Conselhos Sobre Música e Adoração – Parte 5
Sagrado x Profano
Organizado por: Leandro Dalla Bernardina Santos
“A batalha pelas nossas almas está sendo ganha ou perdida em nossas mentes. A questão nesta batalha entre o bem e o mal é a adoração, e a música é a ferramenta que Satanás está usando efetivamente para obter acesso a nossas almas. Como resultado, ele criou uma controvérsia e confusão tais sobre as questões pertinentes à adoração e à música que muitos têm adotado a crença de que as escolhas nestas áreas são ‘questões pessoais’ e, portanto, estão livres para escolher aquilo que satisfaz seus gostos”.(OSTERMAN – O que Deus diz sobre a Música, 01)
“Satanás desenvolveu numerosas contrafações para nos iludir a adorá-lo, especialmente a juventude. Ele usa de camuflagem em seus esquemas procurando desviar nossa atenção para assuntos controvertidos (diferenças entre gerações, preferências étnicas e culturais, preferências sociais, gêneros etc.), que provocam divisões e contudo, não têm nada a ver com a nossa salvação. A música é uma de suas ferramentas mais eficientes. As indústrias de música e de gravações … capitalizaram sobre a oportunidade de lucrarem milhões de dólares unindo sons populares com palavras religiosas”. (OSTERMAN – O que Deus diz sobre a Música, 09)
“Um artigo escrito por Richard Harrington, correspondente do Washington Post diz que a indústria de gravações religiosas reconhece os ‘auditórios não cativos’, ou seja, a serem conquistados pela ‘música positivamente pop’, e procura capitalizar a oportunidade de fazer grandes vendas pela fusão de sons populares atuais com palavras religiosas”. (OSTERMAN – O que Deus diz sobre a Música, xii)
“Quantos compositores da igreja, especialmente de setores diretivos em influenciar as massas, estão mergulhados exatamente no tipo mais deficiente de música, vibrando com o sucesso barato entre as indefesas vítimas da falta de cultura, explorando-as em vez de educá-las. (ARAÚJO – Música, Adventismo e Eternidade, 66)
Em vez de refinar o gosto de seus membros em direção àquilo que é elevado e santo, muitos líderes musicais da igreja têm colaborado para rebaixar o nível musical destes com o objetivo de obter, de imediato, sucesso, prestígio e, em muitos casos, retorno financeiro. Para tanto, muito natural despejar sobre o povo algo que o povo adora, de fácil compreensão, aceitação e satisfação para eles, em vez de trazê-los a um nível mais elevado de reflexão e equilíbrio, o que daria muito trabalho, seria muito complicado e desgastante, tanto para os membros quanto para os líderes. O problema é que nós conhecemos bem para onde conduz o caminho mais fácil e mais largo e, mesmo assim, de forma assustadoramente consciente, o percorremos e convidamos outros a fazê-lo conosco.
“Haverá uma tendência crescente em colocar o sacro e eterno ao nível das coisas comuns, e os que professam a verdade serão uma ofensa para Deus e uma desgraça para a religião” (WHITE – Testemonies to the Church, vol.5, 500)
(Leia: I Reis 18:21 / Ezequiel 44:23 / Mateus 6:24)
“O caráter de Deus, representado pelos 10 mandamentos, está sob ataque e a música é uma das ferramentas usadas para realizar tal malignidade. No entanto, nossa participação nesse hediondo crime pode ser evitada descobrindo-se na Palavra de Deus como enfrentar esse desafio, compreendendo o propósito da música e percebendo que o inimigo de nossas almas é a origem do problema. Alguns de seus métodos mais astuciosos envolvem a mistura do santo com o profano enredando-nos no mundanismo. Ele confunde as questões acerca do culto, ministério da música, canto no culto, uso de instrumentos no culto e a dança ‘santa’. O efeito da música sobre a mente e o corpo, incluindo a música secular, desempenham um papel vital nessa guerra. À vista disso, alguns princípios devem ser percebidos”. (OSTERMAN – O que Deus diz sobre a Música, 97)
“Na maioria dos casos, é música composta para ser utilizada nos cultos, nas reuniões de evangelismo ou na devoção pessoal, e pode ser música vocal e instrumental. No entanto, nem toda música considerada sacra ou religiosa pode ser aceitável para um adventista do sétimo dia. A música sacra não deve evocar associações seculares ou sugerir a conformação com normas de pensamento ou comportamento da sociedade em geral” (Filosofia Adventista do Sétimo Dia com Relação à Música)
A música sagrada deve ser totalmente diferente, em sua letra, melodia e interpretação, daquelas com as quais o mundo está habituado. Deve buscar o pecador e levá-lo a um nível mais elevado, em vez de ser rebaixada ao nível do pecador, mantendo-o, portanto, no mesmo lugar em que sempre esteve, só que, desta vez, crendo que está no lugar ideal.
