Conselhos Sobre Música e Adoração – Parte 3

Atributos Desejáveis

Organizado por: Leandro Dalla Bernardina Santos

A música que agrada a Deus possui algumas características peculiares. Vejamos algumas:

Entoação clara, pronúncia distinta – … Aquele que nos tem concedido todos os dons que nos capacitam a ser coobreiros com Deus, espera que Seus servos cultivem suas vozes, a fim de que possam falar e cantar de modo que todos compreendam. Não é necessário um cântico ruidoso, mas entoação clara, pronúncia correta e expressão vocal distinta. Que haja tempo para o cultivo da voz de modo que o louvor a Deus possa ser entoado com tons claros e suaves, não com aspereza e estridência que ofendem o ouvido”. (WHITE – Testemonies to the Church, vol.9, 143 – 144)

Ellen White ainda cita: “Pode-se fazer grande aperfeiçoamento no canto. Pensam alguns que, quanto mais alto cantarem, tanto mais música fazem; barulho, porém, não é música … As notas longamente puxadas e sons peculiares, comuns no canto de óperas, não agradam aos anjos. Eles se deleitam em ouvir simples cantos de louvor entoados em tom natural. Os cânticos em que cada palavra é pronunciada claramente, em tom harmonioso, eis os que eles se unem a nós em cantar”. (WHITE – Evangelismo, 510)

Muitas vezes achamos que quanto mais impressionistas formos em nossa música, tanto mais agradável será a Deus. Ellen White é bem clara em afirmar que os anjos se deleitam em ouvir simples cantos de louvor entoados em tom harmonioso e natural.

Solenidade e reverência – Todo o serviço deve ser efetuado com solenidade e reverência, como se fora feito na presença pessoal de Deus mesmo”. (WHITE – Testemunhos Seletos, vol.2, 195)

Pensemos no seguinte: será que a música que praticamos em nossas igrejas, em nossos cultos, poderiam ser executadas na presença pessoal de Deus? Os anjos, que entoam um louvor perfeito ao seu Criador, cobrem os rostos diante da presença de Deus, tamanha reverência que dedicam à Ele. E nós, com nosso louvor humano, longe de qualquer perfeição, temos demonstrado a mesma reverência, o mesmo respeito por Aquele que nos concedeu os dons?

A música deveria ser executada com dignidade manifesta por disciplina, com solenidade e respeito, com entonação clara e articulação distinta, num volume que não seja opressivo ou agressivo aos sentidos.

A escritora americana Euridice Osterman reafirma: “A música deveria ser adequada para ser apresentada ou ouvida na presença de Deus”. (OSTERMAN – O que Deus diz sobre a Música, 98)

Evangelismo – outro atributo necessário à música é sua utilidade à pregação do evangelho, nossa principal missão nesta Terra. “Os alunos que têm aprendido a cantar os suaves hinos do evangelho com melodia e clareza, podem fazer muito bem como cantores-evangelistas. Eles encontrarão muita oportunidade de empregar o talento que Deus lhes deu, levando melodia e claridade a muito lugar solitário e entenebrecido pelo pecado e a dor e aflição, cantando para aqueles que raramente têm os privilégios da igreja. …Ide a caminhos e valados. Empenhai-vos para alcançar tanto as classes mais ricas como as mais pobres. Entrai nos lares de ricos e humildes …” (WHITE – Evangelismo, 504)

Um dos maiores propósitos da música em nossa igreja tem sido perdido com o tempo. Sua utilização missionária há muito tem se tornado obsoleta e caído em desuso. Quantos dos nossos músicos e grupos musicais atualmente dispõem de tempo ou motivação para realizarem programações em asilos, hospitais ou qualquer outro lugar onde existam pessoas impedidas de participar de tais momentos na igreja? Quantos de nossos músicos e grupos musicais, acostumados a grandes apresentações em grandes auditórios, estariam realmente dispostos a participar com o mesmo entusiasmo de programações em pequenas igrejas, em pequenos grupos, em pequenas e distantes cidades, com um auditório humilde em quantidade e cultura?

