Algumas Importantes Observações Quanto à Música

por: Gilberto Theiss

Uma das questões que têm sido levantadas em nossos dias na área musical dentro da teologia é a seguinte: de fato, qual a influência e o poder que a música exerce sobre o ser humano? Este artigo tentará responder a esta pergunta, tratando a questão apenas de ponto de vista puramente espiritual.

Antes de prosseguirmos, precisamos entender 5 questões fundamentais para que possamos compreender este grande conflito envolvendo a música, seja ela religiosa ou não:

1º – Satanás era quem cuidava da música no céu.

2º – Ele quem ensinava a música.

3º – Ele quem ministrava até mesmo os instrumentos.

4º – Abaixo de Deus era a maior autoridade neste assunto.

5º – Quando ele se transformou em pecado, o dom musical que ele possuía também sofreu esta transformação, porém também para o pecado.

Por causa desta transformação, um de suas principais armas em seu plano para enganar a humanidade hoje é transformar a música pura e sacra em músicas que afastem a Deus dos pensamentos dos Seus filhos.

“Os anjos associaram-se a Adão e Eva em santos acordes de harmoniosa música…Satanás ouviu o som de suas melodias de adoração ao Pai e ao Filho. E quando Satanás o ouviu, sua inveja, ódio e malignidade aumentaram, e ele expressou a seus seguidores a sua ansiedade por incitá-los a desobedecer, atraindo assim sobre eles a ira de Deus e mudando os seus cânticos de louvor em ódio e maldição ao seu Criador.”– Ellen White, História da Redenção, p. 31.

Tudo o que este anjo possuía em matéria de talentos e dons, ele transformou em puro ódio e maldição. A partir da entrada do pecado, a cultura celestial que existia no Éden foi mudada, e uma nova cultura passou a imperar sobre este planeta. Não podemos nos esquecer que, após a queda do homem, Satanás é considerado o “príncipe deste mundo” (João 12:31; 14:30; 16:11). Dentro desta cultura satânica implantada neste mundo após a queda, surgiram também as culturas musicais provenientes de Satanás. Por esta razão temos que ter muita cautela para não adotarmos a cultura como norma, acima do princípio bíblico, mas antes, fazê-la passar pelo filtro da palavra de Deus.

Analisemos alguns possíveis efeitos significativos da cultura musical implantada neste mundo pelo anjo caído sobre nosso estado, tanto mental quanto espiritual.

Possíveis efeitos da música secularizada sobre a mente e a espiritualidade:

  • Pode tornar-te um cristão superficial.
  • Pode alterar o comportamento humano.
  • Pode abrir as portas da vida para os demônios.
  • Pode fazer com que você se perca o domínio próprio e o discernimento espiritual das coisas.
  • Pode corromper o paladar auditivo.

Alguns exemplos de músicas mundanas e suas conseqüências

  • Rock
  • Funk
  • Sertanejo
  • Pagode ou samba

Segundo Martin Claret, a música é o mais poderoso instrumento de implicações morais:

“Quer abertamente, ou de maneiras sutis, que se comunicam do subconsciente para o subconsciente, os músicos sempre expressam, o nível de harmonia ou desarmonia psicológica que têm dentro de si.” – Martin Claret, O Poder da Música, p. 103.

“A música transfere os elementos da consciência do autor para os ouvintes. Portanto pelas artes tonais haverá implicações morais.” – Martin Claret, O Poder da Música, p. 99.

Alguns conselhos bíblicos a respeito.

  • “Cantai louvores a Deus, cantai louvores; cantai louvores ao nosso Rei, cantai louvores. Pois Deus é o Rei de toda a Terra; Cantai louvores com inteligência.” (Salmo 47:6,7)

Neste verso, o salmista nos orienta que música é uma questão de inteligência e sabedoria e não de sentimentos. Muitos escolhem uma música devido a reação aparentemente boa que ela dá, mas lembremo-nos de que nossas emoções também foram maculadas pelo pecado e por isso não podem servir de base para definir o que é bom e o que não é. Nossas escolhas devem ser baseadas pela vontade de Deus apenas. Notemos com atenção o texto seguinte:

  • “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” (Romanos 12:1-2)

Este texto esclarece ainda mais a questão da adoração através da mente, ou seja, o “culto racional”. Além disso, enfatiza que, somente quando meu entendimento (isto é, minha mente) estiver transformado, aí então poderei experimentar a vontade de Deus em minha vida.

