Conselhos Sobre Música e Adoração – Parte 6
Música e Evangelismo
Organizado por: Leandro Dalla Bernardina Santos
Quando Jesus ascendeu ao Céu, deixou-nos um dever a cumprir: dar continuidade à Sua obra. Sabemos que Seus ensinamentos foram rejeitados por muitos. Hoje não é diferente. O mundo continua a rejeitar aquilo que vai de encontro às suas conveniências e gostos pessoais. Sendo assim, deveríamos propor pequenas mudanças em nossos métodos de evangelismo? Ou quem sabe, mudanças drásticas? Deveríamos abrir exceções, fazer adaptações e sugerir associações para “conquistar” cada dia mais pessoas para Cristo?
“Se o mundo não vem a Jesus, deveria Jesus amenizar Seus ensinos para o mundo? Em outras palavras, se o mundo não se eleva até a igreja, a igreja não deveria descer até o mundo? Em vez de pedir que os homens se convertam, e que saiam de entre os pecadores, e se separem deles, vamos nos juntar ao mundo ímpio, entrar em comunhão com ele e, assim, permeá-lo com a nossa influência, permitindo que ele nos influencie. Vamos criar um mundo cristão.
Certos ministros estão traindo enganosamente nossa santa religião, sob o pretexto de adaptá-la à época atual. O novo plano é assimilar a igreja ao mundo: através de apresentações semi-dramáticas, fazem a casa de oração aproximar-se do teatro; transformam seus cultos em verdadeiros shows musicais; trocam o templo pelo teatro, e transformam os ministros de Deus em atores, cuja função é entreter os homens. Esta é a proposta. De forma a ganhar o mundo, o Senhor Jesus deve adaptar-se, bem como o Seu povo e a Sua Palavra, ao mundo. Eu não compactuo com proposta tão repugnante.
Meus caros ouvintes, quanto eu gostaria de vê-los salvos! Mas eu não trairia o meu Senhor, mesmo se fosse para ganhar as vossas almas, se elas pudessem ser ganhas desta forma. O verdadeiro Servo de Deus é responsável pela diligência e fidelidade; mas não é responsável pelo sucesso ou insucesso. Os resultados estão nas mãos de Deus”. (C.H. SPURGEON, trechos de um sermão pregado em 7 de outubro de 1888)
Infelizmente, como presenciamos em nossos dias “se lhes for permitido, [os professos cristãos] trarão música a seu gosto para dentro da igreja sem perceber a profanação que levam a efeito. Pode até ser que alguns dos que estão à plataforma, bem como da congregação, no final da apresentação digam ‘amém’, quando os anjos e a presença de Deus já se foram há muito”. ARAÚJO – Música, Adventismo e Eternidade, 50)
Há os que afirmam que muitos têm se convertido através de músicas religiosas interpretadas em estilo Rock, Jazz, e outros. Mas uma pergunta precisa ser feita: será que esses jovens são realmente convertidos, ou apenas voltam-se para a igreja e a religião porque encontram neste ambiente a mesma permissividade que viam “lá fora”? Se a igreja se tornasse mais firme em relação aos princípios, principalmente no que diz respeito à música, esses jovens abririam mão de tudo o que lhes agrada e estariam dispostos a aceitar os limites de bom grado? As pessoas que têm o coração aberto à voz de Deus poderão ouvi-la como ela é: calma, mansa, serena e tranqüila. E notarão a diferença. E sinceramente se converterão e serão um grande auxílio para a igreja e o avanço da obra de Deus.
Então, por que trazer música popular religiosa para os lares e para a igreja? “Se Deus for a fonte da música popular, será culpado de a maioria da juventude se perder. A música sacra e a popular não podem ter a mesma origem. Música sacra é instrumento de salvação; música popular é a causa de a maioria da juventude adventista se perder, se persistir neste tempo no erro, pois no juízo essas palavras da Inspiração hão de condenar os que lhes não deram ouvidos”. (ARAÚJO – Música, Adventismo e Eternidade, 50)
“Deus sempre fez diferença entre o sacro e o profano, e deixou, como já vimos, orientações para que Sua igreja o pudesse fazer também. Onde está então o problema? Será que ainda existem pessoas se iludindo com a ideia de ‘conservar’ alguém na igreja, deixando-o praticar livremente música popular na própria igreja? Perdido dentro com a sensação de estar salvo é muito pior do que saber que está perdido fora por não querer entrar, afora o risco de influenciar aos de dentro também para a perdição.
É triste ver principalmente os jovens ávidos em busca de algum material novo, formando pastas com ‘xerox’ dos quatro cantos do mundo, tudo no estilo ‘country‘, ‘tender rock‘, ‘spiritual‘, tudo música popular religiosa; compositores nacionais e estrangeiros se esmerando em introduzir a ‘pimenta’ do ritmo quente como tempero da dieta musical jovem; e, pior do que isto, os arranjadores desvirtuando os grandes hinos da música sacra para torná-los ‘música de café’, no dizer de Caldeira Filho, antigo crítico musical do maior jornal brasileiro.
