Conselhos Sobre Música e Adoração – Parte 4
Atributos Indesejáveis
Organizado por: Leandro Dalla Bernardina Santos
“Fazia-se com que a música servisse a um santo propósito, a fim de erguer os pensamentos àquilo que é puro, nobre e edificante, e despertar na alma devoção e gratidão para com Deus. Que contraste entre o antigo costume e os usos a que muitas vezes é a música hoje dedicada! Quantos empregam esse Dom para exaltar o ‘eu’, em vez de usá-lo para glorificar a Deus”. (WHITE, Patriarcas e Profetas, 594)
“Como a música exerce um papel vital no culto e pode influenciar o comportamento para o bem ou para o mal, é necessário que se escolha não só aquilo que será edificante, mas que irá também engendrar (gerar) um comportamento apropriado”. (OSTERMAN – O que Deus diz sobre a Música, 53)
A música ideal deve exercer uma influência benéfica para aqueles que a ouvem, edificando o caráter e aproximando-nos mais de Deus. Músicas que geram comportamentos contrários à distinção e reverência não deveriam ser executadas no intuito de louvá-lO, pois não é este o resultado alcançado. Ellen White cita algumas características indesejáveis na música e nos músicos de nossa igreja.
Mau uso da música – “Quando empregada para bons fins, a música é uma bênção; mas é muitas vezes usada como um dos mais atrativos instrumentos de Satanás para enredar (prender) almas. Quando mal empregada, leva os não consagrados ao orgulho, à vaidade, à estultícia (estupidez).” (WHITE – Testemonies to the Church, vol. 1, p. 506)
O talento musical encoraja freqüentemente orgulho e desejo de exibição e os cantores pouco pensam em louvar a Deus.
“Exibição não é religião nem santificação. Coisa alguma há de mais ofensiva aos olhos de Deus, do que uma exibição de música instrumental [ou vocal], quando os que nela tomam parte não são consagrados, não estão fazendo em seu coração melodia para o Senhor.” (WHITE – Evangelismo, p. 510)
“Jovens reúnem-se para cantar e, se bem que cristão professos, desonram freqüentemente a Deus e sua fé por frívolas (fúteis) conversas e a escolha que fazem da música. A música sagrada não está em harmonia com seus gostos”. (WHITE – Testemonies to the Church, vol. 1, p. 506)
Notem a frase: “A música sagrada não está em harmonia com seus gostos“. A música sagrada é enfadonha, chata, “careta”, não é sensacional e deve ser modernizada, “avivada” através de todos os métodos possíveis. Esta é a filosofia atual que não entrará em nossa igreja porque, infelizmente, já entrou. Nossos jovens não se agradam da música verdadeiramente sacra, então temos cedido em muitos pontos para atender ao gosto deles e “mantê-los” na igreja.
“Se alguém julga que a música sacra é enfadonha e sem vida e necessita ser ‘avivada’ através do profano, esta é claramente uma indicação da condição espiritual do coração. O que é sacro não é para ser sensacional”. (OSTERMAN – O que Deus diz sobre a Música, 16)
“Esta comichão do desejo de dar origem a algo de novo nunca deu coisa boa em música sacra porque, para os caçadores de novidades, o Espírito Santo já é velho e ultrapassado por ter inspirado alguém há 50, 100 ou 200 anos”. (ARAÚJO – Música, Adventismo e Eternidade, 53)
“Sem algaravias ou dissonâncias – Vi que todos devem cantar com o espírito e com o entendimento também. Deus não se agrada de algaravia e dissonância. O correto é sempre mais grato que o errado. E quanto mais perto o povo de Deus puder se aproximar do canto correto, harmonioso, tanto mais é Ele glorificado, a igreja beneficiada e os incrédulos favoravelmente impressionados.” (WHITE – Testemonies to the Church, vol.1, 146)
Algaravia corresponde a uma linguagem confusa e ininteligível; coisa difícil de perceber.
Note as palavras ‘harmonioso’ e ‘dissonância. O dicionário assim as define:
- Harmonioso – que tem harmonia; melodioso, harmônico; diz-se de todo o conjunto cujas partes são justamente proporcionadas e concordantes entre si.
- Dissonância – Som ou conjunto de sons desagradável ao ouvido; desarmonia, discordância.
Harmonia e dissonância, segundo definições do dicionário, são claramente opostos. Pessoas leigas percebem a dissonância como desafinação, como um som estranho, por não haver uma consonância (fechamento) em seguida. A música dissonante é desagradável a Deus, pois apenas pessoas entendidas em questões musicais podem tirar algum proveito dela, proveito este mais artístico que espiritual, como veremos a seguir. Para os leigos, grande maioria em nossas igrejas e fora delas, nenhum proveito haverá, a mensagem não soará como deve e causará confusão ao cérebro do ouvinte, impedindo a atuação do Espírito Santo em sua mente, tornando a mensagem vazia e sem valor.
