A Forma da Adoração / Sobre Corpo e a Mente Humanas

A Influência da Música

por: Ronaldo Bezerra

Há por exemplo, tanta espécie de vozes no mundo, e nenhuma delas é sem significação.” – I Coríntios 14:10

Influência, etimologicamente, significa: ação que uma pessoa ou coisa exerce sobre outra. Ascendência, predomínio, poder.

Segundo alguns pesquisadores no assunto, a música afeta o caráter e a sociedade, pois cada pessoa é capaz de trazer para dentro de si a música que acaba influenciando nos pensamentos, nas emoções, na saúde, nos movimentos do corpo, etc. Portanto, diziam eles, cabe aos compositores serem morais e construtivos e não imorais e destrutivos em suas músicas.

A influência da música é tão grande, que ela atua constantemente sobre nós – acelerando ou retardando, regulando ou desregulando as batidas do coração, relaxando ou irritando os nervos, influindo na pressão sangüínea e no ritmo da respiração. É comprovado o seu efeito sobre as emoções e desejos do homem.

Enfim, a música exerce um poder muito grande sobre nós, podendo ser positiva ou negativa.

1. A Influência da Música Profana

Como já sabemos, a música é uma arma muito poderosa. Tudo o que não entendemos quando se é falado, musicalmente entendemos melhor, podendo também influenciar no comportamento para o bem ou para o mal.

Um exemplo bíblico de uma influência má (profana) da música, está registrada em Êxodo 32, quando então nesta ocasião foi criado um bezerro de ouro, surgindo um falso deus. Vendo o povo que Moisés tardava a descer da montanha, aglomeraram-se em torno de Arão dizendo-lhe: “Vamos, fazer um deus que anda a nossa frente!”(v. 1). Ocorreu nesse tempo uma falsa adoração.

…então exclamaram: Este é teu Deus, Israel, que te tirou da terra do Egito ! Vendo isto, Arão levantou um altar diante do bezerro de ouro e anunciou: Amanhã haverá festa em honra à Javé. No dia seguinte levantaram-se bem cedo, ofereceram holocaustos e trouxeram sacrifícios de comunhão. Então o povo sentou-se para comer e beber e depois levantaram-se para dançar.” (vs. 4 e 5).

Pelo fato de terem se levantado para dançar, subentende-se que havia música. A questão a ser observada é: que tipo de música estava sendo executada? Certamente não era uma música que glorificava a Deus e influenciava positivamente as pessoas.

Ora, ouvindo Josué o vozerio do povo que gritava, disse a Moisés: Há um clamor de guerra no acampamento. Respondeu Moisés: Não é clamor de anúncios de vitória, nem clamor de gritos de derrota. O que ouço é ressoar de cânticos.” (vs. 17 e 18).

Esta influência foi tão negativa que o povo chegou ao ponto de, desesperadamente, despir-se. “Moisés viu que o povo estava desenfreado (despido – versão corrigida); pois Arão lhes tinha soltado as rédeas, expondo-os às zombarias dos seus adversários.“(vs. 25).

Nos dias atuais, essa história se repete. Em shows musicais, nas discotecas, nos carnavais, trios-elétricos, etc, a influência da música tem sido trágica ao ponto de conduzirem pessoas à depressões, tristezas, alcoolismo, drogas, sexo desenfreado, orgias, morte, etc.

Diante destas realidades, podemos definir a música profana, como uma música imoral. Algumas de suas características são:

  • nos afastam da adoração à Deus;
  • não possuem princípios corretos;
  • quebram os princípios da sociedade;
  • levam aos fracassos, a rebeldia, as imoralidades, divórcios, adultérios, suicídios, etc;
  • estimulam a justiça do próprio homem;
  • levam uma adoração à Satanás.

Um do maiores projetos do diabo é “jogar lixo” em nossa mente. Sabendo que a música é um veículo de grande influência, ele usa este artifício para atingir as pessoas. O diabo é astuto e quer nos afastar da verdadeira adoração à Deus. Somos cegos quando não enxergamos que o diabo está preparando este terreno sutil através da música, e é isso o que ele tem feito com muitas pessoas – “O deus deste século cegou o entendimento…” – II Coríntios 4:4.

