Tamboris Acompanhando a Arca do Concerto
por: Ministério Luzes da Alvorada
Tendo em vista a questão da reverência e analisando os diferentes tipos de adoração praticados pelos povos ao redor do mundo, que vão desde reuniões solenes até rituais barulhento e extravagantes, somos levados a perguntar: Como deve ser a adoração na casa de DEUS? Como devem ser as músicas usadas na casa de DEUS? Quais instrumentos são adequados à adoração e quais não são?…
Existem duas correntes de pensamentos na igreja: A primeira entende que a adoração a DEUS deve caracterizar-se pela solenidade e reverência, portanto, instrumentos como a bateria não deveriam ser usados; a segunda analisa tudo sob o ponto de vista da cultura e da época, afirmando que, com “moderação” a bateria pode ser aceita.
Aqueles que defendem o uso da bateria na igreja costumam citar incidentes e textos bíblicos para reforçar suas teorias. Analisaremos a partir de agora esses incidentes e textos para compreendermos se eles abonam o uso da bateria na igreja ou não.
O primeiro caso que analisaremos é o do transporte da arca para Jerusalém nos dias do rei Davi. Nossa história começa, na realidade, nos tempos do sacerdote Eli, que criou o profeta Samuel. Os israelitas estavam em guerra contra os filisteus e, numa certa ocasião, os filhos de Eli levaram, por conta própria, a arca do concerto para o campo de batalha, pretendendo que a mesma os ajudasse a ganhar a guerra, uma vez que na batalha anterior haviam sido derrotados e mais de quatro mil homens haviam morrido.
Todavia, a arca do concerto não resolveu o problema, pois a mesma era um símbolo da presença de DEUS e não um amuleto da sorte. Os israelitas foram derrotados pelo fato de que, por causa de sua desobediência, DEUS não os estava acompanhando. Nessa nova derrota os filhos de Eli, Ofni e Finéias, foram mortos e a arca levada pelos filisteus.
Durante os sete meses em que a arca esteve em poder dos filisteus os mesmos foram afligidos por severas pragas, o que os levou a devolver a arca aos israelitas, colocada sobre um carro de bois puxado por vacas. Os detalhes podem ser encontrados no livro de I Samuel capítulos 4 a 7. A arca foi, finalmente, colocada aos cuidados da família de um homem chamado Abinadabe, em Quiriate-Jearim, ficando lá por muitos anos até a época em que Davi foi coroado rei de todo o povo israelita.
Davi, então, resolveu trazer a arca para perto dele, para Jerusalém, e organizou uma grande festa e um grande cortejo para o transporte da arca. A Bíblia diz que pelo menos trinta mil pessoas participaram desse evento.
O relato sagrado prossegue dizendo que “Davi, e toda a casa de Israel, tocavam perante o SENHOR, com toda sorte de instrumentos de pau de faia, como também com harpas, saltérios, tamboris, pandeiros e címbalos.” II Samuel 6: 5. Diz também que “Puseram a arca de DEUS em um carro novo,” (um carro de bois) “e a levaram da casa de Abinadabe, que estava sobre o outeiro; e Uzá e Aiô, filhos de Abinadabe, guiavam o carro novo.” II Samuel 6: 3.
Para alguns, isso já seria o bastante para afirmarem que é permitido usar tambores na igreja, sem levarem em consideração o restante da história. Porém, o relato prossegue: “E, chegando à eira de Nacom, estendeu Uzá a mão à arca de DEUS, e teve mão nela; porque os bois a deixaram pender. Então a ira do SENHOR se acendeu contra Uzá, e DEUS o feriu ali por esta imprudência: e morreu ali junto à arca de DEUS.” II Samuel 6: 6 e 7.
Em Números capítulo 7 verso 9 e capítulo 4 verso 15, há ordens claras para que a arca fosse transportada aos ombros pelas hastes que ficavam presas à mesma, e nem os que a transportassem deveriam tocá-la, para que não morressem.
“A sorte de Uzá foi um juízo divino pela violação de um mandado explícito. Por meio de Moisés o SENHOR dera instrução especial com relação ao transporte da arca… Assim, no trazer a arca de Quiriate-Jearim, houve uma desatenção direta e indesculpável às determinações do SENHOR… Em Uzá recaía a maior culpa de arrogância. A transgressão à lei de DEUS diminuíra a intuição que ele tinha da santidade da mesma, e, tendo sobre si pecados não confessados, atrevera-se em face da proibição divina a tocar no símbolo da presença de DEUS.” – Patriarcas e Profetas págs. 705 e 706.