Ainda a respeito disso, Tore Sognefest, músico profissional e pianista, comenta:
“A exposição à música com ritmos “harmônicos” reforça os ciclos rítmicos do corpo humano, sincronizando mensagens nervosas, melhorando a coordenação, e harmonizando humores e emoções.
Por contraste, a exposição à música com ritmos desarmônicos” – quer seja a ‘tensão’ causada pela dissonância ou ‘barulho’ ou os balanços antinaturais de acentos rítmicos deslocados, síncopes, e polirritmos, ou tempo impróprio – podem resultar em uma variedade de mudanças incluindo: uma freqüência cardíaca alterada com sua correspondente alteração na pressão sangüínea; uma estimulação excessiva de hormônios (especialmente os opióides ou endorfinas) causando uma alteração no estado da consciência, desde mera estimulação num extremo do espectro até a inconsciência no outro extremo; e digestão inadequada.” (Carol and Louis Torres, Notes on Music (New York, 1990), p. 19 citado em O Cristão e a Música Rock, pp. 240 e 241)
Sognefest sabe bem o que está dizendo, pois, além de um grande profissional na área de música, Mestre pela Academia de Música de Bergen, Noruega, ele já teve sua própria banda de rock, muito famosa neste país, e conhece bem os efeitos maléficos da música. Hoje ele é palestrante e autor do livro “The Power of Music“.
“Lá no céu a música é arte que combina os sons de maneira ordenada nos elementos básicos de melodia, harmonia, ritmo e forma musical. A ‘harmonia dissonante’, que explora sem resolução os intervalos de 7a, 9a etc, como a arte moderna o faz, e como se faz nas músicas de boate, é estranha à música do Céu. Nada adianta a qualquer músico hoje insistir em que sua formação seja de modernismo harmônico dissonante; diante da música do Céu não é formação, e sim, deformação. O assunto é tão claro que, para não se chegar a tais conclusões, é preciso ser mal intencionado”. (ARAÚJO – Música, Adventismo e Eternidade, 54 e 55)
“Guinchando as palavras sagradas de hinos de louvor -… tenho ficado muitas vezes penalizada ao ouvir vozes não educadas, elevadas ao máximo diapasão (extensão), guinchando (som agudo e inarticulado) positivamente as palavras sagradas de algum hino de louvor. Quão impróprias essas vozes agudas, estridentes, para o solene jubiloso culto de Deus! Desejo tapar os ouvidos, ou fugir do lugar, e regozijo-me ao findar o penoso exercício” (WHITE – Evangelismo, 507 e 508)
Um exemplo prático, ideal para ilustrar as afirmações de Ellen White, foi presenciado por centenas de pessoas durante uma reunião campal na cidade de Indiana (EUA), no ano de 1900. Eis o que foi relatado por algumas delas:
“…quando atingem uma nota alta, não podeis ouvir uma palavra da congregação em seu canto, nem ouvir nada a não ser guinchos parecidos com os que são emitidos por deficientes mentais. Após um apelo convidando a ir à frente para orações, alguns líderes sempre vão à dianteira para levar outros a irem; e então começam a tocar os instrumentos musicais até que não podeis nem ouvir vossos próprios pensamentos…” (Relatório de S. N. Haskell a Ellen G. White, 25/09/1900)
“e tocam músicas dançantes com letra sagrada … o pobre rebanho está verdadeiramente confuso” (Relatório da Sra S. N. Haskell a Sara McEnterfer, 12/09/1900)
“Eu assisti à reunião campal em setembro de 1900 … onde presenciei o excitamento fanático e as atividades dessas pessoas. … eles gritavam e cantavam suas músicas ritmadas com auxílio de instrumentos musicais até que se tornavam realmente histéricos” (Relatório de Burton Wade a A. L. White, 12/01/62)
É de se admirar que tais cenas tenham sido presenciadas há mais de 100 anos, pois nos são bem familiares nos dias de hoje.
Ellen White comenta sobre os testemunhos acima: “o Senhor revelou-me que [as cenas descritas] haviam de ter lugar imediatamente antes da terminação da graça. Demonstrar-se-á tudo quanto é estranho. Haverá gritos com tambores, música e dança. Os sentidos dos seres racionais ficarão tão confundidos que não se pode confiar neles quanto a decisões retas. E isto será chamado operação do Espírito Santo.
