por: Rev. Onézio Figueiredo [1]
Expressões cúlticas da Igreja
01 – Tradição ierosolomita:
Jerusalém, uma tradição litúrgica profundamente judaica e uma administração eclesiástica institucional. Vejam a eleição de diáconos e a estabilidade ministerial: Tiago, pastor efetivo. A Igreja de Jerusalém foi a líder de todas as outras, e deveria servir de parâmetro para as igrejas cristãs de todos os tempos.
02 – Tradição sinagogal:
No mundo gentílico a Igreja apoiou-se, inicialmente, nas sinagogas, herdando delas as tradições litúrgicas, adaptadas e desenvolvidas, segundo a fé cristã e a nova eclesiologia. Veremos depois a estrutura da liturgia sinagogal.
03 – Tradição carismática:
A Igreja de Corinto produziu e transmitiu o carismatismo tanto na ordem administrativa como na litúrgica. Nela, os líderes carismáticos instituíam-se por “indicação direta”, supunham, do Espírito Santo, não por eleição ou por indicação apostólica, como acontecia em Jerusalém. A grosso modo, podemos afirmar que as igrejas históricas, como a Presbiteriana, são herdeiras da tradição ierosolomita, e as carismáticas miram-se e se baseiam nos irrequietos e confusos irmãos coríntios. A espontaneidade litúrgica precisa de limites, e Paulo os deu, enfáticos.
04 – Tradição cristofânica:
A “shekinah” está sobre e em Jesus Cristo, o que se mantém presente na Igreja e, em consequência, nos cultos. Cristo é a cabeça do organismo eclesial; nós, os membros. Ele, a “shekinah” de Deus no meio dos eleitos, é inseparável de sua Igreja. Sem a presença gloriosa de Cristo não há Igreja e o culto, sem a emulação de sua presença, torna-se vazio de sentido e falso.
Apocalipse é um testemunho da glória (shekinah) de Deus em Cristo, em que o Cordeiro é colocado no centro da adoração dos santos, que se efetiva nos céus e se realiza também na terra. A solenidade do culto celeste, na visão apocalíptica, enriqueceu muito a adoração terrestre da Igreja primitiva e sofredora. A exaltação do Cordeiro se faz pela palavra oral e pelo cântico coral, composto do levirato celestial (os anjos, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos). A estes somaram-se, num cântico comunitário, todos os redimidos, uma incontável multidão (Ap 4.10-11; 5. 8-14; 7.11,12; 11.16,18; 12.10-12; 14.2,3;15.2-4 cf 19.1-7).
Instrumento litúrgico do coral celeste: A harpa (Ap 5.8, 14.2;15.2). O culto do povo de Deus na terra deve ser figura do que acontece no céu. E lá a reverência é levada a sério, a cristocentricidade da adoração é uma realidade. O personalismo não existe. Infelizmente, aqui na terra, muitos cantores estão cantando para si mesmos, mercantilizando o canto sacro (sacro?). Cantam, do altar do Senhor, para venda de discos, CDs e fitas. Lamentável distorção do culto!
Notas:
[1] O presente texto foi escrito por um Reverendo da Igreja Presbiteriana. Por este motivo, o leitor encontrará algumas referências relacionadas ao culto de domingo, ou ainda alguns temas diretamente vinculados a esta denominação religiosa. Apesar deste detalhe, os editores do Música Sacra e Adoração compreendem que a leitura do texto do Reverendo Onézio Figueiredo é de suma importância para o contexto da adoração e do culto a Deus na Igreja Adventista do Sétimo Dia, justificando assim esta publicação.
Fonte: www.monergismo.com