O Adorador

Adorando na Eternidade

por: Manoel de Jesus

Em nossos dias, a adoração transformou-se numa arte. Não queremos, de modo algum, enaltecer a rigidez da liturgia antiga, nem tampouco enaltecer a liturgia atual. O mau uso da adoração, ou seu uso para outros fins, é coisa antiga.

O teólogo Dietrich Bonhoffer, coloca a adoração como algo envolvido em certo mistério. Ele diz que há serviço cristão que prestamos a Deus através de pessoas, e que há serviço que prestamos só a Deus. É, no seu dizer, a oração em secreto. Ela é um serviço exclusivo para Deus, é uma comunhão com Deus. O valor que ele dá a essa adoração é altamente exaltado pelo teólogo. Ele chama de exclusivismo celestial.

É interessante como em nossos dias, o valor do culto e da adoração coletiva alcançou níveis de exaltação incríveis. Há disputas por tal privilégio, igrejas dividem-se por causa do momento musical, da adoração, do louvor, ou qualquer nome que os irmãos queiram chamar esse momento nos nossos cultos. Ás vezes gasto um tempo observando o conjunto que monitora o ‘louvor’ cantando sozinho. O irmão me perguntará, e lhe darei razão: Opor que o irmão não canta junto?’. Bem, é que não consigo, o instrumental é tão superior ao vocal que não escuto a letra. Outro aspecto é que são músicas escritas para solo, e não para canto coletivo. Eu que já canto mal qualquer música, já imaginaram como fico?

Com grande prejuízo para nossas vidas, temos ido à cultos que temos perdido no que se refere ao espiritual. Creio que é esse culto altamente valorizado que Bonhoffer quer se referir quando fala em adoração em secreto. Trata-se do culto descrito no capitulo 8 do livro de Apocalipse. O Cordeiro está presente e agindo nesse culto. Os anjos recebem trombetas, instrumento sempre presente nos cultos bíblicos, um anjo mistura incenso com a oração dos santos. O anjo enche esse incensário, onde já estão o incenso e as orações dos santos, com fogo do altar. Junta os três elementos, e os lança sobre a Terra. Houve trovões, vozes, relâmpagos e terremoto.

Agora reflitamos: O irmão já imaginou que, com suas orações, o irmão estará participando de uma adoração celestial? E que suas orações promovem mudanças gigantescas na Terra? Porque damos tanto valor (não há nada de errado nisso), às nossas adorações coletivas, e não damos valor à nossa adoração celestial? Já imaginou que o irmão tem entrada e participação num culto celestial, pelas suas orações, embora esteja ainda na Terra? Já pensaram que ficamos contra nosso irmão por causa do culto terreno, quando há um culto muito mais elevado em espiritualidade a nossa disposição? Estamos, através de nossas orações, unidos diante do trono, servidos por anjos presentes à uma adoração celestial ao Cordeiro, e ficamos nos pondo uns contra os outros por desejarmos espaço na adoração aqui na Terra.

Outro ponto importante a salientar, e que coloca ponto final em nossa reflexão. Se marcarmos presença maior nesse culto celestial através de nossas orações, será que não haverá mudanças excepcionais em nossas adorações terrenas? Sem dúvida que haverá! O terremoto começará por ai em nossas igrejas, temos certeza disso. Eis a razão por que estamos buscando tantas fórmulas para dar sentido à nossa adoração, e não conseguimos. Façamos como os magos: “viemos adorá-Lo”. Adoremo-lo em nosso secreto, antes de adorá-lo em público. Quem chega alimentado na adoração celestial, chega alimentado na adoração terrena. Isso faz grande diferença.


Fonte: O Jornal Batista, ano CXII, edição 08, de 19/02/2012, p. 3.

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