O Adorador

Realização Musical – Um Detalhe a Ser Pensado

por: Ramon Chrystian A. Lima

Segundo o psicólogo Abraham Maslow todos nós temos, depois das necessidades básicas, desejo de crescer como pessoa e se desenvolver. Isto está intrinsecamente ligado à natureza humana. É interessante parar para pensar sobre o comportamento das pessoas dentro das igrejas. Acredito que de uma forma inconsciente, e aqui vamos nos deter somente à área musical, elas muitas vezes agem de forma a buscar essa satisfação pessoal dentro do ministério a qual trabalha.

É notável que as realizações e a alegria que essas realizações nos trazem são benéficas, mas precisamos ter ciência das nossas prioridades, pois, a tendência natural do ser humano é colocar o prazer de realizar-se como um fim em si mesmo e não como uma possível conseqüência de uma busca a um objetivo maior.

Existem pessoas que estudam música em escolas particulares ou até mesmo em faculdades e trabalham no serviço litúrgico. É muito comum essas pessoas ficarem com pesar ao tocar em uma equipe de louvor que não contém músicos de “gabarito”, ou para alguém que estudou canto cantar num coro junto com pessoas que não tem tanta técnica vocal. A realização torna-se um fim.

Esses pensamentos podem pairar sobre as mentes de ministros e líderes também. Somos todos vulneráveis. Mas como diz o velho ditado “Não podemos evitar que as aves voem, mas podemos evitar que façam ninhos em nossas cabeças”.

Vamos priorizar as prioridades. Se você é um corista, importa o objetivo principal do coro: transmitir em sons as mensagens que falam de Deus para o homem ou que contam de Deus para o homem. Como dizia Martinho Lutero ” Praedicatio Sonora” um sermão em sons. Teologia. Esse alvo é maior, está além da nossa realização pessoal como músicos, porque existem pessoas a serem alcançadas com a mensagem do evangelho.

Virtuosos em instrumentos: priorizemos as prioridades. O que você tem feito para facilitar a comunicação da mensagem nos cânticos e na adoração coletiva? Sua preocupação tem sido em veicular bem a mensagem ou em fazer o solo mais alucinante? Ou quem sabe todas as “quebradeiras” de fusion que você aprendeu nas aulas de bateria da semana passada, ou usar todos os novos timbres do teclado em uma única música, ou mostrar que você toca tão bem quanto Frans Liszt: o virtuoso, ou talvez, demostrar por toda música que você, instrumentista de sopro, tem tanto “feeling” quanto o kenny G? Não podemos perder o nosso foco. Priorizemos as prioridades. Cada coisa no seu lugar. Cada coisa no momento certo.

Precisamos desenvolver uma nova cultura no trabalho, animando uns aos outros. Se você possui maior conhecimento musical, você é responsável em ser bênção na vida de um amigo que precisa aprender. Por isso, sejam respeitosos no tratar, tenham amor e espírito manso. O objetivo é maior. A adoração coletiva, o “sermão em sons” e a edificação da igreja são maiores que nossa satisfação pessoal como músicos.

Então o que fazer se, muitas vezes, não há condições de se realizar musicalmente no serviço litúrgico? Uma hipótese de solução é: Junte com amigos de sua igreja que se interessam e se realizam tocando, crie um grupo instrumental onde possam trocar ideias, informações e se divertirem também… Por que não? Toque e pratique em horários específicos. Estudem, ensaiem, desenvolvam – se.

Existem outras formas e maneiras de se pensar sobre isso, mas o que julgo aqui essencial é: Na igreja é diferente. Os objetivos são outros, a técnica é em favor da música, o amor entre os irmãos e a paciência deve predominar, afinal, o trabalho é comum assim como o objetivo é comum. Se você precisar “ser simples” não se entristeça ou se envergonhe, não é ignorância, mas demonstra maturidade no serviço cristão e maturidade musical.


Fonte: Prazer da Palavra


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