CD Jovem – Capítulo III

por: Rodrigo de Galiza Barbosa

CD Jovem: Cultura de Massa na Igreja Adventista do Sétimo Dia?

Capítulo III – A Imagem Como Meio de Adoração

Através dos números do capítulo anterior a tendência dos cânticos se tornarem existenciais através do uso de uma mídia de massa como o CD Jovem é sutil, porém visível. Esse apelo à emoção é uma característica da cultura de massa e da sociedade do espetáculo. E uma das características dessa cultura da mídia é o uso da imagem. Visto que nessa produção midiática religiosa adventista em conjunto com as poesias das músicas há também imagens, é importante saber se o conteúdo dessas imagens está de acordo com a tendência detectada acima, confirmando ainda mais a hipótese.

Nesse capítulo foi feita uma categorização das imagens dos vídeo-clipes e slides de cada música. Como essas imagens servem para conduzir a congregação no louvor, elas também constituem parte integrante da transmissão da mensagem do CD Jovem. As classificações das imagens seguiram a metodologia do capítulo anterior tendo as mesmas categorias como referências. Isso não quer dizer que serão as mesmas, mas a permanência dos conceitos do existencialismo-desescatológico e essencialismoescatológico são consideradas, pois são temas centrais e relevantes na problemática do trabalho.

Antes da descrição da análise das imagens, é importante saber como a imagem afeta o conteúdo de uma produção musical, principalmente relacionado a co nteúdos religiosos. Ao saber como a imagem influenciou a mensagem cristã na história, podemos traçar parâmetros para identificar as tendências e influências que o CD Jovem adventista está sofrendo ou não.

3.1 A Imagem e o Existencialismo na Religião

Alberto Klein, em Imagens de culto e imagens da mídia (2006a), mostra a regressão e progressão do uso da imagem no cristianismo e seus resultados na sua liturgia. A imagem foi rapidamente associada à liturgia cristã, mas em contrapartida os iconoclastas do século VIII a XIX eram contra a associação da imagem no culto. Esse movimento contra imagens teve seu maior expoente e influência na Reforma Protestante (KLEIN, 2006a. p.22). Os protestantes elevaram a razão e a racionalidade da palavra à textolatria. A Bíblia, e não os santos, passou a ser o centro do culto protestante. (KLEIN, 2006a. p.222).

Mas no século XX a imagem ressurge influenciando a religião via cultura de massa. A cultura de massa atual é de predominância do visual (JUNIOR, 2005). O recurso visual é o mais usado para apelar ao consumidor. Pois a imagem possui a facilitação de ser rapidamente reconhecida e assimilada, sem muita reflexão (ADORNO, 1974. p.19; ADORNO, 1975. p.176). Essa é um das características da cultura de massa do século XX identificadas por Morin (1999, p.24,25). Pois como a emoção é inerente a todos os seres humanos, o apelo ao sentimento é recebido com mais facilidade pela massa (ADORNO, 1975. p.176; LIMA, 2002. p.120).

Essa emotividade instigada pela imagem tem sido usada de forma a criar uma sociedade do espetáculo, como descrita por Guy Debord (2007). Nessa sociedade a verdade é determinada pelo espetáculo, que é mediada principalmente pela imagem (DEBORD, 2007. p.14,16). Essa determinação abarca todos os níveis sociais e áreas de conhecimento. A religião principalmente é influenciada por esse fenômeno espetacular, pois ela tem que apelar para esse recurso para sobreviver (DEBORD, 2007. p.39), visto que a cultura de massa espetacular domina a tudo (DEBORD, 2007. p.13).

As conseqüências é que “tudo o que era vivido diretamente tornou-se representação”, uma ficção da realidade (DEBORD, 2007. p.13). Essa ficção criada é uma tentativa humana de suprir sua necessidade religiosa. “O espetáculo é a reconstrução material da ilusão religiosa” (DEBORD, 2007. p.19). Mas essa nova roupagem tecnológica irá modificar profundamente a experiência do sagrado. Esse uso da imagem pelo homem para comunicar, cria o movimento de iconofagia descrito por Junior (2005). A proliferação exacerbada de imagem na sociedade faz com que seu consumo seja exagerado e as próprias imagens “comam” os homens e seus meios de comunicação, assim como moldem seu estilo de vida (JUNIOR, 2005. p.94-7).

