“O Messias” – Oratório de Georg Friedrich Handel
Comentários e Trechos em MIDI
De todas as obras de Handel, o Messias é a mais famosa. Handel compôs esse Oratório durante o verão de 1741 em apenas três semanas. Apesar da rapidez com que costumava trabalhar, podemos observar o vigor de um processo criativo fora do comum, cujo fruto foi uma magnífica obra de arte.
Pouquíssimas pessoas não conhecem o Messias, ou não escutaram e cantaram uma vez ou outra pelo menos um de seus coros. São muitas as razões que o levam a ser considerado a obra musical mais popular no mundo inteiro; o Messias é para os oratórios o que é “E o Vento Levou” para o cinema.
A cada ano no Natal e na Páscoa o mercado é inundado com execuções de o Messias, que já recebeu arranjos para tudo, desde oito pianos de cauda a piccolo com acompanhamento de bandolim, bem pode-se imaginar o efeito que isto tem no “Hallelujah Chorus“.
O Messias costuma ser executado com um coro de centenas de integrantes, Handel, porém, não pensava em mais de 60 pessoas, incluindo coro, orquestra e solistas. Por conveniência, atualmente a obra é dividida em duas partes, com um intervalo inserido no meio da Paixão. Handel organizou seu Oratório com um tríptico: A parte I apresenta a Profecia e o nascimento de Jesus, a parte II é a paixão culminando no “Hallelujah Chorus” e a parte III traz o tema da Redenção.
Como a obra completa leva cerca de 2:16 hs, colocaremos abaixo somente algumas música midi.
Parte I
A obra se inicia com uma Sinfonia. Trata-se de uma breve abertura,isto é, introdução lenta e marcada, com caráter grave, seguida de um movimento allegro.
Nesse recitativo Comfort ye my people, ocorre o primeiro contraste em que a inquietação dá lugar à esperança “Consolai oh meu povo, diz o vosso Deus. Anunciai a Jerusalém que a sua servidão terminou”.
O acompanhamento do Baixo, Thus saith the Lord introduz o segundo contraste ao anunciar a chegada da catástrofe e calamidades “Breve farei tremer os céus e terra, os mares e os continentes e chegará então o consolo para todos os povos; O Senhor a quem buscais virá ao seu tempo”.
And the glory of the Lord – Nesse coral Handel colocou todo o versículo de Isaías,40,5. “Porque vai ser revelada a glória do Senhor e todos os povos verão aquilo que Deus, nosso Senhor prometeu”.
But who may abide – A peça começa suave, tornando-se nervosa e exaltada na segunda central quando se refere ao fogo purificador.
And he shall purify – O jogo dialogante das vozes, de grande suavidade, lembra o estilo de um dueto vocal “e Ele purificará os filhos de Levi”.
Behold, a virgin – Inicia-se com uma terna recitação anunciando a chegado do menino Jesus.
For unto us a child – Esse coral é uma das jóias do oratório.”Pois nasceu uma criança entre nós, um filho foi-nos dado e sobre Seus ombros recairá a soberania”.(Isaías,9,6.)
Glory to God – Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade (Lucas, 2,13-14).
His yoke is easy – Esta parte suave,termina com um final adequado ao texto “Seu jugo é suave e sua carga leve” (Mateus,11,30).
Parte II
Behold the lamb – A segunda parte começa com um coro patético que anuncia a imolação do cordeiro. “Eis o cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo” (João,1,29).
Surely he hath born – nesse coro a orquestra introduz dramaticamente expressando com fortes acentos o martírio de Jesus “Certamente foi Ele quem levou sobre si nossos sofrimentos e dores”.
All we like sheep – é uma soberba criação, a orquestra repete insistentemente uma nota, ostinato, como figura de acompanhamento, expressando o espírito que se afasta de Deus.
Behold and see – Nessa recitação é relembrado o seu sofrimento pelos pecados dos homens e que, mesmo assim, não abandonou as suas almas. “Olhai e vê se há dor comparável a esta que me atormenta” (Lamentações 1,12)
O coro Lift up your heads é outra das jóias. Introduzido pela orquestra, com grande vigor, o coro entoa uma grande marcha triunfal sobre a morte e o pecado.
Thou art gone up on high – nessa bela ária que foi composta para soprano, em algumas interpretações utiliza uma adaptação para baixo, a ária apresenta um acompanhamento rítmico e com um tom de decisão.
Numa brevíssima recitação do tenor, Unto which of the angels, introduz o coral com uma impressionante vitalidade.
O coral Let all the angels é um ritual que se apresenta sem contraponto, ou seja, com escrita homofônica ao invés de polifônica.
The Lord gave the word – A louvação continua com a entrada vigorosa do coro, onde a agilidade e a articulação das vozes são postas a prova.
Why do the nations – A orquestra e o baixo irrompem violentamente, com grande efeito teatral num concitato (agitato nervoso) que questiona o por que das nações lutarem entre si.
Assim, chegamos ao coro Allelujah,mais representativo do Oratório e de toda a obra de Handel. Um canto inflamado que festeja o conflito superado, cujo alento afirmativo deriva da simples repetição das notas cada vez mais agudos, sobre as palavras “King of Kings, and Lord of Lords“.
Parte III
I Know that my Redeemer liveth – A soprano abre a terceira parte da obra com uma ária afável em ritmo de minueto.”Eu sei que o meu Redentor vive e que se levantará sobre a terra no último dia”(Jó,19,25-26).
O coro seguinte Since by man came – plasma um grande efeito a dicotomia entre a vida e a morte, o pecado e a ressurreição. “E como em Adão morremos todos, assim em Cristo todos ressuscitaremos” (I Coríntios, 15, 21-12).
A segunda ária mais extensa por conta do baixo Behold, I tell you a mystery e ao soar a trombeta, com a música The trumpet shall sound representa a ressurreição dos mortos.
If God be for us, who can be aginst us? – Nessa última ária é um auto de fé com acompanhamento do violino.
Worthy is the Lamb – “Digno é o cordeiro, que foi sacrificado para redimir-nos” (Apocalipse, 5,12). Assim, o Messias encerra-se magistralmente, como se fosse uma grande antífona.
Fonte: http://www.oliver.psc.br