Música é Mensagem
por: Rubem Xavier dos Santos [*]
Com freqüência, em nossas igrejas, ao convidarmos pessoas que possuem talento para cantar, para apresentarem mensagens musicais em nossas reuniões, ouvimos a clássica explicação: “Não tenho nenhuma música nova para cantar”.
É bom e interessante termos músicas novas para apresentarmos em nossas programações. Mas o fato de não termos novidades musicais não deveria ser motivo para nos impedir de participar.
A visão ou enfoque que estou apresentando é que o importante não é se a música é nova ou velha, mas se ela é adequada a ocasião, às circunstâncias ou ao tema da programação.
Fui convidado varias vezes para apresentar mensagens musicais em programações, e com freqüência perguntava o tema do sermão ou reunião. Como não sabiam me esclarecer, diziam: “cante qualquer música que fale sobre Jesus!”
Certa ocasião, entrei na sala pastoral e disse ao pastor que havia preparado para cantar como mensagem musical, o hino “Seu Maravilhoso Olhar”. O pregador, que era um pastor de experiência, preparado e versátil, me disse: “Eu pretendia pregar sobre determinado assunto, mas agora, para tirarmos o melhor efeito da música e da mensagem, vou pregar sobre o olhar de Jesus”.
Noutra ocasião, fui convidado para cantar um hino tradicional de nosso hinário, durante um sermão de casamento, para ilustrar o sermão, e relacionado com fatos da vida do noivo em sua infância. Havia outras músicas especiais que foram cantadas durante o casamento, mas no final da cerimônia soube que a repercussão maior foi causada com o hino cantado com ilustração do sermão. Esse hino é o de nº 336, Almejo o Lar, que consta do Hinário Adventista atual.
Observem que um hino que acabamos de mencionar, quando utilizado em ligação à mensagem, ao sermão ou ao tema de qualquer reunião, mesmo que seja bastante antigo, velho, surrado ou fora de moda, produz nos ouvintes o efeito necessário e desejado.
Quando a utilização das mensagens musicais é feita sem esta preocupação de adequação da música à mensagem, o ouvinte é levado a apreciar a beleza do arranjo da melodia musical, e também passa a se fixar na avaliação do talento do cantor.
Por que o público é levado a se desviar do foco principal, que é a letra ou mensagem dos hinos? É porque todos nós, pastores, pregadores leigos, diretores de música e cantores, não estamos tendo a preocupação de adequar a mensagem musical ao tema da Lição da Escola Sabatina, do sermão, do culto jovem, do culto evangelístico, do culto de oração, etc.
Experimente, em sua igreja, buscar essa adequação da música à mensagem. Ela é um pouco mais trabalhosa, mas dá resultados surpreendentes. O efeito dessa adequação muito contribuirá para que a mensagem cale fundo na mente dos ouvintes.
Isso tornará mais fácil conseguir pessoas para cantar, pois não será necessário nenhuma música nova ou inédita. Quem está fazendo a escala poderá definir a música ou hino a ser cantado, ou deixar isso a critério do cantor, contanto que mencione o tema a ser seguido.
A adequação da música à mensagem também deve ser observada pelos solistas, conjuntos, corais e quartetos. Ao realizarem programações musicais, deveriam buscar um tema a ser desenvolvido. Caso não haja um tema específico, deverão fazer a ligação da música com textos bíblicos.
A não-observância desses conceitos poderá levar os cantores a serem olhados como artistas na realização de um show, ao invés de instrumentos condutores da mensagem.
A Sra. White diz que o cântico “é um dos meios mais eficazes para impressionar o coração com as verdades espirituais”. – Ellen G. White, Educação, pág. 168.
E se procurarmos adequar a música à mensagem, certamente conseguiremos alcançar esse alvo.
Nota:
[*]Os editores do Música Sacra e Adoração agradecem à Loide Simon por esta contribuição.