O Livro História da Redenção na página 192 diz que “Uzá ficou irado com os bois, porque tropeçaram. Demonstrou uma manifesta desconfiança de DEUS, como se Aquele que tinha trazido a arca da terra dos filisteus não pudesse tomar conta dela. Os anjos que atendiam à arca feriram Uzá por sua impaciente presunção de colocar a mão sobre a arca de DEUS.” Imaginem a terrível cena: um homem sendo rasgado pela espada de um anjo. A Bíblia diz que “o SENHOR abrira rotura em Uzá” II Samuel 6: 8, e I Crônicas 13: 11 afirma “que o SENHOR houvesse aberto brecha em Uzá”.
“Temeu Davi a DEUS naquele dia, e disse: Como trarei a mim a arca de DEUS? Pelo que não trouxe a arca a si para a cidade de Davi, porém a fez retirar para a casa de Obede-Edom, o giteu. Assim ficou a arca de DEUS com a família de Obede-Edom, três meses em sua casa; e o SENHOR abençoou a casa de Obede-Edom, e tudo o que lhe pertencia.” I Crônicas 13: 12-14.
A trágica lição, porém, surtiu seus devidos efeitos. Ao ser informado, três meses depois, de que “O SENHOR abençoou a casa de Obede-Edom, e tudo quanto é dele, por causa da arca de DEUS” (II Samuel 6: 12), Davi compreendeu que, com respeito e santificação, a arca poderia ser trazida para Jerusalém. Reconhecendo que houvera descuido, irreverência e mesmo desobediência afirmou: “O SENHOR nosso DEUS irrompeu contra nós, porque não o buscamos, segundo nos fora ordenado”. I Crônicas 15: 13.
Para que a arca pudesse ser trazida a Jerusalém muita coisa deveria ser mudada. O livro de I Crônicas 15 versos 2, 12-15 relata não apenas a ordem de Davi para que a arca fosse transportada aos ombros, como deveria ser, mas também que os sacerdotes e levitas deveriam se santificar antes de fazê-lo.
Para que houvesse realmente solenidade naquela ocasião, Davi fez algo que os amantes da bateria não observam quando citam o transporte da arca como desculpa: Ele tirou os pandeiros e tamboris da lista de instrumentos a serem usados. O relato sagrado, a partir de então menciona (I Crônicas 15: 16 a 16: 43): alaúdes, harpas, címbalos, harpas em tom de oitava, alaúdes em voz de soprano, clarins ou buzinas e trombetas. Notem que somente então, quando não havia mais tamboris e pandeiros, os instrumentos são chamados “instrumentos de música de DEUS” I Crônicas 16: 42.
É interessante observar ainda que, embora Davi não pudesse construir o templo de Jerusalém, ele pode fazer muitos dos instrumentos musicais que seriam usados no mesmo. Falando a respeito de quando a arca foi levada para o templo construído por Salomão, por ocasião da dedicação do mesmo, II Crônicas 7: 6 diz: “Os sacerdotes estavam em pé nos seus postos, como também os levitas com os instrumentos musicais do SENHOR, que o rei Davi tinha feito para dar graças ao SENHOR.” Nunca, nenhum tipo de tambor fez parte da lista dos chamados “instrumentos musicais do SENHOR”, usados durante a adoração no templo.
A ordem quanto ao uso desses instrumentos no templo continuou a ser obedecida. Quando o rei Ezequias restabeleceu o culto a DEUS, durante o seu governo, “Também dispôs os levitas na casa do SENHOR com címbalos, alaúdes e harpas conforme a ordem de Davi, e de Gade, o vidente do rei, e do profeta Natã; porque esta ordem viera do SENHOR, por meio de Seus profetas.” II Crônicas 29: 25. É interessante observar que esta é a única vez em toda a Bíblia que, num mesmo verso, são mencionados nominalmente um rei e dois profetas transmitindo a mesma ordem divina. Aqui não há menção de tambores de qualquer espécie. De quem veio a ordem quanto ao uso desses instrumentos? A resposta contida no texto que acabamos de ler dispensa comentários: “esta ordem viera do SENHOR, por meio de seus profetas.”