“Grupos musicais e cantores devem buscar maneiras de atuar diretamente, e de forma sistemática, nas campanhas missionárias e evangelísticas da igreja, ou desenvolver seus próprios projetos para cumprir a missão”. (Filosofia Adventista do Sétimo Dia com Relação à Música) Quantos dos nossos músicos estão inseridos em projetos evangelísticos ou possuem seus próprios projetos para levar a mensagem a TODAS as pessoas? Este é apenas um questionamento, para o qual cada músico, particularmente, deve dar uma resposta; não estou pretendendo julgar ou fazer inferências. Sabemos de nossa responsabilidade, e devemos refletir se estamos cumprindo com ela.

“Os alunos que aprendem a cantar com melodia e clareza, suaves hinos evangélicos, podem muito bem agir como cantores evangelistas. … Tal ministério é genuína obra missionária.” (WHITE – Serviço Cristão, pág. 66)

“Gostaria de destacar neste texto as palavras ‘melodia’ e ‘clareza’. Muitos hoje cantam de tal forma que quase não se entende as palavras do texto musical (clareza). Às vezes também tantos ornamentos, melismas, “voltinhas” e sons estranhos são incluídos, que a melodia ou a letra ficam prejudicadas em sua compreensão. Também têm sido procurados tipos especiais de voz ou de interpretação (rouquidão, vogais muito abertas ou fechadas, voz estridente, etc) que podem ser chamadas de tudo, menos de melodiosas”. (Elias Tavares, violinista, regente e professor de música no artigo Adoração e Louvor).

“… Mas às vezes é mais difícil disciplinar os cantores e mantê-los em forma ordeira, do que desenvolver hábitos de oração e exortação. Muitos querem fazer as coisas à sua maneira. Não concordam com deliberações, e são impacientes sob a liderança de alguém”. (WHITE – Evangelismo, 505)

“A música:

  • Deve harmonizar letra e melodia, sem combinar o sagrado com o profano;
  • Não segue tendências que abram a mente para pensamentos impuros, que levem a comportamentos pecaminosos ou que destruam a apreciação pelo que é santo e puro. ‘A música profana ou a que seja de natureza duvidosa ou questionável, nunca dever ser introduzida em nossos cultos’. (Manual da Igreja – pág. 72)
  • Não se deixa guiar apenas pelo gosto e experiência pessoal. Os hábitos e a cultura não são guias suficientes na escolha da música;
  • Não deve ser rebaixada a fim de obter conversões, mas deve elevar o pecador a Deus; provoca uma reação positiva e saudável naqueles que a ouvem”

(Filosofia Adventista do Sétimo Dia com Relação à Música)

“Cantar não é apenas pôr uma roupa bonita e atrativa nas palavras e sim, unir duas maneiras de expressão, casando linguagem falada com linguagem musical, polarizando, duplicando ou multiplicando o poder de penetração”. (ARAÚJO – Música, Adventismo e Eternidade, 59)

“Música apropriada é aquela que é aceitável, agradável, compatível, complementar, correta, decente, exemplar, funcional, adequada, modesta, pertinente, apresentável, própria, relevante, e a lista continua”. (OSTERMAN – O que Deus diz sobre a Música, 99)

“…fiquei, certa vez, muito curioso quando soube que a irmã White mantinha sempre à vista, num porta-retrato, uma gravura do perfil de Jesus que, segundo sua impressão, era o mais parecido semblante que ela havia visto ao Jesus de suas visões. Quando vi um diapositivo deste quadrinho, fiquei deslumbrado. Achei-o belíssimo. Pena que em matéria de música, ou porque não tinha muito conhecimento da literatura musical do mundo, ou por alguma outra razão, ela não tenha dito que gostava de certa música porque a fazia lembrar um pouco, de longe, a música do Céu. Se ela tivesse feito isto, eu faria uma seleção musical de todas as peças ou hinos que existem no mesmo estilo, na mesma construção, que produzissem efeito semelhante, e passaria a ouvi-las constantemente para já ir afinando meu gosto com a música angélica. Mas parece que a intenção divina também não era essa. Parece que Deus confia na capacidade do ser humano de compreender Suas orientações, e espera que mostre boa vontade e interesse para isso”. (ARAÚJO – Música, Adventismo e Eternidade, 54 e 55)


Capítulo 4

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