Curso de Canto Popular – Aula 02
Conhecendo a sua Voz
Bem, então já vimos que para cantar precisamos de AR. A quantidade necessária varia de pessoa para pessoa, pelo tamanho físico e da vontade de cada um, e de canção para canção. A vontade é a maneira como você quer cantar, se está mais para Elis Regina, precisa de mais ar e emoção, se mais para João Gilberto, menos ar e emoção mais contida, se nenhum dos dois, procure o meio termo. Se quer cantar “gritado” e rouco como alguns roqueiros, é melhor redobrar o cuidado, pois a longo prazo isso pode criar calos vocais difíceis de tratar. É uma escolha sua, faça o possível para respirar bem e apoiar a voz com o diafragma, forçando a garganta o menos possível.
Também precisamos do uso do diafragma, que, ao inspirarmos, deve abaixar-se expandindo o abdômen, e ao começarmos a cantar, ele vai subindo, empurrando a base do pulmão e ajudando o ar a sair e vibrar nas cordas vocais; você também ajuda retraindo o abdômen devagar até o ar acabar. É necessário também abrir a boca, deixar o ar ressoar dentro dela, nas fossas nasais e demais cavidades e, para isso, você precisa concentrar-se, não afobar-se e jogar o ar fora de uma só vez. É bom exercitar-se frente ao espelho, gravar-se e ouvir-se para você mesmo(a) corrigir-se e escolher como quer cantar. O canto é a expressão de sua alma, só você pode saber como deseja expressá-la, por isso conscientize-se de si mesmo (a), ouça-se, perceba-se.
Os exercícios respiratórios são para fortalecer a musculatura, mas você também pode fazê-lo cantando, desde que o faça com consciência e constância, pois como qualquer músculo, o diafragma e as pregas vocais ficam sem força pelo uso inadequado.
Vamos então descobrir a sua tessitura vocal e procurar o seu registro médio:
Você vai precisar de um piano, teclado ou violão; localize a princípio a nota mais grave de sua voz, sem forçar, cante e a procure no instrumento. Siga as instruções abaixo.
CLASSIFICAÇÃO VOCAL:
No piano ou teclado, procure o primeiro MI, o mais grave. No violão, a 6ª corda, a primeira de cima para baixo. Essa é a primeira nota da voz masculina denominada BAIXO, a mais grave. Partindo dela, suba duas oitavas até o 3º MI. Em seguida, procure o 1º SOL mais grave nos três instrumentos, e conte duas oitavas até o 3º SOL. Essa é a extensão vocal para a voz média masculina, o BARÍTONO.
Procure no teclado ou piano o 2º DÓ e vá com ele até o quarto DÓ. No violão, é o 1º dó, melhor o da corda LA, 3ª casa e vá seguindo até o 3º dó, subindo duas oitavas. Teremos nessa extensão a voz mais aguda masculina, o TENOR.
Para o violão, pode-se usar as mesmas medidas para as vozes femininas: a do BAIXO para a CONTRALTO, a do BARÍTONO para a MEIO SOPRANO e a do TENOR para a SOPRANO. O Violão é um instrumento mais limitado, no piano fica mais fácil, conta-se a CONTRALTO partindo do 2º até o 4º MI, a MEIO SOPRANO do 2º ao 4º SOL e a SOPRANO do 3º ao 5º DÓ.
Lembre-se: muito cuidado ao explorar sua voz, esse instrumento delicado, o ideal é procurar um professor pois pela INTERNET é difícil demonstrar, são apenas dicas, ok?
A classificação vocal serve para se atuar em grupos vocais e para o canto lírico. Para o canto popular não importa muito se você é soprano ou tenor, o importante é você conhecer sua extensão vocal e trabalhar para fortalecer o registro médio, que é aquela região onde sua voz soa mais brilhante, mais firme e bonita. Você pode fazer isso tocando e repetindo nota por nota, de meio em meio tom, usando as vogais. Pode também usar a escala maior no sentido ascendente e descendente. É simples: partindo da sua nota mais grave, não importa se é um dó, um sol ou mi, partindo dessa nota vá subindo dos graves para os agudos em intervalos de TOM, TOM, SEMITOM, TOM, TOM, TOM, SEMITOM. Volte dos agudos para os graves com os intervalos no sentido contrário. Passe para a segunda nota e vá subindo novamente. Fica difícil demonstrar via Internet, se você não conhece música peça a alguém que o ajude, ok? Você pode exercitar-se com acordes maiores e menores, com três, quatro, cinco notas, o importante é descobrir seu limite e não ultrapassá-lo para não machucar suas cordas vocais. A região aguda é mais difícil, vá com calma e AR, apoiando com o diafragma.
Existem muitos modos musicais para exercitar a voz e muitos exercícios para o diafragma e respiração, o importante é exercitar. A “malhação vocal” fortalece a musculatura da laringe e sua voz sai mais fácil, mais segura e bonita.
Sim, você pode fazer isso somente cantando, mas é preciso escolher um repertório com canções que explorem bem os graves e os agudos. A maioria das pessoas tem duas oitavas de extensão, algumas chegam a três, mas não é preciso se preocupar com a quantidade e sim com a qualidade vocal, já que a maioria das canções cabem dentro de duas oitavas, ok? Aí é só ir descobrindo os tons de cada canção para sua voz. Isso você percebe ao sentir conforto ou desconforto quando canta. Se sua voz está sumindo nos graves, experimente subir um tom ou dois, às vezes meio tom resolve. Se é o agudo que está difícil, experimente abaixar um tom, ou o quanto precisa até verificar que a canção está bonita em toda a sua extensão vocal. Não force sua voz para cantar num tom inadequado, o instrumento conserta-se ou troca-se a corda, a voz não, né?
Na próxima aula vamos falar sobre relaxamento, alongamento e aquecimento de corpo e voz.