Música, Adventismo e Eternidade – Capítulo IV
por: Pr. Dario Pires de Araújo
Orientação Divina
“A crise que o povo de Deus atravessa tem múltiplos aspectos. O estado laodiceano resulta da falta de interesse no ponto de vista de Deus. A queixa divina no passado era: “O Meu povo não entende” (Isa.1:3). O entendimento, a compreensão, porém, eram deficientes não porque Deus não houvesse esclarecido, mas porque o povo não se interessou em aceitar a luz. De tanto rejeitar a luz divina, o discernimento humano se obscureceu.
Hoje não é diferente. Em tempo algum da História o povo de Deus teve mais luz sobre todos os aspectos da vida como atualmente. Esta luz (I TS, 488) Deus concede porque nunca os perigos que ameaçam a Igreja foram tão grandes. Se somos demasiado carnais para bem discernir tudo (I Cor. 2 :14, 15), a culpa não é de Deus por não ter esclarecido, mas nossa por estarmos mais inclinados a prosseguir seguindo nossas próprias ideias, nosso próprio apetite e nosso gosto pervertido, sem levar em consideração o que Deus diz.
Especificamente no aspecto da música que os adventistas estão praticando, usando e criando dá-se o mesmo. A situação em certas igrejas e lares se tem tornado tão grave que alguém que ainda tenha discernimento sente-se incapaz de adorar a Deus e receber benefícios espirituais pela péssima qualidade de música praticada, ou seja, música “Popular Religiosa” como se fosse “Sacra”. Embora, às vezes, seja apresentada com o nome de Sacra Contemporânea, Música Jovem, Música Moderna, etc., etc., na realidade não passa de música popular que serve apenas para reviver a interpretação dos ídolos da música popular dentro da igreja, sem cogitar no que Deus pensa sobre o assunto.
Mesmo tendo já a Organização Superior do Movimento Adventista tomado sua posição de acordo com os princípios divinos das Escrituras e do Espírito de Profecia, ainda há os que se esforçam para produzir, traduzir, praticar, divulgar e explorar a música popular religiosa. Poucas pessoas que são responsáveis pela música nas Igrejas, nos Colégios e Seminários Teológicos têm tido a coragem de tomar posição firme ao lado da música correta, praticada com
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discernimento. O resultado é o avanço audacioso e pretensioso de tudo o que destrói a boa música verdadeiramente sacra” (todo este trecho introdutório foi extraído do Prefácio que fizemos ao “Música na Igreja” – Torres).
É bem verdade que quem quer que assuma a posição de firmeza pelos princípios poderá ser ridicularizado, ou considerado como sendo da “linha dura”, “lei seca”, “quadrado”, “cafona”, “superado”, etc. Mas uma coisa é manter a linha correta e outra coisa é não ter linha nenhuma. É preferível examinar a linha que Deus propõe na Bíblia, nos escritos de E. G. White e no Manual da Igreja. Isto é o que faremos.
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Quando Lúcifer foi criado, conforme lemos em Ez. 28:12-19, além de uma preciosíssima cobertura de pedras coloridas e rutilantes engastadas em ouro, foi ele dotado de capacidade musical, pois tinha “em si seus tambores e pífaros”. Som e ritmo, harmoniosamente combinados, capacitavam-no a ser o dirigente do coral celeste (Espírito de Profecia, págs. 28 e 29).
O fato de ele ser “perfeito em sabedoria e formosura”, ou como diz na Bíblia Viva, “Você era absolutamente perfeito em beleza e sabedoria”, indica que a música que ele compunha e ensaiava com o coral dos anjos era perfeitamente bela, perfeita na forma ou estrutura musical, perfeita na maneira de interpretar, perfeita em alcançar o objetivos de adoração e auto realização segundo os padrões divinos.
Infelizmente nós não somos perfeitos para fazer tudo isto. Temos, porém, a certeza de que dentro de pouco tempo poderemos fazê-la no céu, se estivermos com nosso gosto devidamente preparado. Para Satanás não há mais esta esperança após sua queda, pois dele Deus diz: “Nunca mais serás para sempre”. A música que Satanás agora inspira perecerá com ele, mas a perfeita será eterna.
