A Música na Adoração – Capítulo 6
por: Scott Guiley
Capítulo 6 – Música: Uma Parte Vital na Adoração
“Mil línguas eu quisera ter
Para entoar louvor
À graça e ao Teu poder,
Meu Rei e meu Senhor”.
“Teu santo nome, ó Redentor,
O meu temor desfaz
E traz a mim, um pecador,
Consolo, vida e paz”.
“Com Teus remidos louvarei
O Teu eterno amor
E o nome Teu exaltarei,
Bondoso Salvador”.
“Ó Mestre amado, meu Jesus,
Ajuda-me a levar,
Por todo o mundo,
a Tua luz, O teu amor sem par”.
Charles Wesley (1707-1788).
Arthur W. Pink escreveu certa vez: “Os cânticos são uma ordenança da adoração, tanto no Velho Testamento (1 Crônicas 6:31) quanto no Novo Testamento (Efésios 5:19). É um ato pelo qual a alma presta homenagem e o coração adora Aquele que é glorioso”. (Estudos nas Escrituras, abril de 1947).
O povo de Deus é instruído muitas vezes – e até recebe a ordem – de louvar ao Senhor com música e cânticos. Salmo 47:6-7. O Salmo 33:2 diz: “Cantai-lhe um cântico novo; tocai bem e com júbilo”. Cantar deve expressar a alegria do crente – aqueles que estão contentes devem cantar salmos. Tiago 5:13. Tais expressões naturais de alegria espiritual honram e agradam a Deus: “Louvarei o nome de Deus com um cântico, e engrandecê-lo-ei com ação de graças. Isto será mais agradável ao Senhor do que boi, ou bezerro que tem chifres e unhas”. Estes sacrifícios eram os mais valiosos designados por Deus no Velho Testamento.
Muitos dos versículos já citados nos dizem que nosso louvor é ao Senhor. “Cantarei ao Senhor”. Êxodo 15:1. “Eu, eu, cantarei ao Senhor; salmodiarei ao Senhor Deus de Israel”. Juízes 5:3. “Cantarei ao Senhor, porquanto me tem feito muito bem”. Salmo 13:6. “Cantai-lhe, salmodiai-lhe”. 1 Crônicas 16:9. Deus escuta! Ele ouve nossas palavras, e com um significado bem maior, Ele ouve nosso coração!
Isto significa, se nosso coração estiver certo, que uma interpretação muscical na assembléia do povo de Deus é de pouca importância? “Afinal de contas”, pensamos, “não estamos cantando para agradar aos homens. Podemos ser um pouco relaxados e inseguros quanto as palavras, mas não tivemos muito tempo para ensaiar- e temos um desejo sincero no coração de sermos usados por Deus”. Será que muitas vezes não tentamos justificar nossa irreverência? Será que nosso serviço para Deus não devia ser o que temos de melhor? Veja o que diz Malaquias 1:6-8. Além disso, embora cantemos para o Senhor, há uma dimensão da adoração pública que é voltada para o homem. Há o aspecto da comunicação e edificação. Ao pregarmos o Evangelho, desejamos ser inteligentes e bem claros (1 Coríntios 14), mas a música também é um instrumento de ensino (Colossenses 3:16), o qual deve ser distinto. “Da mesma sorte, se as coisas inanimadas, que fazem som, seja flauta, seja cítara, não formarem sons distintos, como se conhecerá o que se toca com flauta ou com a cítara?” 1 Coríntios 14:7.
A música é importante tanto diante de Deus quanto do homem, porque expressa os sentimentos mais profundos da alma e do espírito do crente. O que não pode ser transmitido aos ouvintes em palavras, talvez o seja através dos hinos (com ou sem acompanhamento musical). Em outras palavras, há “gemidos inexprimíveis” que se tornam conhecidos através dos hinos. Coisas que a mera liguagem não pode expressar são trazidas à tona pela música.
