Entrevistas

Minha Peregrinação da Música Secular Para a Música Sacra

por: Cristina Piccardi

Minha peregrinação da música secular para a música sacra é a história da direção providencial de Deus em minha vida, que começou há muito tempo atrás quando eu ainda era uma criança em uma pequena cidade do Brasil.

Minha esperança e oração é que minha história possa tocar os corações de muitos crentes adventistas, reafirmando-lhes que Deus também está dirigindo suas vidas, mesmo quando o futuro parece incerto, ou mesmo tenebroso.

O Princípio

Minha história começa em Guaíba, uma pequena cidade no Rio Grande do Sul, Brasil, onde eu nasci em 1981. Ainda criança, com a idade de 7 ou 8 anos, lembro-me de cantar e criar canções que meus pais insistiam que eu cantasse diante das pessoas. Acredito que eles achavam bonito que eu cantasse essas canções engraçadas. Cantar tem sido minha paixão, desde a tenra idade.

Meus pais não pertenciam a qualquer igreja, embora ambos sempre acreditassem em Deus, à sua própria maneira. Apreciavam a música clássica e eu cresci ouvindo a música dos grandes compositores. Com a idade de 10 anos, meus pais fizeram os arranjos para que eu e minha irmã estudássemos piano com uma professora particular perto de nossa casa. Lembro-me de minha mãe pedindo que ela ensinasse a nós duas pelo preço de uma. Foi naquele tempo que descobri no meu coração que eu queria ser uma musicista. Estudei piano por 3 anos, até que tivemos que nos mudar para um bairro mais distante.

Com quatorze anos decidi aceitar um convite do professor da banda de minha escola fundamental para ingressar no coral da cidade. Era isso! Imediatamente senti que o canto seria o chamado da minha vida. Pouco tempo depois fui convidada para cantar no coro da ópera da capital de meu estado (que ficava a uma hora da minha casa). Naquela época comecei minhas primeiras lições de canto com o preparador vocal do coro, que sempre me encorajava a buscar um treinamento vocal.

Com a idade de quinze anos, o Senhor me apresentou à mensagem adventista através de um amigo da família, que estudou a Bíblia comigo e com meu pai. Esta foi uma experiência totalmente nova para nós. Éramos muito receptivos aos ensinamentos da Bíblia, mas logo nosso amigo partiu para outro estado, onde minha família ia ocasionalmente durante as férias. Contudo, meu pai e eu continuamos a pesquisar pela verdade e nos envolvemos com o movimento da Nova Era e outros tipos de religiões ocultas.

Quando tinha dezesseis anos, o Senhor operou um grande milagre em minha vida, embora eu não soubesse que isto provinha dEle. Na época, eu queria entrar para a universidade para estudar música, mas meu conhecimento de música era muito limitado para passar o rigoroso exame admissional. Consciente de minhas limitações, decidi fazer da música a minha segunda opção, tendo história como primeira opção.

O Senhor sabia que eu não queria ser uma historiadora, porque minha paixão era cantar. Eu não passei no exame admissional para o curso de história, mas, surpreendentemente, passei nos exames admissionais de música, que incluíam teoria musical, leitura musical, e canto. Eu não podia acreditar nisso! Agora eu sentia que a porta estava aberta para que eu estudasse técnica vocal e me tornasse uma cantora de ópera.

Treinamento Profissional

Com a idade de 18 anos, venci o “Concurso de Jovens Artistas da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre”, cantando pela primeira vez com uma orquestra sinfônica, uma ária da ópera Don Giovanni, de Mozart e uma ária do oratório O Messias de Handel. Aquela experiência me convenceu que o Senhor tinha um plano diferente para a minha vida – um plano que se tornou a causa de um profundo conflito em meu coração: Eu deveria devotar a minha vida para cantar música secular ou música sacra!

Meu professor de canto na faculdade no Brasil era um adventista do sétimo dia, embora eu não soubesse disso até o segundo ano de meus estudos com ele. Seu nome é Dr. Mazias de Oliveira, que sempre esteve envolvido com produção de óperas e com música sacra. Com ele fui capaz de participar de muitas produções, incluindo uma sobre a vida de Elias, o que abriu a minha mente para as verdades bíblicas.