“Como Adventistas do Sétimo Dia, temos sido afetados pelo ecumenismo” (disposição à convivência com outras religiões) “naquilo que começamos a adotar o que consideramos ser costumes ‘inocentes’ e terminologia de outras denominações. É-nos dito pelo Espírito de Profecia que ‘quando o protestantismo estender o braço por sobre o abismo para alcançar a mão do poder romano, e apertar a mão do espiritismo … então podemos saber que chegou o tempo para a obra admirável de Satanás e que o fim está próximo’. Testemonies to the Church, vol.5, 451″. (OSTERMAN – O que Deus diz sobre a Música, X)
“Portanto, devemos estar sempre vigilantes e atentos às maneiras sutis pelas quais o mundanismo pode se deslizar para dentro da igreja, pois se cedermos um centímetro ao inimigo ele certamente tomará uma milha”. (OSTERMAN – O que Deus diz sobre a Música, 20)
“A Bíblia diz: ‘Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão, porque o Senhor não terá por inocente aquele que tomar o Seu santo nome em vão’ (Êxodo 20:7). Este mandamento trata sobre misturar o sagrado com o profano. Isto se aplica não somente a usar o nome de Deus de modo profano mas verbalizar o nome de Deus na música que não tenciona necessariamente glorificá-lO. Antes de 1960 era fácil distinguir música sacra da secular. Hoje, porém, é difícil fazê-lo…” (OSTERMAN – O que Deus diz sobre a Música, XII)
Como já citado, “devemos ter em mente que para cada original Satanás tem sua contrafação”. (OSTERMAN – O que Deus diz sobre a Música, XII) Estejamos sempre atentos e alertas para este fato!
Música sagrada X música mundana – Considera-se um dano para os guardadores do Sábado associar-se com o mundo na música. Todavia alguns estão em terreno perigoso …
“Não temos tempo agora para gastar em buscar as coisas que agradam unicamente aos sentidos. É preciso íntimo esquadrinhar do coração.” (WHITE – Evangelismo, 510)
“Aparelhamento faustoso (luxuoso), ótimo canto e música instrumental na igreja NÃO convidam o coro angélico a cantar também. À vista de Deus estas coisas são como galhos da figueira infrutífera, que só mostrava folhas pretensiosas. Cristo espera frutos, princípios de bondade, simpatia e amor.” (WHITE – Evangelismo 511)
“A música só é aceitável a Deus quando o coração é consagrado, e enternecido e santificado por suas facilidades. Muitos, porém, que se deleitam na música não sabem coisa alguma de produzir melodia ao Senhor, em seu coração”. (WHITE – Evangelismo, 512)
“A música associada ao mundo entorpece a mente apelando à natureza carnal e, portanto, evoca reações físicas que minimizam a contemplação intelectual que é necessária para discernir e entender preceitos espirituais. O dicionário Webster define ‘associação’ como ‘algo conectado na memória à imaginação com uma coisa ou pessoa que forma uma ligação entre sensações, ideias ou lembranças’. Para ilustrar, quando são mencionados os nomes de Louis Armstrong, Ella Fitzgerald ou Duke Ellington, a mente automaticamente associa esses nomes com um estilo ou gênero de som musical específico chamado ‘jazz’. De igual modo, quando os nomes de Bach, George Beverly Shea ou Rolling Stones são mencionados, a mente associa automaticamente estes nomes à música barroca, sacra e rock respectivamente, e nem o som, nem o gênero, nem a fonte podem ser separados um do outro.
