O que Torna um Culto “Adventista”?
Entrevista com o Pr. Ted N. C. Wilson
Essa é a continuação da conversa entre Bill Knott, editor da Adventist World, e o Pastor Ted N. Wilson, iniciada na edição da Adventist World do mês passado (“Redescobrindo o Verdadeiro Culto“, Agosto 2011). – Os Editores.
Em nossa ultima conversa o senhor disse que “o culto – bíblico verdadeiro, que guarda os mandamentos – está no âmago deste movimento.” Expressou também, sua preocupação pastoral em relação a certas práticas de culto adotadas por alguns membros da igreja. O que torna qualquer parte do culto – música, oração, oferta e pregação – apropriada e distintamente adventista?
Primeiro, é importante perceber que existem dedicados seguidores de Jesus, em muitas outras denominações, que estão comprometidos em adorá-lo segundo sua compreensão dos princípios bíblicos em nosso tempo, e que desejam, acima de tudo, glorificar Seu nome com a maneira como adoram e como vivem. Por meio do poder o Espírito Santo, essas pessoas serão conduzidas às verdades bíblicas e, eventualmente, se unirão à igreja e ao povo remanescente de Deus. Os adventistas do sétimo dia compartilham com essas pessoas honestas, que estão buscando e desejam praticar as instruções dadas por Deus sobre como Ele deve ser adorado, tanto na vida particular como na experiência pública de culto.
Jesus foi bem claro quando disse que está chamando as ovelhas que conhecem Sua voz para fora dos sistemas religiosos que, muitas vezes, misturam tradições humanas ou preferências, com o culto bíblico. Tenho certeza de que Jesus tem milhares – provavelmente milhões – de seguidores que neste momento estão adorando em algum outro dia que não o sábado escolhido por Ele. Eles podem estar seguindo formas de liturgia ou um estilo de culto que seguem mais as preferências estéticas do que os princípios bíblicos. Entretanto, porque em seu coração estão verdadeiramente buscando a glória de Deus, Ele continua a atraí-los para Sua igreja remanescente, à verdade bíblica mais completa e para o tipo de culto que é mais honroso para Ele.
Então, essa não é apenas uma questão de dia bíblico de culto, mas o tipo de culto.
Exatamente. No cerne das três mensagens angélicas, de Apocalipse 14, aprendemos que devemos “temer a Deus e dar-Lhe glória” – tudo sob a luz do momento histórico em que estamos vivendo – o tempo do juízo investigativo. O culto Adventista do Sétimo Dia deve ter o que Hebreus 11:7 chama de “santo temor” (NVI) – solenidade, reverência – que o difere de todas as formas de entretenimento e do que se assemelha às tendências culturais.
Esse “santo temor”, entretanto, não se refere a terror ou tristeza, pois o livro do Apocalipse repetidamente menciona que os seres ao redor do trono de Deus estão exultando com Sua bondade, louvando o Cordeiro com plena voz. Os anciães que João viu em visão, definitivamente são pessoas alegres!
O culto adventista do sétimo dia anseia glorificar a Deus adorando atitudes e práticas daqueles que sabem estar vivendo os últimos dias da história desta terra – que compreendem que não há espaço para o que é frívolo, ou leviano ou para o sabor musical do mês. Se você tem alguma dúvida sobre qual e o tipo de culto praticado na sala do trono do céu, leia o poderoso e cativante capitulo quatro de Apocalipse.
O senhor tem expressado, várias vezes, em artigos e sermões recentes, sua preocupação com o fato de que a música do culto, às vezes, tem se tornado uma apresentação, em vez de sagrada oferta para a glória de Deus.
Essa não é uma questão de gosto musical ou preferência no estilo do culto. É uma questão de para quem estamos cantando e para quem estamos usando nossos talentos. É tão possível o uso indevido de uma ária do Messias de Haendel chamando a atenção para o artista, como o uso indevido de uma canção ou letra que uma estação de rádio cristã tocou na semana passada. A atitude de quem está liderando a música, expressando seu talento vocal ou instrumental é, muitas vezes, o elemento crucial de identificação se ele deve ou não estar envolvido nesse ministério, no sábado.