Durante meus quatro anos de faculdade, fui convidada a cantar muitas vezes em diversos concertos e recitais, muitos deles com orquestras de câmara e sinfônicas. A maior parte de minhas apresentações com orquestras naquela época era de música sacra, como as Missas e Motetos de Mozart, os Laudates e Cantatas de Vivaldi e Handel. Devo confessar que eu realmente gostava de captar essas obrar-primas da música sacra mais do que qualquer outra coisa.

O Início de Minha Conversão

Embora eu estivesse muito feliz, e entusiasmada com o que estava fazendo, em uma noite em 2002, depois de um recital noturno de ópera , na classe vocal do Dr. Oliveira, fui dormir sem ter consciência do que aconteceria naquela noite. De repente, em meu sono, senti em meu coração uma forte convicção de que eu não estava fazendo a vontade de Deus. Senti-me perdida, assustada e desesperada. Parecia que o treinamento que eu estava buscando não era a vontade de Deus para a minha vida. O que eu deveria fazer? Compreendi em tão que Deus queria que eu cantasse música que pudesse salvar almas.

No ano de 2003, meu professor de canto adventista brasileiro mudou-se para os EUA. Ele me convidou para ir aos EUA para uma avaliação em diversas universidades, para que eu pudesse conseguir uma bolsa de estudos para pós-graduação em técnica vocal. Enquanto eu estava visitando a sua casa, fui convidada pela primeira vez para assistir a uma igreja Adventista do Sétimo Dia e experimentar a verdadeira adoração no santuário de Deus. Meu coração começou a mudar.

Aprovação Providencial na Universidade de Indiana

Meus testes foram bem sucedidos. Fui aceita em uma das melhores escolas americanas de música, na Universidade de Indiana. A Universidade me deu uma bolsa de estudos de 60%, embora eu houvesse feito a inscrição depois que a data limite para a concessão de bolsas de estudo houvesse expirado. Louvado seja o Senhor! Esta admissão abriu as portas para que eu viesse para a América! Mas ainda havia um grande obstáculo a ser vencido, ou seja, a aprovação admissional em um exame de proficiência no idioma inglês. Esta era um grande problema porque, naquela época, eu sabia pouca coisa de inglês e não poderia, de forma alguma, passar em um exame de proficiência. Meu querido professor de canto me assegurou que se eu empregasse meus melhores esforços, Deus operaria um milagre.

A possibilidade de falhar no teste de inglês criou muita ansiedade no meu coração. Eu estava particularmente preocupada em desapontar meus pais, porque eles haviam tomado muito dinheiro emprestado para me mandar para o exterior para os testes. Eu disse a Deus: “Eu sei que não me trouxestes até aqui, para simplesmente falhar. Por favor, ajude-me a passar no teste de inglês.”

O teste de inglês durou quatro horas. Durante aquelas horas eu senti por várias vezes vontade de sair da sala, porque o teste era muito difícil para mim. Mas continuei me lembrando das palavras do meu professor: “Você deve dar a Deus a chance de operar um milagre.” E Ele o fez. Eu fiz todo o exame por palpite. No dia seguinte fui ver o resultado com o meu professor de canto. Eu precisava de uma taxa de 75% de acertos para ser admitida e esta foi exatamente a nota que recebi. Deus havia operado um milagre.

Mas este não é o final da história. No decorrer dos anos tenho aprendido que Deus faz coisas de maneiras misteriosas que desafiam a nosso entendimento. Enquanto ainda estava na Universidade de Indiana descobrimos que estava ocorrendo um teste para um curso de verão na Itália. O Dr. Oliveira conhecia este programa, porque a sua filha já havia participado dele, com grandes benefícios. Ele me advertiu que era muito difícil conseguir qualquer bolsa de estudos para estudas na Itália, mas valia a pena tentar. Eu tentei e fui aceita com meia bolsa. Deus é maravilhoso!

Quando fui para a Itália, encontrei minha antiga professora de canto, Sra. Claudia Pinza. Ela estava muito entusiasmada com a qualidade de minha voz e me disse que poderia me conseguir uma bolsa de estudos completa para estudar com ela o curso de Mestre em Música na Universidade Duquesne, na Pensilvânia. Depois do programa de verão na Itália, retornei para casa, para me preparar para ir estudar na Universidade Duquesne.

