A Música na Adoração – Capítulo 5
por: Scott Guiley
Capítulo 5 – Deus Procura os Verdadeiros Adoradores
A Jesus, o Rei da glória, Hinos de louvor cantai,
Aos Seus pés humildemente, Seu poder, pois exaltai.
Perdoados, resgatados, Sua glória proclamai!
Contemplando Sua face, Ó remidos, O adorai!
Dedicados, consagrados, Sua fama publicai.
Oh! Louvai-O, exaltai-O, Seu amor anunciai!
Henry John Guantlett (1805-1876).
Jesus disse à mulher de Samaria: “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem“. João 4:23. De acordo com o dicionário Expositório de Vine, a palavra grega que é traduzida aqui como “procura” pode significar “esforçar-se por obter ou desejar”, (Mateus 12:46-47, Lucas 9:9), “requerer, pedir ou exigir”, (Lucas 12:48, 1 Coríntios 4:2) e “informar-se, querer, perguntar e investigar” (João 16:19, Atos 9:11).
Deus procura os verdadeiros adoradores! Ele não está procurando pessoas que simplemente vão à igreja. Nem busca apenas pessoas para fazerem a limpeza da igreja ou cantarem no coral. Nem simplesmente procura professores da Escola Dominical, pianistas ou porteiros. Não, Deus está à procura de adoradores!
Os verdadeiros adoradores são aqueles que adoram em espírito e em verdade. Eles se aproximam de Deus para adorá-lO espiritualmente! Mas o que é adorar espiritualmente? Primeiramente é preciso que fique bem entendido que Jesus não estava falando sobre espiritismo nem espiritualismo. Espiritismo é a crença de que os espíritos – isto é, espíritos de pessoas que já morreram – podem ter contato com as pessoas que ainda estão vivas na terra. Isto é condenado na Bíblia. Em segundo lugar, a adoração espiritual não é simplesmente uma adoração animada e espirituosa. Talvez nem seja necessário dizer, que a verdadeira adoração emana de um coração fervoroso e cheio de devoção por Deus, e portanto normalmente manifesta fervor em vez de indiferença – mas, ao mesmo tempo, entusiasmo e disposição jovial em si mesmos não constituem adoração espiritual. Em terceiro lugar, a adoração espiritual não é para ser igualada com o falar em línguas, ter visões ou ser batizado no Espírito Santo. Estes tipos de fenômenos estão mundialmente espalhados nas religiões de hoje, mesmo assim, não existe base no Novo Testamento para sua presente prática.
Adorar em Espírito
Adorar o Pai “em espírito” ocorre quando o espírito do homem (note o “e” minúsculo em João 4:23) fica em comunhão íntima com Deus através do Espírito Santo. O problema neste ponto – segundo o que afirmou Watchman Nee – é que muitos crentes ignoram a existência e modo de agir do espírito humano. Alguns acham que o espírito deles é igual à mente ou emoções. Achamos que não!
- A Bíblia sugere que a natureza do homem é composta de três partes – corpo, alma e espírito. Veja 1 Tessalonicenses 5:23.
- Cada homem tem um espírito. Veja Êxodo 35:21, Deuteronômio 2:30, Jó 32:8, Provérbios 25:18, 1 Coríntios 2:11. Os teólogos, às vezes, se referem ao espírito humano como o elemento que está cônscio de Deus. Como crentes, nosso espírito se regozija em Deus (Lucas 1:47), ora (1 Coríntios 14:14-15), adora (João 4:23), recebe o testemnunho de Deus (Romanos 8:16), e “…se ajunta com o Senhor” (1 Coríntios 6:15-17). Por outro lado, uma pessoa descrente está morta espiritualmente e separada da vida de Deus e de cada virtude piedosa. Isto não elimina a possibilidade de que um perdido possa adorar espíritos maus, (Apocalipse 13:4) e talvez ser ajuntado a falsos deuses (Números 25:3), mas tal adoração é do espírito caído e/ou demoníaco, em vez de verdadeiramente espiritual. Não há religião, cultura, sistema de ética, nem lei que possa melhorar o espírito humano após a queda. Uma pessoa perdida pode viver em ansiedade, curiosidade, alegria, orgulho, pena, prazer, encantamento, maravilha, vergonha, amor, remorso, desgraça – ou pode ser cheia de ideais, imaginações, superstições, dúvidas, teorias, induções, deduções, descernimento – ou talvez seja impelida pelo desejo de poder, riquezas, reconhecimento, liberdade, posição, fama, elogio, conhecimento – levada a fazer decisões, a dar opinião, a abraçar doutrinas e enfrentar dificuldades. Mas a regeneração nunca pode vir através de nada disso. Sentir-se triste pelo pecado, derramar lágrimas, fazer uma decisão não traz salvação. Todos os nossos atos religiosos, nossa aceitação mental e nossa busca por coisas boas e verdadeiras são atividades da alma, a menos que sejamos nascidos de novo.
- O novo nascimento é um milagre da graça de Deus que age no interior de cada ser humano – o espírito. Deus dá a Seu povo um espírito novo (Ezequiel 36:26), que não pode pecar (1 João 3:9). Ao mesmo tempo, o Espírito Santo vem habitar em nosso espírito regenerado. Veja Ezequiel 36:27, Romanos 8:9, 1 Coríntios 6:19.
Adorar a Deus “em espírito” significa a adoração que nasce da operação do Espírito Santo dentro da nova criação. É a adoração que o Espírito Divino inspira dentro do espírito humano regenerado.
