Batuque no Santuário
por: Ministério Luzes da Alvorada
“Exulta, e alegra-te, ó filha de Sião; pois eis que venho, e habitarei no meio de ti, diz o SENHOR.” Zacarias 2:10. Em outra parte está escrito: “E me farão um santuário, para que eu habite no meio deles.” Êxodo 25:8.
Que privilégio estar na presença de DEUS! Uma compreensão adequada da santidade de DEUS, no entanto, pode nos fazer estremecer ao nos aproximarmos dEle. Essa sensação foi experimentada por Jacó quando exclamou: “Quão terrível é este lugar! Este não é outro lugar senão a casa de DEUS; e esta é a porta dos céus.” Gênesis 28:17.
Não devemos nos esquecer de que, se respeitamos a DEUS, temos que respeitar também a Sua casa. Para o apóstolo Paulo era coisa muito séria saber “como se deve proceder na casa de DEUS, a qual é a igreja do DEUS vivo, coluna e esteio da verdade.” I Timóteo 3:15. A Bíblia nos diz mais: “Mas o SENHOR está no Seu santo templo; cale-se diante dEle toda a terra.” Habacuque 2:20. E ainda, em Eclesiastes 5:1: “Guarda o teu pé, quando fores à casa de DEUS; porque chegar-se para ouvir é melhor do que oferecer sacrifícios de tolos; pois não sabem que fazem mal.”
Tendo em vista a questão da reverência e analisando os diferentes tipos de adoração praticados pelos povos ao redor do mundo, que vão desde reuniões solenes até rituais barulhento e extravagantes, somos levados a perguntar: Como deve ser a adoração na casa de DEUS? Como devem ser as músicas usadas na casa de DEUS? Quais instrumentos são adequados à adoração e quais não são?…
Existem duas correntes de pensamentos na igreja: A primeira entende que a adoração a DEUS deve caracterizar-se pela solenidade e reverência, portanto, instrumentos como a bateria não deveriam ser usados; a segunda analisa tudo sob o ponto de vista da cultura e da época, afirmando que, com “moderação” a bateria poderia ser aceita.
Aqueles que defendem o uso da bateria na igreja costumam citar incidentes e textos bíblicos para reforçar suas teorias. Analisaremos a partir de agora esses incidentes e textos para compreendermos se eles abonam o uso da bateria na igreja ou não.
O primeiro caso que analisaremos é o do transporte da arca para Jerusalém nos dias do rei Davi. Nossa história começa, na realidade, nos tempos do sacerdote Eli, que criou o profeta Samuel. Os israelitas estavam em guerra contra os filisteus e, numa certa ocasião, os filhos de Eli levaram, por conta própria, a arca do concerto para o campo de batalha, pretendendo que a mesma os ajudasse a ganhar a guerra, uma vez que na batalha anterior haviam sido derrotados e mais de quatro mil homens haviam morrido.
Todavia, a arca do concerto não resolveu o problema, pois a mesma era um símbolo da presença de DEUS e não um amuleto da sorte. Os israelitas foram derrotados pelo fato de que, por causa de sua desobediência, DEUS não os estava acompanhando. Nessa nova derrota os filhos de Eli, Ofni e Finéias, foram mortos e a arca levada pelos filisteus.
Durante os sete meses em que a arca esteve em poder dos filisteus os mesmos foram afligidos por severas pragas, o que os levou a devolver a arca aos israelitas, colocada sobre um carro de bois puxado por vacas. Os detalhes podem ser encontrados no livro de I Samuel capítulos 4 a 7. A arca foi, finalmente, colocada aos cuidados da família de um homem chamado Abinadabe, em Quiriate-Jearim, ficando lá por muitos anos até a época em que Davi foi coroado rei de todo o povo israelita.
Davi, então, resolveu trazer a arca para perto dele, para Jerusalém, e organizou uma grande festa e um grande cortejo para o transporte da arca. A Bíblia diz que pelo menos trinta mil pessoas participaram desse evento.
O relato sagrado prossegue dizendo que “Davi, e toda a casa de Israel, tocavam perante o SENHOR, com toda sorte de instrumentos de pau de faia, como também com harpas, saltérios, tamboris, pandeiros e címbalos.” II Samuel 6: 5. Diz também que “puseram a arca de DEUS em um carro novo,” (um carro de bois) “e a levaram da casa de Abinadabe, que estava sobre o outeiro; e Uzá e Aiô, filhos de Abinadabe, guiavam o carro novo.” II Samuel 6:3.
