Uma Vida de Louvor – Sikberto Renaldo Marks

por: Sikberto Renaldo Marks

“Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo; alegrai-vos” (Filipenses 4:4).

Introdução

Conheço uma família que anos atrás passou por uma provação muito difícil. Tudo se iniciou numa sexta-feira pela manhã. Haviam decidido que daquela sexta-feira em diante cessariam as atividades seculares umas duas horas antes do por do sol. Nesse tempo aguardariam o santo dia, reunidos, ouvindo música solene de louvor (não música gospel é evidente). Mas de repente o mundo desabou.

Foi um telefonema do fórum local. Era uma notificação da justiça, havia um processo que o governo estadual movia contra o casal, no ano 2000, no valor de um pouco mais de cem mil reais. A questão surgira por causa de outra pessoa.

Que dia terrível foi esse para esta família. O pior de todos os dias que já haviam passado. Procurando entender do que se tratava, foram a advogados, etc., e a situação parecia só piorar. Justo naquele dia em que queriam realizar o melhor culto de pôr de sol de todos os tempos da família. Por quê isso? Que tragédia!

Sabe o que aconteceu com o plano de pôr de sol? Ele foi feito como planejado. Do momento do culto em diante, até findar o sábado, o terrível problema foi como que apagado da mente. Ele simplesmente desapareceu. Aquele foi, contraditoriamente, o melhor sábado de todos os tempos. Que sábado com DEUS aquela família pôde desfrutar. Ele estava ali, eles sentiram a Sua presença. O louvor substituiu a angústia.

Levou dois anos e oito meses para que tudo fosse resolvido. Nesse tempo todo o crisol torturava, mas o aprendizado da bondade de DEUS foi tão grande que valeu a pena o sofrimento.

Assim como aquele sábado fez um contraste oposto ao dos sentimentos da sexta-feira, assim também a vida na Nova Terra fará contraste com o sofrimento da vida nessa Terra. Prepare-se para desfrutar a vida que DEUS promete aos que O amam, algo que jamais aqui poderemos imaginar, tão maravilhoso será. O contraste será impressionante.

Moldura para o louvor

Parece coisa de louco alguém regozijar-se em situação contraria a esse estado emocional. Por exemplo, estando preso, e ainda assim, feliz. Sendo roubado, mas feliz. Estando muito doente, mas feliz. Perdendo um ente-querido, e ainda assim, feliz.

Como pode ser isso? Parece muito contraditório. Quase dá vontade de dizer que essa pessoa está fora de seu juízo normal.

Mas, por outro lado, se tal coisa é possível admitamos, a vida, num caso assim, é bem melhor, não acha? O que pode derrubar o bom humor de alguém assim? Será uma pessoa sempre otimista e esperançosa. Ou um pessimista, ou um desesperançado pode ser feliz? Não pode!

Ora, se a pessoa é feliz, é porque tem motivos. Não há a menor possibilidade de regozijo sem ter alguma esperança. E é ai que está a explicação da aparente contradição de ser feliz em uma situação ruim. O cristão que segue a CRISTO de verdade sempre terá motivos para regozijo, como diz em Filipenses 4:4. Essa será uma felicidade pela fé. Quem tem fé sabe que há um futuro bom lhe aguardando. Sabe que JESUS vai voltar, e que será levado para um lugar maravilhoso, onde terá vida eterna, e onde nunca mais necessitará ter preocupações. Saber disso, ter certeza disso, mesmo em meio às adversidades, dá motivos para ser feliz. É a esperança do poder da fé, esperança no cumprimento das promessas de DEUS que fazem com que, mesmo nas maiores dificuldades, sejamos felizes. Um dia essa situação de ambiente de pecado vai passar. Tudo irá mudar.

Para os nossos dias, ainda maior é o motivo para se ser feliz embora sejam grandes as dificuldades. É que temos consciência de estarmos nos dias finais nessa Terra. Muitos de nós veremos JESUS vindo nas nuvens, não passando pela experiência da morte. São motivos para que sejamos otimistas. Tudo de ruim vai passar, e logo!

Orações que derrubam muros

O povo de Israel, 38 anos antes, havia decidido não conquistar a Terra Prometida, onde teriam leite e mel e riquezas abundantes. Agora, de volta, diante da pátria que DEUS lhes daria, novamente foram testados por igual situação. Antes haviam se atemorizado diante dos gigantes e das fortalezas das cidades. Agora DEUS os envia outra vez bem diante da cidade de Jericó, uma das mais bem fortificadas da região.

