A Música na Igreja Adventista – Parte 1.7

Parte 1

Capítulo 7º: Início no Brasil

A obra no Brasil começou entre os alemães, por missionários alemães. Por essa razão os primeiros adventistas cantavam em alemão. Usavam então; como até hoje, o hinário “Zions Lieder“, que era já na segunda edição (1908 – ampliada e revisada) um volumoso hinário com nada menos que 1050 hinos e cânticos.

Um problema começou a surgir quando brasileiros começaram a ser convertidos. Que cantariam eles em seus grupinhos? Segundo depoimento de alguns veteranos ainda vivos, lançou-se mão de hinários de outros evangélicos, como o “Cantor Cristão” e “Salmos e Hinos.” Ouvimos até um de nossos pioneiros cantar de cor, um hino de Escola Dominical, da guarda do domingo, que aprendera naquele tempo.

Nossos primeiros colportores lançavam sementes, interessados eram batizados e o numero de adventistas brasileiros crescia.

Segundo informação do Dr. Gideon de Oliveira, o pastor Guilherme Stein foi o que primeiro traduziu alguns hinos para o português, em numero de uns 10 ou 15, dos quais o pastor Stein forneceu uma lista a ele antes de falecer, junto com outro material informativo de sua conversão e experiência.

Dizem nossos obreiros mais antigos que houve um pequeno volume compilado, sem música, com perto de 70 cânticos, que nunca chegamos a ver, pelo que não podemos dar melhores informações de como eram, quem os traduziu, talvez por volta de 1910, nem a circulação e aceitação deste pequeno esboço de hinário, no qual os primeiros alunos do IAE chegaram a cantar.

Quando o colégio era fundado (1515), apareciam poetas promissores, ao lado dos missionários pioneiros, que tiveram parte em hinários posteriores.

Foi em 1919 que a Casa Publicadora Brasileira lançou a 1ª edição do antigo “Cantai ao Senhor” (“Cantae ao Senhor – Psalmos e hymnos para cultos e solenidades religiosas“).

Além de alguns cânticos extraídos de outros hinários evangélicos, pois já os havia no século passado, “Cantai ao Senhor” era um conjunto de 321 poesias em português para serem cantadas com músicas extraídas do “Zions Lieder” e do “Crist in Song“, fruto do trabalho de Jacob Kroecher, Carlos Rentfro, Mabel C. Gross, Albertina Rodrigues Simon (pioneira que também teve importante contribuição em nosso atual “Cantai ao Senhor“, meio século depois).

Continha três partes: a primeira de 283 cânticos, a segunda (Diversos) do nº 284 ao 307, e a terceira (“O Molho de Hymnos para colportores“) de 308 a 321, tendo no fim até cânticos especiais do Colégio e do Capão Redondo, bairro onde o CAB se assentou.

Seguiu uma 2ª edição em 1921.

Nestes poucos anos, parece que a coletânea não agradou totalmente, os publicadores queixavam-se no prefácio da 3ª edição (1925) de “insistentes pedidos de u’a modificação no ‘Cantai ao Senhor’ não só quanto à seleção de hinos nele contidos mas também quanto à linguagem dos mesmos“. Outras reclamações eram: “Hinos que nunca são cantados pelo nosso povo“; “música em livros que a maioria de nossos irmãos não possui, e outros, não se adaptam à música designada.”

O fato de ter havido hinos que não se adaptavam a música decorre da diferença que existe entre fazer poesia e fazer letra para a música: na poesia o verso é o rapaz solteiro, livre e com poucas restrições; na letra para a música, porém, ele assume outros compromissos e encargos para com a música, com a qual ele está agora casado.

