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O Culto – Capítulo 23

por: Rev. Onézio Figueiredo [1]

Calvino e o Culto

Calvino, ao chegar a Estrasburgo, vindo como exilado da Suiça, (1538), encontrou um culto vibrante, mas desordenado. Cada comunidade, à feição de seu líder, prestava seu culto local diferenciado. Não havia unidade litúrgica entre as igrejas. Procurando levar as comunidades, de maioria de composta de exilados franceses, a um consenso litúrgico, pois muitas divergências doutrinárias começam com individualismos cúlticos, tratou de estabelecer parâmetros, princípios normativos, para caracterizar e personalizar o culto reformado, fazendo dele um evidenciador das novas doutrinas extraídas das Escrituras. Então redigiu o seu primeiro formulário litúrgico, a que denominou:

“A Forma das Orações e a Maneira de Administrar os Sacramentos conforme o uso da Igreja Primitiva” (Estrarburgo, 1540). Este manual continha normas gerais do culto, trazendo também vários salmos metrificados com suas respectivas partituras musicais. A primeira edição desapareceu, mas a segunda (1542) pode ser encontrada na Biblioteca de Genebra. No mesmo ano da segunda edição, apareceu a primeira edição genebrina. Ambas, além de estabeleceram normas claras para o culto comunitário, trazem fórmulas para casamento, batizado, sepultamento. Calvino entendia que a Igreja, para ser unida, deveria submeter-se a regras parametrais doutrinárias, disciplinares, governamentais e litúrgicas. Cada comunidade prestando culto à sua maneira, a porta ficaria aberta às distorções, aos desvios e às divisões. O culto é importante demais para ficar à mercê de idiossincrasias de lideranças, nem sempre bem formadas, ou exposto às influências externas.

O culto reflete a teologia eclesiológica e deve marcar a fronteira entre o mundano concupiscente e o sagrado espiritualizado. O gozo e a alegria espirituais vibram o espírito e enternecem o coração. A orgia, porém, inclusive a piedosa, agita o corpo e estimula o prazer sensório. No culto a Deus, celebrado em espírito e em verdade, a alma se eleva; nas orgias sagradas o sensório evidencia-se e os sentimentos ( puros ou impuros ) confundem-se.

Calvino sabia, e doutrinou a respeito, que a Bíblia é a única norma da fé, da conduta moral e espiritual, da adoração comunitária e individual.


Notas:

[1] O presente texto foi escrito por um Reverendo da Igreja Presbiteriana. Por este motivo, o leitor encontrará algumas referências relacionadas ao culto de domingo, ou ainda alguns temas diretamente vinculados a esta denominação religiosa. Apesar deste detalhe, os editores do Música Sacra e Adoração compreendem que a leitura do texto do Reverendo Onézio Figueiredo é de suma importância para o contexto da adoração e do culto a Deus na Igreja Adventista do Sétimo Dia, justificando assim esta publicação.


Fonte: www.monergismo.com


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