Para alguns, isso já seria o bastante para afirmarem que é permitido usar tambores na igreja, sem levarem em consideração o restante da história. Porém, o relato prossegue: “E, chegando à eira de Nacom, estendeu Uzá a mão à arca de DEUS, e teve mão nela; porque os bois a deixaram pender. Então a ira do SENHOR se acendeu contra Uzá, e DEUS o feriu ali por esta imprudência: e morreu ali junto à arca de DEUS.” II Samuel 6:6 e 7.
Em Números capítulo 7 verso 9 e capítulo 4 verso 15, há ordens claras para que a arca fosse transportada aos ombros pelas hastes que ficavam presas à mesma, e nem os que a transportassem deveriam tocá-la, para que não morressem.
“A sorte de Uzá foi um juízo divino pela violação de um mandado explícito. Por meio de Moisés o SENHOR dera instrução especial com relação ao transporte da arca… Assim, no trazer a arca de Quiriate-Jearim, houve uma desatenção direta e indesculpável às determinações do SENHOR… Em Uzá recaía a maior culpa de arrogância. A transgressão à lei de DEUS diminuíra a intuição que ele tinha da santidade da mesma, e, tendo sobre si pecados não confessados, atrevera-se em face da proibição divina a tocar no símbolo da presença de DEUS.” – Patriarcas e Profetas, págs. 705 e 706.
O Livro História da Redenção na página 192 diz que “Uzá ficou irado com os bois, porque tropeçaram. Demonstrou uma manifesta desconfiança de DEUS, como se Aquele que tinha trazido a arca da terra dos filisteus não pudesse tomar conta dela. Os anjos que atendiam à arca feriram Uzá por sua impaciente presunção de colocar a mão sobre a arca de DEUS.” Imaginem a terrível cena: um homem sendo rasgado pela espada de um anjo. A Bíblia diz que “o SENHOR abrira rotura em Uzá” II Samuel 6:8, e I Crônicas 13:11 afirma “que o SENHOR houvesse aberto brecha em Uzá”.
“Temeu Davi a DEUS naquele dia, e disse: Como trarei a mim a arca de DEUS? Pelo que não trouxe a arca a si para a cidade de Davi, porém a fez retirar para a casa de Obede-Edom, o giteu. Assim ficou a arca de DEUS com a família de Obede-Edom, três meses em sua casa; e o SENHOR abençoou a casa de Obede-Edom, e tudo o que lhe pertencia.” I Crônicas 13:12-14.
A trágica lição, porém, surtiu seus devidos efeitos. Ao ser informado, três meses depois, de que “O SENHOR abençoou a casa de Obede-Edom, e tudo quanto é dele, por causa da arca de DEUS” (II Samuel 6:12), Davi compreendeu que, com respeito e santificação, a arca poderia ser trazida para Jerusalém. Reconhecendo que houvera descuido, irreverência e mesmo desobediência afirmou: “O SENHOR nosso DEUS irrompeu contra nós, porque não o buscamos, segundo nos fora ordenado”. I Crônicas 15:13.
Para que a arca pudesse ser trazida a Jerusalém muita coisa deveria ser mudada. O livro de I Crônicas 15 versos 2, 12-15 relata não apenas a ordem de Davi para que a arca fosse transportada aos ombros, como deveria ser, mas também que os sacerdotes e levitas deveriam se santificar antes de fazê-lo.
Para que houvesse realmente solenidade naquela ocasião, Davi fez algo que os amantes da bateria não observam quando citam o transporte da arca como desculpa: Ele tirou os pandeiros e tamboris da lista de instrumentos a serem usados. O relato sagrado, a partir de então menciona (I Crônicas 15:16 a 16:43): alaúdes, harpas, címbalos, harpas em tom de oitava, alaúdes em voz de soprano, clarins ou buzinas e trombetas. Notem que somente então, quando não havia mais tamboris e pandeiros, os instrumentos são chamados “instrumentos de música de DEUS” I Crônicas 16:42.
