Um Músico Cristão Cheio de Boas Intenções
por: Ministério Luzes da Alvorada
João era um cristão sincero. Desejoso de ser mais útil à igreja, começou a estudar música. Como começou pelo teclado, que é mais fácil por ser automático, teve que se adaptar a alguns ritmos “novos”, que faziam parte dos estudos. Não poderia haver problema, pois era por uma boa causa.
Ele começou a achar interessante o fato de o ritmo de algumas músicas que se cantam na igreja não serem tão diferente de certos ritmos modernos, como o jazz ou o rock, especialmente se tocados lentamente. Ele chegou, então à conclusão de que estudar esses ritmos todos poderia ser útil ao tocar as músicas da igreja. O fim justificaria os meios.
Assim João foi se desenvolvendo, passando do teclado para o piano, e dominado bem muitos ritmos que, agora, ele já não achava tão perigosos – desde que bem usados – como alguns irmãos mais conservadores diziam na igreja.
Ele começou a ser respeitado como músico e chegou até a compor alguns corinhos para algumas ocasiões especiais. Os elogios o incentivaram a prosseguir e ele começou a tocar para um conjunto.
João apreciava especialmente algumas combinações de acordes um pouco diferentes do convencional. Ele já tinha ouvido falar de alguns textos de Ellen White que falam sobre o assunto, mas não pretendia passar dos limites.
Era muito bom ver seu progresso e como as pessoas apreciavam, cada vez mais, o seu desempenho. Ele só não entendia por que algumas pessoas, às vezes, diziam que ele estava ficando muito “avançadinho”. Mas, afinal, ninguém pode agradar a todos. O importante é que a maioria gostava do que ele fazia.
Algumas pessoas o criticavam porque ele começou a ouvir certas músicas do mundo durante o seu aprendizado musical e não havia parado mais. Alguns até o acusavam de estar compondo músicas que tinham ritmos muito parecidos com a música do mundo; diziam que ele estava trazendo o mundo para a igreja. Ele achava uma pena que houvessem tantas pessoas mal informadas na igreja. Como algumas pessoas poderiam dizer que seu trabalho era ruim? Suas músicas já eram cantadas em congressos dos jovens, e dizer que os jovens estavam passando dos limites quando balançavam um pouquinho ao cantarem suas músicas era radicalismo. Essas pessoas não sabiam o que é necessário para “segurar” os jovens na igreja – como se os jovens fossem alguma espécie de ave fujona que precisaria ficar presa onde não quer ficar.
O que importava é que João estava fazendo sucesso; não era a Bíblia mesma que dizia: “pelos seu frutos os conhecereis”? Não deveriam ser considerados bons frutos o fato de tantos jovens gostarem de suas músicas justamente por serem animadas? Não estava isso sendo uma boa motivação especialmente para os recém conversos e um recurso para atrair os amigos não adventistas para as programações da igreja? Suas músicas já estavam até sendo tocadas em rádios evangélicas; não era isso uma bênção? Ele não compreendia porque muitos que apreciavam vê-lo tocar na igreja já não valorizavam seu trabalho.
Para João, a ideia de ter que mudar o seu estilo musical era puro radicalismo. Ele achava que as suas músicas eram plenamente aceitáveis, que eram moderadas, afinal, ele não usava guitarra e nem a bateria ao vivo; só usava um pouco através do teclado, para não deixar a música “muito morta”.
Quando lhe disseram que ele estava trocando a vontade de DEUS pelo seu próprio gosto musical e que, se tivesse que escolher entre a vontade de DEUS e as suas músicas, escolheria o mundo. Quem eram eles para dizer isso? Que conhecimento eles tinham sobre o assunto? Como eles poderiam afirmar que no céu não existem músicas assim, se eles nunca estiveram lá? Será que eles não perceberam que essa ideia de anjos tocando musiquinhas em harpinhas é falta de informação? Ele achava igualmente um absurdo a ideia de alguns de que DEUS estava descontente com o que ele estava fazendo, pois, pensava ele, suas músicas eram para louvar a DEUS e ele tinha certeza de que DEUS não queria que ele parasse.
João é um símbolo de dezenas, ou mesmo centenas, de pessoas bem intencionadas e cheias de talento que desejam fazer algo de especial pela igreja.
João nos lembra o caçador que atirou no cachorro pensando que iria matar a caça. Foi com a melhor das intenções. Pena que o cachorro não possa voltar a viver, e pena que alguns erros que cometemos deixem raízes na mente e nos corações das pessoas que estão à nossa volta, tornando impossível reparar totalmente certos danos que são causados.
João nos lembra ainda aquele bêbado que, embora cambaleando, diz: eu não sou um viciado; bebo porque gosto, mas com moderação. Ou ainda o fumante que diz: não sou controlado pelo cigarro; posso parar de fumar quando quiser, tanto é que já parei seis vezes. Quando uma pessoa contrai o vício da música ruim, sua própria vida muda afetando, fatalmente, a sua vida espiritual.