Pastores, anciãos e os que organizam os cultos, precisam saber – por meio de planejamento antecipado – se os que são solicitados para glorificar a Deus por meio da música, têm o tipo de humildade, centrada em Jesus, que é retratada na adoração do céu. Grande talento musical, seja ele vocal ou instrumental, não é suficiente, mesmo que os adoradores o descrevam como muito “comovente”. Já ouvi o que alguns chamam de “alto” ou “baixo” nível de apresentação musical em cultos de adoração, onde se tem a impressão de que o músico nunca se perguntou: “Será que deveria apresentar esta música, desta maneira, se eu realmente cresse que estou diante da presença dAquele que morreu por mim?” Embora tenhamos diferentes culturas e perspectivas em relação à música, é importante que não permitamos que músicas contemporâneas e não religiosas se infiltrem na igreja, de modo que não vejamos nenhuma diferença entre o que ouvimos no rádio e na igreja. A música deve glorificar a Deus e não ao ser humano. Deve elevar a Cristo e subjugar o eu. Apocalipse 4 é um exemplo poderoso de como deve ser o culto e a música na presença de nosso Pai celestial.
O senhor também expressou sua preocupação com a integridade da pregação adventista do sétimo dia, como um componente do culto verdadeiro.
Dou graças a Deus pelos milhares de pessoas que se levantam, sábado após sábado, e abrem a Palavra de Deus para cerca de vinte milhões de adventistas do sétimo dia ao redor do mundo. Compartilhar a Palavra de Deus, lendo explicando, ensinando, tirando dela lições para a vida, é uma parte vital do culto distintamente adventista.
Isso deve acontecer sem dizer que o conteúdo do que está sendo dito pelos que abrem a Palavra de Deus, deve estar em harmonia com as grandes verdades bíblicas como ensinadas e vividas pelo povo remanesceste de Deus. Devíamos estar ouvindo mais frequentemente as mensagens vitais que Deus deu ao seu povo sobre o sábado, sobre a justificação pela fé, sobre a Segunda Vinda, sobre o juízo investigativo, sobre a confiança que devemos ter no Espírito de Profecia, sobre a maneira santa e saudável que Deus deseja que vivamos Os pregadores adventistas do sétimo dia, sejam eles ordenados ou fieis membros leigos, não devem tirar água dos poços de outras crenças, para trazer a água da vida para o seu povo, no sábado!
O sermão apropriado para o culto adventista do sétimo dia é centrado na Bíblia e em uma das verdades que Deus confiou ao Seu povo remanescente; ele mostra evidencias de que o pregador dedicou tempo ao profundo estudo da Bíblia e oração diante do Senhor; e apela ao coração do ouvinte para aceitar a “verdade como é em Jesus” – usando a frase preferida de Ellen White.
Um autor escreveu sobre o que chamou de qualidade “doxológica” dos sermões, questionando se eles realmente glorificam a Deus, ou ao pregador, somente.
Se, estou atrás do púlpito de uma igreja adventista do sétimo dia, com o objetivo de impressionar os ouvintes com minha retórica, ou tentar ser amigo, agradando-os com histórias engraçadas ou emocionantes, não glorifiquei a Deus, que é o propósito do culto.
A pregação glorifica a Deus quando o pregador, continuamente, se lembra de que o sermão está sendo preferido na presença do próprio Criador do universo. A mensagem deve brotar da Bíblia, uma vez que ela representa a Palavra de Deus para nós em forma escrita. Ela revela a Palavra Viva, Jesus Cristo. Um sermão glorifica o Cordeiro quando resulta de um tempo habitual gasto com Deus, para que Seu caráter seja revelado no sermão e na vida do pregador. O sermão glorifica a Deus, quando ajuda as pessoas a se prepararem para a breve volta de Jesus.
Esses são os princípios dos quais tento me lembrar quando preparo um sermão da Palavra de Deus, e nos raros sábados quando congrego em minha igreja e me alegro ouvindo outros compartilhando o que aprenderam nas Escrituras, naquela semana! Além disso, o pregador nunca deve pregar sem pedir a Deus que permita que as palavras faladas sejam de Deus e não as suas […] pedir a Deus para falar através do pregador, para que Ele seja ouvido, não o ser humano.
Tem-se a impressão de que o senhor tem muito mais a dizer sobre os principies do culto adventista do sétimo dia.
Realmente, tenho! E, à medida que Deus me der habilidade, espero continuar falando e escrevendo sobre o assunto, nos próximos meses; principalmente, quando percebemos que a vinda de Cristo está cada vez mais próxima.
Fonte: Adventist World, Setembro de 2011, pp. 8-10