  • “Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos, porque não ouvirei as melodias dos teus instrumentos.” (Amós 5:23)

Assim como no passado, existem algumas condições para que nossos louvores sejam ouvidos e aceitos por Deus. Portanto é necessário que, ao recebermos a luz acerca do que Deus espera em nosso louvor a adoração musical, que cumpramos Sua vontade e não aquilo que achamos, ou o que agrada ao nosso gosto pessoal. A Bíblia tem respostas suficientes para sabermos escolher melhor a música que usamos com o objetivo de adorar a Deus. Portanto busquemos essas respostas com humildade e com a orientação do Espírito de Deus e com certeza as encontraremos.

  • “Cantai ao Senhor um cântico novo.” (Salmos 96:1)

Nove vezes a Bíblia fala em cantar “um novo cântico”. Sete vezes essa frase ocorre no Velho Testamento (Salmos 33:3; 40:3; 96:1; 98:1; 144:9; 149:1; Isaías 42:10) e duas vezes no Novo Testamento (Apocalipse 5:9; 14:2). Mas não se trata aqui de uma ordem para cantarmos somente composições que acabaram se ser criadas. Trata-se de cantar uma nova experiência, na qual é possível louvar a Deus com um novo significado.

No Novo Testamento a palavra grega traduzida por “novo” é kainos, que significa novo em qualidade e não em tempo. O segundo significado é expresso pela palavra grega neos. O Theological Dictionary of the New Testament (Dicionário Teológico do Novo Testamento) claramente explica a diferença entre as duas palavras gregas neos e kainos. “Neos é o que é novo no tempo ou origem…. kainos é o que é novo em natureza, diferente do habitual, impressionante, melhor que o velho”.

Cantai ao Senhor um cântico novo, significa que os velhos cânticos devem ser deixados. Cantai ao Senhor um cântico novo de uma nova vida, de um novo coração, de uma nova mente, de novos valores, novos princípios e não cânticos velhos e mundanos cheios de uma cultura imposta por Satanás.

“Adejam anjos em torno de uma habitação além. Jovens estão ali reunidos, ouvem-se sons de música em canto e instrumentos. Cristãos acham-se reunidos nessa casa; mas que é que ouvis? Um cântico, uma frívola canção, própria para o salão de baile. Vedem, os puros anjos recolhem para si a luz, e os que se acham naquela habitação são envolvidos pelas trevas os anjos afastam-se da cena. Têm tristeza no semblante. Vede como choram! Isto vi eu repetidamente pelas fileiras dos observadores do sábado…” – Ellen White, Mensagem aos Jovens, p. 295

Ellen White apresenta nesta declaração que a música é um conflito não só na mente humana, mas também um conflito espiritual. E não poderia ser diferente, uma vez que a mente humana é o campo desta guerra entre o bem o e mal. Cada escolha feita, cada decisão tomada é uma batalha, que será vencida por Deus ou pelas hostes do mal. O fato de os anjos recolherem para si a luz que deles irradiava demonstra claramente a natureza espiritual deste conflito, demonstrando também qual dos lados estava vencendo aquela batalha específica.

O que podemos dizer das músicas apresentadas em nossas programações atualmente? E das músicas ouvidas em nosso quotidiano? Se pudéssemos ver o invisível, qual seria o semblante dos anjos ao nos contemplarem, enquanto executamos as músicas que estamos acostumados a ouvir?

“Satanás não faz objeções à música, uma vez que a possa tornar um caminho de acesso à mente dos jovens.” – Ellen White, Mensagens aos Jovens, p. 295.

Satanás foi o responsável pela música no céu, (Ezequiel 28:13) e, infelizmente, tem sido o responsável pela música que entra em nossas casas.