Evidentemente Adão e Eva aprenderam a cantar com os anjos no Jardim, como já mencionamos anteriormente. O cunho da perfeição repousava sobre seus cânticos até que o pecado pôs fim esta perfeição. Compete-nos agora, porém, procurar tornar nossos cânticos tão perfeitos que se aproximem das harmonias angelicais (PP 637).
Outro lance musical da Bíblia a que queremos chamar atenção é o do povo de Israel cantando seu júbilo de gratidão a Deus
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pela espetacular libertação no Mar Vermelho. Tão importante foi esta criação musical que em Apoc. 15:3 ela reaparece num cenário e ambiente totalmente diverso, ao lado do “Cântico do Cordeiro”. A primeira conclusão a que se chega é a de que Moisés era poeta e músico de muitos recursos. Tinha formação e instrução musicais. Inspirado, podia agora produzir uma obra de arte imortal, eterna (PP, 261).
O capítulo 15 de Êxodo prossegue relatando o canto e a dança de Miriam com seu tamborim e das mulheres que a seguiam. Este costume perdurou ainda durante muitos séculos entre os hebreus. Com isto, querem hoje alguns justificar a dança social mista, como fazem certas denominações religiosas após o culto. Não há termo de comparação entre as duas porque “a primeira tendia à lembrança de Deus, e exaltava Seu santo nome. A última é um ardil de Satanás para fazer os homens se esquecerem de Deus e O desonrarem” (PP, 760). Outros querem também justificar o uso de pandeiros e baterias, palmas e gritos, danças e rolação como manifestação de júbilo religioso na igreja.
Pensemos, porém, no seguinte: Onde Miriam aprendeu este costume? De quem o aprendeu? Era esta a melhor maneira de alegrar-se perante Jeová e louvá-Lo? Foi dentro de um recinto, santuário ou igreja?
Tanto Moisés como Miriam estavam familiarizados com a corte egípcia, seus rituais religiosos e suas festas. Na ocasião ela fez o que sabia: o costume egípcio.
Às vezes pensamos no povo de Israel saindo do Egito (quem sabe mais de 3 milhões), como o “povo de Deus”, todos gente “fina”, asseada e educada. Puro engano! Eram imensa massa humana, heterogênea, ignorante, sem cultura, práticos em fazer tijolos e lidar com barro (quem já fez tijolos à maneira antiga sabe), grosseiros, sujos e sem higiene, a ponto de Deus ter de estabelecer por lei para eles o que os gatos fazem por instinto ao enterrarem suas próprias fezes (Deut. 23:13, 14). Moisés tinha que ensinar praticamente tudo a estes que vinham de longa escravidão. Não é de se admirar que fosse o homem mais manso da terra…
Ao pé do Monte Sinai eles também dançaram, embebedaram-se, comeram e folgaram,despiram-se e se corromperam
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numa festa ao Senhor. Deus tolerou e aceitou a primeira dança junto ao mar, pois não conheciam coisa melhor, mas não deu para tolerar a segunda. O Egito ainda estava no coração deles.
Nada disto havia na inauguração do templo de Salomão, pois a luz sobre a maneira de adorar a Jeová era diferente. A Bíblia é clara em mostrar que a luz divina é comunicada gradativamente. Davi ainda dançou; Salomão já não dançou mais. É claro, pois ele nunca estivera como seu pai pelas cavernas, fugitivo, desterrado, caçado durante anos. O júbilo de Davi é compreensível. Se hoje, porém, um adventista fosse dançando pela rua ao se dirigir para a igreja, se não estivesse embriagado, recomendar-lhe-íamos um exame psiquiátrico e internamento.
O primeiro canto de Moisés foi ao som de pandeiros. O segundo será ao som das harpas de Deus, e ninguém notará a ausência dos pandeiros nem deles sentirá falta!
A descrição bíblica feita da festa inaugural do templo construído por Salomão é impressionante. Nada era improvisado como o cântico junto ao Mar Vermelho; ao contrário, tudo planejado, estudado, ensaiado e executado por pessoas especializadas.