É interessante observar ainda que, embora Davi não pudesse construir o templo de Jerusalém, ele pode fazer muitos dos instrumentos musicais que seriam usados no mesmo. Falando a respeito de quando a arca foi levada para o templo construído por Salomão, por ocasião da dedicação do mesmo, II Crônicas 7:6 diz: “Os sacerdotes estavam em pé nos seus postos, como também os levitas com os instrumentos musicais do SENHOR, que o rei Davi tinha feito para dar graças ao SENHOR.” Nunca, nenhum tipo de tambor fez parte da lista dos chamados “instrumentos musicais do SENHOR”, usados durante a adoração no templo.
A ordem quanto ao uso desses instrumentos no templo continuou a ser obedecida. Quando o rei Ezequias restabeleceu o culto a DEUS, durante o seu governo, “também dispôs os levitas na casa do SENHOR com címbalos, alaúdes e harpas conforme a ordem de Davi, e de Gade, o vidente do rei, e do profeta Natã; porque esta ordem viera do SENHOR, por meio de Seus profetas.” II Crônicas 29:25. É interessante observar que esta é a única vez em toda a Bíblia que, num mesmo verso, são mencionados nominalmente um rei e dois profetas transmitindo a mesma ordem divina. Aqui não há menção de tambores de qualquer espécie. De quem veio a ordem quanto ao uso desses instrumentos? A resposta contida no texto que acabamos de ler dispensa comentários: “esta ordem viera do SENHOR, por meio de Seus profetas.”
Deveríamos ainda levar em conta que, dos 17 versos da Bíblia que citam adufe, tamboril, tambores, pandeiros ou algo semelhante, todos estão no velho testamento, nenhum está no novo. Todos estão no período do “olho por olho dente por dente”, quando homens sinceros tinham várias mulheres, quando patriarcas possuíam escravos e bebiam bebida forte, quando a guerra fazia parte da vida dos povos e condenar uma pessoa à morte poderia ser considerado necessário.
Míriam, a profetiza, irmã de Moisés, viveu nesse tempo. Quando ela cantou com as mulheres ao som de tamboris, logo após a travessia do mar vermelho, não estava deixando nenhum exemplo a ser seguido pelas igrejas. De fato, o modelo de cântico de libertação do povo de DEUS, o qual será cantado pelos remidos junto ao mar de vidro, é o cântico de Moisés e não o de Míriam. Míriam e as mulheres não somente cantaram ao som de tamboris, mas também dançaram. Estaríamos nós, ao tentarmos desculpar o uso de tambores na igreja citando o cântico de Míriam dando o primeiro passo para um dia querermos rituais de danças dentro das nossas igrejas?
Por muitos dos seus atos o antigo povo de Israel não pode ser considerado exemplo para nós em seu procedimento. Esse era o mesmo povo que se aborreceu por comer o maná, o pão do anjos, e disse a Moisés: “Por que nos fizestes subir do Egito, para morrermos no deserto? pois aqui não há pão e não há água: e a nossa alma tem fastio deste miserável pão.” Números 21:5. A própria Míriam, em certa ocasião, chegou a ficar leprosa ao receber o castigo divino.
Temos ainda o fato de que o cântico de Míriam, celebrando a libertação de Israel da escravidão, era uma comemoração civil e não apenas religiosa. A manifestação de gratidão a DEUS naquela ocasião, pelo livramento do cativeiro egípcio, não coloca aquele ato em pé de igualdade com a adoração a DEUS em Seu santuário. Semelhantemente, nossa gratidão a DEUS pela independência do Brasil não nos daria a liberdade de usar os instrumentos de uma fanfarra dentro da igreja no dia 7 de setembro. É muito importante levar em consideração o fato de que o cântico de Míriam, ao som de tamboris, não foi apresentado no templo de DEUS.
Se hoje consideramos uma barbárie o estilo de vida e o que os israelitas tinham como justiça, deveríamos levar em conta que os outros povos de então faziam coisas tremendamente piores. DEUS tolerou certas coisas por causa da pouca compreensão dos israelitas, mas não pretendia deixá-los sem maior luz. Os ensinos de JESUS são prova disso. Foi Ele mesmo quem disse que algumas coisas foram toleradas “pela dureza dos vossos corações”. S. Marcos 10:5.