Meu Batismo em 1 de Novembro de 2003

Quando voltei para a América, recebi pela primeira vez estudos bíblicos sobre a importância do batismo e de guardar o quarto mandamento de Deus. Quando estas verdades bíblicas ficaram claras em minha mente, decidi em meu coração que queria ser batizada. Meu pai decidiu juntar-se a mim no batismo, mas estava relutante por causa da pressão de minha família, que não compreendia a nossa conversão. Ele decidiu que seria batizado comigo, somente se eu pudesse provar para a minha família que esta era a minha decisão pessoal. Ele não estava me forçando a me batizar. Eu assegurei aos membros da minha família que realmente esta era a minha decisão pessoal. Nós dois fomos batizados no mesmo dia: 1 de novembro de 2003.

Depois do meu batismo, senti um forte necessidade de servir a Deus. Eu não poderia mais treinar para me tornar uma cantora de ópera sem violar a minha consciência. Disse a Deus que se Ele queria que eu ficasse no Brasil, deveria tornar impossível para mim a obtenção do visto para vir estudar nos EUA. Mas Deus tinha um plano diferente para a minha vida. Recebi meu visto mais rápido do que o previsto e vim para os EUA em 9 de janeiro de 2004 para estudar na Universidade Duquesne.

Minha Oração de Desespero

Na América aprendi muito sobre a vida. Aprendi a depender de Deus e a orar fervorosamente a Ele. Durante o primeiro mês neste país não consegui encontrar uma igreja Adventista do Sétimo Dia. Meu inglês era sofrível. Eu tinha que morar com estrangeiros e o dinheiro que meus pais me deram só era suficiente para cobrir os dois primeiros meses de aluguel e alimentação.

Lembro-me de haver orado a “Oração do Desespero”. Clamei a Deus, para que me ajudasse a consagrar toda a minha vida a Ele e a permanecer fiel em meio à impiedade e circunstâncias difíceis. Os braços misericordiosos e amorosos de Deus me apoiaram através daquele período difícil.

No mês de fevereiro, finalmente alguém respondeu a mensagem de voz que eu havia deixado no telefone da IASD de Pittsburgh. Alguém me apanhou e me levou à igreja no sábado seguinte. Minha primeira visita a uma igreja Adventista americana foi como estar no céu.

O Senhor Tinha um Marido Esperando por Mim

Perguntei às pessoas durante a Escola Sabatina se havia algum grupo de estudo bíblico que eu poderia participar durante a semana. De imediato, um estudante africano de Ruanda me disse que havia um grupo que se reunia no dormitório de um de seus colegas nas sextas à noite. Era lá que o Senhor tinha meu marido esperando por mim.

Jean Claude Heymans Kalimunda era o colega de quarto do rapaz que tinha me dito sobre os estudos bíblicos. Durante os meses de estudos, passei a admirar Jean Claude como um verdadeiro homem de Deus. Nunca tinha conhecido um jovem que falava de Deus com tanto amor, paixão e conhecimento. Naquela época ainda não estava apaixonada por ele, mas quando orei ao Senhor para me enviar um marido que O amasse acima de tudo e que fosse caminhar comigo o caminho de servi-Lo, o Senhor Deus abriu meus olhos para reconhecer em Jean Claude o par perfeito para o desejo do meu coração.

O Custo de Deixar o Estudo de Ópera

Durante o verão do meu primeiro ano na faculdade, vim para a universidade Andrews para verificar se o departamento de musica oferecia um mestrado em música sacra vocal. Para meu desapontamento, descobri que tal programa não existia nem na Andrews, nem em qualquer outra universidade Adventista. Então imaginei que o mais sábio a fazer era terminar o meu mestrado em ópera na Universidade Duquesne. Minha intenção era usar as habilidades vocais aprendidas na Duquesne para, no futuro, cantar somente música sacra.

