuar com o ministério que lhes cabe. Use o ZPoC para conhecer novas bandas e divulgá-las, mas comprem os CDs e ajudem nossos irmãos no ministério.”

Na “Graça e Paz da parte do Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”, a Cara de Leão Promocional – Produtora e Distribuidora do Projeto Vida Nova – comercializa por televendas e também na Internet cerca de 47 produtos, entre livros, revistas e vídeos que custam de R$ 7,00 a R$ 18,00, mais R$ 5,00 de frete. Esses são produtos comuns da igreja evangélica. A veia hip hop e pop movimenta outras empresas para se posicionar no mercado. No caso do que se apresenta esta noite, o FLG, e de outros como Lynk 4, Wand B, Lael e Blackness Boyz, é a AW Produções quem cuida de tudo. O banner colocado à esquerda do palco anuncia um serviço que associa assessoria de imprensa, gerenciamento musical, distribuição, criação de peças publicitárias e, claro, organização de eventos como este em igrejas evangélicas em diferentes estados do Brasil. “É um novo conceito de música gospel”, define a assessoria da produtora, responsável pela maior parte dos grupos do gênero, vindos de São Paulo.

No Rio de Janeiro, o grupo que pode ser considerado precursor em hip hop evangélico já conta dez anos de estrada: o REP (Radicalizando – Evangelizando – Politizando), formado por OSK e DJ W. Conhecidos pelo hit gospel “Mão Pra Cima” e pelas festas Gospel Beat, definem-se como “um ministério formado por um grupo de loucos com um sonho”. O DJ W explica sua ausência do circuito desde agosto: “Estamos nos concentrando no nosso disco agora, sem fazer muitos shows. No comecinho do ano que vem, quando lançarmos, voltamos com toda força. Na paz!” A história dos rappers começa em 1994, na primeira Igreja Batista de Vila da Penha: a ideia, então, era usar o rap para conscientizar jovens infratores do Instituto Padre Severino, localizado em Quintino (zona norte). Eles são os precursores do estilo no Rio, investindo na pegada hip hop.

Não é o caso do FLG. Nitidamente, os garotos de Osasco são uma boy band de rhythm & blues bem diluído. Assim que eles aparecem no palco, meu santo canta pra subir: fujo pro MAM. Pecado seria desperdiçar os ingressos.


Breve comentário dos editores do Música Sacra e Adoração:

Infelizmente, esta é a realidade de muitos jovens. O presente artigo foi publicado como um alerta aos pastores e líderes da situação desesperadora a que um evangelho de entretenimento pode levar.

Aparentemente, a autora é uma repórter profissional, sem vinculação religiosa; não temos maiores informações. Mas mesmo ela vê o absurdo da situação.

Efetivamente, algo está muito errado na condução do evangelismo em algumas comunidades cristãs!

Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês. Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (Romanos 12:1-2 – NVI)


Fonte: Publicado originalmente em http://nominimo.ibest.com.br