Sob a Batuta do Mestre
por: Arnely Schulz
Volume I – A Queda da Música (trechos)
Assim como a raça humana está se depreciando a cada ano que passa por sua condição de pecadora, o mesmo está denotado na música que faz, pois, em sua arte está refletida a sua história. Ao analisarmos sua música, detectamos a decadência de uma raça deteriorada moral e espiritualmente.
Esse louvor por meio da música praticado e rotulado como sendo ao Eterno Deus tem fluído carregado de emoção e se mantém pela força de uma composição que promove facilmente o mundanismo, que encoraja o exibicionismo, fazendo com o evangelho seja apresentado como mero entretenimento, revelando e reforçando uma falta de fé no poder essencial da Palavra de Deus.
Lamentavelmente, a igreja, foi vitimada, contagiada e contaminada de forma implacável pela peste da rotulada “música alienígena” combatida por Confúcio no Reino de Loo. Hoje essa música alienígena está representada pela música mundana, dissonante da realidade espiritual requerida urgentemente pelo povo que cultiva no profundo do ser o desejo inigualável de envolver-se numa atmosfera santa e celeste em seus cultos de adoração, na Casa do Senhor. E que almeja usufruir do louvor e do ambiente de adoração ao Criador, no lar celestial.
Essa “música alienígena” desarmonizada com o tom sagrado do cristianismo, aos poucos, e de forma dissimulada, alterou gostos e conquistou seu grande espaço. Modificou mentalidades e construiu novas posturas, levando a cabo o grande plano do maligno: a decadência espiritual do povo de Deus. A igreja precisa tomar consciência desse golpe satânico traiçoeiro, que objetivou distanciá-la cada vez mais da verdade e, consequentemente, dos caminhos da salvação.
Arca da Aliança
Durante vinte anos a Arca da Aliança permaneceu em Quiriate-Jeraim (Judá), na casa de Abinadabe, onde foi cuidada por Eleazar por todo esse período (I Samuel 7:1-2).
Foi o próprio Davi, o maior líder de música da época, compositor e ‘luthier’, quem, com todo o seu empenho, dirigiu esse momento de louvor: “Davi e toda a casa de Israel alegravam-se perante o Senhor, com toda sorte de instrumentos de pau de faia, com harpas, com saltérios, com tamboris, com pandeiros e com címbalos” (II Samuel 6:5).
“Davi e todo o Israel alegraram-se perante Deus, com todo o seu empenho; em cânticos, com harpas, com alaúde, com tamboris, com címbalos e com trombetas” (II Crônicas 13:8). Eles deram o melhor de si, mas, sem seleção prévia; e dominados ainda pela influência pagã egípcia, pegaram toda sorte de instrumentos de pau (percussivos) para oferecerem ao Eterno Deus um louvor ‘excelente’. Porém, agiram segundo o próprio querer, esquecendo-se das instruções que lhes haviam sido dadas por meio de Moisés, concernente ao translado da arca – ao como se conduzirem na presença do Todo Poderoso.
“Davi e seu povo tinham-se congregado para efetuar uma obra sagrada, e a ela entregaram-se com o coração alegre e disposto; mas o Senhor não podia aceitar o serviço, porque não era efetuado de acordo com suas orientações… os israelitas tinham em suas mãos uma declaração compreensível da vontade de Deus em todas estas questões, e sua negligência desonrava a Deus… Deus não pode aceitar uma obediência parcial, uma maneira frouxa de tratar os Seus mandamentos. … Assim a morte daquele homem (Uzá), levando o povo ao arrependimento, poderia impedir a necessidade de infligir juízos sobre milhares” (Patriarcas e Profetas, pp. 705,706).
A morte de Uzá abalou Davi. Ele pensou que era conveniente e confortável levar a arca em um carro novo, com riscos mínimos de acontecer algum problema ao invés de levá-la aos ombros, sobre varas, seguindo às instruções do Senhor a Moisés. Era agradável ao longo dessa caminhada estar alimentando aos sentidos e o corpo com o som dos instrumentos percussivos, isso até estimularia o físico a manter-se em movimento. “Então, a ira do Senhor se acendeu contra Uzá, e Deus o feriu ali por esta irreverência; e morreu ali junto à arca de Deus” (I Samuel 6:7).
Ora, que diferença faz louvar ao Senhor com instrumentos de pau de faia (percussão), com instrumentos de sopros ou de cordas? Certamente que essa diferença consiste na mesma que exigiu o transporte da arca aos ombros e não no carro novo; na mesma que implicou que a arca fosse transportada pelos levitas e não por outros. Essa diferença está arraigada na mesma força e magnitude da guarda do sábado e não do domingo ou qualquer outro dia da semana; no poder que ordenou a Moisés falar à rocha e não a bater nela para que a água jorrasse. Essa diferença também está alicerçada no mesmo princípio pelo qual foi ordenado a Davi que não procedesse com o censo do povo de Israel. As consequências dessas atitudes são biblicamente muito claras a cada cristão; deveríamos nós diante de tais evidências, continuar duvidando dos princípios eternos relativos à música e à condução do louvor ao Altíssimo aqui no reino das trevas?