Devemos levar em consideração a luz que temos e a que o povo israelita tinha então. Devido ao tremendo estrago provocado pelos longos anos de escravidão, aquele povo saiu do Egito como uma imensa massa humana, ignorante, sem cultura nem higiene, precisando ser ensinado até mesmo a fazer o que os gatos fazem por instinto, ou seja, enterrar as próprias fezes (Deuteronômio 23:13 e 14). Religiosamente falando, eles estavam acostumados aos rituais e festas que viam no Egito; era o que eles sabiam.
A pena inspirada nos diz: “Se a luz brilha em nossos dias, devemos recebê-la, apreciá-la e andar na luz…” Não podemos comparar a situação em que estamos com a de pessoas sinceras que, no passado, “viveram segundo a luz que possuíam. Não podiam ser responsáveis pela luz que nunca tiveram. Devemos prestar contas da luz que brilha em nossos dias. Seria insensatez desculpar nossa transgressão da lei de DEUS porque pessoas boas em gerações passadas não a guardaram. … Nunca é seguro permanecermos indiferentes à luz.” Carta 35, 1877 (CRISTO Triunfante, pág. 317).
Mudando um pouco de assunto, dois garotos estavam voltando da escola quando um convidou o outro para brincarem em um córrego que passava não muito longe dali.
– Não posso, respondeu o segundo.
– Por que? indaga o primeiro.
– Se eu fizer isso, minha mãe “me mata”. Foi a resposta.
Será que a mãe daquele menino iria, de fato, matá-lo? É claro que não. Creio que todos nós, assim como os meninos, compreendemos bem o significado daquelas palavras.
Observemos o significado das palavras “para sempre” em textos bíblicos como Êxodo 21:6, I Samuel 1:22 e Filemon 1:15. Em nenhum deles as palavras “para sempre” significam que qualquer daquelas pessoas viveria para sempre. O significado correto seria: enquanto aquelas pessoas vivessem. Nem sempre uma expressão pode ser interpretada ao pé da letra, para não criar tremendas confusões.
O livro dos Salmos está repleto de expressões que precisam ser interpretadas corretamente e, muitas vezes, de maneira bem diferente do seu significado literal ou do que possa parecer à primeira vista. Esse livro da Bíblia foi escrito em linguagem poética, usando muitas expressões figurativas. Vejamos alguns casos:
Seria absurdo interpretar literalmente o Salmo 129:3 “Os lavradores araram sobre as minhas costas; compridos fizeram os seus sulcos.”
Qual seria o significado do Salmo 116 verso 15: “Preciosa é à vista do SENHOR a morte dos seus santos”? Significaria que DEUS se alegra ao ver um de Seus filhos morrer? Ou significaria que Ele, embora não tenha prazer na morte, Se alegra porque estão contados entre os santos e irão ressuscitar?
Se esses textos contêm expressões intrigantes, analisem o que significaria interpretar erroneamente estes: “devoraram a Jacó”, Salmo 79:7; “Tu os alimentaste com pão de lágrimas, e lhes deste a beber lágrimas em abundância”, Salmo 80:5; “tenho comido cinza como pão, e misturado com lágrimas a minha bebida”, Salmo 102:9; “nos teriam tragado vivos… como presa, aos dentes deles.” Salmo 124:2, 3 e 6.
Entre os texto citados por aqueles que gostariam que a bateria fosse admitida na igreja, além dos casos que já vimos, os principais são os Salmos 149 e 150, onde se diz para louvar ao SENHOR com adufe, que é uma espécie de tamborim.
Qual o objetivo desses Salmos? O que eles estão ensinando na realidade?
O grande ensino de todo o livro de Salmos é que devemos encher nossa vida de louvores. Louvar ao SENHOR deveria ser algo praticado em toda a nossa vida. Esse é também o ensino do novo testamento, em I Tessalonicenses 5:18: “Em tudo dai graças; porque esta é a vontade de DEUS em CRISTO JESUS para convosco.”
O bom estudante da Bíblia observará que esses salmos usam linguagem poética, ou figurada, para enfatizar a importância de louvar ao SENHOR. Já no verso 5 do salmo 149 encontramos uma expressão difícil de ser colocada em prática: “Exultem de glória os santos, cantem de alegria nos seus leitos.” Como isso deveria ser posto em prática? Deveríamos nos deitar em nossas camas só para cantar ou deveríamos começar a cantar no intervalo do nosso sono, às 2 ou 3 horas da madrugada?
