O Som Suave na Clarineta

por: W. Hipólito da Silva

A arte de tocar um instrumento de sopro não se realiza somente na execução técnica das notas musicais. O elemento essencial que nos permite a comunicação é o som. Com ele expressamos os mais variados sentimentos através de suas propriedades como intensidade, altura, timbre e duração. Lembrando que a clarineta pertence a família das madeiras e seu som apresenta uma característica diferenciada dos demais instrumentos, estas devem ser aprimoradas a cada momento na execução de uma peça musical. Para tanto, alguns aspectos devem ser observados.

A Respiração

Pratique a respiração sempre em pé, mantendo uma postura correta sem curvar o corpo para baixo, deixe os braços soltos e fique relaxado. Coloque uma mão na altura do umbigo, respire fundo, enchendo todo diafragma. Em seguida, vá soltando o ar, empurrando lentamente para cima com a mão. Pratique este exercício sempre, pois o resultado será compensador.

A Embocadura

O instrumento deve ser colocado na boca, firmando com os dentes incisivos superiores a parte superior da boquilha e dobrando um pouco o lábio inferior sobre os incisivos inferiores. Dessa maneira, será formada uma espécie de acolchoado, que protegerá a palheta e permitirá que ela vibre ao receber a pressão do ar enviada.

Antes de Iniciar

Nos estudos diários, pratique notas longas, de preferência nos sons mais graves. Estes são mais agradáveis aos ouvidos, facilitando o controle da sua intensidade. Toque o exemplo abaixo sem rigor de tempo, por várias vezes. Não fique só neste exercício, use seu bom gosto criando outras notas com intervalos diferentes.

Dos Graves aos Agudos sem Barreiras

A digitação das chaves para os sons graves será a mesma usada para os sons agudos, acrescentando a registração para a transposição de um para o outro. Observe que ao tocar uma nota grave somente acionando o registro com o polegar esquerdo a transposição acontece automática. Veja o exemplo:

Toque a primeira nota mantendo seu som por alguns segundos e em seguida acione o registro calmamente para a transposição do som grave para o agudo. Pratique este exercício também com outras notas e intervalos como no anterior. OBS: recomendo usar uma palheta não muito flexível, pois a resposta dos agudos depende de sua rigidez. Pratique os exercícios pelo menos uma ou duas horas diariamente.


W. Hipólito da Silva é clarinetista e arranjador ([email protected])


Fonte: Publicado na Revista Weril n.º 144