Música e Adoração

Entrevista com o Dr. Morris Taylor [1]

Revista Adventista – Qual é o objetivo de sua vinda ao Brasil?

Morris Taylor – Tenho três objetivos em mente: 1. Desejo animar os pianistas do Brasil a usarem seus dons para adorarem a Deus; 2. Quero mostrar-lhes material útil para usarem no serviço de adoração e prestar-lhes assistência na arte de tocar hinos; 3. Tenho interesse nos aspectos técnicos de mostrar-lhes como podem dirigir sua congregação na adoração, nos cânticos e na reverência para o serviço religioso. O interessante é que este tipo de seminário está encontrando aceitação em círculos não adventistas, e estou ensinando muitos professores de música a incluírem música sacra em seu repertório regular de ensino.

RA – Às vezes um pianista se recusa a tocar em determinado piano porque diz ser impossível louvar a Deus naquele instrumento, devido as suas condições. Qual seria o seu conselho a um musicista que não dispõe de um instrumento da melhor qualidade para louvar a Deus?

MT – Acho que Deus merece o nosso melhor. Minha aspiração pessoal é dar o meu melhor ao Senhor e tentar inspirar outras pessoas a fazerem o mesmo. Entretanto, precisamos utilizar o que temos à mão. Este é um princípio bíblico. Não podemos esperar pelo ambiente perfeito, a fim de começar a desenvolver um caráter cristão. Nem podemos esperar para usar nossos dons musicais para o Senhor só depois de encontrarmos o piano perfeito. Podemos procurar a vida toda e nunca começar. Creio que devemos utilizar o melhor que temos. Penso que manter o instrumento em condições próprias de uso é mais importante do que o dinheiro que gastamos na aquisição do mesmo. Se temos condições de melhorar, devemos fazê-lo. Dentre nossas muitas necessidades, tais como evangelismo, educação infantil, teto e conforto para os adoradores, eu colocaria como uma das prioridades desta lista o ter um instrumento apropriado para louvar a Deus. Talvez o princípio aqui deva ser: estejamos certos de que a Casa de Deus é pelo menos tão bem cuidada como os nossos lares.

RA – Fale sobre iniciação musical. Com que idade as crianças deveriam começar? Deveriam aprender a ler primeiro, na escola?

MT – Há dois pontos de vista sobre isto. Segundo o método Suzuki, que está se alastrando pelo mundo, a criança deve começar já aos dois anos e meio. Eu, particularmente, não acredito em confinamento para um programa de estudos nesta idade. Prefiro que as crianças desenvolvam primeiro amplos movimentos físicos, a linguagem, e o seu conhecimento da Natureza, tudo ao ar livre. Penso que o desenvolvimento do olho, e a coordenação dos pequenos músculos não está ainda apta a um estudo aprimorado, que associamos com o domínio do violino ou piano. Recomendo música no lar, começando já na infância, no sentido de que o pai e a mãe cantem para os filhos, e que isto seja tão natural como o falar.

Os cânticos de louvor a Deus deveriam encher o lar continuamente. A música pode se tornar uma diversão: as crianças podem marchar, bater palmas, cantar e inventar os seus próprios cânticos e melodias. Acredito numa abordagem criativa. E então, depois que as crianças estiverem crescidas, e forem para a escola, elas ficarão confinadas dentro do recinto e usarão seus olhos para aprender a ler. Penso que a ocasião apropriada para começarem um estudo sério de um instrumento é por volta do segundo ano de seus estudos na escola. Elas podem aprender piano ou algum instrumento simplificado, como flauta doce, e assim progredir rapidamente. Com a idade de 7 a 8 anos elas progredirão três vezes mais rápido do que o fariam com a idade de 2 a 5 anos.

RA – Algumas pessoas dizem que não têm “ouvido” para a música. Toda criança normal é capaz de aprender música da mesma maneira como consegue aprender a ler?