“Os levitas cantores,…vestidos de linho fino, com címbalos e com alaúdes, e com harpas, estavam em pé para o oriente do altar; e com eles cento e vinte sacerdotes, que tocavam as trombetas uniformemente, e cantavam para fazer ouvir uma só voz, bendizendo e louvando ao Senhor; e levantando eles a voz com trombetas, e címbalos, e outros instrumentos músicos,…a glória do Senhor encheu a casa de Deus” (II Crôn. 5:12-14).
“Aqui está um ideal para todos os coristas e músicos de todos os tempos: que ao ser ouvida a sua música, a glória do Senhor encha a casa” (Helen G. Grauman – “Música em Minha Bíblia” CPB, pág. 931).
Imaginemos um grande Templo Adventista com órgão de tubos, orquestra sinfônica, coral, congregação, cantando com o espírito e o entendimento antífonas de música genuinamente sacra…
Que antegozo da eternidade…! Ainda assim haveria os que preferissem ouvir alguém de poucos recursos vocais, quase engolindo o microfone, arrebentando os tímpanos da congregação ao som de um “play back” de sintetizador, guitarras e baterias com ritmos
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“modernos”!
Nas fronteiras de Canaã, a um passo da Terra Prometida, por conselho de Balaão, as prostitutas moabitas atraíram os filhos de Deus.
“Iludidos pela música e a dança, e seduzidos pela beleza das vestais gentílicas, romperam sua fidelidade para com Jeová. Unindo-se-lhes nos folguedos e festins, a condescendência para com o vinho anuviou-lhes os sentidos, e derrubou as barreiras do domínio próprio. A paixão teve pleno domínio; e, havendo contaminado a consciência pela depravação, foram persuadidos a curvar-se aos ídolos. Ofereceram sacrifícios sobre os altares gentílicos e participaram dos mais degradantes ritos” (PP, 479).
E tudo começou com o tipo de música. Pior que a irmã White prossegue na pág. 483:
“Aproximando-nos do final do tempo, ao achar-se o povo de Deus nas fronteiras da Canaã celestial, Satanás redobrará, como fez antigamente, os seus esforços para os impedir de entrar na boa terra. Arma suas ciladas a toda alma”.
E mais adiante, à pág. 486, ela diz:
“Aqueles que não querem ser presa dos ardis de Satanás devem guardar bem as entradas da alma; devem evitar ler, ver, ou ouvir aquilo que sugira pensamentos impuros”, inclusive música popular, que é o começo do processo.
Os séculos se arrastaram e o povo de Israel continuou em seus altos e baixos. Antes do cativeiro, porém, Satanás preparou outro assalto. Desta vez na Fenícia. As prostitutas usavam a música para atrair e seduzir os homens. Em Tiro elas “levavam uma harpa quando andavam pelas ruas. Isaías compara Tiro a uma tal mulher. A música era usada por essas mulheres como um dos poderosos meios de sedução. Nestas palavras o profeta compara Tiro durante os setenta anos de esquecimento prestes a vir, como uma prostituta:
‘Tiro será como a canção de uma prostituta.
Toma a harpa, rodeia a cidade,
Ó prostituta entregue ao esquecimento:
Toca bem, canta e repete a ária
Para que haja memória de ti!’ Isa. 23:15, 16″ (Música em Minha Bíblia, pág. 111).
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Lembremo-nos também de que o rei de Tiro foi o símbolo que Deus encontrou para representar a queda de Lúcifer no Céu, como já vimos (Ez. 28).
As cantoras fenícias, chamadas “dançarinas”, tornaram-se as preferidas até no Egito, pois “em muitos túmulos dos antigos egípcios encontramos representações de moças dançando em festas particulares ao som de vários instrumentos, de maneira semelhante às modernas ‘ghawazee’ (dançarinas) ; no entanto, mais licenciosas, com uma ou mais destas dançarinas apresentando-se em estado de completa nudez, embora na presença de homens e mulheres de alta posição”. Carl Engel, Music of the Most Ancient Nations, págs. 258 e 259 (citado em “Música em Minha Bíblia”, pág. 111).
Por isso o profeta Ezequiel já profetizara: “Eu farei cessar o arruído das tuas cantigas e o som de tuas harpas não se ouvirá mais” (Ez. 26:13).
