A Importância da Projeção Vocal para Pregadores

por: C. R. Stam

Quando eu era um jovem pastor, ensinaram-me uma lição que nunca esquecerei.

Eu tinha sido convidado para pregar numa grande igreja do meio-oeste. Enquanto a congregação cantava um hino o pastor sussurrou no meu ouvido: “Temos 1200 pessoas aqui esta manhã.” Isto era uma coisa emocionante para um jovem pastor ouvir.

Entretanto, não existia o sistema de auto-falantes naquela época, e eu tinha apenas começado a pregar quando alguém da galeria gritou, “Mais alto, por favor!”

Esta foi a minha primeira lição em projeção. Nunca a esqueci, embora eu gradualmente conseguisse projetar a minha voz naturalmente e agora faço isso sem pensar.

A esta altura quase posso ouvir alguém dizer: “Mas não precisamos preocupar-nos com isto agora, porque temos o sistema de auto-falantes – e de ótima qualidade.”

Ah, mas a projeção é importante na nossa época. Já ouvi homens pregarem ou falarem com um bom sistema de auto-falantes e as suas palavras ainda eram incompreensíveis, ou por várias razões, difíceis de entender.

Sim, a projeção é importante, e sua significância não é omitida nas Escrituras.

Mateus 5:1 relata como Jesus, “vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos.” (1) Isto era ainda, sem dúvida, um grande ajuntamento de pessoas. Portanto, versículo 2 contém a frase descritiva: “E, abrindo a sua boca, os ensinava….”

De fato, no último dia da Festa dos Tabernáculos, nosso Senhor teve compaixão das multidões ajuntadas para uma celebração que deveria ter-lhes sido espiritualmente refrescante, mas que acabou sendo na realidade, pouco mais do que a forma de religião. Assim lemos em Jo.7:37-38:

“E no último, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim, e beba.
Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre (i.e., de seu ser mais íntimo).”

Observe as palavras, “pôs se em pé, e clamou”. Sem dúvida alguma, nosso Senhor queria ser ouvido, ele queria que as Suas palavras alcançassem os ouvidos daquelas pobres pessoas, e assim os seus corações.

Este último é, em primeiro lugar, o que é necessário para a projeção adequada. Precisamos ter um grande desejo de falar, pessoalmente, para todas as pessoas diante de nós. Esta atitude nos ajudará a projetar mais naturalmente.

Alguma coisa da mesma ideia é encontrada em At.21:40, onde lemos:

“…Paulo pondo-se em pé nas escadas, fez sinal com a mão ao povo; e, feito grande silêncio, falou-lhes….”

Ele queria ter certeza que todos estivessem ouvindo. Nisto ele era muito diferente dum pastor que o escritor conheceu quando era criança. Ele falava incessantemente, parecendo não perceber aqueles que levantavam-se para sair do prédio, ou todo o barulho gerado por alguns daqueles que permaneciam; especialmente os bebês chorões! Quando o barulho aumentava ele simplesmente gritava mais alto!

Um pouco de estudo sobre o assunto, entretanto, logo revelará que projeção não é meramente falar o suficientemente alto, porque o homem que apenas pratica o chavão, “fala o suficientemente alto para que aqueles da última fileira possam ouvir”, será um pastor que grita, mas isto pode tornar-se cansativo e às vezes quase intolerável. A projeção inclui falar o suficientemente alto para que aqueles na última fileira possam ouvir, mas se um homem segue apenas esta regra, logo pode ter aqueles na última fileira desejando que exista ainda mais bancos atrás deles e aqueles na frente desejando que não tivessem vindo!

A projeção adequada tornará agradável o ato de ouvir para todos os membros da platéia.

Quanto ao volume, o pregador sensível logo poderá perceber se todos na platéia o estão ouvindo – sem precisar esforçar-se – porque ele realmente estará falando com eles, a cada um. Portanto, é mais um assunto de tornar-se compreensível, e isto envolve não apenas volume, mas a articulação, pronunciando-se as palavras clara e distintamente.

Exigiria muito mais espaço do que temos disponível para discutir as várias causas de fracasso ao projetar-se apropriadamente. Alguns exemplos são: tensão, e a tendência de falar num tom de voz muito alto, o hábito de abaixar o volume da voz nos fins de sentenças, falar depressa demais para articular as palavras adequadamente, mexer a cabeça para os lados ou andar pra lá e pra cá pela plataforma de modo que o pregador não encara a maioria de seus ouvintes. Existem muitos exemplos deste tipo de fracasso em projetar – e dos resultados, mas a principal coisa para lembrar é que você deve estar falando com as pessoas na sua platéia, não meramente para a platéia.

Muitos pregadores ou oradores públicos com alguma desvantagem aparentemente séria, no que se refere à voz, todavia, tornaram-se mestres na arte de projetar; então, seja você mesmo, mas peça a Deus de o ajudar a realmente querer pregar para os indivíduos na sua platéia.


Notas:

(1) Seus seguidores, não meramente os apóstolos, porque ele ainda estava apenas começando a escolher Seus apóstolos.


O presente artigo é o capítulo 24 do livro “Sugestões para Jovens Pastores” de C. R. Stam disponível originalmente em http://www.wordofgracemission.org