Naquele verão eu fui convidada novamente para participar do festival de verão para cantores de ópera na Itália. Desta vez minha professora de canto conseguiu um patrocinador para pagar por toda a viagem e pelas despesas. Vocês podem entender a surpresa de meus professores quando eu os informei da minha decisão de desistir da minha carreira como cantora de ópera para dedicar meu dom de cantar para somente louvar ao Senhor através de música sacra.

Meus professores não conseguiam entender minha decisão. Achavam que eu tinha sofrido uma lavagem cerebral e que eu estava emocionalmente descontrolada. Afinal de contas, eles haviam investido muito tempo e talento para treinar minha voz para ser uma bem-sucedida cantora de ópera. Viram minha decisão como um ato de ingratidão para com eles. Posso entender sua grande decepção, mas não tinha outra opção. O Senhor colocou no meu coração a convicção de abandonar o mundo da ópera, e me senti compelida a seguir Sua direção. Esta foi uma das decisões mais difíceis da minha vida. Eu me senti rejeitada, zombada e incompreendida por todos, mas apesar disto, pela graça de Deus, não retrocedi. Por Ele, fui capaz de permanecer firme.

A Tentação de Reconsiderar Minha Decisão

Quando voltei à universidade Duquesne para continuar meus estudos de canto em ópera, devo confessar que foi muito tentador reconsiderar minha decisão. Uma vez que você se encontra cercado de cantores de ópera e está sempre envolvida em apresentações de ópera, é muito difícil não ser afetado pela atmosfera operística. Por um tempo eu me escondi da pressão acreditando que eu podia muito bem cantar tanto música secular quanto sacra.

No ano de 2005 competi na Competição Internacional Puldin para Cantores de Ópera , na Bulgária. Deus foi muito bom para mim a despeito de minhas muitas dificuldades. Ele sabia que eu precisava vencer a competição para pagar minhas dívidas acumuladas durante os 2 anos de estudos na universidade Duquesne. Eu ganhei o primeiro lugar e o prêmio em dinheiro tornou possível o pagamento de todas minhas dívidas. A bondade de Deus é acima de qualquer imaginação humana.

Em dezembro de 2005 me graduei na Duquesne e me casei com Jean Claude – o homem de Deus que sempre apoiou minhas decisões, entendeu meu sofrimento e me respeitou como artista e como indivíduo.

Uma Experiência Frustrante

Durante os primeiros 6 meses de nossa vida de casados, eu estava frustrada por perceber que não conseguiria encontrar uma universidade onde poderia ensinar música sacra ou tentar um doutorado em música sacra. Encontrei-me sem emprego e sem oportunidade de fazer um doutorado. Para poder pagar as contas, trabalhei em qualquer trabalho que pude encontrar. Fui babá por algum tempo até me oferecerem um emprego como supervisora de crianças do horário escolar num programa de extensão de ensino para nossa Escola de Ensino Fundamental na Universidade Andrews.

Desenvolvendo uma Visão Equilibrada da Música

Durante este tempo de provação, comecei a questionar minha sabedoria ao desistir de uma promissora carreira como cantora de ópera. Olhando para trás, posso ver que Deus estava me guiando para um entendimento mais amplo do papel que a música iria representar em minha vida. Percebi então que Deus deseja que sejamos equilibrados. Ele não aprova os extremos liberais, onde tudo é certo, nem o fanatismo, onde pessoas usam argumentos irracionais para provar suas convicções.

Entendi que não são todas as óperas que promovem o mal, como acreditava inicialmente quando me tornei cristã. Ópera é a expressão definitiva de canto e cena que envolve uma composição musical onde fatos comuns da vida diária são explorados e desenvolvidos. A mensagem às vezes é boa porque dá à platéia mensagens edificantes.

Esta nova convicção permitiu-me ensinar ópera e ajudar meus estudantes a tomarem decisões sábias quanto ao tipo de ópera à escolher. Mais importante ainda é que eu teria a possibilidade de apresentar aos meus alunos o canto da música sacra como uma alternativa para suas carreiras como cantores. Ensinei canto no departamento de música da universidade Andrews durante o outono de 2006 e o Senhor me abençoou com maravilhosos alunos que apreciavam cantar musica sacra.

