Som Intenso Provoca Perda de Audição

por: Sociedade Brasileira de Otologia

A exposição a sons intensos é a segunda causa mais comum de deficiência auditiva. Muito se pode fazer para prevenir a perda auditiva induzida por ruído, mas pouco pode ser feito para reverter os danos que ela causa. Algumas vezes, uma simples e única exposição a um som muito intenso pode ser suficiente para levar a um dano auditivo irreversível. Isso ocorre porque o som de alta intensidade lesa as células sensoriais auditivas, causando perda auditiva proporcional ao dano gerado, podendo levar a zumbidos e distorção sonora.

Os sintomas iniciais da perda auditiva induzida por ruído são sutis, começando, na maioria dos casos, pelas freqüências agudas. Conseqüentemente muitas pessoas não percebem que apresentam uma perda auditiva induzida por ruído, pois todas as outras freqüências sonoras estão dentro da normalidade, e continuam se expondo a ele por falta de orientação ou conhecimento.

Ao contrário do que muitos imaginam, a exposição a sons intensos não atinge somente profissionais que trabalham em locais com elevado nível de ruído, como indústrias ou aeroportos, mas pode acontecer numa variedade de situações, que são muito freqüentes no dia-a-dia da maioria das pessoas.

Para se ter uma ideia comparativa da intensidade sonora de algumas situações/ambientes, colocamos numa tabela alguns sons ambientais aos quais nos expomos habitualmente:

Fonte Sonora Intensidade Sonora
em Decibéis
 (nível de pressão sonora)
Arma de fogo 130-140
Concerto de “rock” 110
Serra elétrica
Furadeira pneumática
100-105
Pátio do Aeroporto
Internacional do Rio de Janeiro
(medição fornecida pela Infraero)
80-85
(dosimetria – 8h)
Tráfego pesado 80
Automóvel
(passando a 20 metros)
70
Conversação a 1 metro 60
Sala silenciosa 50
Área residencial à noite 40
Falar sussurrando 20

Tempo de exposição máxima
por dia, em horas
Nível sonoro em decibéis
8 85
6 92
4 95
3 97
2 100
1 1/2 102
1 105
1/2 110
< 1/4 (menos que 15 min.) 115

Como se pode notar na tabela de intensidade sonora, a exposição a sons intensos ocorre com muito mais freqüência do que se imagina.

Uma pessoa não pode permanecer em um ambiente com atividade sonora de 85 decibéis (dB NA) de intensidade por mais de oito horas. Esse tempo cai para quatro horas em lugares com 90 dB NA; duas horas em locais com 95 dB NA; uma hora aonde a intensidade chega a 100 dB NA. Dependendo do período de exposição, sons de intensidades superiores a 85 dB NA podem causar um infortúnio de dupla perversidade, pois ao mesmo tempo em que comprometem nossa capacidade auditiva para sons ambientais, normalmente agradáveis e prazerosos, nos incute um ruído intrínseco, contínuo, e não raramente desesperador: o zumbido.

Alguns estudos mostram que a chance de um indivíduo desenvolver perda auditiva quando exposto a ruídos de 90 decibéis (dB) durante 40 anos é de 25%. Isso sem levar em consideração que apenas um único som acima de 100dB pode lesar irreversivelmente as células sensoriais de pessoas suscetíveis. Essa intensidade sonora é facilmente atingida em cinemas, danceterias, shows musicais, comemorações com fogos de artifício, que fazem parte dos hábitos comuns da vida cotidiana.

Algumas dicas podem ser seguidas para saber se você está, ou esteve, em um ambiente com intensidade sonora potencialmente lesiva à sua audição:

  • se há necessidade de gritar em um determinado ambiente para se fazer ouvir;
  • se zumbidos ocorrem após exposição a um som intenso
  • se a sensação de ouvidos cheios ou de diminuição de audição aparece após a exposição sonora.

Portanto, se você já experimentou essa situação ou está exposto habitualmente a sons intensos, a Sociedade Brasileira de Otologia (SBO) e a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) recomendam que procure um médico otorrinolaringologista para avaliação e acompanhamento de sua saúde auditiva.


Fonte: Saúde Auditiva