Esses estilos musicais têm seu ambiente próprio com os quais estão associados e são considerados impróprios quando fora do contexto … Se o hino [da igreja]… é tocado no estilo de Duke Ellington, é claramente Jazz, o que não somente muda o significado do cântico, mas ainda pior, zomba de Deus porque não traz nenhuma semelhança aos atributos de Seu caráter”. (OSTERMAN – O que Deus diz sobre a Música, 13)
“Somente porque um estilo de música é popular, não quer dizer necessariamente que seja sacro. Como com Nadabe e Abiu, Deus não aceitará ‘o fogo estranho’ do profano não importa quão atrativo e sensacional seja o invólucro. Ele será glorificado como merece – de Sua própria maneira. Devemos ter sempre em mente que a guerra entre o bem e o mal se encontra sobre a questão a quem vamos adorar. Misturar o sagrado com o profano é simplesmente a criação de uma situação na qual Satanás pode usar-nos como instrumento para zombar de Deus e iludir-nos levando-nos a crer que estamos realmente glorificando-O“. (OSTERMAN – O que Deus diz sobre a Música, 15)
“Ao folhear atentamente uma revista cristã, David Wilkerson, um autor cristão, descreveu em seu livro seu estado de horror e choque quando viu um quadro de um grupo de ‘heavy metal’ que se autodenominava cristão, vestido com o mesmo estilo de couro preto, cintos cravados de ferro, braceletes, correntes e cabelo estilo ‘punk’ como os doze sadomasoquistas que o abordaram de perto nas ruas de São Francisco. Como pode ser isso? Como poderia um grupo ‘cristão’ se parecer e se vestir como sadomasoquistas, tocar seu tipo de música e ainda se autodenominar embaixadores de Cristo?” (OSTERMAN – O que Deus diz sobre a Música, 17)
(Leia: Deuteronômio 14:2 / Tiago 4:4 / I João 2:15-17)
“Quando se associa o comum com o sacro sempre há perigo que o comum tome o lugar do sacro … quando se une o que é objetável (oposto a) com o que é sacro … as bênçãos não podem pousar sobre o trabalho feito”. (WHITE – Testemonies to the Church, vol.8, 88)
Temos a tendência de querer interferir no trabalho de Deus e de Seu Espírito. Quando dizemos que devemos descer alguns níveis para alcançar aqueles que, de outra forma, não seriam alcançados, estamos afirmando que o Espírito Santo de Deus não é capaz de fazê-lo; tentamos, assim, fazer por nós mesmo. Por exemplo, se queremos levar a mensagem à jovens amantes dos bailes funk, diz-se que deveríamos criar músicas em ritmo funk com letras religiosas, pois, de outra forma, esses jovens não iriam apreciar a música e, em conseqüência, não receberiam a mensagem.
Mas a mensagem de Deus deve ser algo perceptivelmente diferente para aqueles que a ouvem. Que impacto causaria uma música que fala de Deus se ela é interpretada de uma forma com a qual o pecador está habituado? Que diferença perceberia entre a mensagem divina e a mensagem do mundo? Que diferença ele poderia notar entre Deus e Satanás se ambos se utilizassem das mesmas ferramentas?
Duvidamos constantemente do poder do Espírito Santo, que pode converter a alma mais perversa através de uma simples canção infantil ou da mais humilde melodia emitida de um coração sincero. Nossa parte é apenas levar a mensagem da forma como Deus deseja e Ele fará o restante. Como citado anteriormente, [a música] “não deve ser rebaixada a fim de obter conversões, mas deve elevar o pecador a Deus; provoca uma reação positiva e saudável naqueles que a ouvem”. (Filosofia Adventista do Sétimo Dia com Relação à Música)
A respeito disso, um considerável líder musical de nossa igreja fez a seguinte afirmação (equivocada):
“E mais, procurem um veículo de comunicação eficiente, pois se o receptor não compreende a mensagem enviada, a comunicação será sem efeito. Vocês descobrirão que, em alguns casos, a única música que alcança alguns tipos de pessoas são o Rap, o Samba, o Funk, o Erudito, o Gospel, a Bossa Nova, o Coral Alemão, o New Age, o Jazz, o Pagode, ou qualquer nome que se venha a designar os estilos musicais”.
