Posicionamento Correto da Mão no Manejo da Vara no Trombone

por: Antonio Seixas Oliveira

Este artigo tem como objetivo principal explicar a maneira correta de segurar e manejar a vara do trombone. Ao escrevê-lo, pretendi tocar em um ponto ao qual poucos professores dão ênfase e que, a meu ver, tem vital importância para o desenvolvimento do aluno, visto que quase a totalidade deles, e até mesmo muitos profissionais de trombone, apresentam esta deficiência.

A vara no trombone está para nós trombonistas como o arco nos instrumentos de corda: um posicionamento correto e manejo adequado fazem grande diferença na execução do instrumento. O manejo errado da vara pode acarretar grandes problemas de nível técnico e até mesmo de afinação.

A maneira correta de segurar a vara é a mostrada na figura 1.

Os dedos indicador e médio, da mão direita, posicionam-se acima do tubo inferior da vara, com a primeira “dobrinha” destes dedos apoiada na haste vertical da vara e o polegar por detrás desta mesma haste. Os dedos anular e inferior, da mesma mão, posicionam-se unidos por debaixo do tubo inferior da vara.

Mas por que deve-se segurar a vara da maneira descrita na figura 1 e por que é esta a posição considerada correta?

Em primeiro lugar porque, diferentemente do que quase a totalidade dos trombonistas possa acreditar, o dedo que conduz a vara não é o indicador e sim o dedo médio. Faça um teste: maneje a vara conduzindo-a apenas com o dedo indicador. A menos que você tenha um braço fora dos padrões normais, por volta da sexta posição, terá que trocar o dedo ou a posição para chegar até à sétima, e aí temos o cerne da questão: se podemos manejar a vara com uma única posição, que nos permite alcançar todo o seu percurso, por que segurar o instrumento de uma maneira que requeira mudança ao longo do percurso?

Pode não parecer, mas esta mudança de posição representa uma perda de tempo e um movimento desnecessário, o que certamente poderá acarretar problemas de ordem técnica, pois quanto menos movimentos aplicamos e desperdiçamos, mais ganhamos em agilidade e, conseqüentemente, em técnica e fluência.

Outro grave problema decorrente do manejo errado da vara refere-se à afinação. A maioria dos alunos que segura a vara de uma maneira errada, conduzindo-a com o dedo indicador, apresenta problemas especialmente na sétima, sexta e quinta posições. Por quê? A tendência natural é não chegar de fato à sétima posição, pois, segurando a vara erroneamente, esta sétima posição fica bastante alta, o que conseqüentemente faz com que as posições mais próximas (sexta e quinta) também sofram do mesmo problema, ficando altas também.

Por fim, outro grave vício que tem acometido vários alunos, um dos piores que podem haver, é o de colocar o dedo na campana para marcar a terceira posição. O manejo da vara não deve sofrer nenhum tipo de interferência no seu percurso, o que acarreta mais movimento, perda de tempo e, conseqüentemente, de técnica. Além disso, o vício cria uma dependência e insegurança que podem acabar atrapalhando. Nem todos os trombones têm a campana na mesma posição, portanto achar que o dedo na campana é o referencial para a terceira posição pode ser extremamente perigoso. Dependendo do tamanho da vara, a campana pode ser um pouco mais comprida ou curta.

Uma última observação: o manejo da vara deve ser feito de uma maneira leve e fluente, através de uma técnica denominada “Vara Solta” ou “Vara Corrida”: com uma boa orientação do professor, realiza-se o manejo de modo que não ocorram “trancos” ou “soquinhos” ao mudar de uma posição para outra. Para o emprego desta técnica é fundamental o total sincronismo entre a língua e a vara, para que se movam exatamente ao mesmo tempo.




Antonio Seixas Oliveira é trombonista da Orquestra Sinfônica Brasileira e professor.


Fonte: Publicado na Revista Weril n.º 126