A conseqüência do aumento da comunicação bidimensional (televisiva) é a diminuição da comunicação tridimensional (pessoal). O problema desse fenômeno descrito por Junior numa linguagem de alimentação (fagia, comer) mostra que a alimentação comunicacional bidimensional não sustenta o ser humano porque ela não possui elementos necessários para uma comunicação sadia (JUNIOR, 2005. p.96). Isso ocorre porque as imagens nessa comunicação são sem corpo, o que gera uma carência afetiva como predita por Morin e outros (DEFLEUR, 1983. p.188). O “consumo” pós-moderno atual (até no termo a cultura da imagem capitalista se apropria da iconofagia) é de símbolos, marcas, grifes, e ficam no signo de abstração (JUNIOR, 2005. p.96).

Nessa carência afetiva surge a religião como meio de suprir essa necessidade pós-moderna (DEBORD, 2007. p.39; GRENZ, 1997. p.65,66). Como o homem é um ser carente do transcendente, o consumo religioso via mídia é certo. E o que a televisão proporciona torna-se um mero processo de vício (CONTRERA, 2006. p.118). A imagem televisiva é um ótimo meio para suprir a carência ao imitar a revelação transcendente de diversas formas como a comunicação iluminada descrita por Eliade (1979), e a fuga do tempo presente para o tempo ideal da televisão (transcendente e onipresente) (CONTRERA, 2006. p.112).

Todos os detalhes desse mecanismo da entrada da religião na mídia foram descrito detalhadamente em Contrera (2006) e não precisamos elaborar aqui por não ser nosso propósito. Mas suas conclusões são relevantes, ao constatar que nessa simbiose mídia-religião, ocorreu um processo de dessacralização da religião e sacralização da mídia (CONTRERA, 2006), o que é uma característica do existencialismo.

Os objetos sagrados agora são os meios. O iconoclasticismo protestante agora recria a imagem, mas agora a imagem é do pregador e do culto (KLEIN, 2006a. p.22). “Aí reside a inversão de um movimento, a mídia criada pelo homem agora recria o próprio homem” (KLEIN, 2006a. p.223). Pois como McLuhan formulou (o meio é a mensagem), o meio acaba por moldar o seu usuário (1964. p.21). Assim a religião midiática favorece uma comunicação totalmente existencial, passageira e rápida (KLEIN, 2006b. p.122) que não consegue suprir esse desejo transcendente e duradouro (CONTRERA, 2006. p.118).

Ressurge a idolatria no cristianismo protestante e sua secularização (KLEIN, 2006a) Essa midiatização da sociedade é muito forte e hoje ela está profundamente mergulhada na imagem. Portanto só em usar a imagem, já existe um favorecimento da mensagem ser existencial (CONTRERA, 2006; KLEIN, 2006a). Mas é importante analisar o conteúdo dessas imagens para ver se essa influência existencialista na comunicação adventista se concretiza.

3.2 Análise das Imagens do CD Jovem

Como as músicas do CD Jovem desde 2004 vêm acompanhadas de imagens tanto em formato de vídeo (imagens em movimento) como em slides (com imagens estáticas), achamos por bem analisarmos as duas formas. De acordo com Bardin, imagens também podem ser classificadas como texto comunicativo passível de categorização. Assim, a mesma metodologia pode ser usada para classificar as imagens do CD Jovem como mencionada no capítulo interior. Porém, ao invés de utilizarmos as quatro categorias do capítulo anterior, fizemos algumas mudanças para melhor adequação da problemática do trabalho.

