Redescobrindo o Culto Verdadeiro

Entrevista com o Pr. Ted N. C. Wilson


O Editor da Adventist World, Bill Knott, recentemente, entrevistou o Pastor Ted N. C. Wilson, presidente da Associação Geral, para falar sobre como a ênfase renovada no reavivamento e reforma afeta nossa compreensão sobre adoração.


Ouvi muitas das suas mensagens sobre a Palavra de Deus nos últimos doze meses, e frequentemente, ouvi o senhor enfatizando o conselho de Paulo, em Romanos 12:2, “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” Por que esse texto tem se tornado cada vez mais importante no seu ministério?

Talvez, Bill, seja porque ele tão claramente sumariza o que Deus tem colocado em meu coração e no coração dos lideres da Igreja Adventista do Sétimo Dia, em todos os lugares, sobre a importância do reavivamento e reforma entre o povo de Deus. Desde o inicio da igreja de Cristo, Seus seguidores eram conhecidos como ekkiesia, “os chamados para fora”. Pertencer a Jesus, segui-Lo como Senhor e Mestre, requer abandonar alguma coisa – e isso é algo que pode ser cada vez mais identificado como as muitas maneiras em que somos tentados a imitar as práticas do mundo em nossa vida, e até em nossa adoração.

Sempre gostei do modo como a tradução de Phillips exprime a primeira parte do texto: “Não deixe que o mundo ao seu redor o aperte em seu molde”. O povo remanescente de Deus, em todas as épocas, e especialmente nesses últimos dias, será tentado a aceitar e adotar práticas que são essencialmente opostas à pureza e à verdade do evangelho. Reforma sempre foi o lema dos Adventistas do Sétimo Dia, e sempre deverá ser.

O senhor também tem se concentrado na segunda frase do conselho de Paulo: “mas transformem-se pela renovação da sua mente”.

Porque na essência, é nisso que consiste o reavivamento: na renovação da mente. Até os fieis seguidores de Cristo podem se acostumar com as rotinas da vida espiritual. É por isso que os lideres da igreja têm apelado tão veementemente por um período especial de busca ao Senhor por meio da oração e do arrependimento, pedindo que o poder do Espírito Santo seja derramado sobre aqueles que esperam pela vinda de Jesus [veja “O Dom Prometido por Deus: Apelo urgente por reavivamento, reforma, discipulado e evangelismo”, Adventist World, Janeiro de 2011; http://portuguese.adventistworld.org/images/2011-1001/2011-1001.pdf]. À medida que adquirimos nova apreciação por Jesus, por meio do profundo estudo de Sua Palavra, e crescemos devido à inspiração encontrada no Espírito de Profecia, ao permitir que nossa vida e nosso comportamento diário seja moldado pelo Espírito Santo, receberemos o que Paulo chama de Mente de Cristo (1 Coríntios 2:16).

Sua ênfase no conselho de Paulo o tem levado a falar também sobre a importância do culto na igreja Adventista do Sétimo Dia. Por que, só agora, esse assunto passou a ter destaque em sua pregação?

Por mais de 150 anos, a igreja Adventista do Sétimo Dia compreende que o culto – verdadeiro, bíblico, que guarda os mandamentos – está no âmago deste movimento. Desde nossos pioneiros, no grande movimento do Segundo Advento, ouvimos e respondemos ao chamado à mensagem do primeiro anjo para “adorar Aquele que fez os céus, a terra, o mar e as fontes das águas” (Apocalipse 14:7), e santificar o sétimo dia de Deus, o Sábado. Isso foi rapidamente seguido por um chamado para sair dos lugares onde obstinadamente se agarravam ao falso sistema de culto; o que Apocalipse 14 chama de Babilônia. E a mensagem do terceiro anjo é um chamado à adoração persistente e fiel, não deixando que “o mundo ao redor o aperte em seu molde.” O culto sempre foi o cerne de nossa mensagem e missão, e agora, mais do que nunca, precisamos responder ao chamado urgente para restabelecer nossa experiência de adoração corporativa baseada nos princípios da Palavra de Deus e na direção que recebemos do Espírito de Profecia.