As pessoas podem se colocar no caminho da tentação com a melhor das intenções, mas nem todo o conhecimento é de origem salutar. Adão e Eva que o digam. Quando se tornam vítimas consumadas dos vícios musicais, nos casos mais graves, não podem sequer serem advertidas de que estão em perigo. Sentem-se ofendidas, como se os seus direitos estivessem sendo desrespeitados e se esquecem de que Caim também apresentou um sacrifício a DEUS, mas sua conduta o tornou um homicida.
Consideremos o que diz Ellen White: “Não é seguro para os obreiros de DEUS tomar parte em diversões mundanas. Considera-se um dano para os guardadores do sábado associar-se com o mundo na música. Todavia alguns estão em terreno perigoso. Desse modo Satanás leva homens e mulheres a se extraviarem ganhando o controle de suas almas. Tão sutil, tão plausível é o trabalho do inimigo que não se suspeita dos seus artifícios, e muitos membros da igreja tornam-se mais amantes dos prazeres do que amantes de DEUS.” – Manuscrito 82, 1900.
“Se dissermos que temos comunhão com ele [com DEUS], e andarmos nas trevas, mentimos, e não praticamos a verdade;” I João 1: 6.
“…que sociedade tem a justiça com a injustiça? ou que comunhão tem a luz com as trevas?” II Coríntios 6: 14.
“…não vos associeis às obras infrutuosas das trevas, antes, porém, condenai-as;” Efésios 5: 11.
As Escrituras dizem: “Infiéis, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra DEUS? Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de DEUS.” Tiago 4:4.
Os jovens são especialmente vulneráveis aos enganos que conduzem aos vícios, por isso as escrituras aconselham: “Foge também das paixões da mocidade, e segue a justiça, a fé, o amor, a paz com os que, de coração puro, invocam o SENHOR.” II Timóteo 2: 22.
Não dá para enumerar todas as formas possíveis de alguém se tornar um viciado em música ruim. Muitas pessoas são batizadas sem terem o devido preparo, e quando chegam à igreja, vêem outras pessoas que apreciam o que é ruim, firmam-se no erro e, em vez de crescerem espiritualmente, colaboram para que o mal se agrave.
Existem, ainda, aqueles que se evolvem com a música ruim para serem aceitos, para não serem considerados “quadrados”, não sabem como enfrentar as chamadas “críticas construtivas” que lhe dirigem alguns amigos. Isso acontece muito dentro da igreja.
“Tem-me sido revelado que nem todas as famílias que possuem o conhecimento da verdade têm colocado seus princípios em prática. Cada talento de influência deve ser sagradamente cultivado para o propósito de levar almas para o lado de CRISTO. Moços e moças, não considerais que os vossos entretenimentos musicais… estão realizando aceitável trabalho missionário. Tem se apossado deles um espírito de ordem diferente… Deve-se encorajar uma decidida característica religiosa em todas as nossas reuniões.” – Manuscrito 57, 1906.
Na verdade, mesmo em ambiente cristão, não estamos seguros quanto à influência da música ruim. Somente se estivermos solidamente firmados na palavra de DEUS e ligados a Ele por meio de sincera e fervorosa oração poderemos discernir as armadilhas do inimigo, pois podemos encontrá-las em qualquer lugar, até mesmo “no lugar santo”. São Mateus 24: 15. Falando a respeito de como era a música na escola dos profetas Ellen White escreveu: “Quão grande é a diferença entre aquelas escolas onde os profetas de DEUS ensinavam, e as nossas modernas instituições de ensino! Quão poucas escolas há que não sejam governadas pelas máximas e costumes do mundo! Há uma falta deplorável da devida repressão e disciplina judiciosa. A ignorância que existe da Palavra de DEUS, entre um povo que se professa cristão, é assustadora.” – Patriarcas e Profetas – Pág. 594.
Com as drogas, inclusive a música ruim, a única atitude sensata é ficar longe delas. Elas viciam e corrompem. Não devemos ouvi-las, não devemos aprendê-las, não devemos ensiná-las, não devemos aceitá-las de forma alguma em nossa vida, caso contrário estaremos comprometendo a nossa vida espiritual e a de outras pessoas também. DEUS nos deu o livre arbítrio, mas não temos o direito de abusar de nosso direito de escolha de forma que os nossos atos encorajem outros a fazer o que é errado; como está escrito: “Mas, vede que essa liberdade vossa não venha a ser motivo de tropeço para os fracos.” I Coríntios 8: 9. Nas palavras do próprio SENHOR JESUS: “Mas qualquer que fizer tropeçar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e que fosse lançado no mar.” Marcos 9: 42.
Que faremos nós? Serviremos ao SENHOR ou satisfaremos às nossas próprias inclinações? Pela graça de DEUS, que possamos ter em nossa vida apenas louvores ao nosso Rei.