Perda Auditiva Induzida Pelo Ruído (PAIR)

por: Josemar da Silveira Reis

Pretendo abordar um tema bastante atual. No entanto, sinto necessidade de exaltar em bom tom minha imensa admiração pelo agradável som musical, seja o clássico popular, seja o clássico mais tradicional, como também o popular clássico.

Entendo a música como o elo mais antigo de interação entre os seres humanos, estando presente na vida diária das pessoas, desde a mais distante antiguidade, assumindo importante função de comunicabilidade.

Entendo a música como um som agradável, e ao ouvi-la, sempre associamos a fatos e momentos marcantes em nossas vidas. Todavia, quando usada de forma e sonoridade intensa, pode transformar em prejuízo importante para a nossa audição.

É exatamente esta última afirmativa, ruído intenso, que quero considerar como tema merecedor de estudo neste trabalho.

Na década de 60, apogeu da transformação sofrida pela musica no Brasil, pelo estilo musical rock-and-roll, surgiu uma preocupação geral por parte dos otorrinolaringologistas, com a ocorrência de Perdas Auditivas Induzidas por Ruídos (PAIR), causados por atividades sonoras excessivamente amplificadas nos ambientes de lazer. Entre esses ambientes, podemos citar a freqüência às discotecas, ou locais de reunião dos jovens com exposição auditiva à música gerada ou amplificada por sonorização elétrica, seja ao vivo (que vai agredir com mais intensidade o nervo auditivo (VIII par) dos músicos, ou através de DJ, como também o uso de walkman.

As definições dos níveis sonoros a que são expostos os freqüentadores destes ambientes já foram estudadas no sentido de esclarecer, sob o ponto de vista auditivo, os limites mais saudáveis para esta exposição.

No Brasil foram realizados estudos em ambientes sonoros de alta freqüência, seja em ambientes de lazer, como acima referido, como também em lavanderias mecânicas, ambientes industriais com ruídos permanentes. Em todos eles destacou-se a importância fundamental da criação e implantação de Programas de Conservação Auditiva (PCA), para pessoas expostas, não somente a ruídos industriais, mas também com insistência, a ambientes com músicas eletronicamente amplificadas nos locais de lazer.

Além dos níveis de pressão sonora (NSP) nestes ambientes, também o tempo de exposição causa perda auditiva, comprovada através de avaliação auditiva. Podem estar associadas, concomitantemente, a outros sintomas como zumbidos, tonturas, sensação de plenitude auricular, alterações no sistema cardiovascular, gástrico, mudanças de humor, estresse e irritabilidade.

A pesquisa científica sobre este estudo considera que os Níveis de Pressão Sonora (NPS) elevados podem ser prejudiciais, especialmente à audição, recomendando aos freqüentadores de tais ambientes, profissionais ou não, o exame de audição – Plano de Controle da Audição (PCA) – em intervalos de 06 meses a 01 ano, de acordo com a freqüência de exposição, para observar susceptibilidade e conseqüente aplicação de medidas preventivas à instalação da Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR).

Para melhor exemplificar a pesquisa, autores encontraram 47% de Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR) em músicos profissionais que trabalham com instrumentos musicais eletronicamente amplificados, principalmente em ambientes de lazer, fechados, por lesão coclear (células ciliadas externas).

É um alerta importante, alto e em bom tom.


Bibliografia

Caldas, N. Lazer como risco à saúde auditiva. 1997.

Celani AC; Costa Filho, AO: O ruído em ambiente de lazer para crianças e jovens. Pró-fono – 1991

Jorge, J. Jr. Avaliação dos limites auditivos de jovens e sua relação com hábitos de exposição à música eletronicamente amplificada.Tese de Doutorado.USP. 1993.

Toledo, R.N; Santos, R.P; Fukuda,Y. Medida do nível de ruído produzido por aparelhos eletro-eletrônicos. 1999


Fonte: http://www.afm.org.br/