por: Samuel Koranteng Pipim, PhD
Cavalos de Tróia: Avivamentos Falsificados, Igreja Emergente, e Movimentos Nova Espiritualidade
Parte 2: A Verdadeira Espiritualidade: Caminho de Santidade
Introdução. Você já ouviu algum dos seguintes termos: labirinto de oração, oração de Taizé, disciplinas espirituais, formação espiritual e diretores espirituais? E quanto a encontros com Deus, o silêncio, espaços sagrados de meditação, oração contemplativa, oração centrante, oração de respiração e oração de Jesus?
Bem vindo à nova era da interespiritualidade, espiritualidade mística ou contemplativa, espiritualidade pós moderna, espiritualidade criativa ou redescoberta, formação espiritual, turismo espiritual, etc. – e suas muitas formas de se encontrar com Deus. Atualmente, defendido por advogados e simpatizantes dos movimentos “sinais e maravilhas”, “igreja emergente” e “renovação da adoração”, essas novas espiritualidades estão sendo entrelaçadas às crenças e práticas das igrejas cristãs, organizações de jovens e instituições de ensino.
Não podemos avaliar plenamente o que está acontecendo, até que saibamos o que a Bíblia ensina sobre a verdadeira espiritualidade.
Esta apresentação acerca da espiritualidade (e a palestra anterior sobre o reavivamento) formará um pano de fundo para minhas duas apresentações posteriores sobre “Pós Modernismo e a Igreja Emergente” e “Novas Espiritualidades”. Não podemos distinguir a falsificação menos saibamos distinguir o original. É por isso que nossas duas primeiras apresentações tratam do reavivamento da fé e da espiritualidade.
Cavalo de Tróia na Informática. Em computação, um cavalo de tróia – ou trojan para abreviar – é um termo usado para descrever um malware, ou seja, software malicioso criado para se infiltrar ou danificar um sistema de computador sem o consentimento do proprietário. Um cavalo de Tróia da computação parece, aos olhos do usuário, executar uma função desejável, mas, de fato, facilita o acesso não autorizado ao sistema do computador do usuário.
Satanás instalou a sua versão enganosa do cavalo de Tróia no sistema operacional do computador da igreja cristã. Este cavalo de Tróia mortal tem o potencial de eliminar a autêntica espiritualidade cristã e substituí-la pelo espiritualismo.
A fim de que sejamos capazes de discernir os cavalos de Tróia do espiritualismo que estão fazendo as suas incursões na igreja, devemos saber o que a Bíblia ensina sobre a espiritualidade autêntica.
Espiritualidade Cristã
A palavra “espiritualidade” não aparece na Bíblia. No entanto, o conceito é ensinado através de várias expressões para descrever toda a gama do processo de salvação – do passado, do presente e do futuro.
A salvação é obra divina da libertação. Deus nos salva da morte e nos dá uma nova vida. Há aspectos do passado, do presente e do futuro nesta libertação ou salvação. Talvez a melhor analogia para descrever esse processo é a utilização de uma declaração do apóstolo Paulo, na qual ele descreve uma libertação literal da morte por Deus, enquanto ele (Paulo) estava viajando de Éfeso para Trôade.
Paulo relata sua posição como sendo a de um homem cujo pedido de clemência tinha sido negado e que estava condenado a morrer. A situação parece tão desesperadora que, quando a libertação ocorreu, ela era equivalente a uma ressurreição: Deus, que ressuscita os mortos. . . livrou-nos:
9 Mas já em nós mesmos tínhamos a sentença de morte, para que não confiássemos em nós, mas em Deus, que ressuscita os mortos;
10 O qual nos livrou de tão grande morte, e livra; em quem esperamos que também nos livrará ainda (II Coríntios 1:9-10).
A partir do verso 9, vemos que a salvação é uma obra divina. Não podemos salvar a nós mesmos – álcool, fumo, cobiça, luxúria, etc., Deus tem que fazer isso – o Deus que ressuscita mortos (cf. Ezequiel 37). Além disso, o versículo 10 sugere que existem três tempos da salvação: passado, presente e futuro. (Voltaremos a este ponto mais tarde).
A espiritualidade bíblica descreve a maneira como cooperamos com Deus neste processo de salvação. A Bíblia usa expressões diferentes para nos explicar ou ensinar sobre espiritualidade. Entre eles estão: uma caminhada com Deus, santidade, justificação, santificação e perfeição. Brevemente iremos analisar estes termos.
A Espiritualidade Como Caminho de Salvação
Uma expressão frequentemente utilizada para descrever a jornada espiritual de salvação é uma “caminhada” – a caminhada cristã:
- Andar “em novidade de vida” (Romanos 6:4)
- “Andar pela fé” (II Coríntios 5:7)
- “Andar nEle [Cristo]” (Colossenses 2:6)
- “Andar no Espírito” (Gálatas 5:16)
- “Andar na luz” (I João 1:7)
- “Andar na verdade” (II João 4)
- “Andar como filhos da luz” (Efésios 5:8)
A Bíblia usa a imagem de uma “caminhada” para enfatizar o movimento. A vida cristã é um movimento em direção a uma meta específica. É uma viagem para um destino específico. Este destino ou objetivo é ser igual a Cristo ou santidade.
Observe que o objetivo da espiritualidade bíblica é ser igual a Cristo. Isso não significa tornar-se Cristo, mas como Cristo. Significa refletir a vida de Cristo, de amor e humildade, coragem e domínio próprio, e Sua compaixão e pureza; você reflete o caráter de Cristo. Na espiritualidade, você busca a santidade. Você não se torna Deus, mas apresenta características divinas.