Temos observado há muito tempo que, realmente, estilos como o Jazz, a Bossa Nova, o New Age, o Pagode, entre outros, são aceitos como música de igreja. Mas se tais estilos são impróprios, então por que se permite que sejam tocados na igreja e em músicas que tencionam louvar a Deus? Não seria interessante uma pesquisa sobre suas origens? Vejamos:
Maxixe, Samba, Jazz e Bossa Nova
O Maxixe era dançado em gafieiras e cabarés (casa de diversões onde se bebe e dança e, em geral, se assiste a espetáculos de variedades) e não era bem visto pela sociedade, pois não atendia à moral e aos bons costumes da época.
Nesses recintos os homens de status buscavam diversão com mulheres de classes inferiores ou meretrizes. Por causa dos seus requebros, dava aos estrangeiros a impressão de sensualidade.
O leitor deve estar pensando: “Maxixe? Nem sei o que é isso! Isso não existe na minha igreja!”. Continue lendo…
Na década de 30 desse século, o Maxixe foi transformando-se ou cedendo lugar para um novo estilo de dança: o Samba.
“Samba? Também não é usado na igreja!” Leia mais um pouco…
Porém, algum tempo depois, cansados da forma tradicional do Samba, músicos, compositores e cantores principiaram um movimento em clubes e residências, tentando dar uma concepção mais moderna às composições tradicionais. Essas reuniões eram chamadas de “samba sessions“.
A maioria dos músicos que participaram do movimento eram apreciadores do Jazz. Essa é a razão porque a improvisação, característica básica do Jazz, foi introduzida na Bossa Nova.
“Jazz? Acho que já vi algo desse estilo em nossa música!”
Antes de continuarmos, é importante que conheçamos algumas definições extraídas do dicionário:
- Jazz – música profana, vocal ou instrumental, dos negros norte-americanos, que se tornou progressivamente, depois da I Guerra Mundial, uma forma de expressão quase universal;
- Profano – não pertence à religião; contrário ao respeito devido a coisas sagradas; não sagrado;
- Sagrado – que se sagrou ou que recebeu a consagração; concernente às coisas divinas, à religião, aos ritos ou ao culto; sacro, santo; inviolável, puríssimo, santo, sacrossanto; profundamente respeitável, venerável, santo.
Agora podemos prosseguir…
Nessa época um pianista, cantor e compositor chamado José Alfredo da Silva, conhecido pelo nome de Johnny Alf, tocava um estilo de samba completamente diferente dos demais. Ele estava muito à frente de sua época. Sua harmonia e maneira de distribuir os acordes eram extremamente modernas. Johnny Alf é para a Bossa Nova o mesmo que Bud Powell foi para o Bebop.
Aos poucos a música foi mudando seu caráter; harmonias novas, composições baseadas em progressões de acordes muito parecidas àquelas usadas no Jazz e canções populares americanas, padrões rítmicos não usados até então e a introdução da improvisação no samba.
A primeira composição autêntica de Bossa Nova foi gravada por volta de 1955. Chamava-se “Rapaz de Bem” e foi composta em 1951 por Johnny Alf.
Traçando um paralelo poderíamos dizer que o samba tradicional progrediu para a Bossa Nova, assim como o swing para o bop. Isto significa que todas as concepções rítmicas, harmônicas e melódicas foram rompidas para dar lugar a técnicas mais modernas e avançadas.
“Bossa Nova? Acho que também já ouvi tal estilo em algumas músicas da igreja!”
Depois de analisarmos as origens de tais estilos, será que eles continuam sendo aceitáveis para o louvor a Deus, dentro ou fora de Sua casa? E o que dizer de um estilo muito usado por nossos músicos, chamado “negro spiritual”? Vejamos:
Negro Spiritual
“Os negros, capturados na África com o intuito de serem escravizados na colonização do Novo Mundo, tinham sua música própria (naturalmente não escrita), suas danças, seus ritos religiosos pagãos, e, muito importante, suas escalas e seus ritmos próprios.
Mesmo nos navios negreiros eles já cantavam e dançavam, e, quando foram forçados aos trabalhos, ainda continuavam cantando e dançando; a princípio suas próprias músicas e, depois, também a música que aprendiam dos brancos, quer religiosas, quer não.
