Mini-Curso Básico de Técnica Vocal – Capítulo 6

A Voz e Suas Particularidades

“E Deus soprou em suas narinas o sopro da vida, e o homem tornou-se uma alma viva” Gênesis 2:7

O seu corpo produz todos os tipos de sons, desde o aplaudir até bater dos pés, o ranger dos dentes e o digerir dos alimentos. Esses ruídos têm, entretanto, importância mínima, se comparados às suas vocalizações – sons produzidos pelas cordas vocais, em sua caixa de ressonância ou laringe. Isto dá-se porque a voz reflete a condição mental emocional e física da pessoa; ela é, verdadeiramente, a parábola da alma.

Este capitulo explica como a voz pode ser usada e controlada. Ela demonstra como descobrir e relaxar a voz beneficiam não só a sua saúde físico-mental e os estados emocionais como a sua aparência, a confiança frente à sociedade e as sua habilidades comunicativas. A compreensão da voz é um excelente disciplina de auto-conscientização e é vital para a arte de ouvir. Por meio de cuidadosa atenção, você aprenderá a compreender, através das vozes dos outros, os significados impronunciáveis, que se escondem através das palavras.

O modo como você usa a sua voz proporciona o discernimento vital para a vida em geral. As suas vocalizações revelam como as suas energias, sentimentos, pensamentos e intuições colaboram na produção de um único estilo vocal. Este estilo reage às influencias externas tanto quanto os sentimentos no seu interior, que se desenvolvem atrás do tempo em emoções e experiências passadas acumuladas e amadurecidas. Logo, a voz é diagnosticável e terapêutica. Em suma: aprenda a usar a sua voz, e você se sentirá melhor.

A voz é formada durante a respiração. A primeira parte deste capitulo explora os mecanismos da respiração e o seu uso na produção da voz, alem de incluir alguns exercícios vocálicos básicos e de respiração. Esses são fórmulas praticas que ampliam a extensão da voz e as suas técnicas de respiração, assim como aumentam a conscientização das partes do seu corpo envolvidas na respiração e nas vocalizações.

O MECANISMO DA RESPIRAÇÃO

A cada quatro ou cinco segundos, os seus pulmões aspiram ar puro contendo oxigênio, e exalam resíduos venenosos de dióxido de carbono. Essa função respiratória, reflexiva e vital, é continua, consciente e inconsciente, esteja você em atividade, repouso ou adormecido. É a principal motivação do organismo; sem ela, você sufocaria e morreria.

Os seus órgãos respiratórios incluem o nariz e a boca, a garganta, a traquéia, os canais inferiores (brônquios e bronquíolos) e os próprios pulmões. Os músculos envolvidos na respiração incluem os do tórax. Ele marca a divisão entre a caixa torácica e o abdômen.

Quando você inspira, esses músculos expandem os pulmões, e inalam o ar para dentro do nariz e boca, que encaminham-no para a traquéia. Quando os músculos do tórax e do diafragma relaxam, o ressalto flexível dos pulmões encolhe-os, como balões vazios que expelem o ar ao serem expirados. Esta exalação, quando você fala ou canta, é um processo passivo não-muscular, que se baseia no volume pulmonar naturalmente contraído.

A PRODUÇÃO DOS SONS VOCÁLICOS

Cada instrumento musical possui três aspectos, que associados são responsáveis pela produção de som. São eles: uma saída, ou fonte de energia; um vibrador, que determina o som e o tom; e os ressonadores, que somam as tonais. Em uma guitarra são o dedo na corda tocada, a corda e o corpo da guitarra, respectivamente. A sua voz – apesar de todos os preconceitos que possa ter – pode ser um instrumento musical de grande valia, poder e adaptabilidade. A sua saída é o ar exalado pelos pulmões; o seu vibrador são as cordas vocais, em sua caixa torácica ou laringe; e as suas ressonâncias são as cavidades de ar e estruturas como: garganta, boca, nariz e cavidades.

Similarmente, a vocalização é dividida em três processos essenciais. Esses são a formação, ou produção do som; a ressonância, ou amplitude harmônica do som; e a articulação – o formato, a modelagem e a saída dos sons vocálicos, em formas lingüísticas conhecidas por palavras.

Conforme você realizar os exercícios vocais, você estará trabalhando as sensações físicas da fonação, ressonância e articulação. Sinta-os como parte de você. E acima de tudo, ouça-os! O retorno auditivo, através das suas expressões vocais, é uma parte vital do processo de vocalização. Lembre-se: é a pessoa, em um todo, que fala e canta.

AS CORDAS VOCAIS

Suas cordas vocais são duas protuberâncias brilhantes, aperoladas, situadas em ambos os lados da caixa torácica ou laringe, em seu pescoço. Elas não podem vibrar livremente, como a corda do violino. E são minuciosamente descritas como pregas vocais porque projetam-se, semelhantemente a uma concha, das paredes da laringe. Durante a respiração suave, elas formam dois lados compridos de um orifício triangular – a glote – por onde o ar alcança seus pulmões.

Quando você fala, os músculos do seu pescoço e os que circundam a laringe revestem as cordas vocais até que elas se movimentem para dentro, em direção ao centro da laringe, quase tocando-se. O ar deve, então, passar por um orifício estreito e comprido. Conforme isto se dá, o ar vibra as cordas. Elas são acompanhadas por um segundo par de dobras, algumas vezes descritas, meio grosseiramente, como falsas cordas vocais, que se movem acima do par verdadeiro. Juntos, esses dois pares de dobras formam um vaso similar ao útero

Para vocalizar notas de tom alto, os músculos da laringe cobrem as cordas, e alargam-se na extensa e hermeticamente. Assim, elas vibram em uma freqüência mais alta, como uma corda de guitarra soa uma nota alta quando é comprimida pela cravelha. Se quiser aumentar a sua sonoridade, aumente a velocidade e pressione o ar que circula fora de seus pulmões. Tente repetir a mesma sentença longa ou um poema em tons mais baixos, e a seguir em um estilo alto e dramático. Observe a rapidez com que você libera o ar no segundo caso.

OBS: Informações extraídas do livro: “A Cura pelo Som” de Olivea Dewhurst-Maddock


Fonte: http://www.mvhp.com.br/