As coisas, porém, se complicaram quando se viraram para o lado de Israel. Houve uma princesa fenícia que foi trazida para ser rainha em Israel, pois Acabe a buscou para ser sua esposa.
Não nos precisamos demorar. Conhecemos a história de Jezabel. Estabeleceu centenas de profetas da idolatria e alimentava-os oficialmente. Notadamente Deus Se queixava de que Seu povo O abandonara e seguira a Baal. Jezabel fez que a sensual música das dançarinas fenícias enfeitiçasse os israelitas; no confronto com Elias no Carmelo, após seu culto agitado de música, danças e retalhações, os profetas foram finalmente massacrados. Jezabel quis matar a Elias mas não conseguiu. Mandou matar de maneira pérfida e vergonhosa um homem honesto chamado Nabote para dar sua propriedade como presente ao rei fantoche. Quando Jeú chegou para acabar com a família real, ela ainda foi capaz de se pintar em volta dos olhos como uma prostituta para tentar seduzi-lo. Da janela elevada ela foi precipitada e esborrachou-se no chão. Os cães a devoraram.
Jezabel e o culto a Baal provocaram as maiores reações de Deus. Com o correr dos anos a influência de tal música continuou na vida dos israelitas. Não tardou para que o gosto por este tipo de música estivesse desenvolvido e, como passo natural seguinte, passaram a misturar a música do Templo, da adoração com esta música profana. Deus não podia tolerar um culto agitado, estimulado
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por música agitada e danças que abriam as portas à prostituição sagrada e oficializada. Quando Deus ouviu no Seu próprio culto os sagrados e solenes salmos desvirtuados e misturados com a sensual música fenícia, como moldura musical para sacrifícios formalísticos, mandou da pequena vila de Tecoa o profeta Amós sacudir Israel com a vibrante mensagem que lemos no cap. 5:23 “Afasta de Mim o estrépito dos teus cânticos porque não ouvirei as melodias dos teus instrumentos”. A Bíblia Viva parafraseia assim:
“Acabem com esse barulho das suas canções; eles são um barulho que incomoda meus ouvidos. Não ouvirei suas músicas, por mais belas que sejam”.
Quando Deus hoje observa as tendências da música na Igreja, pendendo para ritmos e balanços da sensual música fenícia moderna, solenemente ainda diz: “Tenho contra ti que toleras Jezabel” Apoc. 2:20. Por mais que vocês gostem da mistura do sacro com o profano, por mais discos, fitas e “play-backs” que vocês gravem, por mais que vocês explorem essa música popular religiosa e montem negócios de milhões, por mais que vocês apreciem embriagar-se com ela, seja na língua que for, por mais “bacana” e “legal” que vocês achem que ela seja, não a ouvirei.”Tirem estas coisas daqui”! João 2:16 (Bíblia Viva).
Horrorizamo-nos com a ideia de sacrificar criancinhas sobre os braços de ferro em brasa de algum deus cananita como Moloque, ou em altares a Baal, mas não nos horrorizamos em abandonar nossas crianças diante de TVs, FMs, e sofisticados “sons” para apreciarem fantásticos “shows” de música diabólica, desenvolvendo nelas desde cedo um gosto que as excluirá da vida e da música celestes. Enchemos nossas discotecas de discos, fitas e vídeos de música popular, religiosa ou não, cujo gosto as levará ao fogo da destruição.
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Alguém poderia argumentar: “Ah, estas coisas bíblicas, do Velho Testamento, de tantos milênios no passado, não têm nada a ver com os nossos dias! Hoje precisamos de orientações divinas modernas!”
Deus já antevia este tipo de racionalização e, através dos escritos inspirados da irmã White, repetiu as mesmas instruções em linguagem atual para que Laodicéia tenha mais facilidade em
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compreende-las até o final do tempo.
As orientações do Espírito de Profecia não foram dadas numa obra condensada e específica sobre o assunto. Como em outros assuntos também, a luz foi derramada gradativamente, conforme a necessidade, espalhada em muitas de suas obras.
Em 1968, a gráfica do IAE publicou uma apostila com quase tudo o que Ellen White escreveu sobre música e cultura da voz. Isto somado às últimas publicações, como Mensagens Escolhidas I,II, III, etc., podem fornecer orientação segura para quem quiser.