Mais uma vez, adorar “em espírito” significa aquilo que é interior, mental e espiritual. Deus não tem corpo visível nem partes físicas. Se Ele fosse assim talvez se esperasse que O adorássemos com coisas materiais – mas sendo Deus puramente espírito, Ele deve ser adorado em espírito. Charles Spurgeon disse: “Não é adorando a Deus com hinos e orações, ou se sentado em certo lugar, ou cobrindo o rosto em certos momentos que nossa adoração se torna aceitável a Ele. A adoração verdadeira está no coração que O reverencia, na alma que O obedece e na natureza interior que chega à conformidade de Sua própria natureza, pela obra do Seu Espírito em sua alma”. (O Púlpito Metropolitano, volume 12, página 333).
Diametricamente oposta a adoração espiritual está a carnal – ou, como podemos dizer, aquela que é pela força da carne e sob a direção da carne. O que queremos dizer ao nos referir à “carne” neste contexto? Jesus disse: “O que é nascido da carne é carne”. João 3:6. Em outras palavras, a carne assim mencionada se refere ao total de tudo o que o homem é por natureza; é nossa condição por nascimento. Tal carne é composta de corpo e alma – nossas disposições e características e tendências herdadas – a qual é escrava do pecado, tornando-nos também escravos. E Deus a rejeita! Quer seja a carne no púlpito, quer no banco da igreja, quer na consagração, quer na oração, no cantar, no ler a Bíblia, no realizar obras religiosas e boas obras – Jesus disse que tudo o que pertence à carne “para nada aproveita’. João 6:63.
E isto é algo que os crentes, e também os descrentes, não podem esquecer. Os crentes, com frequência, tentam adorar a Deus através de meios carnais. Buscamos a perfeição através da carne e intelecto humano. Veja Gálatas 3:3. Tentamos conseguir vitórias espirituais por aquilo que fazemos e com formas de religião física que iniciamos. Assim a carne – numa forma que parece até boa – insinua-se no aspecto mais santo e sagrado de nossa vida.
Adorar “em espírito” também se opõe ao que é externo e exige auxílio humano. A adoração espiritual não precisa de nada que seja físico. A adoração carnal, por outro lado, revolve quase que completamente ao redor de coisas tais como: tempos e estações, lugares e rituais, música de teclado e coral vestido a rigor, torres de igreja e cruzes – e muitas outras coisas físicas. Elas são erradas? Não necessariamente. Talvez algumas delas tenham lugar como “expressões” de adoração – mas se forem exigidas, então tal adoração deixa de ser espiritual. A adoração espiritual não exige nenhum cenário físico nem condições em particular.
Então, a fim de adorar de maneira certa, temos que reconhecer a insuficiência total de todas as coisas físicas e a incapacidade total da carne. Repetimos: “A carne para nada aproveita”. João 6:63. Só uma pessoa na qual habita o Espírito Santo – um crente verdadeiro – tem acesso por esse espírito ao Pai. Veja Efésios 2:18. Que privilégio! No poder e sob a direção do Espírito Santo podemos chegar com confiança ao Pai, através de Cristo.
Adorar em Verdade
Outra coisa que notamos no texto bíblico é que a adoração que Deus procura é a que é “em verdade”. E isto fica de mãos dadas com o adorar em espírito. Porque o Espírito Santo testifica com nosso espírito como “o espírito da verdade”. Veja João 14:16-17; 15:26; 16:13. Isto descreve a natureza do Espírito Santo – e enfatiza ainda mais a obra principal do Espírito Santo na aplicação da verdade. É através do Espírito divino que os crentes experimentam o poder da verdade revelada em seus corações.
O que é esta verdade revelada? A Bíblia. A Palavra de Deus é a verdade. Veja João 17:17. A fim de adorar a Deus em verdade temos que adorar em harmonia com as Escrituras. O Espírito da verdade nunca guiará na direção oposta à Palavra da verdade, e nos desviamos de Deus cada vez que nos afastamos das Escrituras. Veja Mateus 22:29. Adoramos de acordo com as Escrituras da verdade pelo poder do Espírito da verdade. Todas as outras formas de “adoração” devem ser rejeitadas. O próprio Deus não as levará em consideração.
A Bíblia também revela Jesus como “a Verdade”. Veja João 14:6. A verdade não é encontrada num sistema filosófico, mas numa Pessoa! Adorar “em verdade” é adorar o Pai através do Filho. Isto é difícil para algumas pessoas aceitarem – tais pessoas acreditam na mentira de que todos os chamados “evangelhos” são igualmente bons e que todas as religiões são igualmente válidas. Por isso dizem que nós, os crentes, somos severos porque ensinamos que Cristo Jesus é o único caminho ao Pai. Elas não seguem o caminho de Deus nem crêem na verdade de Deus. O Apóstolo Paulo disse que não recebem “o amor da verdade para se salvarem. E por isso Deus lhes enviará a operação de erro, para que creiam a mentira; para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniqüidade”. 2 Tessalonicenses 2:10-11. Este é um pensamento solene. Multidões de pessoas religiosas, no mundo inteiro, tentam todos os dias adorar a Deus, mas é em vão – elas se aproximam com os lábios, mas o coração está longe d’Ele.
Qualquer ensinamento religioso que tenta depreciar a verdadeira adoração espiritual – e que tenta tornar a cristandade em mero culto formal e cerimônia externa – não é aceito por Deus e é indigno aos santos. Só em espírito e em verdade é que podemos nos aproximar do Pai através do Filho – não numa mera formalidade, ou aceitação mental ou fingimento hipócrita, mas numa realidade espiritual. E o Pai fica satisfeito com isso. Só assim Ele encontra o que procura!
Fonte: http://www.palavraprudente.com.br