Com o tempo, em sua maneira de cantar, participavam dos “camp meetings” reavivamentistas (reuniões campais nas quais as pessoas, através de cânticos, danças, gritos e gestos grosseiros supostamente efetuados em louvor a Deus, entravam em êxtase tal que muitos desmaiavam ou ficavam realmente possessos). Influenciaram e foram influenciados. Cantavam todas em todas as suas atividades: no trabalho, nas reuniões de doutrinamento, nas suas próprias reuniões (tanto religiosas como “dançantes”), enfim, onde pudesse ser encaixada uma parcela do grande cabedal de musicalidade que possuem”.
Com esta prática foi criado um vasto cancioneiro multiforme, bastante variado e misturado, autêntico folclore negro que, embora existisse, não foi explorado nem impresso senão durante e após a Guerra Civil … Evidentemente encontraram dificuldades instransponíveis na escrita musical de todos os efeitos rítmicos e garganteios (requebros de voz), bem como das variações que sofrem todas as músicas folclóricas.
Quanto à aplicação do que os negros cantavam, é interessante notar certos pontos no pensamento e conclusões de CHASE em seu [livro] ‘do Salmo ao Jazz‘:
‘Ao que parece, não se fazia distinção nítida, nem quanto à oportunidade, nem quanto à maneira, entre o uso de canções puramente profanas e os das que tivessem algum sentido religioso ou espiritual.
Os cânticos religiosos que os negros aprenderam dos missionários não tardaram a receber o tratamento ‘hot’ (quente). Hoje conhecidos por ‘Spirituals‘, verifica-se o bater de mãos e de pés em vez de tambores, e fazem uso coerente de frases sincopadas de um modo que corresponde exatamente a padrões conceituais da música africana. A ideia de música religiosa ‘hot‘ já havia sido comunicada aos brancos do Sul quando do encerramento de período reavivamentista, durante o qual hinos pesadamente rítmicos eram úteis à indução do fenômeno de possessão, comum nos camp-meetings‘. (CHASE, 218, 237)
Este tipo de cânticos folclóricos, quer religiosos ou não, passou a ser usado em verdadeiros arrasta-pés, ou forrós, com alguma semelhança com as nossas antigas horas sociais: “Três Solteiros”, “Carrocinha”, “Fui à Bahia”, etc.
Em 1964 a Beacon Press editou uma obra do Dr. Joseph R. Washington Jr., intitulada ‘Black Religion‘, na qual dedica uma parte aos ‘negro spirituals‘; esta parte foi divulgada no periódico ‘The Hymn‘ da The Hymn Society of America, N. Y. em outubro de 1964, vol.15, n.4. Esse capítulo deixou bem claro que os ‘negro spirituals‘ foram criados por escravos que não procuraram a religião dos brancos. Tinham algum significado apenas para eles que eram incapazes de compreender o verdadeiro cristianismo, uma vez que era tão mal interpretado pelo branco. Eram expressões religiosas de protesto contra as condições da vida escrava, e por isso mesmo, expressões profundamente particulares e individualísticas de “estetas religiosos (pessoa que sente, que aprecia a beleza, a arte, que faz da arte uma concepção elevada) e não de intérpretes teológicos.
CHASE continua escrevendo que “os ‘negro spirituals‘ eram uma crítica aos missionários, reavivamentistas, evangelistas, e de todo o bloco protestante que estava entusiasmado a expulsar o diabo do negro mas que se tornou para o negro, no sentimento teológico ou bíblico mais profundo, o próprio diabo”. Não eram cânticos de fé. (ARAÚJO – Música, Adventismo e Eternidade, 17, 18 e 19)
Os escravos nada conheciam sobre Deus e a verdadeira fé cristã, pois os brancos, que possuíam algum conhecimento e exerceram muita influência, tornaram-se péssimas testemunhas da verdade. Como pudemos observar anteriormente, os ‘negro spirituals‘ não eram cânticos separados para o louvor a Deus, pois eram executados em qualquer ocasião, mesmo em eventos profanos, sendo, portanto, fruto da cultura, do folclore; cultura esta destituída da verdadeira fé cristã e reverência para com Deus.
