Exercícios de Flexibilidade nos Instrumentos de Metal

por: Antonio Henrique Seixas

O estudo das flexibilidades é fundamento importantíssimo nos instrumentos de metal, e que como o próprio nome já diz dará ao músico maleabilidade e fluência nos vários registros do instrumento. Após iniciar o aquecimento com os exercícios de glissandros e a prática de notas brancas (veja Workshop na edição 135), seguimos com exercícios de flexibilidade mais leves (ex. 4, 5 e 6), aumentando o nível de dificuldade gradativamente. É bom frisar que estes exercícios devem ser executados sem o auxílio da língua na articulação e na passagem entre uma nota e outra. A língua somente será responsável pelo ataque da primeira nota. Segundo os exemplos mostrados podemos perceber que estes estudos, a partir de um determinado momento (ex. 9 a 13), começam a mesclar diferentes articulações (legato e staccato). É importante que nas articulações staccato a coluna de ar se mantenha exatamente da mesma maneira como no legato, ou seja, constante e sem interrupção. A responsável pela articulação das notas no staccato é a língua. O staccato deve ser executado com o mesmo volume de som do legato (nem mais forte e nem mais piano), e da maneira mais leve possível, tendo sempre em mente que o staccato deve soar como se fosse um sino ou uma “bolinha de ping-pong”.

Na seqüência, aconselho o estudo das escalas, para o desenvolvimento da técnica, afinação e fluência em todas as tonalidades. Estas podem ser executadas de diversas maneiras seguindo diferentes modelos (ex. 14 a 16), e devem sempre ser executadas com os dois tipos de articulação, staccato e legato e em todas as tonalidades, maiores e menores. No trombone de vara a língua será usada para articular as notas tanto no legato (conforme artigo de minha autoria no Workshop da Revista Weril, edição 128), quanto no staccato. Nos instrumentos a pistão ou cilindros, o legato deverá ser executado sem o auxílio da língua já que não se faz necessário tal recurso nestes instrumentos. No legato, o exercício é executado em um andamento um pouco mais rápido para poder ser executado em uma única respiração.

A seqüência completa, incluíndo o aquecimento publicado no Workshop da edição 135, tem a duração de mais ou menos uma hora e trinta minutos e acredito que a partir da sua execução o instrumentista esteja preparado para um dia de trabalho ou de estudo. Lembro ainda, que para melhor aproveitamento dos exercícios é importante a orientação de um professor ou de pessoa habilitada. Assim evita-se incorreções na execução e o desenvolvimento de vícios, decorrentes da repetição sistemática de erros.

Procure também executar estes exercícios segundo dois princípios básicos:

Qualidade Total – não se permita erros ou falhas; pratique cada exercício com calma até executá-lo completamente “limpo” e com correção e só passe para o exercício seguinte quando o anterior estiver sendo executado com perfeição.

Estude de uma maneira musical – não se esqueça que você é um músico, e não um “operário de produção em série”, portanto pense em executá-los como se fossem parte de uma música ou de um concerto, da maneira mais musical possível, até mesmo para tornar o estudo mais interessante e prazeroso.


Antonio Henrique Seixas é trombonista da OSB e da Orquestra Tabajara e Professor da UFRJ.


Fonte: Publicado na Revista Weril n.º 138