O Espírito Santo nunca Se revela por tais métodos, em tal balbúrdia (algazarra) de ruídos. Isto é uma invenção de Satanás para encobrir seus engenhosos métodos para anular o efeito da pura, sincera, elevadora, enobrecedora e santificante verdade para este tempo. … a verdade para este tempo não necessita nada dessa espécie em sua obra de converter almas. Uma balbúrdia de barulho choca os sentidos e perverte aquilo que, se devidamente dirigido, seria uma bênção. As forças das instrumentalidades satânicas misturam-se com o alarido e barulho, para se ter um carnaval, e isto será chamado de operação do Espírito Santo” (WHITE – Mensagens Escolhidas, vol.2, 36 e 37)
“Satanás opera entre a algazarra e a confusão de tal música”. (WHITE – Mensagens Escolhidas, vol.2, 37)
“Este estado laodiceano é sintoma de gosto pervertido e discernimento cegado“. (ARAÚJO – Música, Adventismo e Eternidade, 50)
“O Senhor deseja manter em Seu serviço ordem e disciplina, não excitações e confusão. …Quando os crentes falam a verdade tal como é em Jesus, revelam uma calma santa e judiciosa (prudente), não uma tempestade de confusão” (WHITE – Mensagens Escolhidas, vol.2, 33 – 36)
[O músico cristão] “evita tudo o que possa tirar a atenção da mensagem da música, como gesticulação excessiva e extravagante e orgulho na apresentação; evita o uso de tonalidades estridentes, distorções vocais ou instrumentais, bem como o estilo dos cantores populares” (Filosofia Adventista do Sétimo Dia com Relação à Música)
“O documento que traduz o pensamento da igreja sobre música divide-se em duas partes: música na igreja e música secular … Além do ritmo, o referido documento chama a atenção ao tratamento vocal no estilo estridente, ou insinuante, ou sentimental, cheio de sopros ao jeito dos solistas de boate, ou outras distorções da voz humana que devem ser terminantemente evitados, e condena o tipo de harmonização dissonante e extravagante, o volume excessivo de som e a apresentação como é feita na música popular, que tende a chamar mais a atenção para o executante do que para Cristo e a Sua mensagem”. (ARAÚJO – Música, Adventismo e Eternidade, 44 e 45)
Em relação à pessoa do músico cristão, a seguir transcrevemos trechos de uma carta enviada por Ellen White, na qual ela traça uma descrição dos comportamentos e características inadequadas a este. Apesar de ter sido endereçada a um regente de coro, em 1874, esta carta pode perfeitamente servir de advertência a muitos de nossos músicos hoje.
Testemunho a um Sensível Regente de Coro (WHITE, Manuscrito 5, 1874)
Uma mensagem de conselho abordando muitas facetas da música e do músico
“Foi-me mostrado o caso do irmão X (…). Ele é vaidoso. Se seus atos são questionados, ofende-se. Se julgar que preferem outro a ele, sente-se injuriado…
O irmão X possui bom conhecimento musical, mas sua formação em música foi do tipo a adequar-se mais ao palco do que ao solene culto de Deus. …Movimentos corporais são de pouco proveito. Tudo o que está ligado, de alguma forma, com o serviço religioso deve ser digno, solene e impressivo. Deus não se agrada quando ministros que professam ser representantes de Cristo, representam-nO tão mal como se fossem arremessar o corpo em atitudes de representação, gesticulando de modo indigno e vulgar, apresentando movimentos grosseiros. Tudo isso diverte e despertará a curiosidade daqueles que desejam ver coisas estranhas, empolgantes e bizarras, mas não elevará a mente e o coração daqueles que as testemunham.
Pode-se dizer o mesmo do canto. Assumis atitudes não dignas. Pondes todo o volume e potência de voz que podeis. Abafais os acordes mais suaves e as notas de vozes mais harmoniosas que a vossa. …O coro dos anjos não apresenta notas estridentes e gesticulações. Seu canto não irrita o ouvido. É suave e melodioso e flui sem o esforço que eu tenho presenciado.
…O irmão X exibe-se. …A exibição e contorções do corpo, a aparência desagradável da melodia forçada pareciam tão fora de lugar para a casa de Deus, tão cômicas, que as solenes impressões produzidas nas mentes foram removidas.
…Tem sido muito difícil lidar com o caso do irmão X. Ele tem se portado como uma criança indisciplinada e deseducada. Quando seus atos são questionados, em vez de tomar a reprovação como uma bênção, ele deixa que seus sentimentos o julguem melhor, torna-se desencorajado e não faz nada. Se ele não puder fazer tudo como quiser, do seu modo, não ajudará de modo nenhum.
…O irmão X pensa que o canto é quase a coisa mais importante do mundo e que ele possui um jeito grandioso de realizá-lo. Vosso canto está longe de deleitar o coro angelical. Imaginai-vos no coro de anjos, levantando os ombros, enfatizando as palavras, movimentando vosso corpo e dando volume máximo a vossa voz. Que espécie de concerto e harmonia haveria com tal exibição diante dos anjos?
…O amor ao elogio tem sido a mola mestra de vossa vida. Isso é insignificante para um cristão. Desejais ser amimado e elogiado como uma criança. Tendes muito a contender com vossa própria natureza. Tem sido um árduo trabalho para vós superar vossos hábitos naturais e viver uma vida santa e abnegada”.