A Música na Adoração – Apêndice G
por: Adrian Ebens
Uma Comparação das Características do Evangelho e da Música Pop
Do livro: An Organizational Model for Music Ministry por Raimo Lehtinen. págs. 317-318
Características do Evangelho
1. Individualidade. O evangelho do Senhor é universal no alcance, mas pessoal na aplicação. Ele (Deus) não pede, nem mesmo deseja, que nos tornemos um produto padronizado. Cada um de nós é único e deve refletir uma maior e mais distinta glória a Deus por Sua capacidade em criar a individualidade. A personalidade individual continua sendo uma parte muito preciosa da obra criadora de Deus, conforme demonstrado a nós no Evangelho de Jesus.
2. Não-Materialismo. O amor às posses materiais é um obstáculo a uma participação completa no reino. Para o cristão, as posses são um meio para a edificação do reino. O jovem rico (Marcos 10:17-22), bem como Ananias e Safira (Atos 5:1-11), são exemplos bíblicos de pessoas cujo amor ao dinheiro os impediu de terem parte no melhor de Deus. O evangelho não tolera qualquer alegação de que um de seus propósitos seja o de acumular egoisticamente os bens deste mundo.
3. Criatividade. Ao se tornar um cristão, a pessoa descobre que é verdadeiramente livre a partir de seu interior, livre para ser criativo e original de forma única. O evangelho não é uma cirurgia plástica cosmética, mas uma questão de alteração na orientação da vida operando profunda e rapidamente em seu poder para purificar, transformar e amar.
4. Sacrifício. Sacrifício aparece por toda a Bíblia e culmina com o sacrifício supremo de Deus ao dar Seu Filho unigênito para morrer uma morte horrível por nossos pecados. O Senhor nos chama para servir, não com base no que podemos conseguir com isso, mas com base no que temos para dar em sacrifício.
5. Discipulado. A morte e a ressurreição de Cristo colocou uma tremenda responsabilidade sobre aqueles que O aceitam como Salvador – a responsabilidade de dar a Ele tudo o que temos e somos. Existe um custo em tal discipulado e o evangelho não minimiza as exigências. Poucos estão dispostos a pagar o preço. Não existem métodos alternativos, caminhos fáceis ou desvios do fato de que o discipulado significa disciplina.
6. Alegria. O verdadeiro discipulado significa alegria – uma alegria profunda que vem de tomarmos o jugo de Cristo, de fazermos a vontade do Pai, conforme revelada no evangelho de Cristo. Esta alegria não está estabelecida em circunstancias terrenas, ou no próprio homem, mas naquilo que Cristo tem feito. Portanto, ela é imutável e constante porque Cristo sempre é o mesmo. Esta alegria não é mero divertimento, entretenimento ou brincadeira; ela é indescritível em sua profundidade.
7. Padrões Elevados. O evangelho contém padrões que excedem os da lei, bem como os do mundo. Não existe chamado mais elevado e mais rigoroso do que o que é feito ao cristão. E Deus é a fonte deste chamado, não o homem. É um chamado celestial, um padrão divino que consiste naquilo que o homem pode realizar em Jesus Cristo – não naquilo que o homem pensa ser capaz de fazer por si mesmo.
8. Princípios Acima do Sucesso. Integridade é tudo para um cristão. Seus métodos e motivações para a realização de objetivos são importantes porque o evangelho não está tão preocupado com os resultados quanto está com uma metodologia para viver a vida eterna. Podemos ter a aparência exterior do cristianismo, mas se não manifestarmos o trabalho interior do Espírito Santo, de nada vale.
9. Realidade. O evangelho não ensina que a vida em Cristo deveria ser um anseio contínuo por uma utopia. Os ensinamentos de Jesus tem muito a ver com o aqui e o agora. Não devemos tentar escapar da realidade, mas vermos a realidade como um dom para ser desfrutado e uma responsabilidade para ser assumida.
10. Excelência. Cristo pede o melhor do homem. “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo” não mostra nada descuidado, de segunda classe, ou inferior a respeito do nível de comprometimento exigido. O evangelho exige nada menos do que nosso eu total.
11. Mansidão. “Bem aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra” (Mateus 5:5). Nosso Senhor ensinou que o sensacional não tem a ver com o evangelho. A oração particular é melhor do que a demonstração de santidade. O que quer que façamos para o reino não é feito para os louvores dos homens. O caminho da mansidão é o caminho do evangelho. Quando um bom trabalho aponta para pessoas, o evangelho é violado.
12. Permanência. A transitoriedade não é uma característica do evangelho. Decidir-se por Cristo é aceitar o fato de um relacionamento para toda a vida, no qual o homem se transforma em conformidade com a imagem do Filho, um processo que não está ativo em um dia e desativado no outro. O evangelho é para o longo prazo; não é um descartável moderno.
Características da Música Pop
Geral. A palavra popular “é um termo neutro, que significa simplesmente ‘algo que é buscado por todos'”. Johansson usou a palavra popular “como um termo técnico, indicando aquilo que é fabricado distintivamente tendo em vista uma ampla aceitação… pretendendo significar aquilo que é criado para ser popular, em vez daquilo que incidentalmente se tornou popular”. Especialmente, desde a virada do século (XX) “a cultura das massas desenvolveu um novo gênero – a música pop”. De acordo com Johansson, “a música pop tem de fato se tornado um espelho musical do coração desta sociedade, a personificação musical do kitsch”.
1. Produção em Massa. A característica mais óbvia da música pop é que ela é um item de quantidade. O objeto é produzido com técnicas facilitadoras, resultando em uma grande profusão. É fabricada por atacado.