De todas estas instruções podemos extrair uma espécie de sistematização de princípios, que nos ajudam a compreender o pensamento divino. O estudo, por ser bastante vasto, terá que ser aqui apresentado de forma compacta e reduzida, como segue. As páginas das citações às vezes são do Inglês, às vezes do Português.
Há uma necessidade de constante comparação entre os princípios e o que praticamos para ver se estamos dentro ou longe do que Deus espera. Consideraremos estes princípios sob quatro aspectos diferentes:
1. Que tipo de música usar?
2. Que objetivos alcançar?
3. Como praticar a música?
4. Quem a deve, ou não, praticar?
I – Que tipo de música usar para que seja sacra?
a) A que o Espírito de Deus produzir no íntimo (Testimonies, I, 154).
b) Louvor e ação de graças (T. VIII, 244).
c) Os remidos encontrarão seu cântico na cruz de Cristo (DTN, 13).
d) “Deus desejava que toda a vida de Seu povo fosse uma vida de louvor” (PJ, 298).
e) Canto correto e harmonioso. Música cantada e tocada com harmonia (T.,I,146; T. IV, 71; T. VI, 62).
f) Música que tenha beleza, sentimento e poder (T. IV, 71).
g) “Valsas frívolas não eram ouvidas, nem canções petulantes que pudessem exaltar o homem e desviar a atenção de Deus, mas sagrados e solenes salmos (FEC, 97 e 98; RH, vol. 177, nr. 44, de 30/10/1880).
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II- Que objetivos alcançar com a música sacra?
a) Que Deus seja glorificado. Honra a Deus e ao Cordeiro (T. I, 146 e T. II, 266).
b) Beneficiar a Igreja. Exercer influência para o bem (T. I, 146, e T. IV, 71).
c) Impressionar favoravelmente os descrentes e aumentar o interesse (T. I,146; T. VI, 62).
d) Estimular para a santidade e espiritualidade (T. I,497).
e) Educar a mente e preparar para o cântico dos Céus (T. II, 265).
f) Preparar o povo para uma Igreja melhor (T. V, 491).
g) Salvar almas (T. V, 493; T. IX, 38).
h) Erguer os pensamentos ao que é puro, nobre, edificante, e refinar as maneiras e naturezas rudes e incultas (T. IV, 73; PP, 637; Ed. 166).
i) Despertar na alma devoção e gratidão a Deus (PP, 637).
j) Acender o amor, a fé, o ânimo, a esperança, o arrependimento e a alegria no coração do povo de Deus (PP, 686 e 687; Ed. 38 e 162).
l) Libertar da idolatria (PP, 762).
m) Arma contra o desânimo (Ed. 165, CBV, 218 e 216).
n) “Coisa alguma tende a promover mais a saúde do corpo e da alma do que um espírito de gratidão e louvor” (CBV, 216).
o) Fixar na mente a Lei, as lições e verdades espirituais (Ed. 38, 41,42 e 166).
III – Como praticar a música sacra?
a) Com espírito e com entendimento, com expressão correta, sentindo o espírito do cântico e pensando nas palavras (T. I, 106; T. IX, 143 e 144; PP, 637; Ed. 166).
b) Melodioso, com clareza, distinta elocução e não com linguagem ininteligível e dissonância (T. V, 493; T. 1,146).
c) Audível e compreensivelmente, com entonação clara e pronúncia correta, boa dicção, hinos suaves e puros, sem estridência nem aspereza (T. IX, 143 e 144; Ed. 166).
d) De maneira que não tome o lugar da oração. Orar mais do que cantar (T. I, 513).
e) Com disciplina, sistema, ordem, planejamento e ensaio (T. IV,
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71; RH, vol. 60, nr. 30 de 24/07/1883).
f) Reverentemente (T. IV, 73).
g) Acompanhado de instrumentos habilmente tocados (T. IX, 143 e 144).
h) Tão próximo quanto possível da harmonia dos coros celestiais (PP, 637).
i) Em plenitude e sinceridade de coração (PJ, 299).
j) A maneira improvisada, sem preparo, esdrúxula e sacudida de executar o canto não honra a Deus nem beneficia a verdade (R.H. vol. 60, nr. 30 de 24/07/1883).
l) Exibicionismo de música instrumental é o que há de mais ofensivo à vista de Deus (RH, vol. 76, nr. 46 de 14/11/1889).
m) Deus deseja que o nosso louvor ascenda a Ele levando o cunho de nossa própria personalidade (CBV, 80).
n) De tal maneira que os músicos celestiais possam se unir ao cântico (T. IX, 143 e 144).