O diabo com toda sua sutileza tem feito com que muitas pessoas pequem contra Deus, perdendo assim a comunhão com Ele. “Mas a prostituição, e toda impureza ou avareza, nem ainda se nomeie entre vós, como convém aos santos; nem palavras indecentes, nem coisas tolas e sujas, pois isto não convém à vós…” – Efésios 5:3-4 – A música mundana contém estas coisas mencionadas! Lembre-se, ela contém imoralidades!

Temos uma “convicção” contra a fornicação, a avareza, o adultério, mas será que teremos a mesma “convicção” quanto a estas músicas que apóiam estes tipos de pecados aos quais o texto se refere? Não devemos dar lugar ao diabo (Efésios 4:27) para trabalhar em nossa mente através da música.

2. A Influência da Música Divina

Vimos no tópico anterior, que a música profana possui uma forte influência sobre as pessoas. Neste ponto, vamos observar que a música divina exerce um poder mais forte que a profana. A inspiração vinda de Deus através da música, produz influências poderosas.

Características da música divina:

  • é uma música que nos leva à verdadeira adoração;
  • possui conteúdo moral, princípios e valores corretos que nos guiam a uma vida correta e íntegra;
  • nos leva e revela a presença de Deus;
  • produz curas, milagres, libertação, transformação de vidas, etc.

A Palavra de Deus nos mostra alguns exemplos do poder de influência da música ou do som cuja a inspiração está em Deus. Vejamos estes exemplos que se seguem:

  1. Davi expulsando um espírito mau, que fora enviado para atormentar Saul, apenas pelo toque ungido do seu instrumento – I Samuel 16:15-23.
  2. O tangedor, que ao tocar seu instrumento inspirado por Deus, influenciava o profeta Eliseu para profetizar, e assim, abençoar todo um povo com a palavra viva vinda dos céus – II Reis 3:15-17.
  3. O livramento de Deus para o povo de Israel nos dias do rei Josafá, que diante de uma grande multidão de inimigos puseram-se a cantar e louvar ao Senhor. Resultado disso: destruição completa dos inimigos – II Crônicas 20:22.
  4. As cadeias e grilhões que prendiam Paulo e Silas são desfeitas mediante o cântico inspirado em Deus e em suas promessas – Atos 16:25-26.

Portanto, se há poder de influência na música profana, quanto mais na música inspirada pelo Todo Poderoso em Sua Palavra! Veja a qualidade da música divina:

Porque, andando na carne, não militamos segundo a carne. As armas (música) que usamos na nossa luta não são do mundo, porém são armas poderosas em Deus, para destruição das fortalezas; destruindo os conselhos e toda a altivez que se levanta contra Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo” – II Coríntios 10:3-4. A música divina é uma arma poderosa!

3. Reflexão

Porque muitas vezes, hoje em dia, a música profana tem exercido um poder maior que a música divina no contexto cristão? Muitas vezes perdemos a oportunidade de estarmos sendo ministrados e influenciados pela música divina, dando lugar a música profana.

Porque, também, nos dias atuais não tem acontecido milagres de acordo com os quatro exemplos que acabamos de ver? Infelizmente, muitas inspirações que temos, não são buscadas em Deus, assumimos uma posição cômoda de acoplarmos inspirações que já existem no mundo, limitando assim a atuação do poder de Deus.

Não devemos e nem necessitamos buscar inspirações e melodias da “Babilônia” (mundo)! Em Isaías 52:11, Deus nos orienta: “Meu povo, saia da Babilônia…”

Nós músicos, não devemos estar tentando alcançar o nível musical da Babilônia. Eles são os que tem que buscar o nosso nível ! Considere o Salmo 137:3 – “pois aqueles que nos levam cativos nos pedirão canções, e os nossos opressores, que fossemos alegres, dizendo: “Entoai-nos alguns cânticos de Sião“.

Nesta ocasião, quando o povo de Israel foi levado cativo para a Babilônia, vemos que os israelitas não estavam se “contaminando” com as músicas dos babilônios para ver o que podiam “aprender”, ao contrário, os babilônios queriam escutar as melodias de Israel porque eram famosas no mundo inteiro. A nossa música deve ser um testemunho às nações (Salmos 40:3).

Assim deve ser ! Uma música com unção profética que transforme vidas, que se escuta nas nações, que exalta a Jesus, para que, como resultado, as pessoas venham até Ele. Esta é a música que temos tocado nestes dias?