Davi fez como o Senhor pediu (I Crônicas 15:12-13)
Ele recorre humildemente ao Senhor para ter certeza plena da Sua verdadeira vontade. Dessa vez, seria diferente. O músico agora não queria fazer aquilo que lhe parecia conveniente. Ele queria, sim, oferecer ao Eterno Deus aquilo que lhe seria aceitável e agradável.
Davi então, na presença do Rei da Glória, fez cessar o uso dos instrumentos de percussão (aqueles herdados, pelo povo de Israel, dos costumes pagãos do Egito) como tamboris, pandeiros e “toda sorte de instrumentos de pau”, determinando que fossem utilizados na Casa do Deus Eterno, para adoração e louvor somente instrumentos de sopro, de cordas e percussão melódica, ora representados: os sopros (trombetas, clarins), as cordas (alaúdes, liras, saltério e harpas); percussão melódica (címbalos), que soavam como pequenos sinos. (I Crônicas 15:16)
Foi a partir desse contexto (ver I Crônicas 15:2-3, 16, 27-28) que toda adoração e louvor ao Deus Eterno, tanto no reinado de Davi quanto em outros reinados, que foram submissos à vontade do Senhor, passaram a oferecer então o louvor, requerido pelo Rei da Glória, cujo propósito original estava em conduzir o homem à semelhança do Seu Criador… (I Crônicas 16:4-5; 25:1, 6, 7; II Crônicas 29:25; I Crônicas 6:31, 32; II Samuel 6:15).
No reinado de Davi, a música era prioridade, os músicos eram orientados e capacitados para exercerem esse ministério na casa do Senhor: “O número deles, juntamente com seus irmãos instruídos no canto do Senhor, todos eles mestres, era de duzentos e oitenta e oito”. I Crônicas 25:7.
Foi por meio de suas trombetas, seus saltério, seus címbalos, alaúdes e harpas, “instrumentos músicos de Deus” (I Crônicas 16:42) que Davi deixou as marcas na vida de uma grande nação.
Alegra-nos o fato de que Davi teve tempo para corrigir a sua música. E nós o que faremos? Que tempo ainda nos resta, como o povo escolhido, para reparar esse mesmo erro? O que fazer para resgatar o verdadeiro louvor de Israel em nossas vidas?
Procurava [Davi] vencer as provas com sacrifícios de louvor rendendo graças ao Eterno por todas as dificuldades, pois sabia que essas dificuldades o lapidavam, faziam-lhe crescer espiritualmente, preparavam-lhe para as grandes realizações e o conduziam ao céu. E, “porquanto Davi fez o que era reto perante o Senhor e não se desviou de tudo quanto lhe ordenara, em todos os dias da sua vida, senão no caso de Urias, o heteu” (I Reis 15:5).
A experiência equivocada vivida por Davi no translado da arca modificou o rumo do seu ministério. Embora tivesse oferecido ao Senhor o seu melhor carro, a sua melhor música, afinal, se percebia tudo muito agradável e isso satisfazia perfeitamente a Davi e ao povo, mas não estava agradando em nada ao Eterno Deus. O Senhor ficou tão irado que se manifestou com morte.
Certamente que você tem feito também o seu melhor quanto aos louvores que tem oferecido a Deus. Tem feito com zelo, com carinho, dedicação; tem se esforçado. Tem cantado as músicas que você mais gosta, que são agradáveis a você; mas, já perguntou ao Senhor se Ele tem se agradado da música que O tem oferecido? Se Ele tem aceitado esse louvor ou tem se irado ao ouvi-lo? Por favor, amigo, não espere que Ele responda com a morte.
Pare! Reflita um pouco: a música que tem cantado tem unido o povo do Senhor ou tem causado separação entre as pessoas? Ela afugenta o maligno ou quando você precisa expulsar demônios tem que recorrer aos cânticos antigos? Ela tem transformado verdadeiramente a sua vida ou você continua vivendo aparentemente consagrado perante a sua congregação? Essa música tem alicerçado a sua vida nos princípios eternos, nos santos mandamentos? Tem lhe separado do mundanismo? Qualquer pessoa que ouve a sua música de louvor a Deus – mesmo sem entender a letra – percebe que ela é diferente das músicas do mundo? Essa música tem selado você como um cidadão do Reino Eterno?
Trechos selecionados por Horne P. Silva a partir do livro Sob a Batuta do Mestre, vol. 1 “A Queda da Música”, de Arnely Schulz
Arnely Schulz é Conselheira da Associação Brasileira de Regentes de Coro e Presidente do Instituto ACCORDE BRASIL do qual é Fundadora.
Para maiores informações sobre o livro, entre em contato com a autora, através do endereço