Assim é que na 3ª e 4ª edições (1925 e 1928), o “Cantai ao Senhor” apareceu com 328 poesias, sendo que 38 das primeiras edições foram trocadas por outras, e 8 foram modificados. Segundo informações do pastor Kumpel, as correções foram efetuadas pelo prof. Flavio Monteiro, que lecionava português no CAB. As iniciais dos compositores conhecidos foram omitidas. No prefácio a Comissão declara “que toda e qualquer modificação feita, tanto na eliminação como na substituição dos hinos fizemo-la conscienciosamente” e mais adiante ainda explica que “todas essas modificações só foram efetuadas com o fim de mais devidamente representar a alta vocação da importante mensagem cuja proclamação nos confiou o Senhor“. Não é de estranhar que pelas alterações a Comissão pedia “Benevolência“, pois as modificações nunca conseguem pronta aceitação de todos. Nem todos adotam a verdade que diz: “Se você quer melhorar, deve estar disposto a mudar“.

Este processo continuou pouco mais tarde, quando em 1930 a CPB editava o “Hinário Adventista“. No prefácio encontramos o seguinte: “Não obstante a boa obra realizada pelo ‘Cantai ao Senhor’, julgaram muitos haver chegado o tempo para publicação de um volume maior, com música, o que para nós constitui novidade“. E novamente a comissão pedia “benevolência” porque o “trabalho expendido com este volume foi inspirado pelos mais altos ideais e aspirações com referencia aos milhares que hão de deleitar-se em cantar os hinos de Sião“.

Em se tratando de Hinário com música, estávamos bastante atrasados em relação aos nossos irmãos de fala castelhana, pois em 1921a “Pacific Press Publishing Association” incumbiu o pastor E. L. Maxwell de formar um hinário, que foi já editado com música (Copyright, 1921), contendo 463 hinos (450-463 sem música).

Mas, como dizíamos, tínhamos agora um hinário com música. Era uma novidade. Nem todos, porém, estavam satisfeitos, visto que tinham de comprar o novo, e o “Cantai ao Senhor” teria que ser deixado. Outra razão, talvez, para que aparecessem os inconformados fosse o grande numero de alterações. Da 1ª edição do “Cantai ao Senhor“, apenas 10 hinos foram transpassados intactos para o “Hinário Adventista“, e da 4ª edição apenas mais dois (12, portanto), o que não chega a constituir 4% do total. 20% ou mais sofreram alterações drásticas, e o restante ou foram omitidos, ou sofreram modificações leves. Havia outros novos formando o total de 333.

Na década de 40 apareceu um suplemento que elevava o numero para 350, que foi vendido avulso, para ser enxertado no fim do hinário. Nas ultimas edições o suplemento já fazia parte da estrutura.

Apenas um cântico herói sobreviveu intacto de 1919 até hoje, e se encontra no moderno “Cantai ao Senhor”, sob nº. 393 (com uma estrofe a menos).

Os tipos de impressão não resistiram mais edições do “Hinário Adventista“, pelo que foram fundidos. Para suprir a procura começou-se a imprimir este hinário sem música. A exemplo do que acontecia com a Igreja nos Estados Unidos, que fizera o “Church Hymnal” para substituir o “Christ in Song“, no Brasil a Organização deliberou fazer um novo hinário. Os irmãos latinos de fala castelhana também se movimentavam neste sentido.

Assim é que durante sete anos esteve em preparo o novo “Cantai ao Senhor“, que foi editado em 1963, e que começou a ser usado oficialmente na igreja do IAE no primeiro culto de sexta feira de 1964. No Sábado de manhã a Igreja de Santo André também se unia a tal prática.

Se em todos os hinários anteriores, ao serem lançados, notou-se reação do nosso povo, muito maior sofreu e sofre este atual. Muitas queixas saudosistas e revoltadas têm se insurgido contra os critérios de trabalho usados. E temos que reconhecer que é muito mais fácil ficar como está do que mudar, e muito mais difícil aprender e estudar. Na América nossa Igreja durante mais de 5 anos reduziram bastante a animação e o volume de som com que cantavam, em face da adaptação ao “Church Hymnal“.

A Organização promoveu aqui no Brasil a compilação de um livro de cânticos para os jovens, que recebeu o nome de “Melodias de Vitória“. Nos últimos anos o interesse maior tem se voltado para as crianças que possuem, além do “Louvores Infantis“, “Crianças Cantai“, “Cânticos Alegres para o Rol do Berço“, “Cânticos Alegres para o Jardim da Infância” e “Cânticos Alegres para o Primário“.


Capítulo 8º

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