A Música na Adoração – Parte 1

por: Adrian Ebens

Relacionando-se com as Artes

Como deveríamos abordar as artes e a música em particular? Temos uma obrigação moral de criticar as artes ou elas são simplesmente para contemplação? Começaremos a responder a estas questões através do exame das dinâmicas que ocorrem quando da criação da arte ou, em outras palavras, arte como expressa pelo humano.

A Dinâmica Entre o Humano e a Arte

“A arte não pode ser separada do homem. Imaginar a existência humana sem a arte não é imaginar a existência humana. A arte está inserida na ação.” (2) Em Bali não existe uma palavra para arte, não porque não exista música, teatro ou escultura, mas porque estas atividades criativas são inseparáveis da vida. (3) A Bíblia diz que uma pessoa é conhecida pelos seus frutos (Mateus 7:20) A arte é considerada um “fruto”? Se a arte é inseparável do homem, então a arte deve ser considerada um fruto, e se a arte é um fruto da expressão humana, então ela exige crítica. Por que é assim? Por causa da natureza da humanidade.

A Natureza Caída da Humanidade

A forma como avaliamos a arte depende fortemente da forma como vemos a humanidade. Conforme notamos, a arte é inseparável da humanidade. Como Wolterstorff afirma: “Existe um mundo por trás da obra.” (4) A queda da família humana cria um dilema para a questão da arte. Autores como Franky Schaeffer (5) e Hans Rookmaaker nos lembram do dom criativo remanescente na humanidade. Em outras palavras, uma vez que Deus é criativo e nós fomos formados à Sua imagem, então alcançamos nosso potencial através da maximização do dom criativo que Deus nos deu. Mesmo os feitos criativos dos não- cristãos são bons, porque eles vem de Deus. Moralidade só passa a ser um ponto uma vez que a arte esteja criada e conforme o uso que fazemos da arte criada. (6) Portanto, a arte é isolada da queda do homem e neutra a em relação a ela, ou “a arte não necessita de justificativa.” (7) Esta perspectiva certamente enfatiza a criatividade de Gênesis 1, mas será que lida corretamente com o dilema de Gênesis 3? (8) Podemos isolar as obras da humanidade de sua condição decaída? Wolterstorff responde Não!

A arte não é isolada da degradação radical de nossa natureza. É um instrumento desta. A arte não nos eleva para fora da impiedade radical, da nossa história, mas nos afunda mais ainda nela. A arte não é o salvador do homem, mas um cúmplice voluntário em seus crimes. (9)

Wolterstorff nos lembra que a arte decorre de uma ação, com um propósito ou propósitos, e não em isolamento puro. Em outras palavras, a arte não está livre do ambiente manchado no qual foi criada. As artes são vulneráveis à distorção que o pecado trouxe ao mundo.

A Necessidade de Crítica e Responsabilidade

O que podemos dizer da criatividade não cristã? As Escrituras nos falam que Deus faz com que a chuva caia sobre os ímpios e sobre os bons. (10) Deus não restringe Seus dons apenas aos Cristãos. Ele tem derramado uma graça diária sobre toda a humanidade. (11) Este fato torna errôneo o pensamento de que a arte cristã seja boa e a arte não cristã seja má, mas, devido à existência da distorção do pecado, devido ao fato de que o coração do homem em seu estado natural não regenerado é inimigo de Deus, o “artista cristão e todos nós para quem as artes são uma parte essencial da vida e da cultura precisamos estar observando constantemente as marcas da queda neles e também em nós.” (12) O que, então, a redenção em Cristo faz por nós? Nossa liberdade em Cristo não é a liberdade da responsabilidade pelos nossos atos. A arte é criada em atos e evoca uma resposta daqueles que interagem com ela. Temos uma responsabilidade de ajudar a evocar respostas santificadas e não ímpias. (13) Alguém pode esculpir ou pintar uma figura humana sem roupas, argumentando que está enfatizando a beleza humana, mas as nossas naturezas caídas freqüentemente respondem a tais cenas com pensamentos ímpios. O artista pode clamar “isso é problema deles”, assim como faz a mulher que se veste de forma provocativa. Tal raciocínio é uma negligência da responsabilidade e uma negação da degradação da natureza humana. (14) Como cristãos, somos admoestados a odiar o que é mal, e nos apegarmos firmemente ao que é bom. (15) A arte necessita de justificativa, a arte necessita ser testada de acordo com os princípios das escrituras, precisamos separar o sacro do profano. A questão que naturalmente se levanta é “como faremos isto”? Quais fontes nos deveriam fornecer informações para podermos fazer a separação do sacro e do profano ou, mais diretamente, desenvolvermos um modelo correto para a música cristã na adoração?


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