As categorias existenciais e fraternais foram unidas por serem semelhantes em conteúdo. A categoria litúrgica foi removida por não se achar semelhança entre os elementos conceituais enumerados anteriormente e as imagens analisadas. Se alguma imagem lembrasse conceitos litúrgicos em contexto de adoração como oração, elas foram relacionadas facilmente ao aspecto da salvação como abaixo descrito. E visto que muitas imagens são retratos da natureza ou meramente ilustrativas incluímos uma categoria inexistente anteriormente. As categorias das imagens são: escatológicas, existenciais-fraternais, soteriológicas-missiológicas e natureza- ilustrativas. Elas são descritas abaixo detalhadamente.

a. Escatológico

As imagens consideradas como escatológicas tanto em vídeo quanto em slides são de pessoas olhando para cima dando ideia de futuro e volta de Jesus (Queremos ver Jesus voltar, 2004 – com poesia “queremos ver, queremos ver, Cristo voltando em glória pra nos buscar”); desenhos de Jesus voltando; em vídeo, pessoas morrendo, com fome, que contrasta a maldade do presente mundo com a esperança de melhoria no céu; imagens de lugares e objetos luxuosos como carro, casa, castelos, algumas vezes são usadas em conexão com a poesia para ilustrar a transitoriedade do mundo presente e com certo desprezo por elas. Isoladas, essas últimas poderiam ser consideradas existenciais, mas no contexto, se tornam escatológicas como no caso do vídeo da música Pode cair o mundo…estou em paz (2007) que traz um castelo, um carro luxuoso com a letra “a glória dessa terra é passageira”.

Uma observação deve ser feita. As imagens que retratam somente as nuvens, o céu, por mais ligadas que estejam a uma poesia falando da esperança da volta de Jesus, não é ideal relacioná- la imediatamente ao conceito escatológico no CD Jovem, porque esse tipo de imagem é usado freqüentemente em relação a poesias de diversos conteúdos. Assim seu significado escatológico acaba se esvaziando.

b. Soteriológica – missiológica

As imagens dessa categoria lembram conceitos de salvação cristã, como cruz, oração, estudo da Bíblia e divulgação da mensagem cristã numa ajuda ao próximo ou através de uma pregação. Assim normalmente são pessoas com Bíblia na mão, dando ideia de um estudo bíblico; pessoas orando, pregando; pessoas sendo ajudadas a apanhar compras caídas no chão (Senhor, somos Tua voz de 2004 com a poesia “vem Senhor, usar a nossa vida”), ou em outro quadro, em um hospital, quando uma mão de uma doente está parada no leito e chega outra mão e massageia a mão da doente (Descobrindo amigos de 2007 junto com a poesia “se a gente coloca o amor em ação”); também imagens da cruz e do rosto de Jesus por serem associadas à mensagem de salvação. Porém essa última merece uma análise do seu contexto.

Algumas vezes, a figura do rosto de Jesus está unida a elementos da natureza, o que merece uma analise cuidadosa. O rosto de Jesus relacionado, por exemplo, com a luz do sol (Tu és, 2004), o rosto numa Bíblia em meio a uma cachoeira (Nossa inspiração, 2004) ou com uma águia no céu (Amigos pra sempre, 2004), pode transmitir um conceito de imanência panteística, o que sugere existencialismo. Assim, elas foram caracterizadas na categoria seguinte. Tirando essa semelhança, nessa análise das imagens não existe uma mistura de conceitos entre essa categoria e a categoria que retrata elementos da escatologia ou do existencialismo como ocorreu no capítulo anterior com as poesias.

c. Existencial – fraternal

As imagens dessa categoria foram associadas aos conceitos relacional e presente, como relacionamento e diversão entre amigos. Imagens com pessoas juntas, conversando, andando juntos, sorrindo para câmera e crianças brincando fazem parte dessa categoria. Todas essas imagens retratam momentos fraternais e são facilmente relacionadas ao existencialismo como conceituado no primeiro capítulo.

Imagens de Jesus abraçando pessoas (Amigos pra sempre, 2004), figura com o rosto de Jesus relacionando elementos da natureza como águia, e cachoeira ou quando a poesia é existencial, como esclarecido acima na categoria anterior também fazem parte dessa classificação. Outras imagens que surgem nessa categoria são imagens de coração (Ser amigo de 2005 com a poesia “é deixar falar a voz do coração”), e pessoas preocupadas trabalhando sem o contexto do conceito escatológico de desprezo pelo presente mundo.

d. Natureza-ilustrativa

Nessa categoria as imagens que a caracterizam são cenas da natureza, barco, carro na estrada, locomotiva andando, em algumas aparecem pessoas, mas, insignificantes para caracterizá- la como fraternal pois, são apenas detalhes na composição da imagem.