Novas Tensões em Minha Vida

Algo estranho estava acontecendo no meu coração. Estava começando a me sentir dividida novamente. O desejo de cantar ópera estava crescendo em meu coração. Percebi que quando tomei a decisão de abandonar o mundo da ópera, minha decisão estava baseada na minha convicção mental de que cantar ópera não era o plano de Deus para minha vida, mas em meu coração ainda amava cantar ópera. A verdade é que eu estava tentando servir ao Senhor com minha razão, quando meu coração ainda não estava satisfeito com minha decisão de só cantar música sacra. Estava me sentido limitada e privada de algo que havia sido minha paixão por tantos anos. Então, decidi que iria cantar tanto música sacra quanto ópera DE NOVO!

Alguns meses depois, Deus me permitiu produzir meu primeiro CD de música sacra, intitulado “Rejoice in the Lord” (Rejubilai no Senhor). Acompanhada no piano pelo professor Marcelo Cáceres, da Universidade Andrews. Comecei a fazer concertos de música sacra em muitas igrejas que nos convidavam. Mas minha situação financeira se tornou muito difícil, as poucas vendas de nosso CD mal cobriam nossos compromissos financeiros. Parte do problema era que eu normalmente cantava nas igrejas durante as horas do sábado, quando não se vendia nenhum CD. Além disso, nunca pedia compensação para as igrejas. Como resultado, normalmente recebia das igrejas um “obrigado” de coração. O problema é que isso não paga as contas. Após muitas tentativas frustradas, orei a Deus pedindo que Ele me mostrasse um caminho melhor pois eu não sabia o que fazer.

Uma Nova Porta de Oportunidade

A difícil situação financeira em que me encontrava me fez pensar: Se meu serviço a Deus através do meu ministério da música está me causando sofrimento, então Deus não deve estar satisfeito com isso. Enquanto lutava com esses pensamentos no meu coração, orei intensamente para que o Senhor abrisse uma porta que me permitisse ministrar à sua igreja através do dom da música.

A resposta à minha oração veio numa manhã de sábado, 6 de outubro de 2007, quando o Doutor Bachiocchi veio conversar comigo ao final do culto na igreja Pioneer Memorial da Universidade Andrews, onde eu já havia cantado 3 vezes. Indo direto ao assunto, o Dr. Bachiocchi me disse: “Por muitos anos tenho orado ao Senhor pra que Ele trouxesse ao meu ministério itinerante um maravilhoso cantor como você, para ajudar-me em meus seminários nos finais de semana nas igrejas sobre o Sábado, Segunda Vinda e Estilo de Vida. Você estaria disposta a juntar-se ao meu ministério abrilhantando minhas mensagens sobre nossa mensagem adventista com seu poderoso e apaixonado canto?”

Eu respondi: “Seu convite é uma resposta às minhas orações! Por meses tenho orado para que Deus me dê uma porta de oportunidade para que eu possa dividir meu ministério de música com um orador como o senhor”. Que privilégio tem sido para mim me juntar ao Dr. Bachiocchi e ajudá-lo a apresentar nossa mensagem de advento com palavras e hinos através dos EUA e em outros países. Durante os últimos 10 meses já viajamos quase 100.000 milhas, ministrando para o povo de Deus tanto em grandes congressos quanto em pequenas congregações. Fazer parte deste ministério itinerante confirmou em meu coração que tomei a decisão correta ao responder ao chamado de Deus para cantar louvores ao Seu nome.

Durante os últimos meses recebi numerosos convites para cantar em acampamentos, inaugurações de igrejas, eventos especiais de igrejas e cruzadas evangelísticas. Poucos meses atrás, fui convidada para fazer o papel de Maria numa ópera sacra sobre a vida de Cristo que será apresentada em maio de 2009 no Carnegie Hall, o mais prestigiado teatro nos Estados Unidos. Verdadeiramente, posso dizer que o Senhor tem honrado meu compromisso em dedicar meu dom de cantar à Sua glória.

Durante minha peregrinação de fé da música secular para a sacra, aprendi que Deus quer que eu O sirva com todo o meu ser. Aprendi que tomar a posição de cantar música sacra pode custar muito. Para mim significou abandonar uma carreira promissora na ópera. Mas, no final, o Senhor honrou meu compromisso abrindo novas portas para meu que eu pudesse ministrar ao Seu povo.