Hoje em dia, existe muita “impotência” na igreja especificamente na área da música. Porque esta “impotência”? Vamos responder usando quatro pontos a serem considerados:

  • Faltam profetas;
  • Falta conhecimento do Poder e da Palavra de Deus (Mateus 22:29);
  • Falta unidade da Igreja dentro da visão de Deus;
  • Por aquilo que estamos permitindo entrar em nossa vida (influência).

4. Conclusão

Podemos concluir observando algumas coisas:

  1. Amós 6:3-5
    “…que cantais a toa…”- não devemos fazer mau uso da música.
  2. Isaías 52:11
    A música é um dos utensílios que Deus tem nos dado. Devemos nos separar das coisas imundas e nos purificar, porque estamos responsáveis em utilizar estes utensílios (música) do Senhor.
  3. Tiago 3:11-12
    Existe uma fonte que flui de dentro de cada um de nós. Que tipo de fonte está fluindo em sua vida? Não podemos permitir que “fluam outros tipos de fontes” em nossa vida.
  4. I Coríntios 10:20-21
  5. II Coríntios 6:14-18
  6. Filipenses 4:8
    No original grego, a frase “nisso pensai” significa: “isto ocupe a sua mente por todo o tempo.”
  7. Colossenses 3:1-4
    “… pensai nas coisas que são do alto, não nas que são da terra …”. Não devemos perder tempo buscando coisas que não estejam relacionadas com o Reino de Deus.
  8. Romanos 12:2
    A palavra “conformeis”, no seu original grego, significa: “Tomar forma de”. Não devemos tomar a forma, o estilo ou a tendência que o mundo nos oferece.
  9. I Pedro 1:14-16
    Não devemos nos amoldar às antigas paixões quando éramos ignorantes, mas devemos ser santos (separados) em tudo o que fazemos.
  10. Romanos 8:1-17; I Coríntios 2:12; Gálatas 5:16-25
    Viver no Espírito, é viver em santidade não somente na conduta e nas palavras , mas também naquilo que ocupa nossos pensamentos no dia-a-dia.

O assunto tratado com relação a música neste tema, tem produzido muita discussão entre nós cristãos. O nosso objetivo quando tratamos deste tema, não é causar maior polêmica além da que já existe, e sim esclarecer a luz da Palavra de Deus o que ela nos mostra em relação a estas coisas.

Muitos neste momento, devem estar perguntando: Quer dizer então que não devemos ter contato com a música secular? Não podemos escutá-la?

Para responder estas perguntas vamos refletir numa outra pergunta:

Em verdade, queremos ser cheios do Espírito Santo? Paulo nos orienta em Efésios 5:18c, a seguinte verdade: “…mas enchei-vos do Espírito.”

Como podemos ser cheios do Espírito Santo tendo a nossa mente ocupada com coisas que não são do Espírito? No mesmo livro de Efésios 4:27, Paulo diz: “Não deis lugar ao diabo”, em outras palavras, não devemos dar lugar ao diabo em nosso pensamento e em nossa vida e também com aquilo que escutamos.

Entristecemos o Espírito Santo (Efésios 4:20) quando nos contaminamos com outras “fontes” contrárias a sua vontade e o seu desejo para nós. Quando existe uma outra fonte fluindo em nossa vida, o Espírito Santo não pode fluir sua fonte através de nós.

Necessitamos examinar e esvaziar outras fontes que estão fluindo em nós, e permitir que o Espírito Santo nos encha, fluindo sua fonte de águas vivas através de nossa vida. Não necessitamos da “água do mundo”, porque temos uma água que é viva e quando experimentarmos jamais voltaremos a sentir sede.

Saiba que a música divina, é uma música de adoração ao único que é digno de ser adorado – Jesus. Quando experimentamos desta “água” ou “música” e vemos os seus resultados em nossas vidas, jamais nos envolveremos com um outro tipo de música que não nos levará a lugar algum.

Mediante a tudo o que aprendemos, fica para nós a decisão da escolha da “nossa fonte”. Fonte Divina ou Fonte Profana? Sejamos sensíveis, sábios, equilibrados, prudentes e deixemos que o Espírito Santo nos ensine todas as coisas.


Fonte: Publicado originalmente em http://www.evangelicos.com/artigos/ronaldob05.shtml


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