O Canto Congregacional e a Unidade da Igreja

por: autor desconhecido [*]

E muito difícil julgar (e nem é a nossa intenção), mas confesso que fico apreensivo quando observo, durante os cânticos congregacionais, conversa, riso, arrumação de partes do corpo e do traje, pessoas que entram e saem, “adoradores” que estão de pé com o hinário aberto, mas não cantam, outros que simulam cantar, mas na verdade estão fazendo pantomima (mímica, fingimento [1]) com os lábios sem produzir som; alguns, ainda, que cantam forte demais com ar de deboche, etc.

Infelizmente, temos que convir que o canto em grupo nas igrejas está perdendo sua razão de ser pela maneira descuidada, irreverente e algumas vezes até pretensiosa de cantarmos durante as atividades litúrgicas.

Várias vezes, quando estava sendo cantado um hino, perguntei-me: Será que todas as pessoas realmente entendem o que estão fazendo? Será que elas compreendem o verdadeiro motivo deste ato? Até que ponto elas se sentem parte integrante do louvor e adoração a Deus neste culto?

“O canto é uma parte do culto de Deus, porém da maneira estropiada pela qual é muitas vezes conduzido não é nenhum crédito para a verdade, nenhuma honra para Deus. Deve haver sistema e ordem nisto, da mesma maneira que em qualquer outra parte da obra do Senhor”. — Ellen G. White, Review and Herald, 24 de julho de 1883.

Quando cantamos hinos em grupo para o louvor de nosso Criador, somos unificados sem perder nossa individualidade, porque o verdadeiro canto congregacional sacro, transforma as emoções individuais em santificados sentimentos coletivos. O canto entoado por todos os fiéis fortifica a unidade emocional, física e psicológica de uma comunidade religiosa. Ele transforma as diferentes partes da igreja num corpo integrado e indivisível: o corpo de Cristo.

Não foi por acaso que, em 1902, a serva do Senhor, Ellen G. White, escreveu uma carta na qual dizia que “o canto não deve ser feito apenas por uns poucos. Todos os presentes devem ser estimulados a tomar parte no serviço de canto”. — Evangelismo, pág. 507. No mesmo ano, numa outra carta ela disse o seguinte: “Muitas vezes o canto de hinos simples pela congregação tem um encanto não possuído pelo canto de um coro, por mais hábil que seja”. — Idem, págs. 509 e 510.

Precisamos cantar com o mesmo senso da presença de Deus que temos quando oramos. Apreendamos o sentido espiritual das letras dos hinos. Tenhamos mais reverência e respeito ao cantá-las, porque elas tratam de assuntos sagrados. Não precisamos ser místicos, mas não há dúvida de que carecemos mais do temor do Senhor ao cantarmos. “Deus é glorificado por hinos de louvor vindos de um coração puro cheio de amor e devoção para com Ele.” — Ellen G. White, Testimonies for the Chuurch, vol. l, pág. 50.

Cantemos com sensibilidade, deixando que o canto sagrado nos envolva e arrebate! Não nos esqueçamos, acima de tudo, de que “a mais aprazível oferta aos olhos de Deus, é um coração humilhado pela abnegação, pelo tomar a cruz e seguir a Jesus”. — Ellen G. White, Review and Herald, 14 de novembro de 1899.


Notas:

[*] Os editores do Música Sacra e Adoração desconhecem a autoria deste artigo. Qualquer indicação neste sentido, por parte de nossos atentos leitores, será bem-vinda.

[1] Todas as expressões entre [colchetes] são de autoria dos editores do Música Sacra e Adoração e não constam do original.