Música Que Eleva
Entrevista com Márcio Basso Gomes [*]
A música está ligada a nós pelo gosto, da mesma forma que o alimento. Mudar a dieta musical pode ser tão difícil quanto mudar os hábitos alimentares. Mas isso pode acontecer após uma renovação de nossos hábitos. Creio que o Espírito Santo pode nos orientar sobre o que devemos evitar e fazer a fim de que descubramos aquilo que é melhor para nós – Dr. Stefani, Revista Adventista, março de 2002.
Com apenas sete anos de idade, o Pastor e Doutor Wolfgang Hans Martin Stefani foi obrigado a escolher entre ganhar uma televisão e um piano: não pensou duas vezes, escolheu o piano. O fascínio pela música o constrangeu bem cedo, e esse assunto tem sido alvo de suas palestras por muito tempo.
Especialista na área de música sacra, o professor Stefani, que é pastor distrital em Adelaide na Austrália, obteve seu Ph.D. pela Universidade Andrews, nos Estados Unidos. Dentre as muitas funções de seu ministério, atuou como diretor de música, organista e regente de corais em diversas igrejas norte-americanas, inglesas e australianas. Autor do livro Música Sacra, Cultura e Adoração, atualmente viaja pelo mundo dando orientações sobre como louvar a Deus de forma adequada, tratando da singularidade da música cristã. “O alvo final de toda música deve ser glorificar a Deus, por ser ela a experiência que mais nos eleva ao Criador”, ressalta Stefani.
Atentando ao convite feito pela Associação Paulistana (AP), o pastor Stefani realizou palestras em Praia Grande no dia 25 de janeiro, no Concílio de Pastores da AP, nos dias 26 a 30 do mesmo mês, e no dia 1º de fevereiro proferiu palestras no auditório do Colégio Adventista de Vila Yara. Um dos principais objetivos de sua visita ao Brasil foi ressaltar a importância do aperfeiçoamento do louvor.
“Deus instituiu um sistema adequado de música para adoração a Ele, que deveria ser de acordo com o padrão que era seguido no Céu”, disse Stefani. Portanto, o louvor a Deus deve ser, segundo ele, “um reflexo da adoração no Céu”. Para ele, não basta para música sacra uma letra belíssima, se não houver a preocupação com a melodia. Para que haja coerência, a mensagem da letra e da música devem ser complementares. Um estudo, mostrado pelo palestrante, revelou que a freqüência das batidas das músicas inspira sentimentos os mais diversos e complexos possíveis, como amor, reverência, lascívia, ódio, raiva, alegria e pesar. Stefani afirmou ainda que muitos cristãos, talvez por falta de conhecimento, podem estar louvando a Deus erroneamente. “A sutileza como coisas inadequadas estão entrando na música da Igreja nos deixa muito preocupados. Dá para perceber o quanto Satanás está atuando através da música sacra”, comentou Sônia Braga, secretária da AP, que assistiu às palestras.
Adoração perfeita – De acordo com o pastor Stefani, algumas características de uma adoração que mais se aproxima da perfeição, são: predominância da melodia com variações limitadas de sons (seguir uma escala progressiva, evitar grandes saltos melódicos), tempos calmos, rejeição de ritmos métricos regulares, fortes acentuações, harmonias exuberantes e mudanças bruscas de volume. A música deve favorecer a contemplação e a elevação do adorador para além da atmosfera humana. Já o ritmo repetitivo em relação à melodia e à harmonia e os instrumentos de percussão freqüentemente tocados com volume elevado a fim de induzir e alterar o estado da consciência, são recursos que não promovem a meditação. São, portanto, formas erradas de louvar ao Senhor, de acordo com Stefani.
O convidado salientou que na antiguidade Deus escolheu os levitas para serem músicos. De acordo com a bíblia, “quatro mil [deveriam] louvar ao Senhor com os instrumentos musicais” (I Crônicas 23:5). Havia também príncipes e reis músicos, um dos quais era o rei Davi, que, além de poeta, era músico, cantor e inventor de instrumentos musicais (cf. Amós 6:5). Deus os escolheu porque eles tinham contato diário com Ele. Cabia aos levitas ensinar o modelo perfeito de adoração, assim como era missão dos hebreus mostrar os mandamentos divinos a todo o mundo. “Hoje, também, Deus quer nos dar a direção correta”, diz o Pastor Stefani. “Como músicos, temos que ter certeza da nossa lealdade, a Deus para que Ele possa nos usar. Basta lembrar de Satanás para entender quão perigoso é se dedicar ao ministério da música sem ter as bases alicerçadas em Cristo Jesus”, completa.
Conforme escreveu Ellen White, “a conformidade com os costumes mundanos converte a Igreja ao mundo; nunca o mundo a Cristo” – O Grande Conflito, pág. 509. A música deve sempre glorificar a Deus e exaltar o Seu nome, por isso os que a ela se dedicam devem possuir coração puro e espírito reto, pois “aquilo que governa o coração forma a arte”, afirma Stefani.
“Há quase dois mil anos Jesus já disse: ‘Onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração”‘.
Nota:
[*]Os editores do Música Sacra e Adoração agradecem à Loide Simon por esta contribuição ao site.
Fonte: Revista Adventista, março 2003, p. 16.