MT – É uma ocorrência muito rara encontrar uma pessoa verdadeiramente monotônica, isto é, que não consegue executar uma melodia. Não creio que jamais tenha visto uma criança que não tenha qualquer reação musical. Entretanto, as pessoas não são igualmente dotadas para a música, e os pais cometem um engano quando esperam que seu filho se exiba ou atinja determinado padrão em tenra idade. Não apóio a música de caráter competitivo. Às vezes assemelhamos a música a um esporte, em que precisamos estar no time vencedor, precisamos tirar notas altas no exame, ou estar no terceiro livro antes que o filho do vizinho chegue lá, e assim por diante. Acho que o aprendizado de música deve ser um processo normal e natural, deve ser um processo criativo, de auto-expressão, sem extremos quanto às expectativas dos adultos para com as crianças.

RA – Qual o resultado produzido pelo lar em seus próprios filhos? São eles músicos hoje?

MT – Tenho quatro filhos, que estão agora com mais de vinte anos. Minha esposa (já falecida) lhes contava histórias favoritas, as quais eram acompanhadas por cânticos e música de vários tipos. Ela produzia no piano sons que se assemelhavam à ondas do mar, pássaros voando, etc. E as crianças aprenderam a fazer isto também. Hesito em falar de meus filhos como modelos, pois eles verdadeiramente se desenvolveram, tornando-se músicos de qualidade. Viajaram por todo o mundo com o seu quarteto de cordas. Todos eles apreciavam a música de modo natural, e supunham que, de certo modo, a música se achava em todas as partes. Lembro-me de um de meus filhos cantando melodias antes de saber formar frases. Acho que a música os tornou mais gentis e dóceis em seu temperamento, menos suscetíveis de serem fortemente expressivos ou tímidos e retraídos.

RA – O jovem adventista tem possibilidade de abraçar a carreira de concertista? Quais as implicações que isto teria para a sua fé?

MT – A carreira de concertista para adventistas do sétimo dia é uma possibilidade muito limitada. É preciso enfrentar a realidade de que só a pequena porcentagem de pessoas que gostam da carreira de musicistas nômades é que têm essa possibilidade. Depende da pessoa. Por experiência própria sei que há oportunidades para jovens cristãos concertistas darem o seu testemunho. Eles são colocados numa esfera social de sofisticação e riqueza que é de difícil acesso para um cristão. E essas pessoas cultas e abastadas estão à procura da verdade, de maneira que há possibilidade de testemunhar. Durante uma tournée que realizamos, lembro-me de ter visto meu filho mais novo, que na ocasião devia ter uns 13 anos, conversando sobre as três mensagens angélicas e a vinda de Cristo com um dos homens mais ricos do local. As demais pessoas presentes ficaram impressionadas com a sinceridade e a beleza do caráter cristão dos jovens. Mas, infelizmente, o mundo por vezes oferece fortes atrativos, e o jovem cristão em vez de transformar pessoas à imagem de Cristo, é seduzido pela imagem do mundo. Muitas vezes, a tentação de ser o primeiro ou o melhor nos leva a comprometer nossa integridade cristã. Na trilha do sucesso temos que conhecer as pessoas certas, atuar nos círculos sociais certos, e ter o dinheiro certo, o que pode nos levar a um afastamento de nossos princípios. Podemos citar casos de jovens adventistas que renegaram sua religião para poderem alcançar o que acreditam ser fama mundial. Se esse rumo tiver de ser tomado, então eu aconselharia que não se envolvessem, de maneira nenhuma. E existem ainda os problemas de viagens e concertos no sábado, vestuário, etc.

Por outro lado, existem tentações em qualquer carreira. Não podemos dizer que a medicina, por exemplo, não ofereça suas tentações peculiares. Até mesmo no ministério encontramos problemas profissionais. A intimidade com as pessoas durante o aconselhamento é um dos aspectos mais difíceis do ministério. Acredito que todas as profissões requeiram integridade pessoal. Não poderíamos, então, isolar a música como sendo uma tentação maior do que outras profissões.

RA – As culturas têm suas características musicais. Podemos distinguir facilmente uma música japonesa de uma árabe. Qual é a relação entre cultura e música?

