Perguntas Sobre Música
Entrvista com Pr. Jorge Mario de Oliveira
Existe muita dúvida sobre música religiosa contemporânea. As opiniões e ideias são tão divergentes quanto os gostos e a preferência de cada um.
Esta seção contém perguntas gerais que as pessoas fazem sobre o tema. Foram estruturadas como se fizesse parte de uma entrevista.
O que o senhor diria da globalização?
Quando o mundo era grande, quando as distâncias separavam os povos e conseqüentemente as culturas, cada qual vivia na sua. Com a globalização o mundo se torna cada vez mais uma aldeia. Daí surge os choques culturais. A comparação entre diferenças e a argumentação: Se lá pode, porque aqui não? Um exemplo disso é o argumento: Se na África os cristãos usam uma música mais ritmada, com o uso de instrumentos de percussão, Porque não o fazemos aqui?
E daí, como o senhor entende isso?
Difícil. Mas nada impossível de ser compreendido. A África tem uma cultura espiritualista com a predominância de rituais pagãos e músicas tribais. A característica principal deste tipo de música é que são essencialmente rítmicas. Isto porque os tambores e os sons repetitivos produzem o efeito necessário para o domínio dos espíritos malignos. Quando uma pessoa aceita a Jesus na cultura Africana, a mudança que ocorre em seus hábitos e costumes são muito grandes. Pelo Espírito Santo, surge um novo estilo de vida, que mesmo mantendo características peculiares da cultura, revela o poder transformador de Deus. Neste processo entra o refinamento do gosto musical. Se compararmos a música dos verdadeiros crentes africanos ela, apesar de ainda manter a marca da cultura, já não é a mesma do espiritualismo tribal. Este é um princípio da atuação do Espírito Santo. Aceita a pessoa onde ela está levando-a para níveis superiores de compreensão, conhecimento, gostos, preferências, etc… O objetivo final de Deus é a restauração de nossa natureza pecaminosa e o retorno à vida celestial perdida com o pecado.
Então o senhor acha que no céu não haverá a música de algumas culturas?
Não só de algumas culturas, mas de nenhuma cultura pecaminosa.
E como será a música do Céu?
Não sei. Gostaria muito de ouvi-la. É um dos sonhos que tenho. A revelação me dá algumas ideias, que me ajudam a crer que a música do céu é harmoniosa, suave, doce, magnífica e belíssima. Como todas as obras de Deus. Não consigo imaginar uma música dissonante, sincopada, cheia de contratempos e ritmos ao som de tambores. Isto cheira à satanismo. Nosso Deus é diferente. Ele ama o belo.
O que o senhor diria sobre o uso de certos instrumentos musicais na igreja?
Deveriam seguir o mesmo princípio da composição musical sacra. Há instrumentos próprios para certos tipos de música e efeitos. Isso faz com que alguns instrumentos sejam associados à orgia, pagode, sensualidade, revolta, bagunça e diversão e por isso deveriam ser evitados na igreja. E aqueles que não possuem estas associações devem ser executados de forma compatível à casa de Deus. Nada difícil para quem coloca Jesus em primeiro lugar na sua vida.
E sobre dança?
Movimentos corporais muito usados nas diversões sensuais e nos cultos pagãos em suas diversas formas como umbanda, macumba, candonblé e outras…
Mas parece que os Israelitas do Antigo Testamento dançavam?
É verdade. Aprenderam com os egípcios no longo período do cativeiro. As danças em Israel eram para mulheres e uma forma de expressão folclórica. Não estava associada ao culto e a adoração. As mulheres dançavam para saudar os homens que vinham da guerra. Dançavam na colheita das uvas e nas festas de casamento. Na sociedade israelita tudo se centralizava na religião. Até as expressões seculares e folclóricas do povo eram feitas em nome de Deus. Por isso é que vemos Miriam dançando com as mulheres para louvar a Deus na libertação do mar vermelho e Davi, pelo sucesso no transporte da Arca depois de uma tentativa mal sucedida. São esses dois únicos exemplos de dança associados com adoração a Deus. Dois casos isolados separados por cerca de 300 anos. Há outros em conexão com culto à deuses falsos. Não havia dança no culto Israelita. Não havia dança no templo. Mas havia dança folclórica, social e isto deve ser entendido como sendo parte da cultura hebraica. Um costume aprendido no Egito. Deveríamos ser bem cuidadosos quando tomamos Israel como referência de vida cristã hoje. Porque nem sempre foram fiéis a Deus. Houve momentos em sua história que estiveram bem longe dos ideais divinos. Como desculpa para fazer o que a natureza humana pecaminosa deseja, alguns se justificam na dança de Davi. Este servo de Deus também adulterou, mandou matar e nem por isso devemos fazê-lo também.
Mas nos Salmos a Bíblia diz que devemos louvar a Deus com Danças?
É verdade. Nos Salmos 149:3 e 150:4. Em todas a línguas há palavras homófonas e homógrafas. São palavras que são pronunciadas e grafadas da mesma forma mas que significam coisas diferentes. No português temos várias. MANGA pode ser fruta ou parte de uma roupa. LIMA pode ser capital do Perú, uma fruta ou uma ferramenta. O contexto é que determinará qual será o seu significado. O mesmo acontece com a Palavra hebraica transliterada como MASCHOL que algumas versões da Bíblia em Português traduziram por dança nos salmos 149 e 150. A palavra tanto pode significar dança como um instrumento musical. O contexto no qual aparece deve ser analisado para se saber o que significa. E nos Salmos em questão, parece que deveriam significar um instrumento musical e não dança. Quanto à compreensão correta dos salmos, deveríamos ter em mente o princípio da hermenêutica bíblica que diz que sempre deveríamos considerar o estilo literário do conteúdo em estudo. É uma narrativa histórica? É uma parábola, uma declaração profética? E assim por diante. Os salmos devem ser compreendidos como fazendo parte do estilo literário poético e como tais não deveriam ser interpretados como sendo literais.
Pastor, toda música deveria louvar ao Senhor?
Nossa vida deveria ser um constante louvor. Até em nossas ações mais corriqueiras, Deus deveria ser honrado. As separações entre vida religiosa, tempo de adoração e vida secular, não são bíblicas. Isto vem do estilo pagão que achando terem aplacado a ira de seus deuses com sacrifícios, haviam cumprido a parte religiosa da vida. O restante do tempo era para gozar a vida como bem entendiam. Para Deus não existe esta dicotomia. Ou somos ou não somos. Esse negócio de na igreja uma coisa fora dela outra, é hipocrisia abominada por Deus. Dentro desta ideia, a música poderia ser usada com espírito de louvor a Deus com outros objetivos em mente. Como por exemplo: Nosso crescimento psíquico, emocional, social, recreativo e educacional E não apenas como parte de um serviço litúrgico de adoração. Creio que poderíamos crescer nesta direção.
O senhor poderia dizer-nos o que certo e o que é errado em termos de música religiosa contemporânea?
Muitas pessoas me fazem esta pergunta na busca de uma resposta mágica. Ela não existe. Ninguém deve ser regra para ninguém. Cada pessoa deve estudar, observar, conhecer os fatos e as verdades por si mesma. Há muita preguiça nesta direção e por isto muita confusão. Também existe muito: EU ACHO e pouquíssimo O QUE DEUS ACHA. Meu povo pereceu por falta de conhecimento diz o profeta. Faremos parte deste grupo? A revelação está aí. Existe água pura, maná e bálsamo em Gileade. É só buscar. “Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o coração.“