Ora, como iriam os israelitas conquistar uma cidade assim? Eles não eram um exército armado com equipamento, eles eram um povo em trânsito. Não eram especializados em derrubar muros, nem possuíam os recursos necessários para atacar uma cidade com altos muros e penetrar nela. Na verdade, do ponto de vista humano, essa seria uma cidade para cercar e mantê-la nessas condições durante meses, talvez mais de um ano, até que lá dentro chegassem à exaustão. Foi isso que o poderoso exército romano fez com a cidade de Masada.

Mas o que aconteceu a Jericó? A resistência da cidade durou sete dias, e no sétimo dia um poder sobrenatural entrou em ação. Substituiu o poder humano onde este era insuficiente. Eles foram levados por DEUS a silenciosamente olhar os enormes muros durante seis dias. Certamente tempo suficiente para se convencerem que não teriam capacidade de destruir aquela cidade. No sétimo dia rodearam a cidade por sete vezes, então conforme a ordem de DEUS, gritaram. Os muros da cidade ruíram, os defensores, perplexos, surpresos, confusos e atemorizados pelo poder de DEUS, foram vencidos facilmente.

Foi aquele grito que derrubou os muros? É evidente que não, se nem os Romanos com exército bem equipado conseguiram derrubar os muros de Masada bem depois. O grito foi a exclamação da vitória que DEUS lhes daria. Foi o grito da fé de que DEUS agiria, foi o grito de louvor a DEUS pela manifestação de Seu poder. Veja bem isto, o grito começou com fé que DEUS agiria e terminou com louvor porque DEUS já agiu. Os muros foram derrubados pela fé, crendo que DEUS faria algo, assim, Ele fez.

Seria hoje diferente? Ou a fé também pode derrubar muros enormes, de todo tipo, sempre que for necessário. Em muitas ocasiões é necessário confiar em DEUS, não em nós, para que grandes problemas sejam resolvidos pelo poder de DEUS, não pelo nosso, sempre insuficiente.

A vida de louvor

Agora sim o estudo ficou contraditório. Mas vamos tentar simplificar o assunto. O que a lição, baseada na Bíblia, está nos propondo? Veja bem, que O louvor seja um “estilo de vida”. Louvor mesmo em “tempos difíceis”. Acompanhe o raciocínio para entender melhor esse desfio.

No Céu, e nos planetas onde não há pecado, os seres perfeitos elevam louvor ao Se Criador com muita freqüência. E como deve ser glorioso o louvor nessas circunstâncias nos dias de sábado. O que acha?

Perceba outra coisa. Esses seres elevam louvor num estado de perfeição. Eles nunca enfrentam problemas.

Mais uma coisa, DEUS criou Suas criaturas para que O louvassem. O louvor para eles é de fato um estilo de vida. E é o seu maior prazer. Aqui na Terra nenhum ser humano é capaz de imaginar a sensação de felicidade que o louvor propicia aos seres celestes não caídos. E eles sabem o que estão fazendo. Eles amam seu Criador, e o louvor é a melhor forma de dizer isso a DEUS.

E aqui na Terra? Bem, o que a lição nos ensina é que devemos proceder tal qual as criaturas da perfeição, embora ainda não estejamos lá. Aos seres perfeitos é natural louvar a DEUS, e para nós deve se tornar também natural, embora não pareça. Enquanto estivermos em meio às conseqüências do pecado, o louvor não parecerá natural. Mas depois que estivermos salvos veremos o quanto foi proveitoso louvar a DEUS aqui na Terra.

O louvor se origina nos feitos de DEUS. Vemos a natureza, a beleza de tudo o que Ele fez. E nós mesmos, por existirmos, temos motivos para louvor. Aliás, nós aqui da Terra, embora em ambiente de pecado, temos ao menos um motivo a mais para louvar a DEUS que os seres perfeitos. Somos os únicos do Universo pelos quais JESUS morreu para nos salvar. Esse será o motivo porque cantaremos um cântico que os outros não poderão cantar pois eles nunca foram salvos. Até eles podem compor hinos em que cantam louvor a DEUS pela nossa salvação, aí tudo bem.

Então, o que é louvor? É cantar, tocar instrumentos, declamar poesias, adorar, alegrar-se, etc, em nosso DEUS, pelo que Ele é, pelo que fez e pela salvação que nos dará. Isso deve ser feito como Ele gosta, e Ele, DEUS, nos escritos, deixou bem claro como deve ser o louvor.