Observemos ainda como seria complicado interpretar tal salmo fora da linguagem poética, especialmente os versos 6-9: “Estejam na sua garganta os altos louvores de DEUS, e na sua mão espada de dois gumes, para exercerem vingança sobre as nações, e castigos sobre os povos; para prenderem os seus reis com cadeias, e os seus nobres com grilhões de ferro; para executarem neles o juízo escrito; esta honra será para todos os santos. Louvai ao SENHOR!”
Alguém seria louco o bastante para afirmar que o salmo 149 estaria mandando os filhos de DEUS o louvarem enquanto se transformam em um grupo de extermínio ou em um novo esquadrão da morte? É bom observar no entanto que, embora cite o adufe, o salmo não diz que o mesmo devesse ser tocado no templo. Será que as pessoas que desculpam o uso da bateria com esse texto gostariam de levar armas de guerra para a igreja? E os grilhões de ferro citados no salmo, seriam para ser usados na igreja também?
O mesmo se dá com o salmo 150. Já no primeiro verso encontramos a frase: “louvai-o no firmamento, obra do seu poder!” A Bíblia nunca usa a expressão firmamento para o lugar em que DEUS está, no Céu; tampouco o salmo foi escrito para ensinamento dos anjos. Se o firmamento é esse céu que nós vemos, onde estão as nuvens, e o avião não havia sido inventado quando o salmo foi escrito, o que o salmista pretendia dizer? Será que as pessoas daquela época tinham a capacidade de voar até as nuvens para cantar?
E o que vocês achariam de uma mensagem musical apresentada por um quarteto bem diferente? Já pensaram se alguém levasse para a igreja um cavalo, um gambá, uma onça e um sapo, colocasse um microfone na frente de cada um e anunciasse: “em cumprimento à ordem do salmo 150 verso 6, esses seres que estão vivos e respirando vão abrilhantar nosso culto de adoração com seus louvores”… O que vocês diriam? Não é possível? Mas, o verso 6 do salmo 150 não diz: “Todo ser que respira louve ao SENHOR”? Se não podemos interpretar o texto dessa maneira, porque desculpar os tambores com o salmo 150, sendo que o mesmo não diz para usar o adufe na igreja?
Vejam: Se um texto que usa linguagem figurada não pode ser interpretado em sentido literal, muito menos pode uma citação poética ser interpretada transformando um claro ensino bíblico em regra contrária. Seria o mesmo que tomar um texto, como a parábola do rico e Lázaro, proferida por JESUS, e transformá-lo em uma tese sobre vida após a morte, afirmando que o texto quer dizer que os mortos vão para o Céu ou para o inferno. Todo cristão bem informado sabe que tal ensino não teria apoio no restante da Bíblia e sabe também o que JESUS queria realmente dizer.
Em lugar de cometer tal atrocidade, torcendo um texto bíblico a fim de contrariar preceitos que já haviam sido fixados anteriormente, não seria menos irreverência, embora não menos absurdo, interpretar literalmente o Salmo 98 verso 8 e tentar gravar um CD com um quarteto de montanhas, pois o texto diz: “juntos cantem de júbilo os montes”? Não seria igualmente difícil imaginar os rios batendo palmas, como diz o mesmo verso?
Os israelitas do passado, mesmo sendo um povo rude e atrasado, que aceitava a poligamia e a escravidão, que fazia uso de bebidas fortes e que aceitava a pena de morte, não usavam tambores no templo. Como é possível que nós, cristãos que recebemos tanta luz que eles não receberam, façamos algo que eles considerariam irreverência?
Convém ainda relembrar o fato de que no novo testamento aqueles instrumentos (adufes, tamboris, pandeiros, etc.) não são citados nem ao menos uma única vez.
Se casos como o do transporte da arca, o cântico de Míriam ou as referências ao adufe no livro de Salmos pudessem ser desculpa para usar tambores na igreja, por que Ellen G. White não faz menção favorável nesse sentido? Os atrevidos e irreverentes poderiam até dizer: “Ela não disse que podia, mas também não disse que não podia”. Ela também não disse explicitamente que não se pode fumar dentro da igreja ou entrar lá com um copo de bebida alcoólica na mão ou ainda vestidos em trajes de banho… Diz um conhecido ditado popular: “Para bom entendedor, meia palavra basta”.