IV – Quem a deve, ou não, praticar?
a) Em geral por todos; raramente por uns poucos ou por um só (T. VIII, 115 e 116; T. IX, 144).
b) Consagrados que façam melodia no coração (RH, vol. 76, nr. 46 de 14/11/1889).
c) Não por artistas mundanos ou exibições teatrais para despertar interesse (T. IX, 143).
d) Os pequeninos, nem que seja uma única estrofe (Ed. 185).
Evidentemente estes são alguns dos pontos que saltam à vista do estudante; estão longe de esgotar o assunto. Oferecem, porém, uma base bastante sólida.
Quando o Manual da Igreja foi preparado, levou-se muito a sério estas orientações divinas, que nos ajudam a sintonizar nosso discernimento com a Igreja.
a) “A Música profana ou de natureza duvidosa e questionável nunca deve ser introduzida nos serviços da Igreja” (Manual da Igreja, 4a edição, 1974, pág. 133).
b) Os cânticos devem estar de preferência em harmonia com o sermão, ou assunto estudado (Ml, 133).
c) “Aqueles que não possuem discernimento para a escolha de músicas apropriadas ao culto divino, não devem ser escolhidos” (Ml, 133).
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d) No coral, membros da Igreja, de comportamento sóbrio e digno, que representem corretamente os princípios da Igreja (Ml, 133,134).
e) “Pessoas de consagração duvidosa ou caráter questionável, ou que estejam impropriamente vestidos, não devem ter permissão de participar das partes musicais em nossos serviços” (Ml, 134).
Desde que em Nova Orleans surgiu o Jazz, estava lançado no mundo um novo e moderno caminho pelo qual o inimigo tem acesso à mente de maneira que Cristo não seja desejado. De muitas maneiras e variantes este tipo de música atravessou o período da II Guerra Mundial. Chegando, porém, a década de 50, Satanás fez o lançamento do mais poderoso artigo de sua indústria de perdição. Fez um pacto com um agente que, apesar de ter sido cantor de coral de igreja, acabou se tornando o maior ídolo da música popular que o mundo teve: Elvis.
Em 1963 seu pacto foi com quatro agentes de Liverpool. Colocou em suas mãos guitarra, bateria e inspirou seu canto. Tornaram-se tão populares no mundo todo a ponto de receberem condecorações oficiais da realeza, e a ponto de John Lenon afirmar que eram mais populares que Jesus Cristo.
Daí por diante, dir-se-ia que o mundo se tornou dos rockeiros. O inimigo conseguiu fascinar a mente de bilhões. Por toda parte apareceram os conjuntos com suas guitarras, baterias, sons e luzes. Assim como Adolphe Sax, valendo-se de sua posição, fez a França parar de cantar e pôs na boca de cada cantor um saxofone, também o diabo colocou na mão de milhares de jovens suas guitarras e baterias, e fê-los incendiar o planeta.
Uma vez formado o gosto, viciadas as mentes, embotados os discernimentos, o próximo passo foi colocar esses instrumentos e essa música nas igrejas para esquentar as congregações apáticas e mornas. Quando pentecostais e outros da renovação pegaram fogo, Laodicéia entrou num dilema.
Alguns, notadamente os jovens, começaram a imitar tanto os ídolos de fora, como os vizinhos evangélicos, procurando com o mundanismo aquecer a mornidão laodiceana causada pelo próprio mundanismo. Percebendo esta tendência, a Associação Geral num Concilio em 1972 aprovou o documento elaborado e apresentado por
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uma Comissão mundial de músicos adventistas, esboçando os princípios para uma Filosofia Adventista de Música, baseado na Bíblia e no Espírito de Profecia.
Lembro-me bem da expectativa que havia na época por parte da “Jovem Guarda”, da “Ala Avançada” na música quanto à liberação da música popular para uso na igreja, no lar e na vida dos adventistas.