Durante minha jornada espiritual descobri que as mensagens de algumas óperas não são necessariamente más, pois elas interpretarem situações reais na vida. Mas a questão no fim é: Por que eu gastaria minha vida cantando sobre os erros e tragédias das vidas humanas sem dar às pessoas a solução para todas as misérias deste mundo? Cantando sobre a salvadora graça de Deus, posso ajudar as pessoas a entender como Cristo pode oferecer a vida eterna, felicidade e paz.

Honestamente tenho que confessar que meu sofrimento ainda não terminou. Eu ainda oro a Deus para transformar minha paixão por ópera numa paixão para salvar almas através da música sacra. Quero ensinar as pessoas como adorar a Deus na beleza da santidade através do maravilhoso dom da música que Ele deu a todos.

Minha Preocupação Sobre a Música na Igreja Adventista

Viajando através do mundo com o Dr. Bachiocchi, obrigatoriamente tomei consciência da influencia de música secular e ritmada  em algumas igrejas adventistas. Cantei em algumas igrejas em que bandas de rock e os grupos de louvor levavam a congregação quase a um frenesi, com pessoas gritando e dançando.

Quando ouço esta música alta e sensual, criada para estimular pessoas fisicamente, sinto-me muito desconfortável num santuário onde Deus deveria ser adorado na beleza de Sua santidade. Existe uma necessidade urgente por músicos adventistas, tanto leigos como profissionais, que possam treinar nossas congregações a cantar com paixão velhos e novos hinos. É importante lembrar que a música prepara o espírito para todo o serviço de adoração.

Meu objetivo não é ditar que estilo de música deve prevalecer nas igrejas adventistas. No fim, a questão não é se a música é tradicional ou contemporânea, mas se eleva as pessoas espiritualmente ou as estimula fisicamente.

Corinhos usados no serviço de louvor são muitas vezes repetitivos e não favorecem a congregação a refletir numa mensagem mais profunda de um hino, simplesmente porque estes corinhos não têm uma mensagem profunda. Eles se focam numa ideia que é repetida inúmeras vezes até que se perca o entendimento e se torne somente automático e sem sentido. Precisamos recuperar aqueles hinos que expressam a totalidade de nossa fé e crenças. Devemos compor novas canções que expressem de forma apropriada a beleza de nossa mensagem adventista. Estas canções podem nos inspirar a continuar cantando durante a semana sobre a alegria e esperança sentidas no sábado.

Minha oração é que o Senhor guie nossa igreja adventista na restauração da música sacra de adoração. Que Ele reinflame em nossos corações a chama para cantar hinos que nos elevem ao trono de Deus com entusiasmo e reverência, para que as pessoas que vierem a um culto numa de nossas igrejas adventistas se sintam renovadas e fortalecidas espiritualmente.

Conclusão

Minha peregrinação da música secular para a sacra tem sido uma jornada difícil. Verdadeiramente o Senhor me guiou de maneira providencial de uma pequena cidade no sul do Brasil para prestigiosas universidades nos Estados Unidos para receber a melhor educação vocal possível.

No auge de meus estudos de canto ouvi a voz de Deus me chamando para abandonar o mundo da ópera e dedicar meu dom de cantar para louvar o Seu nome. Isso mostrou ser uma decisão custosa. Tive de enfrentar o ridículo e a rejeição de meus professores que me amavam e haviam investido muito de seu tempo e talento para me educar.

Os problemas que passei em seguida para encontrar emprego e sobreviver cantando música sacra me levaram a tentação de repensar minha decisão. Mas, pela graça de Deus, me mantive firme em minha decisão. O Senhor honrou minha decisão abrindo portas inesperadas de oportunidade para ministrar através do canto para suas congregações em todo o mundo.

Que meu testemunho possa inspirar qualquer fiel passando por desafios semelhantes em suas peregrinações de fé, a ser verdadeiro ao chamado de Deus, mesmo quando o futuro parece sombrio pois, no fim, o Senhor honrará seu compromisso.


Fonte: http://www.biblicalperspectives.com

Traduzido por Robson Tavares em Agosto/2008

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