MT – Não me sinto qualificado para falar sobre isto, pois se trata de um campo muito especializado. Mas tenho viajado bastante, e observado a música religiosa e secular de diversas culturas. O que acho impressionante é o fato de cada cultura saber que aspectos de sua cultura tendem para o belo e verdadeiro, e que aspectos os impele para baixo do potencial que Deus lhes concedeu. Quando meus filhos ainda eram bastante novos, fizemos uma viagem para o Havaí. Alguns havaianos estavam um pouco apreensivos com nossa presença lá, pois haviam tido uma experiência negativa com um grupo musical dos Estados Unidos. Eles achavam que nós iríamos exportar do continente um tipo de música que eles consideravam sem valor para o cristão e inadequada para adoração. Entretanto, acabamos por nos tornar amigos, e eles nos aceitaram de braços abertos, de tal forma que decidiram executar um pouco da sua música especial para nós ouvirmos. Durante conversas que tive com seus músicos, percebi que eles têm um tipo de música que se destina principalmente para o consumo dos turistas, e para sua diversão. Eles, porém, admitem que esse tipo de música não é adequado para a igreja, e que existe outra espécie de música havaiana propícia à adoração. Acredito que em qualquer cultura, a pessoa que tiver uma experiência cristã genuína saberá distinguir que tipo de música é adequada, embora isto seja difícil para o turista, pois ele não está familiarizado com aquela cultura, e não irá compreender a linguagem musical. O grande desafio do ministério musical é esclarecer as pessoas sobre o tipo de música que é agradável a Deus, seja ela extraída de outras culturas ou não.

RA – Várias modalidades de música clássica são de origem popular. Essa música foi de tal modo trabalhada e sofisticada, que nós hoje a assimilamos como sendo boa música, e inclusive a consideramos mais apropriada do que outras modalidades musicais. O senhor não acha que quando tentamos impor esse tipo de música sobre uma cultura diferente, estamos praticando uma espécie de colonização?

MT – Não há dúvida de que todos os países da Terra foram, em alguma ocasião, vítimas de colonização. É uma questão filosófica perguntar que cultura é superior ou não. Perante Deus todos os povos são iguais. Para ser respondida com precisão, essa pergunta precisa ser subdividida.

Assim como a coca-cola e o jazz estão espalhados por toda parte, assim também os hinos cristãos seguiram os missionários. Não há dúvida de que os hinos da Inglaterra e da América do Norte se tornaram um tipo de linguagem de adoração universal. Isto não é de todo prejudicial, uma vez que serviu para estabelecer um vocabulário comum. E tenho notado – ao viajar pelo mundo – que cada povo tem suas variações desses hinos, ao traduzi-los para o vernáculo, e nos sentimos bem quando escutamos uma melodia que nos é familiar.

O uso de sapatos, por exemplo, é fruto da colonização, e, no entanto, tem melhorado as condições de saúde em muitos lugares, embora em outros não seja necessário. E difícil distinguir entre essas conveniências e as imposições pura e simplesmente colonizadoras.

Entretanto, o cerne de sua pergunta é se existe um tipo de música superior. E você apontou com razão que um bom número de músicas clássicas têm em seu passado raízes culturais. No Brasil, não há dúvida de que seus compositores mais destacados, como Guarnieri e Villa-Lobos, se apóiam tanto na tradição musical ocidental como na música indígena, e realizaram um trabalho sublime e artístico. Como cristãos, cometemos um grave erro quando igualamos complexidade com boa qualidade, considerando que a boa qualidade se acha presente em todos os níveis de sofisticação cultural, da mesma forma como encontramos má influência e imortalidade em todos os níveis. Não podemos dizer que uma música é boa só porque a ouvimos num concerto ou porque foi composta por um músico clássico. O bom e o mau dizem respeito à moralidade, enquanto que o simples e o complexo estão associados com diferentes aspectos da cultura.

RA – O misticismo do Oriente parece refletir-se em sua música. A música exerce influência sobre a religião? Ou é a religião que influi sobre a música?