Algumas imagens consideradas ilustrativas podem sugerir um existencialismo por apelar à emoção e está ligado a poesias de amizade. Como é o caso de Descobrindo amigos (2007) que usa em diversas imagens filhotes de animais como cachorro e gato juntos, se abraçando. Além disso, imagens de natureza usadas de forma excessiva em contextos da mensagem sobre o Espírito Santo e a habitação da divindade podem sugerir conceitos como o panteísmo ligado a filosofias existenciais.

3.3 Dados e Conclusões Parciais

3.3.1 Análise dos slides

Após a análise dos slides os números obtidos foram os seguintes: das 37 músicas de 2004 a 2007 foram produzidos 943 slides. Eles foram distribuídos em 40 slides relacionados a conceitos escatológicos (4,25%), 40 relacionados à mensagem soteriológica- missiológica (4,25%), 71 (7,5%) slides possuem características que lembram conceitos classificados como existencial- fraternal, e 792 (84%) consideradas imagens da natureza ou ilustrativas.

Gráfico 7 – Porcentagem dos slides do CD Jovem

Gráfico 8 – Todos os slides classificados por categoria em progressão anual

Geral

Escatológicas

Soteriológico-missiológico

Existencial- fraternal

Natureza-ilustrativa

Os slides classificados como existencial- fraternais são quase o dobro do total classificado como escatológico e soteriológico-missiológico, ou seja, é o total da soma das duas. Mas se comparado com a categoria natureza- ilustrativa esse número é mais que treze vezes menor. Se colocarmos numa distribuição por música, os slides com conotação existencial estariam presentes em média em dois slides por música. As escatológicas numa média de um slide por música em conjunto com os soteriológicasmissiológicas. Enquanto isso, as ilustrativas estariam presentes em todas as músicas, com uma média de 21 slides. Levando em conta que a média é de 25,5 slides por música nesses quatro anos, a presença da última categoria é muito grande e quase torna a influência das outras categorias irrelevantes.

Mas outro dado relevante à pesquisa é o de que quando se analisa os números por ano (gráfico 8), percebe-se que as imagens classificadas como escatológicas estão ausentes em 2006. E no período de 2004 a 2007 há uma queda bem acentuada de 36 slides em 2004 (19,5% do total do ano) para um slide em 2005 (0,5%) e três em 2007 (1%). Os números da categoria existencial- fraternal também sofrem uma queda no período de 2004 a 2006. De 34 slides em 2004 (18%) diminuem para três slides em 2006 (1,5%). Mas em 2007 esse número sobe um pouco (23 slides ou 6,5%). Esse número pode parecer uma ascensão, mas se comparado com o início do período, ainda representa uma queda. Essa diminuição não é tão acentuada como a que ocorreu na categoria escatológica.

Ao comparar essas quedas com os números da classificação ilustrativa é notável a diferença. A presença de slides considerados natureza- ilustrativas mais que duplicou de 2004 para 2005 e mais que triplicou de 2004 para 2007. Houve um salto de 93 slides em 2004 para 315 slides em 2007. Ao constatar que o número total de slides subiu no decorrer do ano, a sua influência, comparada com as outras categorias, é muito superior.

Uma conclusão parcial é a de que as imagens em formato de slides, se consideradas como nas categorias acima, são irrelevantes para a nossa pesquisa, considerando a quantidade de slides ilustrativos. Talvez uma análise semiótica mais detida da união da letra com as imagens da natureza possa mostrar algum resultado.

3.3.2 Análise dos vídeos

No caso das imagens em formato de vídeo, é importante lembrar que ao classificá-las, a situação de fusão de imagens foi considerada como um mesmo quadro, assim como duas imagens juntas (uma ao lado da outra num mesmo quadro), a menos que mudasse a sua classificação.

Os números obtidos após a classificação de 974 quadros são: 761 (78%) classificadas como natureza- ilustrativa; 47 (5%) como soteriológico-missiológico; 134 (14%) como fraternal-existencial e 32 (3%) como escatológico.