Vale a pena lembrar que os estilos e ritmos citados são apenas alguns dos que, infelizmente, podemos identificar muitas vezes na música de nossa igreja que se propõe ser um louvor a Deus. Torna-se essencial que se busque as origens dos estilos que temos inserido na música da igreja. Muitos deles são apenas ramificações ou versões modernas de estilos profanos, criados para zombar de Deus, e não louvá-lO. E como sabemos, não se pode adorar a Deus e a Satanás ao mesmo tempo.
Satanás mudou muito suas técnicas e muitos não se aperceberam disso. Ele não propõe mais à igreja estilos grotescos e bizarros para misturá-los à música sagrada. Com o decorrer do tempo, ele foi “modernizando” seus estilos e tornando-os mais “agradáveis” ao ambiente da igreja e à música sagrada. Lembremo-nos sempre que, atualmente, o diabo não se mostra à humanidade como o grande inimigo de Deus, como de fato o é. Suas armas são cada vez mais sutis, tanto que muitos são levados a pensar que existe uma parceria entre ele e Deus. Sendo assim, tais pessoas não vêem problemas em unir o santo e o profano. E não apenas o fazem como levam multidões a fazê-lo também, transformando tal associação em algo “normal” e “aceitável”, como se o fosse para Deus.
“É necessária uma análise do caráter da música e das palavras para determinar se é música sacra ou não. O rótulo XAROPE num frasco contendo veneno não mudará o caráter nem os efeitos do conteúdo. E mesmo que se misture xarope com veneno, ainda assim a mistura será venenosa. O efeito desta mistura do bem com o mal sobre as pessoas é o mesmo que teve sobre Adão e Eva: torna a mente ‘confusa, e entorpecidas suas faculdades mentais e espirituais'”. (ARAÚJO – Música, Adventismo e Eternidade, 59)
“[O cristão] considerará que o ‘blues’, o ‘jazz’, o ‘rock’, a música ‘beat’ e formas similares são inimigos do desenvolvimento do caráter cristão, pois abrem a mente a pensamentos impuros e levam a uma conduta ímpia. Tais músicas têm uma relação muito clara com o comportamento permissivo da sociedade contemporânea. A distorção do ritmo, da melodia e da harmonia, tal como é empregada neste estilo, combinada com a excessiva ampliação do som, embota a sensibilidade e, finalmente, destrói a apreciação pelo que é bom e santo”. (Filosofia Adventista de Música – versão de 1972, citado em: ARAÚJO – Música, Adventismo e Eternidade, 45)
“A música divina não tem qualquer semelhança com aquela do inimigo. Se nossa música sacra representa ou reflete os atributos comerciais da indústria musical (a batida, o volume, a sensibilidade etc) ao ponto em que somente pode ser distinguida pela letra, então ela não representa nosso destino eterno, pois a música do céu está em inimizade com a do mundo”. (OSTERMAN – O que Deus diz sobre a Música, 103)
“A música é sacra ou popular; o santo não deveria ser misturado ao profano. Não existe algo como ‘jazz gospel’ ou ‘rap cristão’ etc … O evangelho é as boas novas da salvação – que Jesus sofreu abuso desumano a fim de nos salvar. Trivializar o evangelho pela mistura com o secular não somente é sacrilégio (profanação), mas uma afronta à magnitude maior em relação a Jesus Cristo … Deus nunca usou nem vai usar os métodos do diabo para atrair pecadores a Si”. Vale repetir: Deus nunca usou nem vai usar os métodos do diabo para atrair pecadores a Si“. (OSTERMAN – O que Deus diz sobre a Música, 99)
Ellen White é definitiva quando diz: “Há pessoas que estão prontas para fazer uso de qualquer coisa estranha, que possam apresentar como surpresa ao povo. … Nunca devemos rebaixar o nível da verdade, a fim de obter conversos, mas precisamos procurar elevar o pecador corrupto à alta norma da lei de Deus”. (WHITE – Evangelismo, 136, 137)
Poderíamos terminar por aqui. Tudo é muito claro para aqueles que querem enxergar. Porém, reflitamos um pouco mais.