A Música na Igreja Adventista-Parte 1.6
Parte 1
Capítulo 6º: Início na América
É difícil hoje dizer exatamente todos os hinos que os adventistas cantavam, e como eram cantados, visto que, quando o pastor Tiago White preparou sua primeira coletânea em dezembro de 1849, nada mais era do que 48 paginas, apenas com as palavras (sem música), com o sugestivo título: “Hymns for God’s Peculiar People That Keep the Commandments of God and the Faith of Jesus“; nos anos seguintes ele compilou e publicou hinários maiores, alguns dos quais com música (S. D. A. Bible Commentary), Vol. X, pág. 1422).
Sabemos que por essa época havia adventistas compondo cânticos, como por exemplo William H. Hyde, adventista de Maine que, após ter ouvido a irmã White narrar uma visão que acabara de ter (primavera de 1845, Testemonies I, págs. 67-71 e E. W. págs. 17-20) sobre o Céu, escreveu o cântico: “We have heard from the bright, the holy land“, que Himes publicou em sua “Advent Harp” em 1849 (convém esclarecer que Himes, colaborador de Miller, bem como o próprio Miller, não aceitaram a doutrina do Santuário e do Sábado, não tendo sido, portanto, nossos irmãos). O próprio James E. White compôs; exemplos temos em nosso hinário atual nos números 324 e 489 (1878) e no número 172 (S. D. A. B. C. Vol. X, pág. 551).
A princípio, parece que o Pastor White tomou a responsabilidade de providenciar para nossos irmãos o material para cantarem, e tanto quanto nos foi possível pesquisar, graças à gentileza do Pastor Justenson, tivemos em mãos uma compilação de 245 cânticos com o seguinte título: “Hymns and Spiritual Songs for Camp-Meetings and Other Religous Gatherings” (Steam Press of the Seventh-Day Adventist Publishing Association, Battle Creek, Mich.: 1872) Pena que destes 245 cânticos, apenas 39 tragam música, das quais hoje conhecemos: “Cantai ao Senhor”, 124, 33, 123 (HA 326), 14, …(HA 312), 312, 310, 67, 497, 495, 550, 609, e 133, sendo que “Oh que Amigo em Cristo temos” aparece com outra música, um pouco mais animada, e aparecem ainda “The Evergreen Shore“, tirado da “Golden Chain“, bastante animado, e “Palms of Victory“, muito sincopado, influência discreta, mas indiscutível dos “spirituals” reavivamentistas, que já tivemos oportunidade de estudar; hoje são cantados com outras músicas, mais sóbrias.
Além disso, podemos presumir que em hinários posteriores fossem preservadas as melodias que nossos irmãos estavam acostumados cantar. Assim é que, dos 245 cânticos da coletânea de White, 103 estão no “Crist in Song“, e destes, além dos que já vimos, conhecemos em nosso Cantai ao Senhor as seguintes melodias: 491, 564, 587, 190, 1, 214, 604, 355, 513, 378, 166, (HA 32), 388, 474, 131, 377, 120, 5, 274, 207, 29 e 135, sendo que 11, dos que não temos em português, a música é de L. Mason, 4 de Woodbury, 2 de Bradbury, apropriados para a música religiosa. Como eram os outros, não sabemos; o fato é que se não aparecem no “Crist in Song” é porque tinham alguma influência marcante dos “spirituals” reavivamentistas, e, neste caso, excluídos como medida de saneamento, ou porque não eram tão bonitos como outros que figuravam em coletâneas posteriores.
É interessante notar que o próprio pastor White julgava muito boa sua coleção, pois no pequeno prefácio (nota do Compilador) ele diz:
“A pedido de diversos irmãos no ministério, e também levado por um senso de dever, temos compilado este livro de Hymns and Tunes. Selecionamos o melhor do excelente Hymn Book agora em uso pelo nosso povo, e ajuntamos outros de superior mérito de outras fontes.
Este pequeno livro não se destina a tomar o lugar de outros, mas para que tenha uma circulação maior do que outros possam ter. Nós a consideramos como uma coleção muito superior; e como tal a recomendamos ao povo de Deus e ao público em geral.”
Em contraste com a miscelânea musical reinante na época pós-reavivamentista, temos que convir que era realmente uma boa coleção, prova de que a hinodia séria sempre existiu, mesmo neste período critico. Ele a deve ter preparado durante, ou logo após seu segundo período de Presidência na Associação Geral.
Em 1886, surgem dois grandes nomes que tiveram grande influência na música de nossa igreja: Franklin E. Belden (1858-1945) e Edwin Barnes (Diretor do Dep. De Música no “Battle Creek College” entre 1884 e 1900). Compilaram e prepararam o hinário “Hymns and Tunes“. Belden escreveu centenas de cânticos para a Escola Sabatina e hinos (Tanto de Belden, como de Barnes, vide no Cantai ao Senhor o índice de compositores e autores). A Belden coube também o trabalho de compilação do “Crist in Song“. Infelizmente Belden, desgostoso por injustiças (infundadas, porém) atribuídas aos editores de seus hinos, desligou-se da igreja em 1907, sem ter aceito a doutrina da justificação pela fé (S. D. A. B. C., vol. X, pág. 117.
Em 1926 a “Review and Herald” publicou “The Gospel in Song“, não para substituir os dois hinários anteriores, como declarava os compiladores no prefácio, mas para ampliar o material em uso. Por essa época, porém, já circulava a 3ª edição do antigo “Cantai ao Senhor” em português; voltemos então ao Brasil.