Alguns podem dizer que a adoração é uma experiência altamente pessoal e particular. Outros defenderão que deve ser permitido que ela seja moldada por costumes e preferências locais, e que cada congregação pode decidir por si mesma, que estilo de culto é apropriado no adventismo dentro do seu contexto.

Em uma família mundial de adventistas, naturalmente temos muitas diferenças e variadas expressões culturais, incluindo diferenças na linguagem, estilo musical e sequência do culto. Deus não quer, e Sua igreja não deve procurar obter, apenas uma expressão de culto numa família com cerca de vinte milhões de pessoas! Dou glórias a Deus por ter permitido que eu vivesse em quatro diferentes culturas em minha vidas e ter gasto quase vinte anos morando fora da cultura norte-americana. Como servo do povo de Deus, também tive o privilégio de viajar por dezenas de países, adorando com centenas de congregações locais, por cerca de quarenta anos de ministério. Aprendi a respeitar e a apreciar as expressões de adoração, diferentes daquelas com as quais cresci.

Quando, porém, chegamos ao básico da vida, às motivações que nos levam a querer adorar Aquele que fez o céu e a terra, vemos que as pessoas geralmente são semelhantes em todos os lugares. Indo mais ao ponto, os princípios da Palavra de Deus são os mesmos em todo o mundo e se aplicam a todos nós. Toda essa experiência me faz lembrar, e a muitos outros líderes da igreja – preocupados por sentirem que a cultura mundana tem nos pressionado – que existe uma cultura bíblica/celestial para qual somos chamados.

O senhor crê que, nos últimos anos, a cultura mundana tem feito incursões no culto da igreja Adventista do Sétimo Dia?

E com dor no coração que digo isso, Bill, mas acredito que sim. Em minhas viagens ao redor do mundo, conversando com muitos líderes da igreja, e por meio das cartas e bilhetes que recebo de fieis adventistas, tenho me preocupado; porque vejo que necessitamos urgentemente de “renovar a nossa mente” na questão da adoração pública.

Muitas práticas que, vistas superficialmente, pareciam inocentes, têm invadido o culto adventista do sétimo dia, especialmente nas áreas da oração e da música. Como Paulo advertiu há dois mil anos, precisamos estar especialmente vigilantes para “não nos conformar com este mundo.” Algumas práticas de oração, incluindo o que, às vezes, é conhecida como “oração centrada”, “labirintos” e “orações contemplativas” frequentemente são associadas aos filósofos não cristãos que incentivam o esvaziamento da mente. A oração bíblica, ao contrário, leva-nos a uma contemplação tranquila e racional da Palavra de Deus e de Sua fidelidade que resulta na “mente de Cristo.”

A música, certamente um dos maiores dons dados por Deus ao ser humano, tem se tornado de igual modo, um veículo de incorporação de estilos e apresentação, que muito frequentemente se esquece de que o verdadeiro público é o grande Deus do universo, nosso Salvador Jesus Cristo e o Espírito Santo. Perguntas simples nos ajudarão a sublinhar os princípios bíblicos e verdadeiros, tanto da música como da oração no culto: “Eu seria capaz de orar dessa maneira na presença de Jesus?” “Eu cantaria essa canção, ou dessa maneira, na presença do Santo dos Santos?”

O senhor planeja continuar falando e pregando sobre esses temas nos próximos meses?

Você e os milhões de leitores da Adventist World podem contar comigo! Deus colocou uma preocupação em meu coração sobre o reavivamento da adoração bíblica entre nós, como Seu povo, e não vou deixar de falar nesse assunto, até que Ele me diga para parar.


Nota dos editores do Música Sacra e Adoração: Veja a continuação desta entrevista em O que Torna um Culto “Adventista”?


Fonte: Adventist World, Agosto de 2011, pp. 9-10