A Música na Adoração – Apêndice D
por: Adrian Ebens
Música na Igreja desde a Reforma até o Século Vinte
Do livro: Music Leadership in the Church, de Eric Routley. pp 45-46
1. Na Idade Média existia um estilo claramente definido como “estilo da igreja”. O cantochão era “música de igreja”, música dançante ritmada era “secular”. Esta é uma generalização ampla, mas aproximada o bastante para os nossos propósitos.
2. Lutero, assim como seus predecessores protestantes, fizeram uso de estilos seculares na música que encorajavam; os hinos eram bastante parecidos com o estilo de música não eclesiástica que era comum no final da Idade Média.
3. Calvino, através de sua severa disciplina, desenvolveu um novo “estilo para a igreja”. Embora Bourgeois, o seu músico, tenha usado elementos seculares em suas melodias para os salmos, a forma como deveriam ser cantadas e o fato de que eram tão poucos em número e todos no novo estilo solidificou um novo estilo de música para a igreja, que era em parte uma forma de executar música, em parte uma forme de compô-la – um estilo congregacional e estritamente em uníssono.
4. As melodias inglesas e escocesas para ao salmos refletiam este “estilo para a igreja” e “maneira da igreja” de uma forma mais simples e mais popular, mas certamente não de forma secular.
5. A música da igreja do período 1660-1740 voltou-se diretamente para os estilos seculares da música de dança e música da corte; e a do período imediatamente posterior tomou emprestado seu estilo da ópera do século dezoito. O interesse de músicos altamente qualificados pela música da igreja no período de 1660-1750 ajudou a “batizar” estilos seculares sem qualquer senso de incongruência.
6. As duas gerações seguintes (digamos 1780-1850) viram uma degeneração do novo estilo secular para um novo estilo de música da igreja, devido à falta de habilidade dos músicos da igreja em lidar com os novos recursos de forma tão capacitada como seus predecessores haviam lidado.
7. O surgimento do cântico em vozes e as sociedades corais, juntamente com o movimento romântico na música criaram a oportunidade para novos estilos seculares serem incorporados na música da igreja, os quais, novamente, assim como no item 6, foram grandemente mal utilizados devido à inépcia dos músicos da igreja. O resultado foi um estilo de música da igreja de uma sentimentalidade óbvia e barata.
8. Então, o que acontece no século vinte?
Historicamente, passamos de um período (a Idade Média) no qual o estilo da igreja era “da igreja” porque estava sendo tratado pelos melhores músicos para um período no qual o estilo da igreja era reconhecido como sendo da igreja porque estava sendo tratado pelos piores músicos. No princípio os músicos eram clérigos. No final os músicos eram cada vez mais não apenas leigos, mas agnósticos. Anteriormente a igreja podia afirmar que possuía a música mais flexível, expressiva e sofisticada que havia no Ocidente. Por volta de 1900 ela era um museu da pior música.
Isto quer dizer que, embora no período inicial a música da igreja fosse a melhor música, no último período a música da igreja estava no seu auge quando ela ouvia a música secular e quando os músicos da igreja podiam lidar com a música secular.
Próxima parte: Apêndice E – As Alterações Filosóficas na Sociedade Ocidental no Século Vinte