por: Marcio Flores
(adaptado do texto de Elton Melo)
“Seu coração tornou-se orgulhoso por causa da sua beleza, e você corrompeu a sua sabedoria por causa do seu esplendor. Por isso eu o atirei à terra…” (Ezequiel 28:17)
Certa vez Deus criou um grande músico, o melhor de todos. Ele foi criado como selo da perfeição, cheio de sabedoria e formosura. Era ungido e em seu corpo haviam tamborins e pífaros. Era perfeito em seus caminhos. Eu o imagino como um grande ministro de louvor lá no céu. Sua equipe de louvor, seus solos e improvisos eram notórios… Mas certa vez, achou-se iniqüidade em seu coração. Começou praticar a maldade em seu ministério e chegou ao ponto de achar que seus dons e talentos o faziam maior do que o próprio Deus.
Qualquer semelhança com os músicos de hoje em dia é “mera” coincidência. Está escrito: “Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e dize-te: Assim diz o Senhor Deus: Tu eras o selo da perfeição, cheio de sabedoria e perfeito em formosura. Estiveste no Éden, jardim de Deus; cobrias-te de toda pedra preciosa: a cornalina, o topázio, o ônix, a crisólita, o berilo, o jaspe, a safira, a granada, a esmeralda e o ouro. Em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados” (Ezequiel 28:12-13).
Lúcifer quando foi criado, era um ser perfeito. Porém, nele brotou a iniqüidade. Seu coração elevou-se por causa de seus dons e chegou a tal ponto que comprometeu até mesmo sua sabedoria. O resplendor que ele ganhou por causa de seus dons afogaram sua sanidade (Ezequiel 28:17).
Ele chegou ao ponto de declarar: “… Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono; e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do norte; subirei acima das alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo” (Isaías 14:13-14).
A criatura, que tentou ser maior que seu Criador, cego por suas qualidades, foi precipitada e seu fim decretado, tornando-se Satanás. Nisto, ele levou consigo uma terça parte dos anjos, devido ao comércio que fez com seus dons em tal quantidade e o tornou violento e pecador (Ezequiel 28:16 e Apocalipse 12:4).
Os dons e talentos que Deus dá não faz suas criaturas serem maiores do que Ele próprio. Porém hoje em dia vivemos intensamente a chamada “Síndrome de Lúcifer”. É comum vermos em nossas igrejas pessoas que por causa de um dom ou talento, tornam-se egocêntricas, egoístas e semi-deuses. Músicos que vão a igreja somente para se apresentar. Cantores que não suportam que ninguém de qualidade inferior cante com eles. Pastores e lideres que não recebem a mensagem ou não participam do culto com outrem dirigindo ou pregando. Não é difícil hoje em dia, vermos pessoas brigando por microfones, se esgoelando para cantar mais alto que os outros, instrumentos no último volume, solos e mais solos de músicos que em um curto espaço na música querem tocar como se fosse a última vez de sua vida; cantores realizando os mais prodigiosos melismas para um simples trecho que é só cantar um “amém”; vários instrumentos solando ao mesmo tempo, e por aí vai.
Seu dom não é importante para Deus! Assustador não é? Deus não quer ser louvado por causa do dom que você tem, mas sim por causa do coração que você tem! Não afirmo com isso que você não vai mais usar seus talentos ou dons, mas temos que entender que eles servem apenas para adornar nossa adoração.
Quando a adoração nasce no coração, não precisamos estar preocupados em agradar homens. Tocar um instrumento sem estar com o coração voltado pra Deus nada mais é do que se apresentar. Não é esse nosso propósito. Faremos uma ilustração: “Imagine que você é um fabricante de fitinhas de presente. Certo dia, você resolve me presentear com algumas fitinhas, me ensina como multiplicá-las e usá-las bem. Passado algum tempo, eu lhe trago um presente, que comprei de todo o meu coração, embrulhado e amarrado com a fitinha que você me deu. Com certeza você ficará muito feliz em ver sua fitinha sendo bem utilizada, mas ela não fará diferença em relação ao presente, que é o mais importante.” Assim também é relação dons/talentos e adoração. A verdadeira adoração nasce no coração e nossos dons e talentos servem apenas para adorná-lo. Vide exemplo: Marcos 12:36-44.
Quando deixamos nossos dons e talentos tomar conta de nós, começamos a nos achar auto-suficientes. Criamos em nós o sentimento de que nada acontecerá se não estivermos no meio de qualquer atividade. Começamos a nos considerar maiores do que nossos lideres, pastores e mestres. A humildade passa ao longe. Daí começa o comércio com nossos dons. Barganhamos e montamos a melhor equipe de louvor, banda ou ministério com as seguintes frases: “Se você tocar comigo, seremos os melhores”. “O outro grupo é ruim, fique com o meu e você será um sucesso.” Não viva em função de seu dom, mas louve a Deus com uma adoração que nasce no coração.
Que nós possamos sempre nos dedicar ao máximo a obra. Que os nossos dons e talentos sejam sempre aprimorados para que nós possamos oferecer a Deus sempre o melhor. Mas, mais do que isso, que possamos nos lembrar sempre que Deus procura os verdadeiros adoradores. Aqueles que estão acima de um dom ou de um talento. Aqueles que oferecem sua vida como sacrifício vivo de louvor e que tem acima de tudo o coração voltado pra Deus.
Reflexão: “A música muitas vezes é pervertida para servir a fins maus, e assim se torna um dos poderes mais sedutores para a tentação.” – Educação, pág. 166.