Muitos cristãos sinceros, hoje, notam o espírito que dominou Balaão atuando na vida de muitos cristãos professos. Quando Balaque mandou mensageiros pedindo que Balaão amaldiçoasse o povo de Israel DEUS disse: “Não irás com eles; não amaldiçoarás a este povo, porquanto é bendito.” Números 22:12. No entanto, quando os mensageiros dos moabitas vieram novamente, em vez de repetir a ordem divina, uma vez que a mesma era clara e eles desejavam que o povo de DEUS fosse amaldiçoado, se fez de inocente e mal orientado dizendo: “rogo-vos que fiqueis aqui ainda esta noite, para que eu saiba o que o SENHOR me dirá mais.” Números 22:19. Vocês conhecem o resto da história… É semelhante a uma criança que pede insistentemente ao pai para brincar onde não deve e, depois de muita teimosia, ouve o pai dizer com ironia: “então vai”, e se surpreende, ao voltar da brincadeira e encontrar o pai com a cinta ou a vara na mão, pronto para “acertar as contas”.
A pena inspirada diz: “imediatamente antes da terminação da graça”… “haverá gritos com tambores, música e dança”… “isso é uma invenção de Satanás”… “Fui instruída a dizer que, nessas demonstrações, acham-se presentes demônios em forma de homens”… “Assim busca Satanás pôr seu selo sobre a obra que DEUS quer que se destaque em pureza.”…
“O ESPÍRITO SANTO nada tem que ver com tal confusão de ruído e multidão de sons como me foram apresentadas em janeiro último. Satanás opera entre a algazarra e a confusão de tal música, a qual, devidamente dirigida, seria um louvor e glória para DEUS. Ele torna seu efeito qual venenoso aguilhão da serpente.”… “Satanás fará da música um laço”… Mensagens Escolhidas, vol. 2, págs. 36-38.
Por incrível que pareça, mesmo depois de encontrar textos como estes, depois de algum tempo, quando o assunto instrumentos musicais é comentado e alguém cita casos como o transporte da arca e o cântico de Míriam, rapidamente se fazem de inocentes, de pouco orientados, dizendo que não há luz suficiente sobre o assunto, que devemos seguir a “consciência”, que não existe uma ordem clara a respeito. Foi isso o que Balaão fez, não foi?
Será que DEUS precisaria repetir as mesmas ordens semanalmente para que estivéssemos dispostos a obedecer? E se isso acontecesse, não acabaríamos obedecendo por não ter escolha? Não é isso o que ocorre quando um “cristão” é convidado para uma diversão imprópria e diz que não pode ir “porque a igreja não permite”? Lembremos das palavras de Balaão, quando levou pela primeira vez a resposta divina aos mensageiros de Moabe: “o SENHOR recusa deixar-me ir convosco.” Números 22:13. Em outras palavras: Não vou porque DEUS não deixa, mas se eu tivesse uma chance, iria.
O que estamos esperando para criarmos juízo e obedecermos às ordens divinas? Ver uma jumenta falar ou um anjo entrar na igreja com a espada desembainhada? Não creio que isso vá acontecer, mas, certamente seremos sacudidos para fora do povo remanescente se não aprendermos a ouvir a voz de DEUS.
Imaginem um fiel Adventista do Sétimo dia indo para o trabalho no dia do seu aniversário e encontrando lá uma festa surpresa preparada pelos colegas que não conheciam sua religião. Uma festa realmente grande, preparada com o que os seus amigos encontraram de melhor. Em lugar de refrigerante, champanhe e vinhos caros; lanches feitos com presunto da melhor qualidade; um almoço onde não faltaria feijoada “da boa”, arroz com bacon, um grande leitão à pururuca com uma maçã na boca, e o cafezinho depois do almoço.
Como o nosso irmão teria se sentido? Não teria esse sido o pior aniversário de sua vida? Mas, como ele poderia se sentir assim, se os amigos fizeram tudo com tanto o carinho e com a melhor das intenções? Como explicar a tristeza do nosso irmão e seu desejo de sair correndo ou mesmo de chorar (e não seria de emoção)? Por que será que ele preferiria ter ficado doente, ter faltado ao trabalho ou mesmo ter sido atropelado antes de chegar lá?