Em outras palavras, a caminhada cristã ou vida cristã é um processo de crescimento espiritual. A pessoa que nasceu de novo como filho de Deus não permanece como um bebê. Conforme é alimentada pela Palavra de Deus, a criança cresce dia após dia até que amadureça à plena estatura de nosso Senhor Jesus Cristo. A experiência cristã nunca é plana ou em um platô. Ou você está crescendo ou diminuindo. Se você não está crescendo, está regredindo.
Outras expressões. Outras expressões e imagens usadas no Novo Testamento para esta caminhada cristã ou a busca de espiritualidade são:
- “Seguir a justiça” (I Timóteo 6:11)
- Ser “transformado” (Romanos 12:2)
- “Aperfeiçoar a santidade” (II Coríntios 7:1)
- Crescer “em tudo naquele que é a cabeça, Cristo” (Efésios 4:15)
- “Prosseguir em direção ao alvo” (Filipenses 3:12-15)
- Estar “edificado em Cristo” (Colossenses 2:7)
- Conservar-se ” firmes, perfeitos e consumados em toda a vontade de Deus” (Colossenses 4:12)
- Combater “o bom combate da fé” (I Timóteo 6:12, cf. v. 11)
- “Participação da natureza divina” (II Pedro 1:4)
- “Crescer na graça” (II Pedro 3:18)
Em suma, a caminhada cristã refere-se a viver uma vida santa ou santificada. Este caminho de santidade é o único tipo de vida que torna uma pessoa apta para o céu. Assim, encontramos no Antigo Testamento: “E andou Enoque com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus para si o tomou.” (Gênesis 5:24).
Espiritualidade como Santidade
A Possibilidade Impossível
Não Se Fala de Santidade. De longe, a expressão que é mais comumente usado para descrever a espiritualidade bíblica é a santidade. E ainda assim, o ensinamento bíblico sobre a santidade não tem recebido qualquer menção, seja boa ou má, da imprensa hoje em dia. Ou não falamos sobre isso, ou se o fazemos, nossa discussão sobre o assunto é confusa, se não completamente equivocada. (1)
– Entre os muitos livros de auto-ajuda cristã [algum com o título de] “Como Ser Santo” continua ausente da lista de best-sellers. (na linha de livros sobre como ser feliz, casamento, educar os filhos, ficar rico, orar, etc.)
– Para os não convertidos, o termo santo evoca imagens de monges e freiras definhando em algum mosteiro sombrio, afastados dos prazeres. Para outros, o chamado à santidade evoca imagens de um ser celestial vingativo que é duro, arbitrário e pronto para punir seus súditos terrenos pela menor infração de suas leis morais. Assim, a cultura hedonista e relativista de hoje não quer que ninguém fale sobre a santidade.
Além dos não-convertidos, alguns cristãos também detestam o ensino bíblico de santidade, acreditando que este ensinamento anula sua garantia de serem salvos ou justificados pela graça. Para tais, a santidade evoca imagens de pessoas estranhas ou moralistas, com roupas e penteados fora de moda, ou mesmo com atitudes condenatórias com relação a todos os que não estão à altura de seus padrões. Nesta perspectiva, a santidade é sinônimo de formalismo (uma mera conformidade exterior com regras), ou mesmo com o perfeccionismo ou legalismo (fazer as coisas para ganhar o favor de Deus).
Infelizmente, mesmo dentro de nossas próprias fileiras, há alguns adventistas do sétimo dia, que também detestam a doutrina bíblica da santidade. Na mente de adventistas “liberais” (que é o novo rótulo para os adventistas apóstatas do passado), o ensino bíblico sobre a santidade é uma reminiscência de “nossa herança vitoriana, que foi bem preservado através do trabalho de Ellen G. White.” Para tais, qualquer pessoa que se atreva a falar sobre santidade é automaticamente desprezada ou descartada como “fundamentalista”, “legalista”, ou mesmo ” fariseu “.
Confusão: Como resultado de mal-entendidos sobre este importante ensinamento bíblico de santidade, muitos adventistas bem intencionados estão hoje confusos sobre o assunto. Esta observação é sempre confirmada nos resultados das seguinte série de perguntas que fiz a vários grupos de adventistas, jovens e adultos:
Quantos de vocês acreditam que a santidade é possível em nosso mundo de pecado? Seres humanos fracos, pecadores, repletos de tendências herdadas e cultivadas para o pecado podem ser verdadeiramente santos no mundo de hoje?
A resposta para a pergunta acima era sempre esmagadoramente positiva. Quase todos na platéia indicavam que acreditavam que a santidade é possível. Mas então, quando acentuei a questão através da aplicação, as respostas foram decepcionantes. Eu perguntei:
Você é santo?
Observe que a questão não é, “Você acredita na santidade?” Nem é, “Você espera ser um dia santo?” A questão é de importância muito maior do que aquilo que uma pessoa pensa ou sente sobre a santidade, ou mesmo se a Bíblia fala sobre homens e mulheres santos da antiguidade. A pergunta é:
Você se santo, ou não é? Você é santo neste exato momento? Se você pensa que é santo, agora, levante sua mão.
Normalmente, vejo muito poucas mãos. Quando questiono um pouco mias o porquê da hesitação da minha platéia em responder afirmativamente às questões específicas, três tipos de grupos logo surgem.
Três Visões Equivocadas Sobre a Santidade
Toda vez que faço as perguntas acima, existem sempre três tipos de respostas: (1) As pessoas que fazem alegações presunçosas sobre a sua santidade, (2) Aqueles que, essencialmente, negam que Deus espera que Seu povo seja santo hoje, e (3) Os que não têm certeza de como responder.