Em resumo este documento apresenta basicamente as seguintes ideias:
Para que os adventistas cumpram sua missão profética neste tempo, sua vida deve ser tão distinta quanto sua mensagem; isto afeta também a música com o tremendo poder que possui.
A Bíblia e o Espírito de Profecia dão àqueles que compõe, executam, dirigem, selecionam e usam música, os seguintes princípios gerais:
A música deve:
1. Glorificar a Deus e ajudar-nos a adorá-Lo de forma aceitável (I Cor. 10:31).
2. Enobrecer, elevar e purificar os pensamentos do cristão (Fil. 4:8; PP, 645).
3. Influenciar efetivamente o cristão no desenvolvimento do caráter de Cristo na própria vida e na de outros (Manuscrito 57, de 1906).
4. Conter letra que esteja em harmonia com os ensinos bíblicos da Igreja (Ev., 500).
5. Revelar compatibilidade entre a mensagem expressa pelas palavras e a música, evitando-se misturar o sagrado com o profano.
6. Fugir a exibições teatrais e com ostentação (Ev. 137).
7. Dar evidência à mensagem do texto, o que não deveria ser diminuído pelos elementos musicais (OE, 370 e 371).
8. Manter ponderado equilíbrio dos elementos emocional, intelectual e espiritual (Ev. 510).
9. Jamais comprometer elevados princípios de dignidade e excelência em esforços rasteiros para alcançar as pessoas no nível em que estão (OE, 357; Ev. 137).
10. Ser apropriada para a ocasião, para o ambiente e para o auditório a que se destina (Ev. 508).
Embora a música das diversas culturas e etnias possa ter
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elementos religiosos que ajudem a espiritualidade, o gosto musical e as práticas de todos deveriam conformar-se ao valor universal do caráter semelhante ao de Cristo e evitar os valores mundanos na música. Certas formas musicais, tais como o “jazz’, o ‘rock”, e suas formas afins, são consideradas pela Igreja como incompatíveis com esses princípios.
O documento que traduz o pensamento da Igreja sobre música divide-se em duas partes: Música na Igreja e Música Secular.
Na primeira parte, apresenta a orientação para seus principais usos, como:
1. Música no Culto – Chama a atenção para a necessidade do canto congregacional, utilizando os grandes hinos da tradição cristã, bem como da melhor música coral, instrumental e solística possíveis, executadas com habilidade, mas sem exibições de virtuosismos; solenes, sem elementos de vulgaridade que são característicos da música popular.
2. Música no Evangelismo – Além de dever estar de acordo com os princípios gerais, pode incluir cânticos evangélicos de testemunho e vida cristã, sem contudo comprometer os altos princípios de dignidade e excelência de nossa mensagem, que é preparar o povo para a vinda de Cristo; deve ser adequada ao auditório, mas manter um apelo equilibrado à natureza emocional e intelectual, e não apenas encantar os sentidos.
3. Música no Evangelismo com Jovens – Aplicam-se a maioria das sugestões anteriores, mas, como os jovens tendem a identificar-se com a música jovem profana contemporânea no desejo de alcançar a juventude onde ela está, são levados a empregar estilos de música questionáveis em virtude, principalmente, do ritmo que provoca mais forte reação física e é notório em criar reações sensuais em multidões.
Para certos estilos de música folclórica tradicional, há uma pequena abertura: as que suportam o julgamento dos mesmos princípios gerais aplicados aos outros tipos de músicas consideradas no documento.
Além do ritmo, o referido documento chama a atenção ao tratamento vocal no estilo estridente, ou insinuante, ou sentimental, cheio de sopros ao jeito dos solistas de boate, ou outras distorções da voz
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humana que devem ser terminantemente evitados, e condena o tipo de harmonização dissonante e extravagante, o volume excessivo do som e a apresentação como é feita na música popular, que tende a chamar mais a atenção para o executante do que para Cristo e a Sua mensagem.
4. Música no Lar – Estabelece principalmente o fato de que é no lar que o gosto musical é desenvolvido, tanto para a apreciação como para participação em cânticos e música instrumental, e a responsabilidade dos pais no interesse e gosto que demonstram pela seleção que fizerem ao adquirir o material sonoro a ser usado.