“…E quando Satanás o ouviu, sua inveja, ódio e malignidade aumentaram, e ele expressou a seus seguidores a sua ansiedade por incitá-los  a desobedecer, atraindo assim sobre eles a ira de Deus e mudando os seus cânticos de louvor em ódio e maldições ao seu Criador.” – Ellen White, História da Redenção, p. 31

É possível que a música, mesmo a música religiosa, que entra em nossos lares esteja mais satisfazendo aos gostos de Satanás do que de Deus. Esta não precisa ser uma regra geral. Certamente, não é a vontade de Deus que isso ocorra entre Seus filhos. Como tem sido as tuas escolhas musicais? Quais sons tem alimentado a tua mente? São sons que alimentam e excitam a natureza carnal, ou sons que alimentam e elevam a natureza espiritual?

Dois riscos de se falar de música

1º – Critérios baseados no gosto pessoal

2º – Tentar mostrar às pessoas que deve-se mudar o gosto musical. (Salmos 96:1)

Tratar do assunto de música em nossos dias pode custar muito desgaste devido a estes dois riscos, o gosto pessoal das pessoas e da necessidade de mudar os próprios gostos.

São poucos os que estão dispostos a sacrificar seus gostos. Quando entregamos nossa vida a Cristo, isto implica em uma nova percepção do mundo, englobando todas as áreas da vida. Muitas coisas precisam mudar e muitos gostos também, mas uma grande maioria dos professos filhos de Deus não leva em consideração a mudança que também é necessária nos gostos musicais. Estes também deveriam ser refinados e aguçados, colocados em consonância com os princípios divinos do verdadeiro louvor. Precisamos treinar nosso gosto ao ambiente celestial, adquirindo uma apreciação pelas verdadeiras músicas que realmente traçam a linha de nosso ser com o céu.

4 critérios para escolher uma boa música

1º – Letra – Mensagem que esta música transmite, porque elas são gravadas na mente do ouvinte.

“Poucos meios há eficientes para fixar Suas palavras na memória do que repeti-las em cânticos. E tal cântico tem maravilhoso poder. (…) É um dos meios mais eficazes para impressionar o coração com as verdades espirituais. Quantas vezes à alma oprimida duramente e pronta a desesperar, vêm à memória algumas das palavras de Deus – as de um estribilho, há muito esquecido, de um hino da infância – e as tentações perdem o seu poder, a vida assume nova significação e novo propósito, e o ânimo e a alegria se comunicam a outras almas!” – Ellen White, Educação, pág. 166, 167.

2º – Ritmo – Toda música tem ritmo, mas nem todo ritmo é saudável a mente. Por esta razão veja algumas considerações importantes a respeito do ritmo:

“A música saudável pode ser alegre ou reflexiva, mas nunca coloca o ritmo em uma posição mais importante que a mensagem. Quando uma música mexe mais com o corpo do que com o coração, torna-se perigosa.”& – Erton Kohler, RA – Agosto de 2006, Pág. 19.

“O elemento que mais facilmente caracteriza uma música é seu ritmo. Alguns acham que a Igreja tem preconceito para com o ritmo. A igreja canta suas mensagens, e estas possuem ritmo. Só que há ritmo que caracteriza o sensual, o profano, e com estes devemos recusar cantar de nossa fé. Se é a isso que chamam de “preconceitos a ritmos”, então devemos ter, e muito” – Jorge Mário de Oliveira, Artigo: Melodia, Ritmo e Harmonia.

“Na atualidade, o elemento musical muito explorado na música popular é o ritmo. Seu efeito sobre o físico e a mente são marcantes pelo fato de que o ser humano é um ser rítmico (o pulsar do coração, a respiração, o andar e falar). Após uma contínua repetição de uma mesma célula rítmica por um período relativamente longo de tempo, a mente ficará relaxada e entorpecida. Isto favorece um estado de hipnose, como acontece nos cultos de Candomblé e nos espetáculos de rock. A música em que o elemento rítmico é predominante, agirá como intoxicador que em si não leva uma pessoa a praticar ato algum, porém diminui a sua resistência ao impulso de praticá-lo.” – Pr. e Prof. Dario Pires de Araujo – Artigo: Parâmetros para a Escolha de Música Sacra.