Aliás, hoje em dia entra na igreja um tipo de música que não é louvor. É até um dos sinais da proximidade do fim. A propósito, veja o que Ellen White escreveu a respeito. “Impossível é calcular demasiado grandemente a obra que o Senhor há de efetuar mediante os vasos por Ele designados na execução de Seu pensamento e propósito. As coisas que descrevestes como ocorrendo em Indiana, o Senhor revelou-me que haviam de ocorrer imediatamente antes da terminação da graça. Demonstrar-se-á tudo quanto é estranho. Haverá gritos com tambores, música e dança. Os sentidos dos seres racionais ficarão tão confundidos que não se pode confiar neles quanto a decisões retas. E isto será chamado operação do Espírito Santo.” (Mensagens Escolhidas, v. 2, p. 36)

Isso vem acontecendo nas igrejas pentecostais, e também, em grau um pouco mais discreto, na nossa. Os tambores hoje assumiram um aparelho que se chama “bateria”, que, para não aparecer, se toca em “play back”. O som é alto, para que a letra não seja raciocinada e para que os sentidos não funcionem bem, e para que os músculos sejam atiçados em lugar da mente. Embora a letra seja cristã, o que é ativado em maior intensidade são os músculos. E a Bíblia e as lições da Escola Sabatina já não são mais tão atraentes. Como satanás deseja, que o aprendizado sobre DEUS seja, quando muito, apenas superficial, um faz de conta, para manter a igreja morna. Aliás, sabe o que Lúcifer teve que levar junto ao ser expulso do Céu. A sua soberba e a sua música. Leia em Isaías 14:11: “derribada está na cova a tua soberba, também o som da tua harpa…” O som da música de Lúcifer também foi derribada!

DEUS tem orientações sobre o que é louvor a Ele, elas não estão mais sendo seguidas. O nosso hinário é uma boa coleção para o verdadeiro louvor, mas cada vez mais abandonado. Há letras que não cabem na melodia, mas os cantores fazem força para que seja cantada. A maioria não gosta, mas todos precisam ouvir. Dizer amém quando a música finaliza é mais no sentido do alívio pelo término do que um “assim seja”. Tirar as modas da igreja e a música gospel é um dos papéis da sacudidura, para que o ESPÍRITO SANTO possa ser derramado sobre uma igreja pura. Uma igreja que, mesmo na pior situação do pecado, erguerá puro louvor ao Céu e proclamará o “alto clamor” de Apocalipse 18:4.

Detalhe, música na igreja não é uma questão de gosto. É uma questão do que DEUS quer, não do que nós gostamos. Somos nós que nos devemos converter a DEUS, não Ele aos nossos gostos e hábitos.

Um testemunho convincente

Vamos imaginar a cena. Paulo e Silas espancados até sangrar. Com maus tratos jogados numa cela no interior de uma prisão imunda. Lá dentro, só criminosos, e eles, servos de DEUS.

Entre os criminosos, pensamentos de ódio, planos de fuga, desejo de vingança. Entre Paulo e Silas, pensamentos de gratidão a DEUS que resultaram em hinos de louvor. Quem estava em melhor situação? Os criminosos ou os servos de DEUS?

Os criminosos adicionavam ao sofrimento da falta de liberdade outro sofrimento, o de seus próprios pensamentos. Ódio não faz bem ao que o cultiva, nem ao que por ventura seja atingido por ele. Mas louvor sempre faz bem, seja em plena liberdade, seja numa prisão. Ele abranda o sofrimento, gera esperança, atrai o favor de DEUS. Podemos ter certeza de que as dores das chicotadas nos dois servos de DEUS foram suavizadas pelos hinos que eles mesmos cantavam.

Mas, há outra análise a fazer. O efeito do louvor sobre os demais presos. Eles talvez nunca tivessem ouvido uma serenata na prisão. E muito menos, cantada por dois outros presos. Estavam gostando tanto que escutavam atentamente a melodia e a letra de gratidão. Que momentos de prazer eles sentiam ali! Era bom demais. Nunca tal coisa havia acontecido num ambiente de prisão. Quem será que estava cantando tão belos hinos?

Repentinamente acontece algo que não aconteceria se não fosse o louvor, um forte terremoto. Todas as celas foram abertas. As correntes se afrouxaram, e todos estavam livres. Sim, a liberdade sorria a todos, mas ninguém fugiu. O cântico os embeveceu, queriam certamente ouvir mais, ver quem cantava, saber a respeito. Nenhum deles pensou em escapar.

A Bíblia relata o caso do carcereiro, não dos detentos. Não sabemos, mas na segunda vinda, talvez encontremos alguns daqueles criminosos, salvos, por aqueles hinos. Senão for assim, ao menos tiveram uma grande oportunidade e também momentos de alívio mental em suas ideias maldosas. Na pior das hipótese, ao menos isso.

Que acha, Paulo e Silas fizeram a coisa certa ou estavam doidos? Parece contraditório, mas se olharmos do ponto de vista celeste é bem o contrário, pois lá esse procedimento é o normal. Afinal, é assim como Paulo e Silas agiram que se vive melhor. E, pense mais um pouco, se esses dois resolvessem não louvar a DEUS naquele momento, teriam obtido a liberdade naquela noite? Teriam falado para a família do carcereiro sobre JESUS, motivo pelo que foram presos?