Os dois primeiros pontos de vista estão errados, e o último é lamentável.
1. Afirmar orgulhosamente que é santo. O primeiro grande erro que fazemos sobre a santidade é se vangloriar de a ter conseguido. Contrariamente a essa visão equivocada, a Bíblia ensina que os verdadeiros cristãos nunca fazem reivindicações arrogantes sobre sua própria santidade, perfeição ou impecabilidade. Quando compreendemos plenamente a natureza espiritual da lei moral de Deus, descobriremos a nossa verdadeira condição pecaminosa – o quanto estamos aquém das expectativas de Deus – e de quanto precisamos diariamente nos arrepender e pedir ajuda a Deus.
O apóstolo João, portanto, escreveu:
“Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós… Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós” (I João 1:8, 10).
Ellen White também advertiu que nunca é seguro para nós reivindicar orgulhosamente santidade:
“Que os que se sentem inclinados a fazer alta profissão de santidade se contemplem no espelho da lei de Deus, que nos desvenda os defeitos de nosso caráter. Aqueles que vêem os abrangentes reclamos da lei de Deus, aqueles que compreendem que é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração, não se atreverão a gabar-se de impecabilidade, e de aventurar-se a declarar: ‘Eu sou perfeito, eu sou santo.’ ‘Se [nós]’, diz João, não se apartando de seus irmãos ‘dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós.’ ‘Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós.’ ‘Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.’ (The Signs of the Times, 23 de maio de 1895, par. 10).
Novamente, ela escreveu:
“Ninguém que tenha uma apreciação da veracidade da lei de Deus reivindicará um caráter exaltado de si mesmo. Nossa verdadeira posição, e a única na qual há alguma segurança, é a de arrependimento e confissão dos pecados diante de Deus. … Quando o conflito da vida terminar, quando a armadura for deposta aos pés de Jesus, quando os santos de Deus forem glorificados, então, e só então, será seguro afirmar que estamos salvos e sem pecado. A verdadeira santificação não levará qualquer ser humano pronunciar-se santo, sem pecado, e perfeito. Que o Senhor proclame a verdade acerca do seu caráter.” (The Signs of the Times, 16 de maio de 1895)
Essas declarações não questionam a nossa garantia de salvação – a qual é alicerçada somente nos méritos de Cristo. Pelo contrário, são advertências contra a noção complacente de “uma vez salvo, salvo para sempre.Quanto mais intimamente você conhece o Senhor, mais vê o seu pecado. Quando o profeta Isaías viu a glória de Deus, exclamou: “Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios; os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos.” (Isaías 6:5)
Um verdadeiro cristão sempre reconhece que “todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia” (Isaías 64:6). É por isso que Ellen White explica que, “Quanto mais perto vos chegardes de Jesus, tanto mais cheio de faltas parecereis aos vossos olhos; porque vossa visão será mais clara e vossas imperfeições se verão em amplo e vivo contraste com Sua natureza perfeita. Isto é prova de que os enganos de Satanás perderam seu poder.” (Caminho a Cristo, p. 64).
Assim, não há espaço, a qualquer momento, para que um cristão se orgulhe de sua perfeição e impecabilidade. Se houve alguém que poderia fazer uma afirmação arrogante de santidade ou perfeição, seria o apóstolo Paulo. Afinal, em II Coríntios 12, somos informados como lhe foi dado o privilégio único de ser levado a ver e ouvir coisas no terceiro céu. Ele próprio escreveu sobre como viver uma vida santa, irrepreensível e perfeita (I Tessalonicenses 2:10).
E ainda assim, em Filipenses 3:12 este exaltado apóstolo confessou que não tinha atingido a perfeição: “Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também preso por Cristo Jesus.” (Filipenses 3:12)
Ellen G. White escreve:
“A atitude de Paulo é a atitude a ser tomada por cada um dos seguidores de Cristo; pois devemos estar sempre nos esforçando em nosso caminho, lutando sob a lei pela coroa da imortalidade. Ninguém pode afirmar ser perfeito. Que os anjos relatores escrevam a história das santas lutas e pelejas do povo de Deus; que anotem as orações e lágrimas; mas não permitamos que Deus seja desonrado pela declaração de lábios humanos: “Estou sem pecado; sou santo.” Lábios santificados nunca pronunciarão palavras de tanta presunção. O apóstolo Paulo havia sido arrebatado até o terceiro Céu, e tinha visto e ouvido coisas que não poderiam ser proferidas; contudo, sua humilde afirmação é: “Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo.” Filipenses 3:12. Que os anjos do Céu escrevam as vitórias de Paulo ao combater o bom combate da fé. Que o Céu se rejubile em sua marcha firme rumo do Céu e que, ao manter ele em vista o prêmio, considere tudo o mais como escória. Que os anjos se regozijem ao contar seus triunfos, mas que Paulo não se vanglorie de suas conquistas.” (The Signs of the Times, 23 de maio de 1895, par. 9).
De fato, a mais clara evidência de que uma pessoa não é santa ou perfeita é quando ela faz tal reivindicação. Jó escreveu:
“Se eu me justificar, a minha boca me condenará; se for perfeito, então ela me declarará perverso. Se for perfeito, não estimo a minha alma; desprezo a minha vida.” (Jó 9:20-21).