2. Lucros Materiais. A música popular é uma grande indústria, gerenciado pelos métodos e técnicas dos grandes negócios, a fim de alcançar enormes recompensas financeiras. Uma ciência distinta de marketing e popularização é parte desta influencia comercial.
3. Novidade. O popular tem um incrível impulso na direção da novidade contínua. A durabilidade e a profundidade não são características de seus produtos. Tornando-se rapidamente obsoletos, precisam ser substituídos rapidamente. Para que o pop continue a atrair a atenção do público do qual se alimenta, deve produzir uma nova onda, um refrão qualquer, ou mesmo um choque total. Ser inovador é o mais perto que se pode estar de ser criativo.
4. Gratificação Imediata. Uma vez que a música pop não contém coisa alguma que seja intrinsecamente nova ou criativa, a gratificação musical máxima vem imediatamente. Assim, a música pop promove uma imaturidade musical ainda maior. Nossa cultura, a qual está preocupada com o novo e com o eu, identifica-se prontamente com esta síndrome pop porque qualquer tipo de retardamento da gratificação é anátema.
5. Facilidade de ser Consumida. A facilidade de ser consumida é outro aspecto da música popular. Ela é feita de forma que possa ocorrer facilmente a assimilação. Assim, economiza-se esforços e são escolhidos atalhos de forma que a satisfação possa ser obtida de forma direta, conveniente e sem custos. Pouca coisa existe neste caminho que desafie ao ouvinte. Se a música deve operar em um nível popular, a educação musical se torna completamente desnecessária.
6. Entretenimento. A música pop busca a diversão e o entretenimento às custas da beleza. A excitação (sic) através do aspecto emocional, passando por cima do intelecto, é a raison d’etre desta música. Sendo o entretenimento tão invasivo, impregna os pensamentos, sentimentos e cosmovisão do ouvinte, o qual, como consumidor, define a sua própria existência por estas experiências “agradáveis”. A cultura popular moderna ‘não busca encorajar a reflexão, a crítica ou a capacidade de escolha, mas sim reduzir as questões sérias o máximo possível ao nível do entretenimento.’
7. Mínimo Denominador Comum. O popular não tenta simplesmente atingir a média, mas promove ativamente o que é inferior. O padrão mais baixo se torna a norma. Isso ocorre porque o caminho de menor resistência exige pouco no sentido de arte musical por parte do ouvinte. O popular age sobre a condição do homem caído, tentando explorar sua fraqueza pelo caminho fácil.
8. Sucesso Acima de Tudo. O sucesso é o deus da nossa sociedade, a tal ponto que com freqüência a única prova da validade e do valor de alguma coisa aceita pelo homem moderno são as vendas elevadas. Não se pode discutir com o sucesso na caixa registradora.
O sucesso é medido em termos de números e de dinheiro e, sem sucesso o popular não tem sustentação e morre rapidamente. Portanto, um objetivo básico do popular deve ser fazer apenas aquilo que seja apelativo.
9. Romantismo. Existem elementos de romantismo no popular. A música pop tende a retardar a maturidade emocional e convida idealizações não realizadas. O campo pop está mais preocupado com a fantasia do que com a realidade. Freqüentemente o seu tema é aquilo que não pode ser.
10. Mediocridade. O popular cria um novo ambiente que é hostil à qualidade. A indústria da música comercial tenta ao máximo agradar a todos, resultando em uma abordagem consensual, na qual fica estabelecida uma indiferença aos valores, padrões e princípios.
11. Sensacionalismo. A popular capitaliza sobre o sensacionalismo. A apresentação musical é vista como um produto em um pacote, completo com show de luzes, vestimentas bizarras, amplificação e modificação eletrônica, excesso de decibéis e truques de palco. O popular é não apenas vulgar, mas encoraja fantasias de grandiosidade, apela ao sensual, exagera e é associado com extravagância e infantilismo.
12. Transitoriedade. O popular é a síntese da transitoriedade. Os ’40 mais’ nas paradas de sucessos mudam de semana a semana, tornando-se rapidamente obsoletos. Não possuindo profundidade, o popular precisa depender da disponibilidade para dar continuidade ao gênero.
É possível notarmos, a partir da comparação anterior, que caso seja buscada uma aprovação popular ou uma ampla aceitação, o resultado será uma versão diluída do evangelho. “Porque estreita é a porta, e apertado o caminho que conduz à vida, e poucos são os que a encontram” (Mateus 7:14), são as palavras de Jesus com relação ao custo da vida eterna. Se as características do evangelho e da música popular forem colocadas lado a lado, ficarão como mostrados abaixo:
Características do Evangelho e da Música Pop
Evangelho |
Música Popular |
Individualidade |
Produção em Massa |
Não-Materialismo |
Lucros Materiais |
Criatividade |
Novidade |
Sacrifício |
Gratificação Imediata |
Discipulado |
Facilidade de ser Consumida |
Alegria |
Entretenimento |
Padrões Elevados |
Mínimo Denominador Comum |
Princípios Acima do Sucesso |
Sucesso Acima de Tudo |
Realidade |
Romantismo |
Excelência |
Mediocridade |
Mansidão |
Sensacionalismo |
Permanência |
Transitoriedade |
Parece que “as características do evangelho são diametralmente opostas às características da música popular.” Isto nos leva à inevitável … conclusão de que, se a música deve estar analogicamente relacionada à mensagem das palavras, então não existe qualquer possibilidade de um relacionamento bem sucedido de uma letra sacra com uma canção popular. Parece absolutamente imperativo concluirmos que usarmos a música popular como um meio para transmitirmos a mensagem do evangelho é errado. É errado porque a música tem, inerentemente, características que são contrárias à mensagem das palavras da letra. O meio, em termos de música pop, mata a mensagem.
Próxima parte: Apêndice H – Um Modelo para a Música na Adoração para a Igreja Adventista