Uma arma eficaz

Josafá recebeu a notícia da aproximação de uma poderosa coalizão de exércitos inimigos. Uma grande multidão, impossível de resistir. Eram os amonitas, os moabitas e os moradores do monte de Seir. Vinham para destruir Jerusalém.

O que fez Josafá? Fez a cosia certa, recorreu a DEUS. Promoveu uma grande reunião para pedir socorro ao Senhor. Fizeram jejum e oraram. Na oração de Josafá ele disse: “Na Tua mão está a força e o poder, e não há quem Te possa resistir.” Essa menção se cumpriu. Ele disse mais: “em nós não há força para resistirmos a essa grande multidão…” (II Crônicas 20:6 e 12). Josafá reconheceu a grandeza de DEUS e a insuficiência de seus exércitos. Foi nessa postura que se abriram as portas para que DEUS pudesse socorrê-los. Quando nos reconhecemos pequenos então quem é grande pode nos ajudar.

Toda Judá estava em pé diante do Senhor. E ali mesmo o Senhor falou por intermédio de Jaaziel, dizendo que “não temessem, nem se assustassem por causa dessa grande multidão, pois a peleja não é vossa, mas de DEUS.” (II Crônicas 20:15). DEUS deu as instruções de como deveriam proceder. Deveriam ir encontrar-se com os inimigos, mas não para lutar, pois isso DEUS faria. Na verdade eles foram para juntar os despojos, nisso que levaram três dias, mais tempo que DEUS levou para desbaratar essa multidão de inimigos.

Foi então, diante da ameaça, que Josafá promoveu um grande louvor a DEUS. Num primeiro momento os levitas se dispuseram e louvaram ao Senhor em voz sobremaneira alta. No dia seguinte o rei comandou todo o povo em direção ao deserto de Tecoa e organizou os cantores na frente para que marchassem e cantassem ao Senhor.

O que aconteceu? Tendo eles começado a cantar o Senhor pôs emboscadas e os de Amon com os de Moabe passaram a lutar contra os de Seir, dando cabo deles. Depois disso, ainda ao som do louvor a DEUS, lutaram entre eles até que não restasse mais nenhum. Então veio da parte do Senhor um terror sobre os demais inimigos de Judá, de modo que não se dispuseram contra o povo de DEUS por longo tempo, ao menos enquanto os judeus se mantiveram fiéis.

A diferença foi o louvor a DEUS. Ele também fará a diferença no tempo do fim.

Aplicação do estudo

DEUS nos deu amostras bem seguras de que louvor Ele aprecia. Essas amostras de louvor estão nos lábios das pequenas crianças, dos pássaros e da natureza. O louvor a DEUS requer harmonia e inteligência com racionalidade. Esse louvor leva a mente a ligar-se mansamente a DEUS.

Não é um louvor que exalta ao que toca ou ao que canta. Não é um louvor que mexe com os músculos como fazem as músicas tocadas nas academias de ginástica, ou que mexe apenas com os sentimentos. Ele é edificante, leva a mente a aprender de DEUS, é profundo, transformador, que nos afasta do mundo e faz interessar-nos das coisas celestes.

O louvor a DEUS é o cântico do qual os anjos fazem parte. É um louvor que não tem particularidades do mundo, que não mistura o que é do mundo com o que é santo. Como igreja, nesse momento, temos muito o que mudar em relação ao louvor que DEUS deseja. Entre nós há muitos que imaginam que DEUS deve aturar algo que pensam oferecer a Ele, mas que é na verdade apreciado por satanás. Desde o Céu satanás tenta perverter o culto a DEUS. De lá ele foi expulso com sua soberba e com o som de sua harpa (Isaías 14:11). Na Terra, logo no início já perverteu o culto a DEUS por meio de Caim. Depois fez a mesma coisa por meio dos antediluvianos. E ao longo da história isso se repetia. Satanás, isto é evidente, tenta tornar o culto a DEUS num culto a ele, assim, pensando que adoram a DEUS, na verdade prestam culto ao Seu inimigo. Fez isso na Igreja Católica durante a Idade Média, e foi bem sucedido. Agora, antes do forte derramamento do ESPÍRITO SANTO está sendo bem sucedido em introduzir o falso louvor na Igreja Adventista. E satanás tem motivos bem fundamentados para isso, ou não tem? Como tem pouco tempo, a estratégia dele agora é manter a igreja verdadeira morna, para que não pregue, para que o fim (Mateus 24:14) não venha.

O que vai acontecer em futuro próximo? A sacudidura, comandada pelo Senhor da obra purificará a igreja do louvor a satanás.


Fonte: Publicado originalmente em http://www.cristovoltara.com.br/arquivos/L09-4-07.doc, mas esta página, aparentemente, foi desativada