2. Negar as exigência de Deus por santidade. A segunda visão equivocada da santidade é a negação da exigência de Deus para que Seu povo seja santo. Contrariando tal ensinamento, a Bíblia ensina claramente que Deus espera que Seu povo seja santo e santificado, ou perfeito. Deixe-me compartilhar com vocês algumas passagens bíblicas pertinentes:
- A santidade é necessária para a salvação (Hebreus 12:14)
- Santidade é a vontade de Deus para nossas vidas. (1 Tessalonicenses 5:3)
- A santidade é um mandamento do Senhor. (I Pedro 1:15-16; Mateus 5:48)
- Jesus morreu para que possamos ser santos (II Coríntios 7:1; Efésios 5:25-26; Tito 2:14)
- Santidade ou santificação significa simplesmente piedade, ou revelar o caráter de Cristo em um mundo pecaminoso (Filipenses 2:13-15; NVI)
- Santidade é a preparação que precisamos para a segunda vinda de Cristo (Tito 2:11-14, NVI)
- Santidade é a polarização nos últimos dias. (Apocalipse 22:11).
A polarização ou divisão dos últimos dias no mundo e na igreja será acerca da santidade. E esta crise acerca da santidade será a respeito da lei moral de Deus. O teste final levantará os seguintes tipos de perguntas: Há absolutos morais divinamente prescritos para governar as decisões e condutas humanas? Podem os seres humanos obedecer a Deus com amor e fidelidade, mesmo no meio de coerção, tortura ou perseguição?
Enquanto a esmagadora maioria das pessoas ignorará os absolutos morais universais de Deus, sustentando que os Dez Mandamentos de Deus não são realmente mandamentos, mas apenas sugestões, haverá um povo que com fidelidade e amor servirão ao Senhor, independentemente das consequências. O Senhor apontará para este povo e dizerá a todo o universo:
“Aqui está a paciência dos santos; aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus.” (Apocalipse 14:12).
Apocalipse 13:15-17 e Apocalipse 14:9-11 (a advertência contra adorar a besta e receber a sua marca e número) ensinam que em última análise, a crise de santidade nos últimos dias será acerca da adoração – a quem você adora, por que você adora, como você adora e quando você adora. Em suma, será acerca do dia que você adora e também a forma como você adora.
A Polarização/Sacudidura Começou. A polarização ou divisão dos últimos dias no mundo e na igreja será acerca da santidade. Esta polarização ou sacudidura já começou na igreja. Os adventistas do sétimo dia chamam este processo de sacudidura ou peneiramento.
Esta polarização entre os dois campos se torna mais clara e mais ampla a cada dia que passa. Enquanto que no passado as coisas eram difusas, hoje a diferença entre a verdade e o erro, entre a piedade e a mundanidade, entre a luz e as trevas, está se tornando muito clara para que todos vejam. Cada vez que você ouvir que há polarização ou divisão na igreja, ela simplesmente evidencia o fato de que a sacudidura ou peneiramento está acontecendo. E cada um de nós terá que optar por pertencer a um grupo ou outro. Não há neutralidade.
Note como Ellen White descreve os dois grupos em O Grande Conflito:
“O poder da piedade quase desapareceu de muitas das igrejas. Piqueniques, representações teatrais nas igrejas, quermesses, casas elegantes, ostentação pessoal, desviaram de Deus os pensamentos. Terras e bens, e ocupações mundanas absorvem a mente, e as coisas de interesse eterno mal recebem atenção passageira.” (O Grande Conflito, pp. 463-464).
Mas observe as próximas frases:
“Apesar do generalizado declínio da fé e da piedade, há verdadeiros seguidores de Cristo nestas igrejas [populares]. Antes de os juízos finais de Deus caírem sobre a Terra, haverá, entre o povo do Senhor, tal avivamento da primitiva piedade como não fora testemunhado desde os tempos apostólicos.” (O Grande Conflito, p. 464).
É, portanto, encorajador que em meio ao mundanismo generalizada que está varrendo nossas igrejas hoje, há também uma busca pela santidade. Reunimo-nos aqui hoje, porque estamos buscando, pela graça de Deus, o reavivamento da primitiva piedade que caracterizará o povo de Deus nos últimos dias.
3. Incerteza sobre a santidade. Normalmente, muito poucas mãos sobem sempre que faço a pergunta direta: “Você é santo, ou não é? Você é santo neste exato momento?” Além das duas razões equivocadas que levam à hesitação em responder a esta pergunta, a razão final é que muitos simplesmente não têm a certeza de como responder a esse tipo de pergunta.
Mas não precisamos ficar em incerteza acerca do ensino bíblico sobre a santidade. A Palavra de Deus nos assegura que, independentemente do como pode ter sido nosso passado, Deus pode tomar-nos, seres humanos pecadores – desonestos, imorais, orgulhosos, medrosos, violentos, intemperantes, e selvagens – e transformar-nos tão completamente que podemos realmente refletir o caráter de um Deus santo! Deus pode realmente tornar-nos e manter-nos limpos ou puros (Judas 24, 25, Filipenses 2:13-15)! É isto que a santidade significa.
O processo único pelo qual os pecadores são transformados em santos é chamado de santificação, o resultado deste processo é a santidade, e o Agente divino responsável por essa operação milagrosa é chamado de Espírito Santo (Tito 3:3-5). Ele pode fazer isso porque Ele próprio é santo!
A santidade cristã é, portanto, o ensinamento bíblico de que, dentro das limitações da nossa humanidade, a graça santificante de Deus é capaz de nos capacitar a superar tanto as nossas tendências herdadas quanto as cultivadas para o pecado e, portanto, a vivermos vidas cristãs vitoriosas através do poder transformador do Espírito Santo. Estas são boas novas [evangelho]!
