por: Pr. Russell Burrill
No coração e no centro do Adventismo está o chamado para adorar o Criador. Esse apelo está estabelecido na mais sagrada das passagens “adventistas”, as Três Mensagens Angélicas de Apocalipse 14. Mas em anos recentes, nada tem perturbado e dividido tantas igrejas adventistas como o assunto da adoração. Igrejas tem vivido em conflito, divisão até mesmo tem sido destruídas por causa dessa discussão. Aquilo que era para ser uma alegria e deleite tem se tornado uma causa de preocupação em muitas igrejas Adventistas.
O problema repousa na tentativa de algumas igrejas Adventistas de copiar os paradigmas de adoração de outras denominações. Não que esses paradigmas estejam necessariamente errados; mas quando o culto não é desenvolvido a partir da necessidade da congregação, mas através da imposição de um sistema de adoração fora da congregação, então as dificuldades surgem. Algumas pessoas tem sentido que se elas apenas mudassem o formato de culto, repentinamente, mais pessoas perdidas se uniriam à igreja, cumprindo assim a Grande Comissão evangélica. Mas isso raramente acontece.
O culto semanal é significativo apenas se corações forem tocados por Deus durante a semana. Caso contrário, será apenas artigos ornamentais adicionados à igreja, e não haverá vibração. Apenas mudar o estilo de culto sem mudar os corações dos adoradores não fará nenhum bem. Mas quando o coração das pessoas for liberto pelas boas novas do evangelho de Jesus, então o culto desse povo redimido será vibrante, não importa em qual estilo.
Trazer tambores para a igreja, trocar corais por equipes de louvor, acrescentar batidas rítmicas às músicas – essas coisas não criarão vibração genuína. Elas são artigos inúteis que criarão guerra na igreja se as pessoas não forem reavivadas primeiro. Muitas das coisas mencionadas acima podem ser utilizadas como parte do reavivamento espiritual que ocorre nas igrejas, mas o ponto aqui é: elas devem brotar dos corações renovados, não apenas serem artificialmente acrescentadas na esperança de que tragam vida. Fazer isso é como prender folhas verdes numa árvore morta. Isso pode fazer a árvore parecer vibrante a princípio, mas com o passar do tempo as folhas apodrecem, e a apatia se revelará nojenta.
Em vez de apenas mudar o culto, eu tenho sugerido nesse livro [1] que a vibração deve primeiro ser restaurada em outras áreas. Se a igreja apresenta características deficientes em aspectos como “pequenos grupos holísticos” e “ministério orientado por dons”, bem como apresenta um culto pouco inspirador, então a igreja deveria primeiro buscar restaurar o ministério orientado por dons e os pequenos grupos antes de lidar com o reavivamento do culto. Isso deve ser aplicado ainda mais se a igreja apresenta deficiência em “espiritualidade apaixonada”. Agora, se tudo vai bem, menos o “culto inspirador”, então obviamente devemos lidar logo com a questão do culto.
O que eu estou sugerindo aqui é que quando você está lidando com uma igreja estagnada e declinante, não comece a renovação da igreja com a renovação do culto. Isso deve surgir como resultado de outras restaurações. De outra forma, você vai dividir a igreja e matá-la. O caminho para trazer igrejas de volta à genuína vibração raramente começa com a renovação do culto. Mas o resultado do retorno à vibração é a renovação do culto.
No momento em que falamos de “renovação do culto”, alguém imediatamente pensa que estamos falando de introduzir música rock e ritmos barulhentos na igreja. Por favor, não faça essa associação. Algumas igrejas podem se sentir confortáveis usando esse estilo de música; a maioria das igrejas Adventistas não. É possível ter renovação do culto sem recorrer a esses estilos mais controversos. O Adventismo é grande o suficiente para discernir se pode usá-los, bem como respeitar os que se sentem desconfortáveis com estes estilos de música mais alto. O que precisamos é de respeito mútuo e tolerância a gostos pessoais na área da música.
Fonte: Russell Burrill, Waking the Dead (Review and Herald, 2004), pp. 95-97.
Tradução: Pr. Isaac Malheiros – disponibilizado originalmente em http://www.adoracaoadventista.com
Nota:
[1] O Dr. Russell Burrill refere-se aos capítulos anteriores a essa seção, onde ele traça as características de uma igreja vibrante e o caminho para retornar à vitalidade. (voltar)