5. Música em nossas Escolas – Realça a importância de se manter um controle responsável no que será a base de formação, apreciação e discernimento dos educandos. Encarece a necessidade de a Igreja e a Associação locais se esforçarem para eliminar as deficiências culturais e que tudo o que envolva a música da escola esteja de acordo com as normas da Igreja.
Na segunda parte, que trata de música secular, fica claro que o cristão não entoará canções incompatíveis com seus ideais de verdade, honestidade e pureza. Evitará tudo aquilo que faça com que o mal pareça desejável ou o bem pareça trivial, e as composições cuja letra contenha frases banais, péssima poesia, absurdos, sentimentalismos ou frivolidade, elementos que desencaminham a pessoa dos conselhos encontrados na Bíblia e no Espírito de Profecia.
Considerará que os “blues”, o jazz, o “rock”, a música “beat” e formas similares são inimigos do desenvolvimento do caráter cristão, pois abrem a mente a pensamentos impuros e levam a uma conduta Ímpia. Tais músicas têm uma relação muito clara com o comportamento permissivo da sociedade contemporânea. A distorção do ritmo, da melodia e da harmonia, tal como é empregada neste estilo, combinada com a excessiva ampliação do som, embota a sensibilidade e, finalmente, destrói a apreciação pelo que é bom e santo.
O cristão equilibrado aplicará, em toda música que eleja para ouvir ou executar que não esteja incluída nestas especificadas, o teste dos critérios delineados nesta Filosofia de Música.
E conclui que o cristão dará testemunho aos outros pela escolha que faz do tipo de música compatível com suas necessidades sociais e princípios cristãos.
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Por tudo o que temos apresentado de orientações divinas e pensamento da Igreja é facílimo perceber que a música popular, profana ou religiosa, não teve a menor ocasião de penetrar ou ter algum lugar na vida do verdadeiro cristão adventista, e se o fizer porá em perigo a vida eterna pelo gosto que desenvolve.
Mesmo com toda esta luz, o que tem acontecido com a Igreja Adventista?
1. Abundante material condenável tem sido composto, traduzido, adaptado, arranjado, usado, executado e apreciado.
2. Encontros Jovens tem até mudado de nome para Cultos Jovens, mas têm baixado, em geral, cada vez mais seu nível musical.
3. Tem havido intensa exploração comercial de música popular religiosa em gravações, quer estrangeiras, quer nacionais.
4. Líderes de influência têm, às vezes, estimulado aberrações musicais.
5. Programas de comunicação em massa e evangelismo oficiais da Igreja têm se conduzido de forma a trazer, além de confusão no discernimento, um clima de franca permissividade para o lado errado da música.
6. Pessoas têm-se levantado e abandonado a reunião diante de apresentações musicais incompatíveis com a santidade e espiritualidade dos serviços religiosos.
7. Sermões têm sido prejudicados pela qualidade das mensagens musicais de caráter popular.
8. As incursões pretensiosas dos padrões e instrumentos da música popular não tem conhecido limitações de fronteiras nacionais na Igreja Adventista (vide “Adventistas na Rússia” de Aif Lohne, pág. 141).
9. Formas híbridas de música contendo textos religiosos associados a composições musicais “country”, “tender rock” e congêneres têm atrapalhado muita Semana de Oração.
10. Grandes concentrações, Congressos e Reuniões Campais têm-se transformado em Festivais de Música Popular Religiosa, além das famosas “Femupop” com nome de “Femusa”.
11. Etc., etc., etc.,…
Quadro desolador!!! Mas não totalmente sem esperança, pois ainda resta uma vasta maioria de membros, pastores e líderes inconformados, que não dobraram seus joelhos a Baal. Ardorosos
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pregadores, por vezes, têm apelado aos responsáveis pela música nas igrejas: “Não tragais fogo estranho diante do altar!”
O grande perigo, entretanto, está em este grupo todo permanecer passivamente assistindo aos avanços audaciosos da pseudo música sacra, ou seja, da música popular religiosa na Igreja. Tudo então estará encaminhado para o cumprimento das terríveis profecias que, quisera Deus, fossem condicionais, como veremos a seguir.
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