A Música na Adoração – Conclusões
por: Adrian Ebens
A música é complexa, assim como a humanidade é complexa. Ela pode ser dinâmica, poderosa e bela, mas também destrutiva, caótica e feia – assim como a humanidade, porque é uma das mais perfeitas reflexões da experiência humana. Assim, não existem respostas simples à questão da música. Impor a teologia, a lógica e a razão a um mundo que é dominado pela emoção, em muitos aspectos parece ser uma atividade fútil , mas assim como Deus impôs ordem à criação, da mesma forma também a ordem deve ser imposta sobre os mares de emoção contidos na música. Tal ordem começa com uma correta visão de Deus e do homem. Sem esta visão, a adoração e, portanto, a música, não estará cumprindo seu propósito seu propósito designado. Uma visão verdadeira de Deus e do homem vem a nós através da Bíblia. A Bíblia nos informa que Deus é o criador. O homem, feito à imagem de Deus tem a capacidade de criar. O homem também caiu em pecado. O plano era que o homem criasse dentro da vontade soberana de Deus. A queda do homem muitas vezes faz com que ele crie fora da vontade de Deus. A arte é uma expressão criativa do homem. A arte está inserida na ação. Arte não pode ser separada do ambiente na qual foi criada. A arte, sendo uma expressão do homem, tem implicações morais. O homem tem uma responsabilidade de criar obras que elevem a alma do homem e que não promovam a sua queda. Ele também tem a responsabilidade de criticar a arte que observa e ouve. Este estudo apontou quatro fontes para formar uma crítica cristã: Escritura, razão, tradição e experiência.
Embora a Bíblia não fale diretamente da questão da música, ela oferece diretrizes, as quais podem ser encontradas nos seguintes princípios resumidos: 1) A doutrina da criação nos informa que a liberdade humana está em tensão com a soberania Divina. A humanidade é livre para operar dentro dos limites Divinos. Também aprendemos que Deus criou ordem a partir do caos e as nossas criações deveriam refletir ordem, e não caos. 2) A Encarnação. Jesus veio para servir a Deus e ao homem. Semelhantemente, em nossa música, Deus é o foco central, não nossos gostos ou desejos pessoais. Como músicos, também estamos aqui para servir às pessoas, não usá-las como auditório para demonstrar as nossas habilidades. A encarnação também vai de encontro às pessoas onde elas estão. Ela tem familiaridade, é reconhecível e está inserida no contexto da congregação. 3) O conceito de incorporação do conteúdo do evangelho nos informa que o meio pelo qual o evangelho é comunicado não entrará em conflito com a mensagem. Neste estudo observamos que os princípios da música pop é completamente oposta, de muitas maneiras, aos princípios do evangelho e, portanto, é um meio ilegítimo para o evangelho. 4) a doutrina da fé abrange cada parte da vida cristã. O cristão não tem uma vida sacra e outra secular – tudo é para Deus. Também a fé é baseada em um equilíbrio de conhecimento e emoção, não um sem o outro, e 5) a doutrina da mordomia nos informa que deveríamos dar tudo em nossa adoração e não nos conformarmos com a mediocridade. Deveríamos também crescer em nossas habilidades e capacidades e ter espaço para expressar uma nova criatividade.
O relacionamento entre o mental e o físico no organismo humano é muito íntimo. As pessoas podem ser afetadas negativa ou positivamente pela música. A utilização da música em terapia nos dá evidências da capacidade da música para modificar o comportamento das pessoas. Certas formas de música, tais como o rock podem enfraquecer os níveis de energia corporal e afetar destrutivamente a capacidade humana de tomada de decisão. A música também tem a capacidade de comunicar emoções e, possivelmente, a filosofia ou a cosmovisão de uma pessoa. Tais observações sugerem a exatidão da doutrina grega do ethos – a música pode afetar negativa ou positivamente o caráter. Portanto, a música tem implicações morais.