Não quero sugerir que “os sentimentos” sejam a coisa principal. De fato, não há dúvida de que outras palavras possam ser usadas de maneira melhor. Podemos dizer que a música reflete o conteúdo da nossa alma. Podemos dizer que música revela o caráter do homem interior e a paixão do seu espírito. A música expressa a nova natureza dada a nós por Deus na regeneração. Somos novas criaturas em Cristo (2 Coríntios 5:17) – trazidas para o reino de Deus como recém-nascidos (1 Pedro 2:2) – recebemos novidade de vida (Romanos 6:4) – vivemos de acordo com um novo mandamento (1 João 2:8) – um dia seremos introduzidos num novo céu e nova terra (Apocalipse 21:1). É então super-natural que cantemos uma nova canção! “Cantai ao Senhor um cântico novo”(Salmo 96:1). Isto não significa “novo no sentido de ser escrito agora”. Não significa que o que cantamos é uma música que acabou de ser composta, mas que cantamos hinos os quais refletem nossa nova natureza.
A natureza divina da qual somos participantes (2 Pedro 1:4) expressa em si uma nova canção aprovada por Deus e apropriada para a natureza regenerada. O tema desta canção é “um hino ao nosso Deus”. (Salmo 40:3). Os assuntos principais são:
- O nome do Senhor, Salmo 7:17.
- O poder do Senhor, Salmo 21:13.
- A justiça de Deus, Salmo 51:14.
- A misericórdia do Senhor, Salmo 59:16.
- A honra do nosso Deus, Salmo 66:2.
- A salvação do Senhor, Êxodo 15:1-19.
- As glórias da redenção, Apocalipse 5:9-14.
E esta lista pode aumentar muito mais se incluirmos todas as obras maravilhosas de Deus.
A música aprovada nas Escrituras é uma música de fé. Não é uma simples explosão carnal de sentimentalismo emotivo, mas uma expressão claramente definida da adoração verdadeira do coração. Que Deus livre Seu povo do tipo de música cuja intenção principal é mexer com os sentidos físicos ou sentimentos. Já conhecemos este tipo de música; tenha o nome que tiver. Parece que foi escrita para a namorada de alguém – é só substituir “Maria” pelo subentendido “Jesus”. Quanta música chamada “Gospel” é deste tipo!
Com certeza muita gente vai dizer que este escritor está sendo duro demais. Mas quero apenas recordar o que significa adorar a Deus em espírito e em verdade. Certas coisas não são apropriadas para a adoração cristã. Talvez se encaixe bem cantar coisas mais leves na classe dos pequeninos: mas pessoas salvas pela graça de Deus devem ser capazes de adorá-lO num nível mais profundo.
A música de fé tem a Bíblia como base. Se não houver mensagem – ou se a mensagem for contrária às Escrituras – então deve ser rejeitada em nossos cultos. Como o Espírito Santo pode usar um hino que ignore ou contradiga o que Ele escreveu na Bíblia? Afinal de contas, uma comparação entre Efésios 5:18-33 e Colossenses 3:16-19 mostra que ser cheio com o Espírito de Deus é ser controlado pela Palavra de Deus. Quais são as evidências de ser cheio com o Espírito? O crente é alegre (Efésios 5:19), grato (5:20) e submisso (5:21-25). Quais são as evidências de um crente cheio com a Palavra de Deus? Ele é alegre (Colossenses 3:16), grato (3:17) e submisso (3:18-19). Deus abençoa Sua Palavra, não nossos talentos.
A música de fé é baseada na verdade da Palavra de Deus – não é simplesmente um hino mundano que usa terminologia cristã, mas é apresentada de modo a comunicar a verdade firmemente estabelecida da Bíblia. Nesse sentido, a música é igual a tudo o mais: a fim de ser aceita pelo Pai tem que ser “em espírito e em verdade”. Deus não se impressiona com os espetáculos musicais feitos na carne. Ele não liga se “atingimos” as notas mais altas do soprano ou se seguramos uma vibração nas notas mais baixas do baixo. A combinação das vozes em linda harmonia pode não ter o mesmo significado espiritual do que um címbalo que soa ou um instrumento musical quebrado. Deus ouve o coração.
A música de adoração é agradável porque expressa alegria, mas ao mesmo tempo é uma coisa séria. Por esta razão é importante para quem canta – quer seja individualmente ou na congregação – ter o coração preparado e “afinado” com o Espírito Santo, a fim de oferecer o sacrifício de louvor. De outro modo Deus não Se agradará de nossa oferta musical. Ele dirá: “Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias das tuas violas” (Amós 5:23). Servimos ao Deus Altíssimo! E a majestade do nosso Deus e a glória de Sua honra não permitirão qualquer coisa, nem tudo. Que Deus nos ajude a serví-lO de modo aceitável.
Fonte: http://www.palavraprudente.com.br