Esta breve contextualização deve fazer-nos querer estudar um pouco mais sobre a santidade bíblica sem medo do termo. Temos de descobrir o significado e as implicações dessa doutrina para a nossas vidas hoje.
Entendendo a Santidade Bíblica
O substantivo santidade, juntamente com o adjetivo santo e o verbo santificar, pertencem a um grupo único de palavras no hebraico e no grego. Em ambas as línguas bíblicas as palavras carregam o significado de separar algo, ou porque tem um valor extraordinário, ou porque é usado por Deus para algum propósito extraordinariamente especial. Assim, embora os acadêmicos façam, por vezes, uma distinção entre santificação (o processo de tornar-se santo) e santidade (o estado de ser santificado), os dois termos podem ser vistos como equivalentes funcionais.
Quando a Escritura repetidamente enfatiza a santidade como um atributo de Deus (Levítico 19:2, Isaías 6:3; Apocalipse 4:8), isso significa que “Deus é puro e moralmente perfeito, com um grau de pureza para além de qualquer conceito que possamos ter. Ele é ‘separado’ no sentido de que está afastado do pecado e do mal; Ele é moralmente impecável. Portanto, Ele é o padrão final e perfeito do certo e errado.” (2)
As coisas e as pessoas não são santos em si – exceto quando eles estão associados com, ou consagrados ao serviço de um Deus Santo. No que se refere aos seres humanos, os participantes do povo de Deus são chamados de “separados” ou “santos” porque se separaram do mundo e seus caminhos para uma vida de serviço e obediência a Deus (Êxodo 19:6; Levítico 20:24; I Pedro 2:9; Colossenses 3:12).
Uma Definição de Santidade
“Santidade … é inteira entrega da vontade a Deus; é viver por toda a palavra que sai da boca de Deus; é fazer a vontade de nosso Pai celestial; é confiar em Deus na provação, tanto nas trevas como na luz; é andar pela fé e não pela vista; é apoiar-se em Deus com indiscutível confiança, descansando em Seu amor. “(Atos dos Apóstolos, p. 51).
Tornando-se e Permanecendo Santo
Como pode um indivíduo bêbado, mentiroso, adúltero, orgulhoso e mal-humorado se tornar santo? Como um pecador pode ser santo? E como ele continua santo?
A Bíblia ensina que nos tornamos e permanecemos santos não por beber um pouco de água benta, não indo a alguém para que coloque as mãos sobre você, não saindo em longas peregrinações; queimando incenso, cânticos ou experiência mística, não através de exercícios de ioga cristã de respiração ou meditação. Mas, ao contrário, dois processos gêmeos chamados de justificação e santificação fornecem a resposta.
1. Justificação. Você se torna santo, no momento em que o Espírito Santo leva você a se arrepender dos seus pecados e entregar a vida a Jesus Cristo. Naquele mesmo instante, seus pecados estão perdoados, e você será salvo da culpa do pecado. Está declarado “inocente”, não porque seja inocente (no sentido de ser “inocente das acusações”), mas porque foi perdoado. A vida perfeita e irrepreensível de Cristo é creditada em sua conta. Não mais condenado à morte, você é “justificado” pela graça de Deus e restaurado ao favor de Deus. A justificação não pode ser conquistada – é um dom gratuito (Romanos 5:16) que só pode ser recebido pela fé.
Ao justificar o pecador, Deus o absolve, declara-o justo, considera-o como justo, e passa a tratá-lo como um homem justo. Justificação é o ato de absolvição e a declaração de que um estado de justiça existe. Acusações de irregularidades foram canceladas, e o pecador, agora justificado, é levado a um relacionamento justo com Deus, que Paulo descreve como estando em “paz com Deus” (Romanos 5:1) (SDA Bible Commentary, vol. 8, p. 616 -617).
É neste sentido da justificação de que uma pessoa pode dizer com confiança que está salva. Justificação nos dá a certeza da salvação.
11 E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho.
12 Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida
13 Estas coisas vos escrevi a vós, os que credes no nome do Filho de Deus, para que saibais que tendes a vida eterna, e para que creiais no nome do Filho de Deus. (1 João 5:11-13) (3)
2. Santificação. Mas o Espírito Santo faz mais do que salvar você de seus pecados passados. Ele também o salva do poder ou do domínio do pecado. Ele começa outro trabalho extraordinário de evitar que você, dia a dia, caia em pecado. O processo é chamado de santificação, e a finalidade é tornar-nos “participantes da santidade” (Hebreus 12:10, Efésios 1:4, I Pedro 1:2).
Justificação e santificação – dois processos na salvação – são os meios pelos quais uma pessoa se torna santa e é mantida santa. Uma pessoa se torna santa através da justificação, e ela permanece santa pela santificação. Ambos os processos na salvação são operações do Espírito Santo na vida de uma pessoa. Justificação descreve a obra do Espírito por nós, e santificação é a Sua obra em nós.
Observe que, embora os termos justificação e santificação descrevam duas diferentes operações do Espírito Santo, os dois estão sempre juntos.
3. Glorificação. Nunca há um momento em que uma pessoa possa alegar que chegou [ao seu objetivo]. Embora a salvação do cristão esteja assegurada (através da graça justificadora de Cristo), e embora a salvação do crente esteja sendo mantida (através da graça santificadora de Cristo), há um aspecto futuro da salvação – quando o nosso Senhor e Salvador virá nos salvar deste mundo (um ato que podemos chamar de a graça glorificadora de Cristo) – a glorificação.
Veja como o apóstolo Paulo descreve esses três tempos da salvação através de Cristo:
“O qual nos livrou de tão grande morte, e livra; em quem esperamos que também nos livrará ainda” (2 Coríntios 1:10).