Gráfico 9 – Porcentagem dos vídeos do CD Jovem

Quando analisados isoladamente por ano, percebe-se que a categoria escatológica só aparece em 2007, enquanto a categoria natureza- ilustrativa está em todos os anos. O ano de 2006 contém apenas esse tipo de imagem. As imagens soteriológico-missiológicas tiveram um aumento, entre 2004 e 2007, de três para 25 quadros, o que representa um salto de participação anual de 1,5% para 7%. As consideradas fraternais-existenciais não estão presentes em 2004 e 2006. E sua queda entre 2005 e 2007 foi de 101 quadros para 33, ou de 38% para 9,5% anualmente. Imagens consideradas como escatológicas aparecem apenas em 2007, estando 28 dos 32 quadros numa só música: Pode cair o mundo… estou em paz. Apesar dessa queda do número de imagens consideradas existenciais e do aparecimento de imagens com conteúdo classificado como escatológico, os dados mostram que a primeira categoria totaliza mais de quatro vezes as de conteúdo escatológico. Lembrando que algumas imagens classificadas como escatológicas poderiam, sem a poesia, facilmente ser associadas a riquezas presentes e conceitos existenciais, isso aumentaria ainda mais a possível influência existencial nas composições do DVD do CD Jovem.

Isso pode ser notado em algumas músicas de 2005, onde os cantores que gravaram o vocal são protagonistas de muitas cenas no estúdio de gravação. Imagens sem nenhuma relação com o conteúdo são usadas para preencher o fundo. Como visto na introdução desse capítulo, as igrejas cristãs ao usar a imagem de forma excessiva em sua liturgia, tornaram os símbolos ligados ao sagrado sem sentido (JUNIOR, 2005. p.95-96), pois a inflação do visual gera uma crise de visibilidade fazendo com que o homem não enxergue mais o significado por trás da comunicação visual.

O processo de secularização do sagrado que isso acarreta, descrito por Contrera (2006) e outros, pode ser notado na música tema desse respectivo ano citado acima, Fiel a toda prova, onde um dos cantores se torna protagonista de um romance. A fidelidade a Deus transmitida pela poesia da música é retratada agora em vídeo como fidelidade num namoro. Essa mudança de conceito pode ser relacionada tanto à teologia do encontro de Buber, como à influência existencial detectada por Oliveira (2005) nas músicas neopentecostais.

3.4 Considerações

Quando comparados aos slides, os números da análise dos vídeos demonstram essa possível influência existencialista. Enquanto que as imagens consideradas escatológicas diminuem de aproximadamente 4% nos slides para 3% nos vídeos, as imagens consideradas existenciais sobrem de 7,5% para 14%.

Mas assim como nos slides, a influência dessas categorias nos vídeos analisados é minimizada pelo grande volume de imagens da natureza. Apesar de haver uma ligeira diferença na porcentagem da categoria natureza- ilustrativa presente nos slides comparados com a porcentagem nos vídeos, em conjunto, as duas produções do CD Jovem se utilizam de uma média de 80% de imagens da natureza. Isso pode sugerir certa relação com conceitos panteístas, onde a natureza é relacionada com o sagrado (PENZO, 2002. p.197). Isso é uma característica do processo de secularização do divino apontado por alguns (CONTRERA, 2006; STEFANI, 2002. p.184).

Diante desses números, pode-se inferir uma sutil influência da cultura de massa no CD Jovem, que acaba por simplificar a mensagem adventista. Essa simplificação da mensagem torna seu conteúdo mais existencial e suscetível à mundanização da religiosidade, vista nas religiões pós-modernas como o neopentecostalismo. Essa influencia é sutil, pois não é tão grande quanto à detectada em outras igrejas.

E pelo uso inapropriado do departamento de comunicação da igreja adventista do recurso áudio-visual para propagar a mensagem, pode-se inferir uma influência pequena da cultura de massa no adventismo do sétimo dia. Embora pareça leve, tal influência existe e não pode ser subestimada.


Fonte: Revista Kerigma – Ano 5 – nº 1 – 1º Semestre de 2009, pp.97-98.


Rodrigo de Galiza Barbosa é Bacharel em Teologia pelo Unasp, Campus Engenheiro Coelho, SP

O presente material é um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado em dezembro de 2008.

Orientador: Vanderlei Dorneles, Ms.


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