O resultado ainda mais triste é vermos uma geração se formando acostumada a se conformar com o nível rasante da música pop, sabendo apenas apreciar o vazio dos corinhos, apresentando perante o mundo, através de seus cânticos, atestados de pobreza cultural e espiritual. Como dói!!” (ARAÚJO – Música, Adventismo e Eternidade, 62, 17, 18 e 19)
“Deus quer que aquilo que é associado a Ele seja diferente do mundo, mas atualmente nem sempre é o caso. Quando se trata de assuntos espirituais, as coisas têm mudado em todos os lugares desde a maneira em que o culto é conduzido até o vestuário, para não citar a música. Hoje, muitas igrejas protestantes estão incluindo música comercial e outros recursos em seus cultos ‘contemporâneos’ para atrair gente e aumentar o número de membros da igreja, enquanto que os esforços para promover e encorajar espiritualidade parecem ter-se tornado secundários. Assim, esta “forma de piedade” tornou-se contraproducente”. (OSTERMAN – O que Deus diz sobre a Música, 12)
“Jezabel e o culto a Baal provocaram as maiores reações de Deus. Com o correr dos anos a influência de tal música continuou na vida dos israelitas. Não tardou para que o gosto por este estilo de música estivesse desenvolvido e, como passo natural seguinte, passaram a misturar a música do Templo, da adoração com esta música profana. Deus não podia tolerar um culto agitado, estimulado por música agitada e danças que abriam as portas à prostituição sagrada e oficializada. Quando Deus ouviu no Seu próprio culto os sagrados e solenes salmos desvirtualizados e misturados com a sensual música fenícia, como moldura musical para sacrifícios formalísticos, mandou da pequena vila de Teca o profeta Amós sacudir Israel com a vibrante mensagem que lemos no capítulo 5:23 ‘Afasta de Mim o estrépito dos teus cânticos porque não ouvirei as melodias dos teus instrumentos’. A Bíblia viva parafraseia assim:
‘Acabem com esse barulho das suas canções; eles são um barulho que incomoda meus ouvidos. Não ouvirei suas músicas, por mais belas que sejam’.
Quando Deus hoje observa as tendências da música na igreja, pendendo para ritmos e balanços da sensual música fenícia moderna, solenemente ainda diz: ‘Tenho contra ti que toleras Jezabel’ Apocalipse 2:20. Por mais que vocês gostem da mistura do sacro com o profano, por mais discos, fitas e playbacks que vocês gravem, por mais que vocês explorem essa música popular religiosa e montem negócios de milhões, por mais que vocês apreciem embriagar-se com ela, seja na língua que for, por mais ‘bacana’ e ‘legal’ que vocês achem que ela seja, não a ouvirei. ‘Tirem essas coisas daqui!’ João 2:16. E se Deus não nos ouvir, para quem então estaremos cantando? Todos sabemos bem a resposta. A Bíblia é bem clara em afirmar que quem não está com Deus está contra Ele. Ninguém está encima do muro. Se eu não estou prestando louvores a Deus, presto-os ao diabo. É automático! Se não estou sacrificando minha vida, doando-a para o bem da causa de Deus, estou doando-a para o diabo e sua causa.
Horrorizamo-nos com a ideia de sacrificar criancinhas sobre os braços de ferro em brasa de algum deus cananita como Moloque, ou em altares a Baal, mas não nos horrorizamos em abandonar nossas crianças diante de TVs, FMs, e sofisticados sons para apreciarem fantásticos shows de música diabólica, desenvolvendo nelas desde cedo um gosto que as excluirá da vida e da música celestes”. (ARAÚJO – Música, Adventismo e Eternidade, 37 e 38) E a nós também!
“Quando o Senhor requer que sejamos distintos e peculiares, como podemos desejar popularidade ou procurar imitar costumes e práticas do mundo? ‘Infiéis, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.’ Tiago 4:4.
Rebaixar os padrões, de forma a assegurar a popularidade e um aumento nos números, e então fazer deste aumento uma causa de regozijo, demonstra grande cegueira. Se os números são uma evidência de sucesso, Satanás pode reclamar a preeminência; pois neste mundo os seus seguidores estão largamente em maioria. (…) Não devemos elevar nosso padrão somente um pouco acima do padrão do mundo, mas devemos tornar a distinção decididamente aparente. A razão por que temos tido tão pouca influência sobre os parentes e amigos não crentes é que tem havido pouca diferença clara entre nossas práticas e as do mundo.” (WHITE – Testemonies to the Church, vol.6, 143, 146)
“Em matéria de música sacra, não se trata de ser conservador ou liberal. É questão de princípios e de discernimento para não se confundir leve com trivial, alegre com vulgar, animado com excitante, sacro com popular, manter a linha com não ter linha nenhuma, liberdade cristã com libertinagem existencialista na derrubada de todos os padrões e princípios estabelecidos que permeia a música popular e a vida de seus produtores”. (ARAÚJO – Música, Adventismo e Eternidade, 61)
Cristo interessa-se pela qualidade, e não pela quantidade de pessoas que trazemos para Sua causa. A espiritualidade de uma pessoa, de uma igreja em nossos dias tem sido medida pela quantidade de pessoas que leva ao batismo. Sendo assim, vale tudo para atrair novos conversos, inclusive dar à eles aquilo que eles querem, não o que eles realmente precisam. A igreja não quer ser antipática ao mundo, como se Cristo tivesse agradado a todos. A igreja deve chamar pecadores a sair do mundo, não trazer o mundo para agradar pecadores.
“Para que os adventistas cumpram sua missão profética neste tempo, sua vida deve ser tão distinta quanto sua mensagem; isto afeta também a música com o tremendo poder que possui. (ARAÚJO – Música, Adventismo e Eternidade, 43)
“A obra de Deus sempre se caracteriza pela calma e dignidade. Não podemos permitir sancionar (aprovar) qualquer coisa que introduzisse confusão e enfraquecesse nosso zelo para com a grande obra que Deus nos deu a fazer no mundo para preparar-nos para a segunda vinda de Cristo” (WHITE – Mensagens Escolhidas, vol.2, 42)