A salvação tem três tempos: passado, presente e futuro. Glorificação descreve o futuro da salvação (cf. Romanos 8). É nessa fase da salvação que Jesus vem para nos levar para casa, quando finalmente habitaremos na presença de Deus para sempre – é quando podemos dizer que chegamos. Mesmo então, vamos continuar crescendo à medida que contemplamos o incomparável caráter de Deus.
Em suma, a santidade é a meta da nossa redenção. Como Cristo morreu para que fôssemos justificados, assim também somos justificados a fim de que possamos ser separados e santificados. Ambas as realidades apontam para a realidade escatológica – quando seremos glorificados e levados à Sua presença (Apocalipse 21:1-5)
Analogias para Entender a Santidade
1. Santidade Como Uma Escola. Santidade é como uma escola na qual nunca nos formamos. É um processo educacional planejado por Deus para re-construir, remodelar e aperfeiçoar-nos progressivamente em conformidade com o Seu próprio caráter. Como toda boa escola, também precisamos de bons professores, livros, padrões, objetivos, companheiros, ajudantes e exemplos na escola de santidade.
- Os nossos professores são a Santíssima Trindade; como Deus o Pai, o Filho e o Espírito Santo são santos, podem fazer-nos santos, se mantivermos um relacionamento correto com eles.
- Nosso livro é a Sagrada Escritura (II Timóteo 3:15); não livros humanos, opiniões, revistas inúteis, revistas vulgares, etc. (devemos pregar e estudar a Palavra, não sermões da Internet, brincadeiras, etc.)
- Nosso padrão é a santa Lei (Romanos 7:12); não nos compararmos uns aos outros.
- Nosso objetivo para esta educação é o serviço santo (Romanos 12:1-2, Lucas 1:74-75); nossas profissões, ocupações, os talentos são todos para um serviço santo.
- Nossos colaboradores e companheiros são os santos anjos (Apocalipse 14:10), e
- Nosso exemplo é Jesus Cristo, “o Santo” (Atos 3:14; Marcos 1:24; cf. 4:30; I Pedro 2:21-23)..
Na escola de santidade de Deus, cada coisa que experimentamos na vida – suas alegrias e tristezas, suas realizações e decepções, suas esperanças e desespero – são todos parte do currículo de Deus para moldar nosso caráter em conformidade com a imagem moral de nosso Senhor Jesus Cristo (Hebreus 12:5-11; Romanos 8:28-39).
2. Santidade Como Uma Caminhada Espiritual. Também podemos descrever a santidade como uma caminhada espiritual com duas pernas: Espiritualidade e Ética. Sem uma dessas pernas, uma pessoa é manca na sua caminhada espiritual, ou é aleijada.
Por um lado, a espiritualidade (ou a piedade cristã) se preocupa com as coisas que incentivam e promovem o desenvolvimento de um relacionamento significativo com Cristo. Inclui aspectos íntimos da vida cristã tais como oração, meditação, jejum, música, adoração, estudo devocional das Escrituras, a simplicidade na vida, etc.
Ética (ou estilo de vida cristã), por outro lado, lida com os aspectos exteriores da vida cristã que mostram um compromisso com Cristo. Ela se preocupa com delinear padrões morais de Deus, determinando Sua vontade revelada, e o desenvolvimento e demonstração de qualidades divinas, tais como veracidade, honestidade, integridade, domínio próprio, compaixão, pureza, etc.
Enquanto a ética lida com o que da santidade, a espiritualidade aborda o como da santidade. Ética é prescritiva, preocupando-se com a base sobre a qual as decisões e ações humanas são julgadas como moralmente certas ou moralmente erradas. Espiritualidade é descritiva, e explora como viver uma vida moralmente correta em um mundo pecaminoso.
Outra maneira de dizer isso é que a ética é fazer com amor a vontade de Deus. A espiritualidade é apropriar-se da provisão de Deus para nos restaurar à harmonia com Ele; é aprender a obedecer.
Usando a analogia de uma árvore, a espiritualidade está afundando as suas raízes no solo profundo e se aprofundando; ética está crescendo em altura.
Sem ética, a espiritualidade é corrompida em antinomismo, insensibilidade ou uma religião privatizada que está mais preocupado em experimentar a presença de Deus do que guardar a Sua lei. E, sem espiritualidade, a ética é corrompida em formalismo, o legalismo e orgulho farisaico.
3. Santidade Como a Ciência da Ética. A santidade é um convite a um estilo de vida ético. É cultivar um caráter que seja honesto, justo e moralmente correto. É fazer o que é moralmente certo e evitar o que Deus tem revelado como moralmente errado. “Aqueles que são verdadeiramente santificados não ostentarão sua própria opinião como uma norma do bem ou do mal.” (Santificação, p. 9).
Ellen G. White se refere à ética como “a ciência da santidade”: “A ética incutida pelo evangelho não reconhece qualquer padrão além da perfeição da mente de Deus, da vontade de Deus. Deus requer de Suas criaturas conformidade à Sua vontade. A imperfeição de caráter é pecado e o pecado é a transgressão da lei. Todos os justos atributos de caráter habitam em Deus como um todo perfeito e harmonioso. Todo aquele que aceita a Cristo como Salvador pessoal, tem o privilégio de possuir estes atributos. Esta é a ciência da santidade” (Testemunhos Para a Igreja, v. 7 p. 276, grifo meu).