MT – Falamos da música como sendo uma linguagem. Ela, no entanto, é imprecisa e inespecífica. E a música é em grande parte o significado que a sociedade atribui a determinados sons. Não há dúvida de que o que uma pessoa é, e o que acredita com respeito à religião, influi nos propósitos que ela tem ao escrever uma música. E quem melhor que o próprio compositor para explicar quais são seus propósitos? É muito difícil apontar motivos precisos e significados específicos em sua música. Stravinski compôs a “A Sagração da Primavera”, e também a “Sinfonia dos Salmos”. A primeira é pagã e secular, enquanto a última é profundamente devocional e espiritual. Acho que um grande compositor domina bem essa linguagem, e é capaz, dentro de seu estilo e sua época, de nos conduzir para onde quer. Eu não subestimo o poder de sua música de realizar isso. E aí sim, a religião tem a sua influência.

Estamos acostumados a associar determinados sons a uma influência religiosa, mas é muito difícil isolar de forma abstrata certos sons e acordes musicais e atribuir-lhes valor moral. Não acredito que um determinado acorde ou ritmo seja, por si só, um “palavrão musical”, ou uma blasfêmia. Creio, isso sim, que em nossos dias, certos ritmos e melodias estão associados com certas ideias e noções que influenciam as pessoas diretamente para o bem ou para o mal. Mas são apenas como sílabas num texto. No meu entender, Deus não criou determinados sons para terem um significado específico. Nós, que usamos essa língua, é que compreendemos quando esses sons e sílabas são pronunciados. Quem não acreditar, pode ligar a televisão e observar determinados atos que acompanham certas músicas, e verá que elas estão entendendo o recado da música. Eu diria, em resposta, que uma influencia a outra. O difícil é saber até que ponto.

RA – Que princípios gerais poderiam ser estabelecidos para a música adequada à adoração na igreja?

MT – Se o ritmo se torna o elemento dominante da música, em detrimento da melodia ou acompanhamento harmonioso, estamos diante de uma situação em que se está estimulando mais os impulsos das ações motoras. De maneira genérica, a música que apresenta o ritmo como elemento dominante, não é propícia para ser executada na igreja. Outro princípio de fácil percepção é o de que a música acompanhada por uma letra de fundo religioso tenderá a ser mais apropriada para a igreja. Existe ainda o fator ambiental. Se determinado tipo de música é correntemente associado a certo tipo de recreação ou entretenimento, essa música provavelmente irá transmitir o clima desse ambiente. Se for o clima de uma festa social, onde se encontra sensualismo, drogas e álcool, a música falará a linguagem desse ambiente, e não será propícia para o cristão. Muitos outros princípios semelhantes poderiam ser encontrados.

RA – Suponhamos que uma música tenha sido originalmente escrita para uma Ópera, como Largo, de Handel, mas tenha características musicais que se adaptam à música sacra. Seria adequado utilizá-la na igreja, a despeito de seu propósito original?

MT – Estamos aqui lidando com os fatores: linguagem musical, origem, e adequação. No que diz respeito à linguagem, não vejo nada de errado com o Largo, de Handel (da ópera Xerxes). É a mesma linguagem melódica que seria usada em várias peças sacras. Por isso mesmo permanece popular nas igrejas.

O fator origem apresenta um quadro diferente. Duvido que um leigo em cem mil saiba que ela se originou de uma ópera. Entre os músicos, talvez um em cem o saiba. Talvez ninguém tenha escutado essa ópera em nossa década. A sua origem está assim praticamente perdida. Ora, se a linguagem é propícia, e a origem é desconhecida, a música é com toda probabilidade adequada.

Mas tomemos exemplos mais extremos para ilustrar melhor a questão. Se nos volvermos ao período barroco, encontraremos uma bela música coral que existe no Hinário Luterano e na maioria dos hinários protestantes: “Oh! Fronte Ensangüentada” (Cantai ao Senhor, nº 94; Hinário Adventista, nº 65). Este hino foi arranjado por um compositor católico, Hans L. Hassler, e algum tempo depois utilizado por Bach, o qual fez a letra em inglês, que fala da crucifixão de Cristo, e é freqüentemente cantada na Santa Ceia. Em meados do século XVIII sua origem já se achava no distante passado, em que o povo já havia perdido de vista sua origem como canção de amor. É verdade que houve modificações musicais também, nessa canção. Mas não vejo a menor razão para se desenterrar essa informação e assim desqualificar esta bela peça litúrgica. Talvez haja aqui um fator distância, ou tempo, envolvido.

