A Música na Adoração – Capítulo 8

por: Scott Guiley

Música Espiritual


“Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo
À sombra do Senhor onipotente descansará.
Direi ao Senhor, Ele é o meu Deus.
Direi ao Senhor, Ele é o meu Deus.
Direi ao Senhor, Ele é o meu Deus.
Amém. Amém. Amém”
.

(Salmo 91).

Salmos, Hinos e Cânticos Espirituais

O Novo Testamento (como já vimos no capítulo anterior) menciona especificamente três tipos de música para os crentes: salmos, hinos e cânticos espirituais (Efésios 5:19, Colossenses 3:16). A palavra salmo se refere, pelo menos em essência, ao livro de Salmos no Antigo Testamento – que geralmente é parafraseado tendo em vista a rima e a métrica. João Calvino, em seu comentário de Colossenses 3:16, diz que um salmo é comumente cantado com o acompanhamento de algum instrumento musical. Os hinos são poemas sacros que expressam devoção e adoração a Deus. Agostinho mencionou três coisas necessárias a um hino: (1) louvor, (2) louvor a Deus e (3) louvores que devem ser cantados. Os cânticos espirituais são principalmente cânticos de testemunho. Neles predominam os pronomes “eu” e “meu”. As melodias são geralmente alegres e contagiantes, e onde geralmente se repete um coro a cada estrofe.

Alguns pontos de comparação entre o hino e o cântico espiritual são os seguintes:

Hino Cântico Espiritual
1 – O propósito principal é glorificar a Deus. 1 – É principalmente um cântico de testemunho, exortação, aviso ou persuasão. Geralmente se centraliza em experiência e sentimentos pessoais.
2 – Usado principalmente em cultos de adoração. 2 – Usado em cultos evangelísticos e de reavivamento.
3 – A música tem caráter imponente, dignificado e devocional. 3 – A música geralmente tem um tempo e ritmo mais rápido. Um entusiasmo persuasivo.
4 – As notas são de tempo igual. Comparativamente poucas notas colcheia ou semi-colcheia aparecem. 4 – As notas são de tempo variado – com colcheias e semi-colcheias pontuadas.
5 – A letra do hino é geralmente escrita sem um coro. 5 – Predomina o padrão estrofe – coro.

Percebendo que os hinos e cânticos espirituais servem funções diferentes, cremos que biblicamente ambos devem ser usados às vezes – e que não se deve cantar exclusivamente um todo o tempo. É bom haver diversidade. Pelo mesmo princípio, vamos ser honestos em admitir que nem todos os hinos e cânticos são teologicamente corretos ou até mesmo boa música. Mesmo nas melhores seleções de música, alguns deles perdem. Outros simplesmente deixam de comunicar verdades espirituais. Muitas vezes comunicam só à carne – fazendo-se “sentir” bem. Mexem com as emoções até sentirmos vontade de bater palma ou o pé, o que não é necessariamente mau em si; mas somente a verdade é que deve mexer com nossas emoções.

É Espiritual?

O que significa música espiritual? A palavra grega tanto em Efésios 5:19 quanto em Colossenses 3:16 é “pneumatikais” que significa vindo do Espírito – não é carnal nem mundana. Não se deve esperar que crentes que andam na carne cantem música espiritual só porque entraram na igreja e cantam as palavras do Cantor Cristão (ou hinário). É preciso enfatizar que só quem anda em espírito pode realmente cantar música espiritual!

Mas como podemos discernir se um cântico é ou não espiritual? Como podemos avaliar cânticos individuais? Vamos lembrar que cantar é uma forma de ensinar. Sendo assim, a base da avaliação deve ser a mesma pela qual avaliamos a mensagem do pregador.

  1. Deve-se avaliar um cântico tendo como base o conteúdo bíblico. Se não houver mensagem, ou se ela não se encaixar com a Bíblia, então não vem do Espírito.
  2. O cântico magnifica a Pessoa e exalta a obra do Senhor Jesus Cristo, de maneira que a atenção do ouvinte é atraída a Ele? Em outras palavras, qual é o objetivo e propósito da canção? A espiritualidade de um cântico deve ser julgada pelo que comunica sobre Cristo.
  3. O cântico chega a nosso coração com poder, no Espírito Santo e com muita segurança? Esta questão trata daquilo que é mais subjetivo e interno – mas não pode ser ignorado. Um cântico deve ser avaliado pelo testemunho interior do Espírito Santo à verdade.
  4. O cântico edifica? Produz santificação e santidade de vida? A espiritualidade de um cântico pode ser vista na eficácia do que ensina.
  5. Também quando tentamos transmitir uma mensagem espiritual no cântico, devemos querer que tenha uma melodia compatível. Por exemplo, uma música “jazz” não vai servir ao espírito de uma oração devocional. Supõe-se que a música deve revestir apropriadamente a poesia com beleza e força, como também reforçar seu significado. Deve-se reconhecer que – a esta altura – esta é uma questão de como percebemos as coisas pessoalmente. Uma regra simples e fácil diz que se o ambiente da música chama a atenção para si em vez das palavras, não é um bom ambiente para a letra. E dizemos o mesmo em relação a quem acompanha os cânticos nos instrumentos musicais. Se o acompanhamento chama a atenção para si, então deve ser restringido.

    Deve-se deixar claro que opinião é como nariz; todo mundo tem um. Se o escritor puder dar sua opinião; uma razão pela qual os hinos de Watts, Wesley e Crosby continuam a ser cantados depois de tanto tempo, é porque combinam palavras boas com música boa. Pense em “Ao Contemplar A Rude Cruz” (letra de Isaac Watts e arranjo de Lowell Mason), “O Grande Amigo” (letra de Joseph Scriven e música de Charles Coverse), “Exultação” (letra de Fanny Crosby e música de William Doane), “Sou Feliz” (letra de Horatio Spafford e música de Philip Bliss) e muitos outros numerosos demais para serem mencionados. Na opinião deste autor, a maioria dos hinos são comumente cantados depressa demais, porém só alguns dos hinos antigos precisam de qualquer modificação.

    Reconhecer os cânticos espirituais não é uma questão de capacidade musical, mas sim de discernimento espiritual. O discernimento bíblico é importante! Cristo não deixou Seu povo sem provisão disponível contra o engano. Os salvos receberam a unção do Santo (1 João 2:20). Que Deus nos ajude a julgar corretamente (João 7:24) – a discernir entre o bem e o mal, entre o santo e o profano, entre o espiritual e o carnal.


    Fonte: http://www.palavraprudente.com.br


    Capítulo 9

    Escolher outro capítulo