Através do poder santificador do Espírito Santo, somos capacitados a viver uma vida de santidade ética, demonstrando as virtudes cristãs como amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, etc. (Gálatas 5:22). Também somos levados a desenvolver a “mente de Cristo”, definida pelo apóstolo Paulo como o cultivo da humildade abnegada, serviço de sacrifício e obediência mesmo até à morte (Filipenses 2:1-11). Como pessoas que estão sendo santificadas, também nutrimos os princípios do Reino, conforme enunciado por Cristo no Sermão da Montanha – pobreza de espírito, mansidão, ser misericordioso, pacificador, etc. (Mateus 5:1-10). Alimentamos os famintos, ajudamos o estrangeiro, vestimos os nus, visitamos os doentes (Mateus 25:31-46).
4. Santidade Como Uma Caminhada de Perfeição. Até agora, estivemos explicando o significado da caminhada cristã, usando termos diferentes – santidade ou santificação. Há um termo final, devemos discutir brevemente. É a palavra perfeição.
Em Seu Sermão da Montanha, Jesus disse: “Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.” (Mateus 5:48). Mas o que significa ser perfeito?
Perfeição significa simplesmente andar no temor de Deus, viver em retidão e evitar o mal. Ao longo dos tempos bíblicos, Deus sempre esperava que aqueles que adoravam mantivessem este tipo de caminhada com ele. Se a pessoa mantém uma caminhada tão constante com o Senhor, a Bíblia descreve essa pessoa como perfeita.
Por exemplo, em Gênesis 6:8-9, lemos: “Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor. … Noé era homem justo e perfeito em suas gerações; Noé andava com Deus” (Gênesis 6:9).
Observe que a razão pela qual Noé foi considerado um homem justo e perfeito foi porque ele “andava com Deus.” Ter encontrado graça aos olhos do Senhor (v. 8), ele caminhava no temor do Senhor.
Outro exemplo que podemos usar é Abraão: “anda em minha presença e sê perfeito.” (Gênesis 17:1). Observe mais uma vez que a perfeição cristã está ligada a um constante “andar com Deus.” Ser perfeito não quer dizer que uma pessoa tem, necessariamente, chegamos ao ponto de maturidade completa. Em vez disso, simplesmente significa que o indivíduo, pela graça de Deus, fez um compromisso com o Senhor e, portanto, está vivendo diariamente na luz que Deus lhe revelou.
Ilustração: Enraizados em Cristo, devemos crescer como a pequena semente que germina a partir do solo. Quando ela começa a crescer, há primeiro a erva, depois a espiga, depois que o grão cheio na espiga. Enquanto a planta está respondendo a todos os recursos disponíveis para o seu desenvolvimento, é considerada perfeita em cada fase de seu crescimento. Assim é com a vida cristã. Ellen White explica:
“Não podemos esperar santificação instantânea, mas devemos crescer como o grão, como representado por Cristo – primeiro a erva, depois a espiga, e então o grão cheio – e assim aperfeiçoar o caráter cristão. Devemos nos tornar sábios e diligentes para saber qual é nosso dever e então andar em obediência à santa vontade de Deus” (Manuscript Releases, vol. 3. p. 68,1).
“O crescimento do caráter cristão é gradual – como o avanço da planta natural, através de vários estágios de desenvolvimento. Mas não obstante o progresso é contínuo. Como na natureza, assim é na graça, a planta deve crescer ou morrer.”
“Dia a dia a influência santificadora do Espírito de Deus leva de forma quase imperceptível aqueles que amam os caminhos da verdade rumo à perfeição da justiça, até que finalmente a alma está madura para a colheita, o trabalho da vida é terminado e Deus reúne seus grãos . Não existe um período na vida cristã, quando não há mais a aprender, conquistas maiores a alcançar. Santificação é a obra de uma vida inteira. Primeiro a erva, depois a espiga, então o grão cheio na espiga e em seguida a maturação e a colheita; pois quando o fruto está perfeito, ele está pronto para a foice” (Espírito de Profecia, vol. 2, pp. 243-244).
E assim, quando a Bíblia descreve uma pessoa como perfeita, isso não significa que a pessoa chegou a um estágio em sua vida onde não possa crescer ainda mais. Pelo contrário, significa simplesmente que essa pessoa anda no temor do Senhor, vivendo em toda a luz que conhece. O amor dessa pessoa pelo Senhor leva-a a amar a justiça e evitar o mal. Tal pessoa servirá a Deus, independentemente das provações que possam vir – seja perda, doença ou morte.
Jó, Um Homem Perfeito. Um nobre exemplo de um homem perfeito é Jó. A Bíblia explica que o motivo pelo qual Jó foi considerado por Deus como um “homem perfeito”, foi porque ele andou no temor de Deus, vivendo uma vida correta e evitando o mal. Ele estava disposto a seguir a Deus não importa o que acontecesse. (Jó 1:1 e 8; 2:03).
Santidade é Uma Vida de Entrega Total
A pessoa que embarca na viagem cristã deve viver uma vida santa ou santificada. Tal vida é marcada por uma vida de humildade, expressa por uma entrega absoluta à vontade de Deus.
“Santidade é. . . uma inteira entrega da vontade a Deus; é viver de toda palavra que procede da boca de Deus; é fazer a vontade de nosso Pai celestial; é confiar em Deus na provação, na treva, assim como na luz; é andar pela fé e não pela vista, é confiar em Deus com indiscutível confiança, descansando em Seu amor “(Filhos e Filhas de Deus, p. 155).
Uma vida assim é melhor exemplificada por nosso Senhor Jesus Cristo, o perfeito exemplo do cristão:
“Jesus era um modelo perfeito daquilo que devemos ser,
Ele foi o mais rigoroso observador da lei de Seu Pai, e ainda assim movia-se em perfeita liberdade.
