A Música no Contexto da Arte e Educação

por: Ana Maria N. Gorski Damaceno [*]

A Educação conforme a escritora americana Ellen White é o “desenvolvimento harmônico das faculdades físicas, mentais e espirituais” e a arte contribui muito para esse desenvolvimento integral.

A escritora brasileira Ana Mae Tavares Bastos Barbosa mencionou: “Educação é o caminho que leva alguém a realizar as próprias descobertas e alcançar sua expressão própria”.

Sabemos que os gregos, desde os tempos remotos, tinham como disciplinas primordiais à educação física e a música. A primeira, para desenvolver um bom físico e a segunda para uma mente sadia, “Mente sã em corpo são“.

Todos os pais e educadores devem se convencer de que a música é um inestimável beneficio para a formação, desenvolvimento e equilíbrio da personalidade da criança e adolescente.

Segundo o educador Paulo Dourado: “A música é a mias abstrata das manifestações do homem. Exprime o que de mais profundo há no espírito humano”.

A utilização da música na educação de crianças é um grande estimulo ao desenvolvimento do pensamento criativo, da imaginação e de noção de forma.

Os três elementos fundamentais da música, melodia, harmonia e ritmo, devem ser desenvolvidos cantando, ouvindo e tocando instrumentos até construídos pelos próprios alunos.

O objetivo deve ser o desenvolvimento das faculdades intelectuais e sensoriais e a busca de uma interação enriquecedora entre ambas. Advoga-se a tese de maior intercambio entre arte, ciência e técnica e, de que “toda pessoa é talentosa”, procurando despertar no estudante sua sinceridade de emoção, sua agudeza de observação, sua fantasia e criatividade.

O professor deve estimular os alunos à composição de músicas instrumentais e vocais. Deve permitir em primeiro lugar a exploração livre pelos alunos, depois, à medida que vão realizando as improvisações, professor e aluno selecionam o material, colocam numa ordem, ensaiam bem para que saibam as letras com precisão rítmica e melódica. As músicas podem ser integradas numa peça de teatro, numa coreografia, numa festival ou num recital ou concerto.

Achamos interessante mencionar uma experiência com nossos alunos da Educação Artística do 2o. Grau, atual Ensino Médio, onde dividimos a classe em vários grupos, escolhemos um tema onde um grupo escreveu o roteiro da peça, outro pintou e improvisou o cenário, outro cuidou dos efeitos de luz e som, outros interpretaram os papéis, dramatizaram, o grupo dos músicos providenciou os fundos musicais e tocou na abertura, interlúdio e poslúdio.

A classe trabalhou unida e arduamente, e apresentou um programa para pais e alunos da escola. Todos os alunos se realizaram e, felizes, foram coroados pelos seus esforços.

Pela lei 5.692/71 o Brasil instituiu duas horas por semana para Arte nas escolas. Para nosso trabalho muitas vezes era pouco tempo e os alunos não se incomodavam em marcar ensaios extras, pois faziam por prazer e com gosto. O que acontece, é que muitas vezes professores pouco motivados, sem formação especializada ou, ainda pior, alguns pouco interessados em aperfeiçoar-se, sem ideias renovadoras, tornam essas aulas maçantes. Isto e mais o consenso antimusical de alguns pedagogos do nosso país “Música não serve para nada”.

Opinião assim e, música, como arte turva, instintiva, impulsiva, sexualizada, pouco compatível com a sublimação cultural e mais a radiocacofonia, cotidiana e permanente, que provocam fenômenos de rejeição acústica, ensinam a desouvir.

Todas estas ideias negativas de música formadas no século XX e a vinda de músicas ruidoras que, cansam e desgastam grandemente o sistema nervoso, deixam as pessoas irritadas e extremamente cansadas.

Por outro lado, as músicas eruditas em geral, têm um efeito terapêutico muito grande, ajudando na cura de várias enfermidades, daí o termo “musicoterapia”.

Infelizmente, alguns ainda advogam que as experiências em arte são luxo dispensável, podendo despertar perigosos impulsos para o efemininamento e a boemia. Até ligam sempre os artistas a pessoas desajustadas e metidas com drogas.

O conceito de ensino da arte como adorno para as moças da classe alta até meados deste século, fixou a ideia que as belas artes e o estudo do piano e canto são só para o sexo feminino, concepção esta inteiramente errada.

Instrumentos e Belas Artes não possuem sexo. São apropriados a todos independentemente de sexo. Tanto que os pianistas, cantores e pintores de maior projeção de todos os séculos são homens. Talvez, devido ao machismo existente em todo o mundo, em todas as épocas…

Portanto as generalizações aos músicos e artistas são simplesmente absurdas! A música no decorrer de nossa vida e, na experiência artística-musical, sempre representou uma forma de libertação emocional, uma grande auxiliadora pedagógica par se aprender as demais matérias. Também para desenvolver: a coordenação motora, leitura dinâmica, criatividade, senso estético, concentração, desinibição, afetividade, auto-afirmação, equilíbrio, confiança, fluência, flexibilidade e originabilidade.

É nosso objetivo reforçar que a música e, as artes em geral, podem contribuir para o equilíbrio emocional, psicológico e social do educando. Igualmente, que o ensino da música na arte educação, por pessoas devidamente especializadas, é de suma importância a fim de proporcionar uma melhor integração do indivíduo na família, escola e sociedade.


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Fonte: http://www.folhadafamilia.com