Ao traçar as tendências da música cristã desde o tempo da reforma, vemos que a tarefa de tomar música da cultura secular tem se tornado cada vez mais complexa. Primeiro, o a barreira entre a música da igreja e a música secular cresceu. Segundo, embora antes fossem homens do clero que importavam a música secular e a “batizavam” adaptando-a ao contexto sacro, agora são os leigos inexperientes que estão no controle do processo. Terceiro, muitas da igrejas protestantes do final do anos 1800 vilipendiaram a música secular e passaram a ter uma expressão musicam fundamentalista, criando assim um vácuo de criatividade dentro da igreja. Muitas igrejas estão colhendo as conseqüências por meio de uma importação por atacado da criatividade secular através de sua juventude. Quarto, a cultura ocidental está mostrando claras evidências de estar em declínio. Estas evidências são demonstradas pelo materialismo, separação entre ricos e pobres, obsessão pelo sexo, uma manifestação de arte vulgar e em um desejo cada vez maior de viver às custas do Estado. Houve também uma completa alteração filosófica no pensamento ocidental no último século, o qual removeu a crença em valores absolutos. Conseqüentemente, nossa cultura está cada vez mais buscando felicidade em uma experiência que é separada da razão. Isto é refletido por slogans característicos de gerações, desde “O que é a verdade” até “Eu posso sentir isso”. Esta alteração na filosofia penetrou a arte, a música, a cultura geral e a teologia. Na música esta alteração é mais bem representada pela música rock. A capacidade da igreja para importar música de uma cultura que está em declínio é muito dificultada.
O material apresentado neste estudo ainda exige uma ação cuidadosamente planejada dentro das Igrejas Adventistas com relação à música. Se as tendências atuais não foram barradas, as igrejas Adventistas continuarão a se dividir sobre a questão da música, com grande perda. A questão da música não pode ser deixada inteiramente no âmbito do gosto e do sentimento pessoal. Como cristãos, é necessário provar todas as coisas e reter o que é bom. Há fortes evidências que sugerem que certos elementos da música da cultura secular atual são diametralmente opostos ao cristianismo. Esta situação é complementada pelo fato de que os gostos musicais de nossa juventude estão sendo moldados, em sua maior parte, através da via da TV e do radio, os quais representam, principalmente, os sentimentos de uma cultura em declínio. Há uma necessidade urgente de educação na área de música. Nossas decisões com respeito à música devem incluir uma base racional, assim como emocional. Usar a filosofia “eu gosto disso – portanto é bom” é empregar uma metodologia perigosa. A maioria dos pais está consciente do fato de quem se é permitido a uma criança comer o que ela quiser, provavelmente ela não conseguirá obter uma nutrição adequada. Se os pais insistem na formação correta dos gostos alimentares, o mesmo não pode ser dito dos gostos musicais. Portanto, a educação é necessária. A educação pode ser obtida através de seminários de música, os quais tratariam de questões relevantes. Para assegurar que a educação está em andamento e que o pastor não seja sufocado por outras necessidades, poderia ser feita a escolha de um líder de adoração, que seja bem treinado na área de música. Para evitar a criação de um vácuo de criatividade, os membros da igreja poderiam ser encorajados a expandir as suas habilidades musicais através do coral da igreja e/ou treinamento instrumental individual. A utilização de concertos de criatividade poderia facilitar uma maneira de introdução de novos materiais, criados pelos próprios membros da igreja, de uma forma organizada. Uma das razões pelas quais é importante que nós, como Adventistas do Sétimo Dia escrevamos e cantemos a nossa própria música é porque a música reflete a filosofia e a cosmovisão do compositor. Precisamos de música que reflita a cosmovisão distintiva mantida pelos Adventistas do Sétimo Dia. Precisamos cantar nosso novo cântico e não apenas abraçar os sentimentos da cultura popular. Também precisamos de música que mantenha a razão e a emoção em íntima harmonia. Muito da música de hoje explora o âmbito da emoção, excluindo a razão. Deve haver uma combinação de “Eu posso sentir isso” com “O que é a verdade”. Uma das maiores razões pelas quais nós, como Adventistas do Sétimo Dia devemos ser cuidadosos e precisos em nossa filosofia de música é que Satanás vai usar a música de tal forma que as pessoas na igreja pensarão que se trata do mover do Espírito Santo. Falta de vigilância neste assunto poderia significar mais que uma divisão na igreja, poderia significar a perda de incontáveis almas. Para verdadeiramente cantarmos com júbilo ao Senhor devemos cantar com o espírito, mas também cantar com o entendimento.
Próxima parte: Apêndice A – Pesquisa Musical