Ele tinha todo o fervor do entusiasta, e ainda assim era calmo, sóbrio e seguro de si.
Ele foi elevado acima dos assuntos comuns do mundo, e ainda assim não Se excluiu da sociedade.
Ele jantou com publicanos e pecadores, brincou com criancinhas, tomou-as em Seus braços e as abençoou.
Ele honrou o casamento com sua presença.
Ele derramou lágrimas no túmulo de Lázaro.
Ele era um amante do belo na natureza e usava os lírios para ilustrar o valor da simplicidade natural aos olhos de Deus, acima de exibição artificial.
Ele usou a profissão de lavrador para ilustrar as verdades mais sublimes …
“Seu zelo nunca degenerou em paixão, nem a sua consistência em obstinação egoísta.
Sua benevolência nunca tinha o sabor da fraqueza nem Sua simpatia o do sentimentalismo.
Ele combinou a inocência e a simplicidade da criança com a força viril,
[Ele combinou uma] devoção absorvente a Deus com terno amor pelo ser humano.
Ele possuía dignidade da autoridade combinada com a conquistadora graça da humildade.
Ele manifestou inabalável firmeza com doçura.
Que possamos viver diariamente em íntima ligação com este personagem, perfeito e sem erros.
“Não temos seis padrões a seguir, nem cinco; temos apenas um, e que é Cristo Jesus.”
(Nos Lugares Celestiais, p. 54)
Que o Senhor nos ajude a caminhar o caminho da santidade.
Espiritualidade Bíblica: O Software Antivírus
Satanás instalou a sua versão enganosa do cavalo de Tróia no sistema operacional do computador da igreja cristã. Este cavalo de Tróia mortal tem o potencial de eliminar a autêntica espiritualidade cristã e substituí-lo com o espiritualismo.
A fim de que sejamos capazes de discernir os cavalos de Tróia do espiritualismo que estão fazendo as suas incursões na igreja, devemos saber o que a Bíblia ensina sobre a espiritualidade autêntica.
Quando a Bíblia diz “Sede santos”, ele simplesmente quer dizer que devemos ser semelhantes a Cristo. Sermos santos é a nossa identidade esquecida como cristãos. É também a preparação que precisamos para encontrar nosso amado Senhor. “Sem santidade ninguém verá o Senhor” (Hebreus 12:14, NVI):
“Sem santidade na terra, nunca estaremos preparados para desfrutar do céu. O céu é um lugar santo. O Senhor do Céu é um Ser santo. Os anjos são criaturas santas. Santidade está escrita em tudo no céu. … Como poderemos nos sentir em casa e felizes no céu se morrermos [permitam-me acrescentar “e vivermos”] de maneira não santificada? (4)
À vista da santo lar que Deus está preparando para nós, devemos todos responder ao convite: “sede santos”: “Por isso, amados, aguardando estas coisas, procurai que dele sejais achados imaculados e irrepreensíveis em paz” (II Pedro 3:14; cf. Tito 2:11-14).
Você já foi justificado, e está sendo santificado? Se sim, você pode ter certeza de que também será glorificado: Por Deus “é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a Sua glória” (Judas 24). Sim, “quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele” (I João 3:2).
Como Estar Em Um Estado de Santidade
As palavras do cântico “Tempo de Ser Santo” (encontrado em nosso Hinário Adventista [nr. 282]) resumem tudo:
1. Tempo de ser santo tu deves tomar;
Ter vida em teu Mestre, Seu livro estudar;
Ser junto a Seu povo luz sempre a brilhar,
E aos necessitados ir para salvar.
2. Tempo de ser puro tu deves achar;
Sempre a sós orando, com Cristo ficar;
Teus olhos bem fitos Ter no Salvador;
Por tua conduta dar provas de amor.
3. Tempo de ser forte tu deves buscar;
O Mestre seguindo por onde guiar;
Em gozo ou tristeza sempre obedecer;
Da Fonte divina, sim, nunca esquecer.
4. Tempo de ser útil tu deves guardas;
Mui calmo nas lutas, em Deus confiar;
Ter para os aflitos voz e atos de amor;
Sim, mais semelhante ser ao Salvador.
Notas:
(1) Além da obra Santificação, de Ellen G. White (Hagerstown, Maryland: Review and Herald, 1937), encontrei outras duas obras sobre a santidade bíblica, que podem ser muito úteis:
John Charles Ryle, Holiness: Its Nature, Hindrances, Difficulties, and Roots (Santidade: Sua Natureza, Obstáculos, Dificuldades e Raízes) (Greenwood, SC: Attic Press Inc., 1977, publicado originalmente em 1879),
James I. Packer, Rediscovering Holiness (Redescobrindo a Santidade) (Ann Arbor, Michigan: Servant Publications, 1992) (voltar)
(2) Doug Sherman e William Hendricks, Keeping Your Ethical Edge Sharp (Mantendo o Seu Limite Ético Afiado) (Colorado Springs: Naypress, 1990), p. 38.(voltar)
(3) Além dos escritos de Ellen G. White (especialmente o Caminho a Cristo), um das melhores obras adventistas sobre a certeza da salvação é a de Philip Dunham Sure Salvation: You Can Know You Have Eternal Life (Salvação Certa: Você Pode Saber que Possui a Vida Eterna) (Pacific Press, 2007).(voltar)
(4) Ryle, Santidade (citado acima), p. 42.(voltar)
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Fonte: Clique aqui para ter acesso ao material completo em inglês, publicado originalmente em http://www.drpipim.org
Traduzido por Levi de Paula Tavares em fevereiro de 2011