No hinário Cantai ao Senhor, vocês têm um hino que também temos em inglês (“Meu Luminar”, no 305 no Cantai ao Senhor; não presente no Hinário Adventista), cuja origem é atribuída a Katholisches Gesangbuch, que não é outra coisa se não o Livro Católico de Cânticos, e como sua procedência está em outra língua, espera-se que o povo não perceba que este hino veio de um livro de cânticos católico apostólico romano. Não há qualquer incorreção no texto, tanto em inglês, português, ou na língua original. Penso que o fator preconceito, neste caso, não é apropriado. A menos que houvesse incorreção doutrinária e fosse inconveniente para adoração. Assim, se um tipo de música ofende um considerável segmento da congregação, os músicos da igreja fariam bem em evitá-la. Há mil outras peças que podem ser tocadas.

RA – Costuma-se dizer que a “música boa é aquela que afeta a pessoa da cintura para cima, e a que nos afeta da cintura para baixo é má”. O que o senhor diria?

MT – Vou lhe contar o que aconteceu num de nossos colégios, nos Estados Unidos: um grupo de pessoas de outra cultura étnica veio fazer um programa musical e, ao chegarem lá, foram avisados: “Vocês podem fazer qualquer coisa no palco, contanto que não se movam da cintura para baixo!”. O grupo deu início às suas músicas folclóricas, acompanhando-as com movimentos acima da cintura, e não demorou muito para que todos estivessem acompanhando os seus movimentos. A apresentação se tornou tão inconveniente que tivemos de fazer um intervalo e dizer-lhes: “Olhem, nem mais um movimento. Se quiserem permanecer no palco e simplesmente cantar, muito bem. Se não, o programa está terminado”.

Há certa verdade no que você diz. Algumas pessoas não se movem da cintura para baixo, mas seu coração e a cabeça o fazem. Não se pode brincar com nenhuma parte do corpo. Prefiro alterar sua pergunta e falar sobre o equilíbrio entre as emoções e o intelecto. Na adoração cristã tem de haver o conhecimento mental de Deus e a conscientização emocional de Seu amor. E a melhor música utiliza ambas as partes dessa personalidade. Ao lermos as Escrituras é muito difícil descobrir sobre qual delas o autor está falando: o coração ou a cabeça, já que são utilizadas de maneira intercambiável e se acham integradas. Pessoas de culturas diferentes tendem a dar ênfase ao estilo clássico ou romântico, um excluindo o outro, pois nota-se que certos grupos étnicos são mais emocionais em sua expressão religiosa, e outros são mais reservados. Por isso, temos de ser bastante tolerantes. Mas não há dúvida de que uma religião puramente racional tem seus problemas específicos, bem como uma religião estritamente emocional. A maioria de nós se sente melhor, como pessoa integrada, quando a cabeça controla, e quando nossa música se mede de acordo com uma ideia circunspecta que pode ser intelectualizada. Se o coração dominar sem o controle da mente, poderemos incorrer no misticismo, numa expressão emotiva que margeia o fanatismo, e podendo até perder o controle sobre o que estamos fazendo. Existem perigos em ambos os extremos. Em vez de dizer “da cintura para baixo” ou “da cintura para cima”, vamos dizer que a mente santificada, juntamente com o coração e o entusiasmo de todo o ser, devem fazer juntos o que é proveitoso e agradável.


Nota:

[1] Morris Taylor é doutor em Piano e História da Arte pela Universidade de Boston. Estudou na Royal Academy of Music, de Londres, tocou como solista no Wigmore Hall, em Londres, e no Masonic Temple, San Francisco, Califórnia. Realizou nos Estados Unidos mais de 100 concertos em Academias, Faculdades e Universidades. Entrevista concedida a Rubem M. Scheffel e Williams Costa Junior, para a Revista Adventista.


Fonte: Revista Adventista, março, 1983, pp. 17-20.