Como será que DEUS se sente quando lhe oferecemos os nossos presentes de louvor? Será que, a partir de hoje, você pode louvá-lo ao som de baterias e dizer que faz isso por amor e com a melhor das intenções?
“Mas DEUS, não levando em conta os tempos da ignorância, manda agora que todos os homens em todo lugar se arrependam.” Atos 17:30. Agora você não está mais na ignorância. A partir de hoje, qualquer pessoa que, sabendo de tudo isso, se atrever a comparecer diante dEle com um louvor abominável, estará louvando não a DEUS, mas ao seu próprio ego.
Quem entra na casa de DEUS pondo de lado os interesses do Dono da casa e transformando-a na “casa da sogra” (para usar uma expressão popular) não está cantando para louvar a DEUS, mas sim para satisfazer a si mesmo ou para se exibir. É triste dizer, mas é possível que existam cantores que, talvez até inconscientemente, ao invés de estarem louvando a DEUS, estejam apenas satisfazendo o seu desejo de serem admirados e aplaudidos dentro da igreja, por não poderem fazer isso lá fora.
Alguns dirão: é muito difícil, às vezes, quase impossível, encontrar gravações sem bateria para usar na igreja. Talvez seja, mas, quando as pessoas começarem a fazer fogueiras com as músicas impróprias e deixarem de comprar “fogo estranho” para usar na igreja, os produtores musicais mudarão seu estilo musical. Se não o fizerem por princípio, por terem aprendido e desejarem fazer a vontade de DEUS, farão para continuar ganhando dinheiro.
Outros poderão dizer: “essas mudanças devem ser feitas devagar”. Pode ser, e enquanto isso, ofereçamos a DEUS o leitão à pururuca! Ellen White afirmou: “E melhor nunca ter o culto do SENHOR misturado com música do que usar instrumentos músicos para fazer a obra que, foi-me apresentado em janeiro último, seria introduzida em nossas reuniões…” Mensagens Escolhidas, vol. 2, pág. 36 – grifo nosso.
“As mais proveitosas reuniões para o bem espiritual, são as que se caracterizam pela solenidade e o profundo exame do coração, cada um procurando conhecer-se a si mesmo e, com sinceridade e profunda humildade, buscando aprender de CRISTO.” Testemunhos Seletos, vol. 1, pág. 161. – Eventos Finais, pág. 160.
Quando do transporte da arca “Davi e seu povo tinham-se congregado para efetuar uma obra sagrada, e à mesma entregaram-se com coração alegre e disposto; mas o SENHOR não podia aceitar o serviço, porque não era efetuado de acordo com Suas orientações. Os filisteus, que não tinham conhecimento da lei de DEUS, haviam colocado a arca em um carro quando a devolveram a Israel, e o SENHOR aceitou o esforço que fizeram. Mas os israelitas tinham em suas mãos uma declaração compreensível da vontade de DEUS em todas estas questões, e sua negligência a tais instruções desonrava a DEUS. … DEUS não pode aceitar uma obediência parcial, uma maneira frouxa de tratar os Seus mandamentos. Pelo juízo sobre Uzá, era Seu intuito impressionar todo o Israel quanto à importância de dar estrita atenção aos Seus requisitos. Assim a morte daquele homem, levando o povo ao arrependimento, poderia impedir a necessidade de infligir juízos sobre milhares.” – Patriarcas e Profetas, págs. 705 e 706.
Não creio que hoje alguém venha a ser cortado ao meio pela espada de um anjo por profanar a casa de DEUS, mas certamente a retribuição está sendo guardada para o dia do final ajuste de contas. Está escrito: “Porquanto não se executa logo o juízo sobre a má obra, o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para praticar o mal.” Eclesiastes 8:11.
Se não considerarmos importantes as palavras de Isaías 5:12 e 24:8 e 9, onde são preditos juízos divinos sobre pessoas que participavam de festas com embriaguez e música com tamboris, consideremos então as palavras de I Pedro 4:17: “Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de DEUS; e se começa por nós, qual será o fim daqueles que desobedecem ao evangelho de DEUS?”
É tempo de considerarmos o que temos feito. Que a partir de hoje, nossos encontros para a adoração a DEUS sejam, realmente, um perfeito louvor e exaltação ao Seu Nome.