3º – Autor ou cantor – Quando eu gosto de uma música, tenho a tendência de admirar o cantor.

“É lei, tanto da natureza intelectual como da espiritual, que, pela contemplação, nos transformamos. O espírito gradualmente se adapta aos assuntos com os quais lhe é permitido ocupar-se. Identifica-se com aquilo que está acostumado a amar e reverenciar.” – Ellen White, O Grande Conflito, pág. 555.

Tendo em mente o texto acima, vemos a importância de darmos atenção indevida a estes agentes humanos e, com isso corrermos o risco de adquirirmos característica pessoais dele e não de Jesus . As características do cantor de seu comportamento, caráter e ideias se transferem, por conta desta lei do mundo espiritual, aos seus ídolos ou admiradores.

4º – Reação sua para com a música – Ela pode fazer desenvolver bons comportamentos, mas também pode desenvolver maus comportamentos.

“A história dos cânticos da Bíblia está repleta de sugestões quanto aos usos e benefícios da música e do canto. A música, muitas vezes, é pervertida para servir a fins maus, e assim se torna um dos poderes mais sedutores para a tentação. Corretamente empregada, porém, é um dom precioso de Deus, destinado a erguer os pensamentos a coisas altas e nobres, a inspirar e elevar a alma. (…) Tem poder para subjugar as naturezas rudes e incultas; poder para suscitar pensamentos e despertar simpatia, para promover a harmonia de ação e banir a tristeza e os maus pensamentos, os quais destroem o ânimo e debilitam o esforço.” – Ellen White, Educação, p. 166, 167

Considerações finais

O relato Bíblico nos diz, em Êxodo 32, que Moisés subiu para buscar as tábuas de pedra que selavam o concerto de Deus com Seu povo. O povo, preocupado com a demora de Moisés pediu a Arão que fizesse um deus para guiá-los e ele fez  um bezerro de ouro. Josué disse a Moisés: Ouça sons de guerra. Moisés respondeu: Não, são cantos de orgia. Eles estavam adorando um bezerro, cantando orgias e dançando.

Este mesmo povo havia dito, há poucos dias atrás que “Tudo o que o Senhor tem falado, faremos.” (Êxodo 19:8) Agora, abandonando e desprezando o concerto que havia acabado de ser feito, afastaram-se de Deus, elegendo diante de si outros deuses. A conseqüência direta foi que:

  • A música naquele dia foi capaz de levá-los aos pés de Satanás.
  • A música naquele dia foi capaz de levá-los à prostituição.
  • A música daquele dia foi capaz de levá-los ao adultério.
  • A música daquele dia foi capaz de levá-los ao mais baixo nível moral.
  • A música daquele dia foi capaz de levá-los para as trevas.
  • Através da música, Satanás teve total controle sobre suas mentes.

Trazendo para nossos dias, de maneira apenas ilustrativa e figurativa poderíamos dizer que o grito de guerra de Satanás seria o mesmo dos bailes funks da atualidade, “TÁ TUDO DOMINADO”. A música tem o poder de elevar, santificar, fortalecer, de nos aproximar de Deus, mas também tem o poder para corromper o caráter, enfraquecer a moral e de nos afastar de Deus colocando o ser humano sobre o domínio do inimigo das almas.

Ellen White diz que ela viu uma cena, relatada em Mensagens aos Jovens, p. 295. Veja esta fascinante declaração da mensageira do Senhor:

Vi Satanás plantando sua bandeira nos lares dos que professam ser os escolhidos de Deus; mas os que andam na luz devem ser capazes de discernir a diferença entre a negra bandeira do adversário e a bandeira manchada de sangue, de Cristo. – Ellen White, Testimonies, vol. 4, p. 200; Serviço Cristão, p. 209.

A pergunta que surge é: No tema abordado aqui, que tipo de bandeira tem você plantado em seu lar, em sua sociedade e em sua igreja?